ARTISTAS GREGOS E SUAS OBRAS (Aula nº 13)

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Autoria de Lu Dias Carvalho

                  
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 Os artistas nem sempre tiveram o espaço que lhes é devido na sociedade. No final do século V a.C. eles já tinham ciência de seu poder e maestria, sentimento esse também partilhando pelo público. Contudo, ainda eram vistos como simples artífices, sendo muitas vezes ignorados pelos presunçosos — arrogantes comuns a todas as sociedades, pouco importando a época. As coisas começaram a mudar, quando um número cada vez maior de pessoas começou a ver a criação desses indivíduos como obras de arte e não mais como trabalhos, cuja função, até então, era unicamente religiosa ou política. Foi assim que se deu o grande desabrochar da arte em direção à liberdade.

Diante das mudanças que se processaram na maneira de pensar das pessoas, concluímos, então, que bastou que elas mudassem seu ponto de vista para que a arte cumprisse seu real papel — apresentar a criação do artista e revelar toda a sua criatividade e sensibilidade. A liberdade que lhes foi dada permitiu que houvesse competição entre eles, o que possibilitou a diversidade criativa presente tanto na arquitetura como na escultura e pintura da Grécia Antiga.  

O século IV a. C. foi inovador ao dar à arte um novo enfoque.  A obra estatutária passou a ser admirada por sua beleza, sendo vista como obra de arte, deixando o artista orgulhoso de sua criação e, em consequência, levou-o a aprimorar-se cada vez mais no seu trabalho. Os gregos que gozavam de uma educação mais refinada faziam da arte pictórica (relativa a pinturas) e da estatuária (relativa a estátuas) um tema para seus debates em praças públicas, do mesmo modo como discutiam poemas e teatro.

O mais brilhante artista grego do século IV a.C. foi Praxíteles, dono de obras graciosas e fascinantes. O seu mais louvado trabalho — cantado inclusive em poemas — representava a deusa Afrodite (Vênus na mitologia romana), a deusa do amor, entrando em seu banho. Contudo, para tristeza de todos nós, amantes da arte, essa obra não chegou aos nossos dias, tendo desaparecido. O fato é que em 200 anos a arte grega passou por magistrais transformações, como nos mostra a obra de Praxíteles que não carrega nenhum sinal da rigidez que caracterizou a arte grega por um tempo.

A pergunta que se faz é como Praxíteles — assim como outros artistas gregos — conseguiu atingir tamanho grau de beleza e equilíbrio? A resposta é a mesma que é aplicada aos dias de hoje — a busca pelo conhecimento. Esses artistas tinham uma grande compreensão do corpo humano, sendo capazes de retratá-lo com beleza e equilíbrio, como mostra a estátua intitulada “Hermes com o Jovem Dionísio” (ilustração à esquerda) — descoberta em Olímpia (cidade grega) no século XIX —, atribuída a Praxíteles.  Ela mostra o deus Hermes com o pequeno Dionísio no braço esquerdo, enquanto brinca com ele.

A arte estatuária dos gregos antigos parece ter tomado como modelo seres de um mundo diferente do nosso, ao representar o homem ideal em sua perfeição extremada. A estátua intitulada “Apolo de Belvedere” (ilustração central) apresenta o ideal grego do corpo humano. O deus Apolo traz o arco no braço estendido e a cabeça de lado, como se acompanhasse o voo da flecha. Outra famosíssima obra clássica é conhecida como “Vênus de Milo” (ver link), encontrada na ilha de Milos (ou Melos), situada na Grécia, daí a razão de seu nome. Embora seja simples, tudo nessa obra é harmonioso, daí o fascínio dos turistas por essa estátua que fica no Museu do Louvre em Paris/França.

No fim do século IV a.C. a geração de artistas que precedeu a de Praxíteles criou uma maneira de expressar emoção no rosto de suas estátuas sem que, com isso, comprometesse sua beleza. Os artistas gregos foram responsáveis por quebrar os severos tabus do primitivo estilo oriental — como vimos no mundo da arte egípcia —, pois preferiram trilhar um caminho de buscas e descobertas, apesar de desconhecido, a ficar no mesmo lugar. Agindo assim, enriqueceram seu trabalho, acrescentando-lhe um grande número de características adquiridas através do estudo e da observação. Contudo, suas obras sempre estiveram longe da realidade dos humanos, repassando, sobretudo, a visão intelectual de quem as criou.

Os gregos antigos procuravam na arte uma forma idealizada que expressasse a perfeição da alma e o bom caráter, importantes para a educação do povo, de modo que a estética transformou-se num sinal de valor ético. A fim de que arte grega garantisse seu ideal de beleza, eles criaram um Cânone (ilustração à esquerda) que dizia respeito às proporções entre as partes do corpo humano. Foi o escultor grego de nome Policleto o responsável por escrever esse tratado teórico em meados do século V a.C. Tal documento exerceu influência sobre a futura geração de escultores, ao assegurar que, obtinha-se a perfeição da forma através de relações numéricas precisas, tomando como base as figuras geométricas simples. Uma dessas regras mais conhecidas rezava que a altura do corpo humano deveria corresponder a sete vezes a altura da cabeça.

Uma das estátuas mais famosas da arte grega é conhecida como “Laocoonte e seus Filhos” ou apenas “Laocoonte” (ver link abaixo). Outra obra famosa é “O Lançador de Discos” (ver link abaixo). Um estudioso da arte jamais poderia desconhecê-las.

Exercício:

  1. VÊNUS DE MILO
  2. LAOCOONTE E SEUS FILHOS
  3. O LANÇADOR DE DISCOS

Ilustração: 1. Hermes com o Jovem Dionísio (c. 340 a.C.), obra de Praxísteles / 2. Apolo de Belvedere (c. 350 a.C.) 3. O Cânone de Policleto (c. 450 a.C)

Fonte de pesquisa
A História da Arte / Prof. E. H. Gombrich

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12 comentaram em “ARTISTAS GREGOS E SUAS OBRAS (Aula nº 13)

  1. Marinalva Dias Autor do post

    Lu
    É importante ver como a liberdade e o reconhecimento promovem mudanças nas artes ou em qualquer outro setor da vida das pessoas. Os artistas gregos, por serem mais motivados e mais competitivos, diversificaram suas obras. A beleza, a perfeição e a harmonia foi um marco na Grécia Antiga. A deusa do amor, Afrodite, entrando no seu banho, obra do artista Praxíteles, é muito bela. A busca pelo conhecimento tornou os gregos mestres em retratar o corpo humano em sua máxima beleza e perfeição. “Hermes com o jovem Dionísio”, “Apolo Belvedere”, “Vênus de Milo”, “Laoconte com seus filhos” e o “Lançador de Discos”, todas essas obras apresentadas nesta aula são belíssimas. Cada uma tem o seu significado, sua história. A Vênus de Milo, por exemplo, representa uma das deusas mais famosas da Antiguidade Clássica. Não há como escolher entre uma dessas obras, pois são todas linda demais!

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Marinalva

      Você expôs uma verdade inconteste, ao falar dos artistas gregos:
      “É importante ver como a liberdade e o reconhecimento promovem mudanças nas artes ou em qualquer outro setor da vida das pessoas. Os artistas gregos, por serem mais motivados e mais competitivos, diversificaram suas obras.”

      A liberdade criativa vivenciada pelos artistas gregos e o reconhecimento de seu trabalho foi fundamental para o aperfeiçoamento de sua obra, pois isso os motivou a buscarem sempre mais no campo artístico. A falta de liberdade e a valorização do trabalho asfixiam a arte. Grande verdade! Você foi capaz de atingir a essência da arte grega. Parabéns!

      Abraços,

      Lu

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  2. Antonio Messias Costa

    Lu

    Chama-nos a atenção nas artes grega a constante presença da nudez realçando a beleza e a força, agregada à intenção manifesta dos deuses em sua diferentes formas. Entretanto, é questionável a desproporção da genitália em relação à métrica do corpo, o que imagino se fazer para amenizar a atenção visual instintiva, sempre presente no homem ontem, hoje e sempre. É interessante ver o início da valorização da arte aos olhos da civilização até então mais voltada ao poder e posse. Os textos anteriores complementam bem este aqui.

    Abraços

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Antônio Messias

      Os gregos tinham uma perfeita noção de harmonia, tanto é que criaram até um método que estabelecia como um escultor poderia alcançar uma obra perfeita, embora as obras criadas por eles não condissessem com a dos humanos.

      Abraços,

      Lu

      Responder
  3. Ana Laura

    Lu

    Descobri este blog enquanto pesquisava sobre artes pra fins de estudo pro ENEM e agora estou viciada, lendo por puro e simples prazer de conhecer e aprender mais 🙂

    Obrigada pelo excelente conteúdo, espero que nunca pare com o trabalho!

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Ana Laura

      Como é bom receber um comentário como o seu. Isto me dá uma vontade enorme de continuar trabalhando, fazendo sempre o melhor que puder para pessoas assim como você. Como os gregos ensinam-nos neste texto, eles aprendiam com outros artistas, mas também buscavam o aprimoramento por puro prazer. Penso eu que realmente aprendemos quando a nossa busca se dá pela vontade de querer apreender mais e mais, sem a chamada “obrigação”.

      Amiguinha, este blogue possui mais de 30 categorias (ver ÍNDICE GERAL), nas quais trabalho com diferentes assuntos ligados à arte em geral e à saúde. Os textos sobre saúde mental (depressão, ansiedade, toque…) são muito procurados também. Repasse nosso endereço para seus colegas e amigos. Você me fez muito feliz hoje!

      Beijos,

      Lu

      Abraços,

      Lu

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Maria Clara

      Agradeço muitíssimo a sua visita e comentário. É sempre bom receber neste espaço pessoas que gostam de arte. Também sou fascinada pela arte grega.

      Beijos,

      Lu

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  4. Hernando Martins

    Lu

    A civilização grega foi um divisor de águas na evolução da arte como um todo, porque quebrou paradigmas importantes, resquício de influências de culturas anteriores. Fez isso com criatividade e inovação, imprescindíveis para mudanças artísticas importantes.

    Sabemos que a palavra criança vem do verbo criar, da criatividade, elemento imprescindível para o desenvolvimento do intelecto. Assim como a criança aprende com o lúdico, desenvolvendo sua criatividade através da liberdade, não podendo haver repressão, pois provocaria um bloqueio nesse quesito e transtornos psíquicos. Essa analogia é interessante porque o artista também precisa da liberdade de expressão para poder brotar ideias novas e criativas, capazes de proporcionar transformações revolucionárias em todos os setores da vida.

    Enquanto os artistas egípcios eram manipulados pelos tiranos durante 30 séculos, manipulando a arte de uma forma autoritária e rígida, de acordo com suas crenças e estratégias de poder, acabou limitando os artistas em vários aspectos. Ao contrário, os gregos tiveram a liberdade, elemento propulsor da criatividade!

    Os gregos passaram a observar a natureza e utilizar a analogia como forma de fazer os questionamentos. Tudo isso proporcionou a eles uma capacidade extraordinária de revelar vários talentos nas artes. Uma observação importante é a de que os gregos tinham seus deuses dentro da mitologia, por sinal lhes serviram de inspiração para a criação das famosas tragédias gregas, nas esculturas, nos desenhos das cerâmicas, etc. Ao contrario dos deuses dos egípcios que eram mórbidos, severos, contribuindo para o obscurantismo religioso através das crenças.

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    1. LuDiasBH Autor do post

      Hernando

      É paradoxal imaginar como um povo em tão priscas eras tenha alcançado uma capacidade criativa tão grande como foi a vista na Grécia Antiga. O mais interessante é notar como aquela gente tinha a ânsia do conhecimento. Os gregos não se atinham apenas àquilo que aprendiam com outros povos, eles sempre queriam mais. Agregavam as suas próprias descobertas aos conhecimentos adquiridos com outros povos. Eram abertos ao novo e gozavam de plena liberdade para criar. Suas crenças não os limitavam ou tolhiam.

      Gostei muito de sua analogia com a criança:

      “Sabemos que a palavra criança vem do verbo criar, da criatividade, elemento imprescindível para o desenvolvimento do intelecto. Assim como a criança aprende com o lúdico, desenvolvendo sua criatividade através da liberdade, não podendo haver repressão, pois provocaria um bloqueio nesse quesito e transtornos psíquicos. Essa analogia é interessante porque o artista também precisa da liberdade de expressão para poder brotar ideias novas e criativas, capazes de proporcionar transformações revolucionárias em todos os setores da vida.”

      Beijos,

      Lu

      Responder

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