Autoria de Lu Dias Carvalho
Gandhi foi convidado a voltar à África do Sul, onde acabou comprando o jornal Índian Opinion, que contava com 3.500 associados e muitos simpatizantes. Dentre esses, encontrava-se o arquiteto alemão Herman Kallenbach.
Quando teve que permanecer em Johanesburgo, Gandhi hospedou-se com Kallenbach, a quem também introduziu no caminho da castidade. Assim como o amigo, o alemão deixou de tomar leite e passou a fazer uso de uma dieta de frutas. O fato mais importante é que nasceu uma profunda amizade entre os dois, que durou até a morte de Kallenbach, que aconteceu dois anos antes da morte de Gandhi. Amizade essa que vem sendo questionada por muitos estudiosos da vida do indiano. Seria Gandhi bissexual?
Numa carta a Kallenbach, Gandhi confidenciou-lhe sobre sua esposa:
Gentilmente, mas de forma repreensiva, eu lhe disse novamente que seu pensamento era pecaminoso e que a sua doença era amplamente causada pelos seus pecados. Imediatamente ela passou a lamentar-se. Fiz com que ela deixasse de comer os bons alimentos a fim de matá-la. Eu estava cansado dela e queria que morresse. Fui uma cobra disfarçada.
Nas cartas trocadas entre Gandhi e Kallenbach havia expressões efusivas de amor, tais como: “amor extraordinário”, “Espero realmente merecê-lo”, “um amor quase sobre-humano”, “mais amor e ainda mais amor”, “tal amor que, espero, o mundo jamais tenha visto”
Gandhi destruiu as cartas de Kallenbach, alegando que seu amigo não gostaria que fossem lidas por outras pessoas. Fato considerado muito estranho para alguns. O que temia o indiano, ao deixar as cartas para a posteridade? Explica ele:
– Todos consideram que seu amor por mim seja excessivo.
Além de descrever as cartas de Kallenbach como “notas charmosas de amor”, o console da lareira do dormitório de Gandhi era adornado com um único retrato, que não poderia ser outro senão o de Kallenbach. É fato que o alemão citado nunca se casou. Gandhi refere-se com frequência a ele em sua autobiografia, e explica que Kallenbach era a sua “alma gêmea”. Em seu livro, Grande Alma: Mahatma Gandhi e sua luta com a Índia , o escritor Joseph Lelyveld cita Tridip Suhrud , um historiador cultural, afirmando: “Eles eram um casal”. Haveria uma relação sexual entre os dois?
Governo indiano compra cartas que comprovariam a bissexualidade de Gandhi (Revista Veja)
Cartas trocadas entre Mahatma Gandhi e o arquiteto sul-africano Hermann Kallenbach entre 1905 e 1945 foram compradas pelo Ministério da Cultura indiano por 700.000 libras, segundo reportagem do site do jornal britânico The Daily Mail. Pesquisadores afirmam que as mensagens provam a bissexualidade do líder político indiano, que teria abandonado a mulher Kasturbai Makhanji, em 1908, para viver com Kallenbach na África do Sul. A correspondência, que reúne também cartas escritas pelos filhos, amigos e outros parentes de Gandhi, seria leiloada nesta terça-feira em Londres.
Os documentos foram encontrados na casa da sobrinha-bisneta de Kallenbach e aquecem a discussão sobre a sexualidade de Gandhi, levantada pelo jornalista britânico Joseph Lelyveld, que fala sobre a relação homossexual de Gandhi com Kallenbach na biografia Great Soul (Mahatma Gandhi – E Sua Luta com a Índia, título em português), lançada no ano passado. A versão em português chegou às livrarias pela editora Companhia das Letras em 25 de junho.
O texto reúne juras de amor trocadas entre o líder pacifista e o arquiteto, que se conheceram em 1904, durante passagem de Gandhi pela África do Sul.
“Você tomou posse do meu corpo. Isso é uma escravidão violenta”, escreveu Gandhi para Kallenbach de acordo com Lelyveld.
Eles se separaram em 1914, quando Gandhi teve que voltar para a Índia e Kallenbach foi impedido de acompanhá-lo por causa da Primeira Guerra Mundial. Mesmo assim, eles permaneceram em contato através das cartas.
Fontes de pesquisa:
Gandhi, Ambição Nua/ Jad Adams
Gandhi/ Louis Fischer
Blog Indiagestão
Líderes que Mudaram o Mundo/ Gordon Kerr
http://veja.abril.com.br/noticia/celebridades/governo-indiano-compra-cartas-que-comprovariam-a-bissexualidade-de-gandhi
Nota: Imagem copiada de india.blogs.nytimes.com
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