Filme – O SEXTO SENTIDO

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Autoria de Lu Dias Carvalho

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De profundis clamo ad te Domine. (Das profundezas a ti clamo, Senhor.)

Há muito tempo na Europa, as pessoas escondiam-se nas igrejas. Eram como um santuário. Escondiam-se de pessoas más, que queriam colocá-las na prisão, machucá-las. (Malcolm Crowe)

Quero te contar um segredo agora. Eu vejo gente morta, andando por aí como gente comum. Uma não vê a outra. Elas só vêem o que querem ver. Não sabem que estão mortos. Estão em toda parte. (Coler Sear)

O Sexto Sentido (1999), obra do diretor indiano M. Night Shayamalan, é um daqueles filmes que nos prende a atenção do início ao fim, sem nos fornecer respostas prontas. O espectador não pode perder uma só cena, sob o risco de não compreendê-lo, tamanha é a sensibilidade com que a trama é alinhavada. É preciso ter muita acuidade para pegar as várias dicas que o diretor fornece, até chegar a seu final espetacular.

O Sexto Sentido foi o terceiro longa-metragem escrito e dirigido pelo diretor indiano Shayamalan. Tornou-se um grande sucesso só perdendo, à época, para Guerra nas Estrelas: Episódio I – A ameaça Fantasma. Arrecadou 26 milhões de dólares apenas no primeiro final de semana de sua exibição. Foi indicado a seis Oscar, dentre eles o de melhor roteiro original e melhor direção, transformando seu diretor num dos maiores nomes de Hollywood.

Uma das marcas registradas do cineasta indiano Shayamalan é a sabedoria com que lida com o sobrenatural. No filme em questão, ele traz para o espectador, principalmente para os menos observadores no desenrolar da trama, um final surpreendente. A atuação do pequeno Osment é magistral. Os diálogos mantidos entre ele e Bruce Willis desviam a atenção do espectador do final da história, prendendo-o sempre ao momento presente.

O enredo de O Sexto Sentido (ficção) poderia ser mais um dos tantos que abordam temas sobrenaturais, se Shayamalan não o conduzisse com maestria. O psicólogo Malcolm Crowe (Bruce Willis) encontra-se feliz ao lado de sua esposa Anna (Olivia Williams), comemorando um prêmio importante que recebera da prefeitura da cidade, por seu trabalho prestado a crianças e suas famílias, quando tem a casa invadida por um ex-paciente, Vicent Grey (Donnie Wahlberg). Até então escondido no banheiro, vestindo apenas uma cueca, o moço aparece e acusa seu ex-psicólogo de ter errado, com ele, no seu diagnóstico. Acaba por atirar nele e se mata, a seguir.

Certo tempo depois, o doutor Malcolm aparece sentado em frente a um prédio de apartamentos. Um garotinho sai dali e é seguido pelo psicólogo até à igreja. Ali encontra o menino brincando entre os bancos, com miniaturas de soldados e tenta travar um diálogo com ele, depois de se desculpar pelo atraso no encontro. Coler Sear (Haley Joel Osment) rumoreja uma frase em latim e se afasta, levando consigo uma pequena imagem. Eles se propõem a se verem novamente.

Os pais do pequeno Coler são divorciados e ele vive com sua mãe Lynn (Toni Collette), que se sente incapaz de compreender o comportamento do filho. Tampouco ele é popular na escola, onde os colegas dizem que é doido e não tendo, sequer, um amigo. Contudo, é um garoto muito inteligente que demonstra conhecimentos excepcionais, inclusive contando em sala qual era o apelido do professor na sua infância. Conta, também, que o prédio da escola já fora um lugar de execuções.

O psicólogo Malcolm não força o garoto a dizer nada. Apenas vai lhe abrindo possibilidades para que confie nele e lhe conte seu “segredo”. Enquanto isso, o casamento de Malcolm e Anna desanda, chegando ao ponto de marido e mulher não mais se falarem. Ela se sente ressentida com a ausência do marido, que se doa excessivamente aos pacientes, deixando a relação dos dois em segundo plano.

Numa conversa entre Malcolm e Cole, o pequeno quer saber o motivo da tristeza do psicólogo. Esse lhe diz que não foi capaz de ajudar um menino igualzinho a ele e, por isso, não consegue tirar aquilo da cabeça. Cole, então, sente-se confiante com a confissão do doutor e lhe revela qual é o seu segredo:

Eu vejo gente morta.

Daí para frente o filme transforma-se numa grande surpresa. É bom que o espectador prepare o coração para o que vem a seguir.

M. Night Shymalan (diretor)

Embora seus pais já morassem nos Estados Unidos, ele nasceu na Índia, onde sua mãe foi passar os últimos meses de gravidez. O sobrenome Night foi adotado, influenciado pela espiritualidade dos índios americanos.

Curiosidades:

• O Sexto Sentido foi indicado a seis Oscar: melhor filme, melhor diretor, melhor roteiro original, melhor montagem, melhor ator coadjuvante (Haley Joel Osment) e melhor atriz coadjuvante (Toni Collette).

• Indicado ao Globo de Ouro de melhor roteiro e melhor ator coadjuvante.

• O diretor Shyamalan atua em quase todos os filmes que dirige. Em O Sexto Sentido ele é o médico que atende o garotinho no hospital.

• Foi o filme mais assistido no Brasil em 1999.

• Haley Joel Osment começou a atuar aos 4 anos em comerciais. Estreou no cinema como o filho de Forrest Gump – O Contador de Histórias (1994).

• Haley Joel Osment foi impedido assistir ao filme, pois a censura estipulava a idade mínima de 14 anos.

• Por seu papel de Cole Sear, Osment venceu 13 prêmios e foi indicado a outros 7.

• Osment, adolescente, teve problemas com bebida e drogas.

• Para interpretar Vicent Grey o ator Donnie Wahlberg emagreceu 21 quilos. Esse é um dos seus papéis mais aclamados.

Nota:
O roteiro de O Sexto Sentido dá todas as dicas de qual será o seu final. Mas é preciso muita atenção para percebê-las. Se você ainda não viu o filme, e pensa em vê-lo, não leia as informações abaixo:

• Sempre que um fantasma está presente e seu “estado de espírito” é raivoso ou agitado, a temperatura no ambiente cai. O espectador pode “pressentir” que ele está ali.

• A queda de temperatura quase não acontece com a presença do doutor Malcolm, porque dificilmente ele fica zangado ou irritado.

• O psicólogo usa as mesmas roupas em todo o filme. São as mesmas peças usadas na primeira cena. As mudanças de roupa vêm dessa cena: sobretudo, cachecol e o suéter. A camisa é sempre a mesma.

• Depois da primeira cena, Malcolm não troca uma palavra com outra pessoa, a não ser com o pequeno Osment.

• A mãe de Osment nunca conversa com o psicólogo sobre o filho.

• A cor vermelha é pouco usada em todo o filme. Aparece somente em elementos que tem relação com o “outro mundo”, por quem está nele, ou pelos que foram “tocados” por espíritos. Cole, quando é preso no calabouço e agredido, usa uma blusa vermelha. Assim como é vermelho o balão, indo em direção ao calabouço. A tenda no quarto, onde aparece a menina Kyra e o vestido da mãe dela são vermelhos. Assim como os números no toca-fitas e a maçaneta que Malcolm tenta abrir. O guardanapo na mesa de jantar de Malcolm, a porta da igreja e as pílulas antidepressivo no banheiro são vermelhos, etc.

• O efeito que o doutor Malcolm exerce no mundo físico é limitado. Ele não consegue abrir porta, não mexe a cadeira ao se sentar no restaurante, mas é capaz de quebrar o vidro da fachada da loja da mulher, abri e ler o dicionário de latim, etc

Cenas imperdíveis:

• Anna vai ao porão pegar uma garrafa de vinho e sente frio. Ao reencontrar o marido leva roupas de inverno. Observe a cor da luz do porão.

• A cena em que Cole conta o seu segredo a Malcolm. O menino diz, entre outras coisas, que ele vê mortos, que não sabem que estão mortos. Durante a fala, a câmara vai lentamente se aproximando do rosto do psicólogo.

• A entrega da caixa com a fita-cassete, em que Kira desmascara a madrasta.

• A cena em que Malcolm toma ciência de que está morto.

Fonte de pesquisa:
Cinemateca Veja
Wikipédia

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