Autoria de Lu Dias Carvalho
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O erotismo deste quadro é de um tipo particularmente complexo. Em primeiro lugar é uma variante do tema do mercado de escravas e do harém. Essas mulheres são animais arrebanhados e preparados para o prazer do macho, a quem de modo algum podem recusar satisfação. Em segundo lugar, o quadro é fortemente voyeurístico. Nós estamos olhando uma cena normalmente proibida ao olhar masculino. Em terceiro lugar, há um aspecto de afetação homossexual em algumas das poses, principalmente no grupo do primeiro plano em que a mulher da direita toca os seios de sua companheira ao lado. (Lucie-Smith)
O Banho Turco é uma das pinturas mais conhecidas de Jean-Auguste Dominique Ingres, mais conhecido simplesmente por Ingres que, embora se considerasse um neoclássico, era também chegado aos temas exóticos. À época o orientalismo estava na moda na França em razão das guerras napoleônicas no Oriente. Esta composição mostra a vida das mulheres que vivem apenas para a beleza e o prazer masculino num harém oriental. Pode ser considerada a mais bela das obras-primas do artista. Quando fez este quadro, Ingres estava com 82 anos de idade, embora mantivesse aceso o fogo de um homem de 30 anos, como gostava de dizer. Aqui ele retoma um tema do início de sua carreira, banhistas e odaliscas.
Ingres jamais presenciou uma cena semelhante, pois nunca visitou o Oriente. Também não usou modelos vivos para pintar O Banho Turco, tela extremamente sensual, mas aproveitou uma série de croquis e desenhos realizados, quando pintava outros nus, ao longo de sua carreira. Estão na cena cerca de duas dúzias de figuras femininas, nas mais diferentes poses, sobre suntuosos tapetes e almofadas coloridas. O pintor adorava retratar mulheres nuas, sendo dito que ele gostava do erotismo de voyeur, embora se mostrasse moralista. Observe o leitor que a figura central é a mesma usada em A Banhista de Valpinçon, assim como A Grande Odalisca, ambas as composições presentes aqui no site (busque em pesquisar).
Segundo alguns estudiosos de Ingres, para pintar este quadro em que aplicou o estilo de pintura redonda, também conhecido como “tondo”, ele se baseou em descrições sobre os banhos no harém do sultão Maomé II e nas Cartas do Oriente, de Lady Montagu, aristocrata e escritora inglesa. Ela assim se expressou em uma de suas cartas: “Havia 200 mulheres… Os sofás estavam cobertos de almofadas e ricos tapetes nos quais estavam sentadas as senhoras, completamente nuas… E, no entanto, não havia o menor sorriso libertino ou gestos licenciosos entre elas”. Ingres não via nas mulheres a lascívia, mas beleza e inocência. O formato redondo evoca o ideal renascentista.
A tela de Ingres em que cada figura foi detalhadamente estudada, embora mostre mulheres nuas, não causou nenhuma comoção, como foi o caso de Olímpia, de Edouard Manet (iremos estudar mais à frente) que seria exposta no ano seguinte. Contudo, muitos críticos fazem uma análise mais forte desta composição, alegando que há nela dois aspectos marcantes: voyeurismo e lesbianismo.
Obs: Segundo alguns historiadores, é provável que esta obra tenha pertencido ao Príncipe Napoleão, mas sua esposa achou-a imoral, tendo colocado outra em seu lugar. Ingres acabou recuperando a obra e mudou seu formato para a forma circular, como se encontra hoje. Além disso, também fez transformações nas figuras que se encontram nas extremidades.
Ficha técnica
Ano: 1863
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 108 cm de diâmetro
Localização: Louvre, Paris, França
Fontes de pesquisa:
1000 obras-primas da pintura europeia/ Editora Könemann
Romantismo/ Editora Taschen
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
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Lu
“O Banho Turco”, 1863, do pintor Ingres, obra do período Neoclássico, evoca o Oriente com um estilo muitíssimo erótico, onde o erotismo se acentua por causa do formato em círculo, harmoniosamente arranjado com todos os elementos. O artista sugere um ambiente com uma névoa perfumada, usa cores pálidas e tudo está geometricamente elaborado, com uma precisão que impressiona. Mostra toda a sua habilidade em fazer acreditar que tudo é fantasia e realidade, ao mesmo tempo. Criativo e inovador!
Marinalva
Esta obra de Ingres é realmente maravilhosa. Você se expressa muito bem ao dizer que “O artista sugere um ambiente com uma névoa perfumada, usa cores pálidas e tudo está geometricamente elaborado, com uma precisão que impressiona”.
Abraços,
Lu
Lu
O pintor francês Ingres, discípulo de David, por incrível que pareça produziu essa obra aos 82 anos de idade. Apesar de ser um pintor e desenhista neoclássico, teve influência do romantismo, utilizando retratos nus como uma característica peculiar do artista. Ele não utilizou as simbologias mitológicas em suas obras, como fizeram outros artistas neoclássicos. Sua obra “Banho Turco” nao chocou a sociedade da época porque pertencia a alguém em particular, não tendo sido exposta ao público.
Hernando
Ingres encontra-se entre os grandes nomes do neoclassicismo francês. Sua obra é realmente muito peculiar, cheia de grande beleza, embora se trate de um tema picante para a época. É fascinante o fato de ele tê-la criado aos 82 anos de idade.
Abraços,
Lu