A TERRÍVEL HIST. DA PERNA CABELUDA (2ª Parte)

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Autor: Guaipuan Vieira

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A Perna anda descalça
Vagando em noite escura
Tem um rastro muito grande
Que não é de criatura
Dizem até que um sapato
Na cidade ele procura.

Muitos fazem confusão
Aumentando mais o medo
Que a Perna também vaga
Quando o dia é muito cedo
Nas manhãs de sexta-feira
Zombando de seu segredo.

Em noite de lua cheia
Ela fica mais nervosa
Vaga na areia da praia
É muito mais perigosa
A razão é o sofrimento
Da tal vida desastrosa.

Circula todo o Nordeste
Promovendo temporada
Por onde passa o terror
Tem uma história contada
Nunca peça para vê
A Perna mais assombrada.

Percorre a periferia
Onde sente muita estima
O povão é seu chamego
Espécie de grande ima
Que através dessa gente
Mantém a fama de cima.

Não existe corajoso
Chamado desafiante
Pra enfrentar a essa Perna
Por ter jeito horripilante
Assim vara a madrugada
Cada vez mais triunfante.

E vagando estrada afora
Já provocou acidente
Pois fez carro abalroar
Pondo em risco muita gente
No aeroporto aeronave
Sair do pouso decente.

Da mesma forma já fez
Na lagoa, o pescador
Deixar o peixe na isca
E gritar: Nosso Senhor!
Daí – me força nestas pernas
Pra fugir deste terror.

Esta Perna Cabeluda
Bota mesmo pra quebrar
Até na santa igreja
Já andou a perturbar
Fez o padre e o sacristão
Vir à missa abandonar.

Fez mulher que trai marido
Mudar seu comportamento
Ser caseira e boa esposa
Religiosa ao contento
Da mesma forma o traído
Esquecer o sofrimento.

Fez cabra namorador
Esquecer o pé de muro
O farrista voltar cedo
Prevenindo mais seguro
Com medo de vê a Perna
E passar por tal apuro.

Mas a Perna é vaidosa
Tem paixão e boemia
Visita festas de roque
Em clubes da burguesia
Também gosta de seresta
E da boa churrascaria.

Tudo isso ela freqüenta
Numa forma mais oculta
Observa o ser humano
Talvez fazendo consulta
Mas depois desta visita
Fazer mal é que resulta.

Dizem que é a besta-fera
Que já se encontra presente
Circulando este planeta
Cada vez mais decadente
Onde o ódio e a violência
Se vê muito mais crescente.

São sinais do fim da era
A tristeza é mais aflita
Aparições e desastres
É algo que multiplica
A peste afronta o planeta
Na terra a paz desabita.

Pois rezar é que nos resta
Pra livrarmos da aflição
Mas que haja com firmeza
Santo Deus no coração
Ao contrário nós seremos
Vítimas da tribulação.

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