Autoria de Lu Dias Carvalho
Diretor de Psicose, Janela Indiscreta e Um Corpo Que Cai
O único modo de me livrar de meus medos é fazer filmes sobre eles. (Hitchcock)
Qualquer apreciação séria da arte e da vida de Alfred Hitchcock deve levar em conta seu enorme sofrimento psicológico, físico e social, assim como o sofrimento que ele (talvez sem intenção) causou os outros. De sua dor vieram os temas obsessivamente recorrentes e o sentido constante de terror com o qual ele continua a maravilhar, divertir e elevar. (Donald Spoto)
O cineasta inglês Alfred Hitchcock (1899-1980), mestre do suspense, é um dos diretores mais conhecidos do universo da Sétima Arte, bastando poucos minutos para que o espectador reconheça uma obra sua de tão conhecido que é o seu estilo. Contudo, jamais ganhou um Oscar como diretor, fato que muito o magoou. Tanto é que em 1968, ao ser homenageado pelo conjunto de sua obra, ovacionado por uma plateia de pé, disse apenas “Obrigado!”.
Hitchcock iniciou seu trabalho no cinema, desenhando cartelas de legendas de filmes mudos. Não demorou muito a se casar com Alma Reville, montadora e continuísta, com quem viveu até sua morte. O casal teve uma única filha, Patrícia Hitchcock.
De desenhista de cartelas, Hitchcock tornou-se assistente de diretor. A seguir tornou-se roteirista. E, como não poderia deixar de ser, acabou recebendo do produtor Michael Balcon o convite para dirigir.
Hitch, como era carinhosamente chamado, era um diretor exigente, pois os atores tinham que fazer exatamente aquilo que ele determinava, sem espaço para os improvisos. Muitos não gostavam de trabalhar com ele, que sabia disso, mas não dava a mínima. Chegou a declarar certa vez que “Atores são gado”. E, quando indagado sobre a sua expressão, respondeu: “Eu não disse que atores são gado, eu disse que eles devem ser tratados como gado.”.
Uma das curiosidades do cineasta Alfred Hitchcock é a sua presença relâmpago em seus filmes, deixando o espectador sempre curioso para encontrá-lo em cena.
Na Inglaterra, Hitchcock fez obras-primas como Os 39 Degraus (1935) e a Dama Oculta (1938). Depois foi convidado para trabalhar nos Estados Unidos. Seu primeiro filme naquele país, Rebeca, A Mulher Inesquecível ganhou o Oscar de melhor filme do ano, prêmio esse recebido pelos produtores. A seguir vieram os clássicos como Suspeita (1941), A Sombra de uma Dúvida (1943), Um Barco e Nove Destinos (1944), Quando Fala o Coração (1945), Interlúdio (1946), Pacto Sinistro (1951), Janela Indiscreta (1954), Intriga Internacional (1959), Um Corpo Que Cai (1958), entre outros.
Psicose (1960) foi o maior sucesso de bilheteria de Hitchcock. Foi filmado em preto e branco para diminuir o impacto das cenas em que aparece sangue, coisa que hoje não teria o menor sentido. Depois vieram outros filmes de categoria como Os Pássaros (1963).
Hitchcock não tinha um bom relacionamento com as mulheres. Seus comentários sobre as atrizes que atrizes que dirigia eram sempre neutros ou hostis. Também tinha resistência em elogiar ou agradecer às pessoas com as quais trabalhava. Somente ouvia a sua esposa Alma Reville, que teve grande importância na sua carreira. Quando sua esposa ela adoeceu, o cineasta inglês ficou meio depressivo, não se importando com as homenagens que recebia.
Não se pode negar o talento do mestre do suspense. Seus filmes continuam atuais, divertindo e encantando plateias em todo o mundo, pois a maioria das questões tratadas por Hitchcock são eternas e universais. É fato que ele era um homem amargo, infeliz, solitário e sem amigos, e que não se amava. Todo o seu descontentamento consigo e com o mundo tornou-se uma força imponderável em sua arte.
O escritor Donald Spoto em um dos seus três livros sobre o cineasta, Fascinado pela Beleza, escreveu:
Hitchcock era um homem brilhante, excêntrico, torturado e basicamente infeliz, que nos deixou um legado artístico, talvez apesar de si mesmo.
Curiosidade sobre Hitchcock
- Naturalizou-se americana em 1956
- Considera o filme A Sombra de uma Dúvida o seu melhor filme. É o seu preferido.
- Seu diretor favorito era Luis Buñuel.
- Seu filme preferido era A Morte Cansada (1921) do diretor Frits Lang.
- Não era bem aceito pela crítica estadunidense, que considerava seus filmes ligeiros e vazios, além de decretar sua decadência todo ano.
- Os críticos e futuros cineastas franceses, foram os responsáveis por afirmar sua genialidade, o que serviu para mudar a postura da crítica estadunidense.
- Grace Kelly era uma das atrizes preferidas do diretor. Ela deve seu sucesso internacional aos filmes em que trabalhou com ele.
- Sua filmografia é composta por 58 filmes.
- O medo é a emoção mais presente na sua obra.
- O filme O Inquilino (1927) foi seu primeiro grande sucesso.
- Os escritores Edgar Alan Poe, com seus contos macabros, e G.K. Chesterton, com suas intrigas detetivescas, fascinaram-no na sua juventude e influenciaram sua obra.
- O cineasta realizou nove filmes mudos.
Fontes de pesquisa:
Cine Europeu/ Coleção Folha
Cinemateca Veja/ Abril Coleções
Fascinado pela Beleza/
(*) Hitchcock e sua esposa Alma
Nota
Foto retirada de http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1195054-importancia-de-mulher-de-hitchcock-ganha-atencao.shtml
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