Autoria do Dr. Telmo Diniz
Episódios de confusão mental em idosos são muito corriqueiros e frequentes. Pretendo esclarecer um pouco sobre o tema e o que os familiares podem fazer nesses momentos aflitivos. Também conhecido por delirium, o estado de confusão mental é uma perturbação grave do estado cognitivo do paciente, caracterizado por distúrbios da consciência, reduzida capacidade de concentração, alterações da memória e da percepção do ambiente, podendo cursar com agressividade ou não. O início do delirium é geralmente súbito, evoluindo dentro de horas a alguns dias. Nesse ínterim, ocorre uma perda na capacidade de concentração, fazendo com que o idoso não consiga prestar atenção por muito tempo em nada. Isto é evidente quando se tenta conversar com ele, pois o mesmo distrai-se facilmente, não conseguindo manter uma conversação de forma lógica.
Alterações da memória recente também são comuns. Seguindo-se a isso, o idoso pode não reconhecer o seu médico e até familiares. Quadros paranoides são muito comuns, onde a pessoa acha que está sendo perseguida ou que o cuidador quer lhe fazer mal e até matá-la. Pode haver alucinações. O curso de delirium é flutuante, tornando-se mais intenso no final da tarde e início da noite. Não é incomum um paciente com delirium parecer relativamente lúcido pela manhã, ficando mais confuso conforme o dia passa. A troca do dia pela noite também é típico. O paciente fica acordado e agitado durante toda noite e passa boa parte do dia dormindo.
As causas da confusão mental em idosos são as mais variadas, podendo ser desde doenças neurológicas como Parkinson e Alzheimer, passando pelo AVC, infecções (em especial a infecção urinária), dores em geral, uso de sondas etc. Nos idosos, ocorre uma soma de vários fatores como causa dos episódios de confusão mental. Devido à complexidade de causas, a busca por ajuda especializada pode ser útil, como os cuidados em residenciais para idosos – falo com propriedade, pois trato de idosos em residenciais já há 20 anos.
Se algum idoso conhecido seu estiver apresentando os sintomas de delirium, procure ajuda. Devemos ficar atentos a todos os sintomas que o idoso pode apresentar inclusive aqueles mais quietos, como isolamento social e pouca interação com as pessoas ao seu redor. Se a pessoa já tem demência, é necessário ficar atento também às mudanças repentinas do quadro clínico, do comportamento e no seu envolvimento com o ambiente, pois esses fatores podem indicar que ela está tendo delírios. E quando isto ocorre à ajuda médica se torna imperiosa. Um idoso confuso apresenta um risco para ele mesmo e, portanto, buscar auxílio é uma forma de prevenção.
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É importante que todos nós, familiares de idosos, nas condições mencionadas pelo Dr. Telmo Diniz, tenhamos sentimentos e busquemos ajudá-los, principalmente, nossos. Tenho visto muitos filhos que abandonam os pais, internando-os em asilo de idosos, sem jamais retornar para revê-los, coisa que presencie quando morava em frente a uma instituição de amparo aos idosos. Um deles, inclusive, com veículo de alto custo, parou em frente ao asilo, apertou a campainha e “deu no pé”, abandonando a sua mãe na porta. O asilo abrigou a velhinha. Conheço o caso de um filho que amava muito sua mãe, mas não podia ficar com ela o dia todo, em virtude do trabalho. Pediu e foi atendido. A velhinha ficava aos cuidados do asilo durante o dia e, à noite, ela vinha buscá-la, deixando claro que a amava.
Adorei as explicações do Dr. Telmo. Leio sempre as suas crônicas.