Autoria de Lu Dias Carvalho
A composição Velha Fritando Ovos, composição do pintor espanhol Diego Velázquez, é um exemplo de seu brilhantismo no que diz respeito às cenas de gênero. É considerada uma das grandes obras que compõem o seu trabalho. Trata-se de uma cena doméstica, bem comum ao cotidiano das pessoas e, por isso, chegou a ser criticada à época, pois “rebaixava a arte a conceitos vulgares”, como afirmou o artista Carducho. O pintor gostava de pintar os chamados “bodegones” que se referiam aos quadros representando cozinhas, tabernas, alimentos e bebidas, personagens do povo, vendedores e cozinheiros, principalmente.
A cena acontece numa cozinha em Sevilha, com a presença de dois personagens: uma senhora idosa – supostamente sogra do pintor – e um rapaz. O jovem, pela posição do corpo, parece estar chegando ao local no exato momento em que a senhora frita os ovos. O olhar de um não é dirigido ao outro, pois ambos olham para pontos diferentes. Todos os detalhes dos objetos mais importantes foram observados registrados pelo pintor, a exemplo do carvão em brasa debaixo da panela com ovos e a sombra da faca no prato branco.
A tela apresenta um fundo escuro, trazendo na parte superior uma cesta de junco com um pano amarrado a ela e, mais à direita, duas conchas são vistas penduradas. Sobre a mesa encontram-se um jarro de vidro, uma jarra de cerâmica, um almofariz de bronze, uma tigela branca com uma faca sobre ela, uma cebola e pimentas. Chama a atenção a sombra deixada por esses objetos. O artista faz uso de uma luz forte e focada – uma novidade à época – reforçando o naturalismo da pintura em que as diferentes formas, texturas e superfícies parecem adquirir vida própria.
A senhora idosa – já com os traços marcados pelo tempo – está sentada de frente para o alguidar (vaso de barro ou de metal, baixo, em forma de tronco de cone invertido), sobre o qual se encontra o fogareiro com carvão e sobre esse uma panela de cerâmica com dois ovos dentro, boiando na gordura, à esquerda da mesa. E traz na mão esquerda um ovo, enquanto, com a direita, segura a colher de pau. Seu olhar está voltado para fora do espaço da tela.
O rapaz veste roupas escuras, com uma camisa branca interna, cujas gola e mangas à vista reforçam sua presença no local, de modo a não fundi-lo com a cor do fundo. Traz na mão direita, junto ao corpo, um melão atado com uma fina corda que capta a atenção do observador, enquanto na esquerda segura uma garrafa de vinho caseiro. Os personagens e objetos presentes na cena compõem uma estrutura ovalada, sendo que o melão, o caldeirão de cobre encostado no alguidar e o almofariz trazem grande luminosidade à composição.
A mulher, apesar de sua simplicidade, mostra uma grande dignidade. A presença da idosa e do menino lembram a transitoriedade da vida. O ovo na mão da senhora evoca a inconstância das coisas terrenas e uma vida após essa, conforme simbologia da época.
É grande a influência de Caravaggio na obra inicial de Velázquez, no uso do claro-escuro. Contudo, as obras do pintor espanhol não trazem a impetuosidade do italiano, ao usar luz disseminada e cores em tons terrosos, tratando tanto os seres quanto as coisas do mesmo modo.
Ficha técnica
Ano: 1618
Dimensões: 99 x 128 cm
Técnica: óleo sobre tela
Localização: The National Gallery of Scotland, Edimburgo, Grã-Bretanha
Fontes de pesquisa
Velázquez/ Taschen
Velázquez/ Coleção Folha
Pintura na Espanha/ Cosac e Naify Edições
Views: 241
Achei feio este quadro.
D. Madalena
É assim, mesmo, nem sempre nos identificamos com certas pinturas.
Agradeço a sua visita e comentário. Volte sempre!
Abraços,
Lu
Muito bom! Amei! Parabéns Velázquez!
Caroline
Eu também amo esta pintura de Velàzquez. É realmente magnífica! Conheça outras obras do artista aqui no site.
Amiguinha, agradeço a sua visita e comentário. Volte sempre. Será um prazer recebê-la. A propósito, seu e-mail está incorreto.
Abraços,
Lu