O reino anda cada vez mais despirocado. Seus súditos dividem-se em inusitados segmentos: os que negam terminantemente o iminente dilúvio; aqueles que, como o incrédulo São Tomé, só acreditam se botarem a mão na ferida; os que espumam de raiva ao ver tanta danação, mas tocam o barco para frente; e aqueles que, cansados de tanta desgraça, querem mesmo é que a vaca vá para o brejo de uma vez por todas, pois não veem nenhuma folhinha verde no bico da pomba. No meio desta chinfrinada toda, desta lambança incontida e deste flagelo aterrador, resta aos crédulos (não aos falsos profetas que trazem um olho na Bíblia e outro na bufunfa e no poder) pedir ao Todo Poderoso que tenha piedade deste reino abilolado que caminha vorazmente para o buraco negro – não o de Powehi*. Nem mesmo os 207 pesquisadores ao redor do mundo – num hercúleo esforço científico – serão capazes de conter a sucção destas terras pelo caos, se nada for feito urgentemente.
Apenas para que o leitor de outros reinos tenha um faniquito de noção do nonsense que por estas bandas ocorre, a “piroca” – que no dicionário reinante significa “pênis” – comanda as manchetes da mídia nacional há um bom tempo. Como se isso só não bastasse, até o Nhonho (personagem mexicano) entrou na mangoça para jogar pimenta na esculhambação. Contudo, não se pode negar o vasto conhecimento de anatomia do guru do reino (responsável pela escolha de nomes para o “alto” escalão que na verdade é mais rasteiro do que maxixe em solo arenoso) ao articular “cu + piroca”, tendo como cenário uma mesa da Câmara Federal daquelas terras. Maroto como é, o tal guru/filósofo tratou logo de tirar o seu da reta. No dos vassalos, sim, mas no seu – alto lá! – sujeito algum iria colocar a “piroca”, ainda que fosse a de um figurão. Indaga-se o porquê de ele estar tão preocupado com as “pirolas” reinantes, uma vez que vive nas terras do Tio Sam, onde essas parecem mais reservadas – presas com zíperes e botões.
Embora os crédulos clamem pela ajuda divina, uma dama duplamente ministerial jura por todos os profetas idos e vindos que viu o Mestre Jesus debaixo de um pé de goiabeira. Presume-se que em razão do status da digníssima senhora seja lhe permitida tal deferência que, se relatada pelos mortais comuns, seria tida como alucinação, desvairamento ou até mesmo como infâmia ou torpeza pelo uso do nome do Senhor em vão, a fim de obter ganhos pessoais, pois assim diz o livro dos cristãos: “Não tomarás em vão o nome do Senhor teu Deus, pois o Senhor não deixará impune quem tomar o seu nome em vão.” Êxodo 20:7. O fato é que, como neste reino tudo pode suceder, uma grande parte dos súditos dá o dito por desdito, fazendo ouvidos moucos, enquanto a outra prefere testemunhar como verossímil tal proeza divina. Mas no fundo todos os tupiniquins – com goiabeira ou não – continuam mais assustados do que cachorro viajando em canoa.
O palanfrório de outra ministra do reino é tão destrambelhado quanto a logorreia do rei. Segundo a distinta, os vassalos não passam fome “porque nós temos mangas na cidade”. Até parece que este reino prospera em meio a um mangueiral da moléstia, bastando baixar o traseiro debaixo de uma mangueira para matar a esgana. O que os súditos esfaimados querem mesmo é saber em que reino essa “otoridade” mora, pois sabem que as poucas mangueiras que nas ruas floram, nem mesmo chegam à adolescência, morrendo ainda bebês, tanto são as pedradas e cutucadas que recebem, a fim de matar a fome dos molecotes que vivem ao deus dará. Há muita manga, sim, dona ministra, mas nos supermercados e a um preço abusivo. A senhora anda escorregando na casca da manga do bom senso, enquanto a barriga de grande parte dos súditos deste reino ronca faminta.
*Nome dado ao buraco negro descoberto por uma equipe de astrônomos. Significa na língua havaiana “bela fonte escura de criação interminável”.
Nota: imagem copiada de Epoch Times
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Querida Lu!
Como sempre, você descreve a nossa trágica realidade político-econômica com muita sutileza. Certamente o rei está nu com a mão no bolso, para não falar na Taurus. Inclusive,uma das propostas principais desse rei foi a liberação de arma de fogo para a população. Recentemente houve uma reunião na embaixada brasileira nas terras do tio Sam, juntamente com seu guru e colaboradores, na qual o rei disse que não ganhou a eleição para construir e sim para destruir. E na verdade está cumprindo a promessa de demolição do Estado e destruição das relações comerciais feitas a muito custo com outros países.
Este reino é surreal, tem ministra que vê Jesus em goiabeira, outra diz que a população pobre alimenta-se de manga, sem esquecer que há um laranjal em abundânci e, para fechar, o rei disse que o reinado é um abacaxi. Enfim, é uma salada de fruta apodrecida e indigesta. De toda essa miscelânea conclui-se que nós, súditos mortais, somos todos uns bananas.
Como disse o Shakespeare: “Há algo errado no Reino da Dinamarca”.
Um beijo no seu coração!
Hernando
Nando
Esta salada está sendo feita com frutas podres. A dor de barriga dos “bananas” virá depois com cólica, cagança e arrependimento. Agradeço o seu carinho e comentário.
Beijos,
Lu
Lu
Muito legal o texto. Parece até um país que conhecemos que se encontra na beira do buraco negro. Outra nação que mantiver relações diplomáticas com ele pode entrar no olho do furacão. Ele está em processo de destruição: da economia, da educação, das relações diplomáticas, do agronegócio, do meio ambiente, das famílias, da paz, das relações interpessoais, da democracia, da ética, das instituições, dos pobres e etc. Procurei uma ação em processo de construção e não achei. Até as mangas, laranjas e goiabas estão caras. Perto da minha casa existia uma goiabeira e quando cheguei perto todas as goiabas estavam podres, assim como está este reino.
Devas
Devas
Obrigada pelo seu apoio e constatação do que está prestes a acontecer no reino pirocado.
Abraços,
Lu