A fidelidade diz respeito à constância nas afeições. Se entre amigos ela já é bastante exigida, imaginemos então na vida dos casais. E é justamente aí que a porca torce o rabo. Embora nas culturas monogâmicas a fidelidade seja igualmente cobrada a homens e mulheres, noutras que aceitam a poligamia o macho fica solto igual o diabo gosta, sob o argumento de que em “homem nada pega”, cantilena que tem atravessado gerações. Quem nunca ouviu isso em sua família?
É exatamente no trato com a fidelidade que estão os mais pitorescos provérbios. Através deles podemos fazer uma viagem no tempo pelas mais diferentes culturas. E mais uma vez o homem leva vantagem, sob a premissa de que é especial. Diz um provérbio vietnamita que “O homem pode ter mais de uma mulher; mas uma mulher decente só tem um homem”, e um estoniano completa: “Se um homem peca, é como cuspir pela janela; se fora a mulher a pecar, é como lançar o escarro de fora para dentro da casa“. Como pode se ver, a infidelidade do homem é tida como insignificante, enquanto a da mulher torna-se um crime imperdoável, como diz um provérbio russo: “O pecado do marido fica fora da soleira, o da mulher entra na casa“.
Se o fruto é do vizinho, o melhor é passar bem longe de seu quintal. O corporativismo do macho reza que “Não se deve provar a mulher de outro homem”, pois respeito é bom e ele gosta e um homem precavido “Não põe o pé em sapato alheio” e muito menos “Cobiça a comida alheia” ou “Deseja a galinha de outro”.
A mulher é sempre vista como objeto: fruto, sapato, comida e até mesmo como galinha. E, para dar maior visibilidade aos privilégios do macho, um provérbio indiano amedronta o mais afoito: “É melhor caçar uma serpente e chupar seu veneno do que ter uma ligação com a mulher de outro homem”, embora “O prato mais saboroso é o da casa alheia”, o que não compensa a indigestão que virá depois, pois, conforme ensina um provérbio do antigo Egito “Quem dorme com mulher casada é morto à porta da casa”, portanto, “Quem quiser mulher casada não deve temer a morte”.
A coisa complica-se quando é a infiel que atraiçoa o marido. Aí a cobra fuma para ela, é claro. E se por uma infelicidade é o macho que saiu da relação com o coração ferido, ele não deve se preocupar, pois “As mulheres são como ônibus: parte um, chega outro”, diz um provérbio venezuelano. E um peruano confirma que “As mulheres são como as rãs: para cada uma que afunda no brejo, quatro sobem à superfície”. E, para fechar tamanha provocação, um provérbio brasileiro reza que “As mulheres são como as balas de um revólver: sai uma pelo cano e a outra já está preparada no tambor.”. Que danura, sô!
Fontes de pesquisa:
Nunca se case com uma mulher de pés grandes/ Mineke Schipper
Livro dos provérbios, ditados, ditos populares e anexins/ Ciça Alves Pinto
Provérbios e ditos populares/ Pe. Paschoal Rangel
Views: 7
Este foi o terceiro site que acabei de ler e foi o que mais deixou claro para mim. Gostei.
Carla
Seja sempre bem-vinda.
Abraços,
Lu
Lu Dias
É um tema muito complexo, diante da cultura existente do machismo. Ainda, infelizmente, a mulher, por muitos, é tratada com desigualdade, daí estes provérbios que até parecem hilários, mas são na verdade um desrespeito muito grande a elas. Quanto à infidelidade penso que o importante é que o casal se ame. Com o amor, mesmo as tentações passam apenas nos pensamentos e não se exteriorizam, porque ele une o casal e acaba vencendo, com a reflexão madura e carinhosa que os cônjuges acabam tendo.
Ed
Através dos provérbios é possível acompanhar a trajetória da mulher através dos tempos. Nós, mulheres, precisamos estar alertas, sempre.
Abraços,
Lu