IDADE MÉDIA – AS TRÊS FASES DA VIDA

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Autoria de Lu Dias Carvalho

vida

Os números sempre tiveram uma grande importância na história da humanidade. Pitágoras, já na Antiguidade, trabalhava com a mística desses, que permaneceu em toda a Idade Média, quando, no seu final, a velhice entrou em pauta. A partir daí, muitos pintores fizeram composições apresentado as três fases da vida. O número três era visto como o mais importante. Na Antiguidade, ele representava o todo (princípio, meio e fim). Para Aristóteles, o três fazia-se representar na ética, pois um mau resultado acontecia quando não se levava em conta o limite, quer fosse pelo excesso ou pela falta, uma vez que o meio representava a medida exata. Foi ele quem atribuiu o número três às fases da vida: a juventude possui tudo em excesso (força, raiva, valor e instintos), enquanto a velhice sofre com todos eles, e somente no meio da vida é que se tem tais qualidades apenas fracamente. O três foi importante na Idade Média, pois levava em conta a Santíssima Trindade: Deus-Pai, Filho e Espírito Santo.

As fases da vida não foram representadas na Antiguidade, talvez por serem vistas como passageiras e desnecessárias, embora se tenha refletido sobre elas. O tema só entrou em voga após 1500, quando clientes seculares passaram a fazer encomendas com tal temática.

Naqueles tempos, a criança não gozava dos privilégios que possui hoje. Não eram fortes os elos entre pais e filhos, porque nascimento e morte eram uma constante na vida das pessoas, principalmente na das crianças. Poucos recém-nascidos conseguiam sobreviver em meio a um mundo tão doentio e hostil. Procurar aceitar tais condições funcionava como autodefesa para os pais, portanto, dificilmente os pequeninos ganhavam espaço na pintura, que era um privilégio dedicado aos adultos. As crianças também eram vistas como adultos imperfeitos, em razão do pecado de Adão e Eva. Quando apareciam na arte, elas eram sempre vistas como anjos, querubins ou Cupidos.

Numa de suas fábulas, Esopo atribui três animais às três fases da vida:

• O cão representa a velhice, porque é mal-humorado e simpático apenas com quem o alimenta.
• O boi equivale ao meio da vida, porque trabalha regularmente e assegura a vida dos jovens e dos velhos.
• O cavalo, no entanto, simboliza a infância, porque é uma idade insolente e descontrolada.

As fases da vida e a morte eram representadas tanto pelos autores gregos quanto romanos, tomando como relação o homem (o adolescente e o velho), como se fora ele o representante da humanidade, conduta que perdura até os dias de hoje. Contudo, na pintura dava-se o contrário, talvez pelo fato de o corpo da mulher apresentar mudanças mais visíveis durante as fases da vida, sem falar que sua beleza chamava muito mais a atenção. Artistas, como Hans Baldung, usavam a mulher na representação de tais fases. Em algumas delas agregava-se a presença da morte, ora com uma simbologia religiosa ora apenas para mostrar a fugacidade da vida. Ainda hoje a mulher é usada como tal, como nos mostra a composição As Três idades da Mulher (1905) de Gustav Klimt, ilustrando este texto.

Fonte de pesquisa
Los secretos de las obras de arte/ Taschen

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