Autoria de Lu Dias Carvalho
Acredito em duas coisas: na disciplina e na Bíblia. Receberão ambas aqui. (Samuel Norton)
Tive de ser preso para me tornar um vigarista. (Andy Dufresne)
Trabalhos especiais vêm juntos com privilégios especiais. (Samuel Norton)
Um Sonho de Liberdade (1994), filme estadunidense de drama, escrito e dirigido pelo cineasta Frank Darabont e que traz Morgan Freeman e Tim Robbins como atores principais, não teve uma boa acolhida ao chegar ao mercado cinematográfico. O resultado pífio das bilheterias nem mesmo cobriu os custos de produção. Em suma, foi um fiasco total. Mas, para supressa geral do diretor, produtores, artistas e críticos, o mercado de vídeo, DVD e TV transformaram-no num grande sucesso, de modo que é comum encontrá-lo na lista dos “melhores filmes de todos os tempos”.
Embora o roteiro encantasse todos aqueles que o liam, as críticas à produção do filme, por parte dos principais jornais, não foram boas. Disseram, inclusive, que a película “era piegas e ultrapassada”. Mesmo assim, Um Sonho de Liberdade teve sete indicações ao Oscar, embora acabasse não levando nenhum. A surpresa aconteceu quando o filme saiu em vídeo, tornando-se a obra mais alugada à época. A história de Um Sonho de Liberdade mostra a importância do boca a boca, capaz de derrubar qualquer tipo de crítica.
Algumas pessoas relacionadas ao mundo cinematográfico dizem que o mau recebimento de Um Sonho de Liberdade nos cinemas deveu-se ao título horroroso com que foi lançado nos Estados Unidos: The Shawhank Redemption (A Redenção de Shawhank). Outras acrescentam que, além do título, o filme foge dos atrativos comuns aos filmes norte-americanos: ação e perseguições, sexo, romance e atrizes bonitas. É fato que o título não tem apelo algum, pois Shawhank é o nome fictício da cadeia onde se passa a história e praticamente não existe a presença de mulheres. Além disso, o filme centra-se na grande amizade que liga dois homens. Amizade essa que começa na cadeia e prospera além dela. Assunto incomum nos filmes de Hollywood.
História:
Mesmo alegando inocência, o jovem Andy Dufresne (Tim Robbins), vice-presidente de um banco, é julgado e condenado pelo assassinato de sua esposa e do amante dela. Condenado à prisão perpétua, ele é enviado como prisioneiro para a temida cadeia de Shawshank, onde conhece Boyed Redding (Morgan Freeman), apelidado de Red, que ali se encontra há mais de 20 anos, cumprindo pena por ter assassinado a esposa e tem seus pedidos de liberdade condicional sempre negados. Ali, Andy sofre agressão e é violentado sexualmente pelo perigoso Bogs e sua turma.
Red é responsável pelos serviços de contrabando, conseguindo artigos inusitados para os colegas de prisão, o que o torna muito respeitado no local. No seu primeiro pedido a Red, Andy encomenda-lhe uma picareta em miniatura e, posteriormente, pede-lhe um pôster da atriz Rita Hayworth. Pedidos esses que terão uma grande importância para o prisioneiro em questão.
Certo dia, Andy ouve o violento Hadley (Clancy Brown), um dos guardas da prisão, reclamando do imposto de renda que terá que pagar sobre uma herança recebida. Aproveita então para se aproximar do guarda e lhe oferecer seus préstimos. E, assim, acaba se transformando no contador de quase todos os funcionários da prisão, incluindo o cruel e corrupto diretor Samuel Norton (Bob Guton). De modo que, aos poucos, vai conhecendo todo o funcionamento daquele sistema penal.
O local de atendimento dos clientes de Andy é a biblioteca de Shawshank, sendo Brooks Hatlen (James Whitmore) o encarregado do lugar. Brooks é o mais velho prisioneiro da penitenciária e está ali há tanto tempo, que não tem mais vontade ou coragem de ultrapassar os portões para a liberdade. Seu desejo é permanecer ali para sempre.
O sinistro e corrupto diretor do presídio vê nos conhecimentos de Andy uma oportunidade para fazer lavagem de dinheiro. Para angariar o silêncio do moço, ele faz vista grossa aos objetos contrabandeados que ele possui, incluindo o pôster de Rita Hayworth, que decora uma das paredes da cela. E também suporta a cerrada campanha que Andy empreende, pedindo ao Senado que envie verbas para a biblioteca a penitenciária, para que possa comprar mais livros.
Eis que chega à prisão o jovem Tommy Williams (Gil Bellows), que tem passagem por muitas outras, e toma conhecimento, através de Red, do motivo que levou Andy à condenação perpétua. Lembra-se então de um colega de cela, em outra prisão, gabando-se de ter cometido o crime imputado a Andy e não ter sido descoberto.
Andy, ao tomar conhecimento do assunto, pede a ajuda do diretor para que pudesse ter um novo julgamento, mas esse recusa o pedido. Quando Andy menciona suas atividades ilegais, ele o joga na solitária por sessenta dias. E providencia para que o rapaz, portador da notícia, seja assassinado pelos guardas. Ao deixar a solitária, Andy faz com que seu amigo Red prometa-lhe que, uma vez solto, irá a certo local onde encontrará algo que ele escondera ali.
Os amigos de Andy começam a se preocupar, quando percebem que ele anda muito esquisito. Temem que venha a cometer suicídio. E, no dia seguinte, quando Andy não comparece à chamada diária, percebem que ele havia fugido. Fato que deixa o diretor furioso, pedindo para que toda a prisão e área em derredor sejam varridas. Ao vasculhar a cela de Andy, o diretor Norton joga uma pedra sobre o pôster de Rachel Welch, que substituíra o de Marilyn Monroe, que por sua vez havia substituído o de Rita Hayworth. Ao perfurar o papel, ele descobre um grande buraco por trás desse, por onde Andy fugira.
Red, que também é narrador do filme, conta em flashback como Andy cavara a parede com sua miniatura de picareta, escondera o buraco com um pôster, e fugira através do tubo de esgoto, depois de vinte anos preso.
Andy, já fora da prisão, assume a identidade de um personagem fictício, Randall Stevens, que ele havia criado para acobertar os crimes de lavagem de dinheiro do diretor Norton. Usa o mesmo personagem para retirar todo o dinheiro das contas bancárias que havia forjado. Envia, a seguir, todas as provas do esquema da corrupção do diretor para um jornal. Ele é preso, mas suicida-se logo após.
Red é libertado após ficar quarenta anos encarcerado. Dirige-se ao lugar indicado pelo amigo Andy, onde encontra dinheiro e uma carta convidando-o para se encontrarem em Zihuatenejo, no México.
Curiosidade:
• A cena dos prisioneiros, trabalhando com piche no telhado da prisão, foi filmada num dia muito quente, 35 graus. O piche foi derretendo e grudando nos esfregões, tornando-os muito pesados.
• A American Humane Association, que tem como objetivo proteger animais e crianças de crueldade, acompanhou as filmagena das cenas em que aparece o corvo Jake, mascote do velho responsável pela biblioteca.
• A cena em que a ave é alimentada com um verme, a entidade pediu que fosse usado um bicho morto de causas naturais.
• O personagem que faz gestos indicando que os novatos serão “pescados” pelos veteranos é o filho de Morgan Freeman.
• Indicações ao Oscar recebidas por Um Sonho de Liberdade: melhor filme, melhor ator (Morgan Freeman), melhor roteiro adaptado, melhor fotografia, melhor montagem, melhor música e melhor som. Não ganhou nenhuma delas.
• Clancy Brown, ator que faz o guarda cruel, conta que alguns antigos guardas da prisão em que o filme foi rodado ofereceram-lhe para orientá-lo em seu papel. Mas ele educadamente recusou o favor, para não ofendê-los, já que seu personagem era “o pior entre os piores”.
• O filme é visto como uma força para pessoas que estão passando por motivos difíceis na vida, em razão dos momentos de persistência e autoconfiança pelos quais passa o personagem Andy. Além do que ele opera transformações em seus colegas. A palavra “esperança” (ou fé) está muito presente no filme.
• Referências cinematográficas marcam a passagem do tempo: Rita Hayworth em Gilda (1946), Marilyn Monroe em O Pecado Mora ao Lado (1955) e Raquel Welch em Mil Séculos Antes de Cristo (1966).
• Em 2007, dois detentos de uma prisão federal em Nova Jersey inspiraram-se no filme para fugirem da prisão.
• Um Sonho de Liberdade é baseado na novela “Rita Hayworth and Shawshank Redemption”, do escritor estadunidense Stephen King.
• Um Sonho de Liberdade ocupa o 72° lugar na “Lista dos melhores filmes estadunidenses do AFI”, mas é considerado por muitos críticos como o melhor filme da história. Na lista Top 250 do The Internet Movie Database ocupa a primeira posição, com o maior número de votos.
• No conto de Stephen King em que Um Sonho de Liberdade foi baseado, o personagem “Red” era irlandês. Este detalhe foi mantido no filme na forma de uma piada, quando Red diz a Andy, enquanto conversam e jogam baseball: “Maybe it’s ’cause I’m Irish” (Talvez seja porque eu sou irlandês).
• Boa parte de Um Sonho de Liberdade foi rodado na Penitenciária Estadual de Mansfield, em Ohio, que estava desativada na época das filmagens. Como a penitenciária estava em péssimas condições, foi necessário que se fizesse uma pequena reforma que tornasse possível rodar o filme.
Para quem gosta de filmes de prisão:
O Homem de Acatraz, Fugindo do Inferno, Rebeldia Indomável, Golpe Baixo, o Expresso da Meia-Noite, Brubaker, Em Nome do Pai, Papillon, Brutalidade, Fuga de Nova York, O Presídio, O Beijo da Mulher Aranha, Um Assaltante Bem Trapalhão, Chicago, O Prisioneiro do Rock, Inferno nº 17, À Margem da Vida, Os Últimos Passos de um Homem, O Fugitivo, etc.
Fones de pesquisa:
Cinemateca Veja/ Abril Coleções
1001 filmes para ver antes de morrer/ Editora Sextante
Wikipédia
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Lu
Adorei o resumo de vocês do filme! Muito bom! O meu só complementou um pouco…
Laura
O seu resumo final está ótimo. Faça isso sempre.
Beijos,
Lu
Lu
Faltou narrar mais detalhadamente,como ele fez para escapar, mas deixem comigo:
Ao fechar a contabilidade de Norton, Dufresne, pega todos os documentos destinados à Randall Stevens, e os esconde atrás das costas, substutuindo-os por outros papéis. Como Norton está indo embora, pede a ele que engraxe seus sapatos e leve suas roupas à lavanderia, mas quando o diretor sai, ele tira sua roupa de presidiário, colocando camisa social, gravata,calça e terno, e recolocando a vestimenta por cima da roupa social. Dufresne, engraxa sim, os sapatos de Norton, mas coloca os seus na caixa destinada. Ao voltar para a cela, e assim que as luzes se apagam, ele tira a roupa social e após guardar junto com suas coisas, incluindo seu jogo de xadrez, cuja pedras foram feitas por ele, a pequena picareta, os documentos de Randall Stevens e uma barra de sabonete,coloca o uniforme, amarra suas coisas para não sujar com uma corda de 1 metro e 1/2 que conseguiu com seu colega. Após passar pela abertura escondida pelo pôster de Rita Hayworth, ele pega uma pedra e quebra o cano de esgoto, o que seus colegas nem os guardas ouvem, pois é abafado pelo barulho de um trovão. Depois do sufoco de passar por 500 metros de um cano de esgoto fétido e cheio de merda, ele toma um banho de chuva com sabonete, que lava até a alma, tira o uniforme de Shawshank, depois coloca a roupa social, passa em todos os bancos e fecha todas as contas de Randall Stevens. Após passar no último, manda uma carta com todas as provas de corrupção e assassinato contra Samuel Norton, que se mata assim que é declarado preso.
Laura
Primeiro quero agradecer a sua presença no blog e, segundo dizer-lhe que descreveu o final do filme magistralmente. Foi isso mesmo. Adorei o seu “deixa comigo”. Vejo que é uma pessoa bem decidida… risos. Eu sempre evito contar o final do filme analisado em detalhes, para que o leitor não perca o entusiasmo de vê-lo. Mas sempre que quiser deixar aqui o detalhamento da parte final, faça-o, pois muitos necessitam de uma mãozinha para uma melhor compreensão. E Um Sonho de Liberdade é mesmo fascinante.
Não suma!
Beijos,
Lu
Eu não sei outro ator Morgan Freeman como tendo muita experiência no campo do cinema. A sua participação em diferentes gêneros torná-lo um dos meus favoritos, porque ele sempre faz seus personagens um sucesso e este filme não é o excepeción.
Alicia
Eu também acho o Morgan Freeman um ator maravilhoso, que faz toda a diferença no filme em que atua. É também um dos meus favoritos.
Foi um grande prazer receber a sua visita. Volte sempre!
Abraços,
Lu