Autoria de Lu Dias Carvalho
Apesar de conhecer muito pouco sobre a vida de uma gueixa, sobretudo no que tange a seu altíssimo custo financeiro, todo homem gostaria de ter uma. Para nós ocidentais, uma gueixa é, sobretudo, uma mulher servil, preparada para agradar os homens e apenas dizer amém. Mas a verdade não é bem essa, como escreveu Arthur Golden em seu livro Memórias de uma Gueixa.
Arthur Golden, embora estadunidense, é formado em história da arte e mestre em história do Japão. Além disso, trabalhou como jornalista em Tóquio, no início da década de 80. Os personagens de seu livro são todos fictícios, mas os fatos históricos, que contam o dia-a-dia de uma gueixa nos anos de 30 e 40, são baseados em extensas pesquisas, inclusive ele teve contato com Mineko Iwasaki, umas das principais gueixas de Gion (bairro das gueixas em Kioto), nos anos 60 e 70, embora alguns digam que Mineko processou o autor posteriormente, por ter deturpado suas palavras. Mas quem nos garante que ela não tenha sofrido pressão por parte do governo?
Segundo Arthur Golden, todas as pessoas que conheceu, e que ainda moram em Kioto, pediram-lhe que não fosse muito franco na história de seu livro. Percebe-se que o Japão tem grande preocupação em manter a decantada delicadeza de suas gueixas, até como forma de propaganda turística. Ainda bem que o autor não aceitou os pedidos feitos, sendo muito honesto ao escrever seu livro. Nele, percebemos com clareza que a vida de uma gueixa não tem todo o glamour que nos é passado. Ela é cheia de exploração por parte das donas das casas, onde ficam as aspirantes ao cargo e as profissionais, assim como pelas donas das casas de chá. Há muito sofrimento em toda a história. Mas este assunto eu vou deixar para o próximo texto. Fiquemos agora com mais algumas curiosidades sobre o tema.
Contam algumas fontes que inicialmente as gueixas eram homens. Artistas que trabalhavam com o entretenimento, pois as mulheres encontravam-se sob o jugo masculino. Eles não apenas cuidavam das conversas, como dançavam e elogiavam nobres e aristocratas. Somente no século 18 é que as garotas deram entrada no cenário, travando uma briga com as prostitutas. Seja lá como for, o governo resolveu meter o bedelho e fez uma série de determinações, dentre elas a de que as meninas não poderiam se apresentar sozinhas, de modo a coibir o sexo. Com a proibição, os clientes ficaram ainda mais fissurados, pois o que não é visto, acaba sendo mais desejado.
Os anos da recessão japonesa foram penosos para as menininhas, que jamais pensariam em se transformar em gueixas, se não fosse pelas agruras passadas por suas famílias. Muitos pais, sem ter como manter sua prole, passaram a vender as filhas para as casas responsáveis pela formação das superdelicadas profissionais.
Curiosidade:
Segundo a enciclopédia japonesa Kondasha, os primeiros registros da palavra gueixa datam por volta de 1750. Nessa época, a atividade de boa parte das gueixas esteve circunscrita aos yoshiwara, chamados “quarteirões do prazer“, locais onde também prostitutas e cortesãs exerciam suas atividades, com a permissão do governo. Vem daí o confuso envolvimento dessas mulheres com a sexualidade e a prostituição. Nesse tempo, as gueixas eram claramente orientadas por leis a não oferecer esse tipo de serviço. “Mas como essas leis eram renovadas com certa constância, isso é um sinal de que deviam ser freqüentemente desobedecidas“, acrescenta o professor e pesquisador Lao Kawashima, ex-diretor da Aliança Cultural Brasil Japão. Ele conta que ainda hoje as gueixas são sensíveis ao assunto. “Tanto a prostituição quanto a atividade das gueixas eram consideradas legais no Japão até a década de 50, quando o meretrício foi proibido e passou para a marginalidade. Ou seja, pelo mero aspecto técnico, são coisas bastante diferentes. Mas na prática, nem sempre é tão simples”, pondera ele.
Nota: Imagem retirada de http://sweetasiangeek.blogspot.com.br/2011/10/as-gueixas.html
Fonte de pesquisa:
Memórias de uma gueixa/ Arthur Golden
Wikipédia
Views: 3