A CORAGEM DE SER DIFERENTE

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Autoria do Prof. Hermógenes

O Professor Hermógenes, um dos precursores da ioga no Brasil, escreveu mais de 30 livros sobre a saúde física e mental.  Neste texto retirado de seu livro “Yoga para Nervosos”*, ele nos fala sobre a necessidade de sermos autênticos.

O viciado já não se lembra em que reuniãozinha social – para mostrar-se igual aos outros – cretinamente bebeu seu primeiro gole, sentindo abominável o gosto, mas tendo de aparentar que estava gostando (segundo a moda). O tabagista de hoje, baixado ao hospital para operar o pulmão, não se recorda daquele dia na infância em que, para parecer adulto e igual aos outros, deu as primeiras baforadas num cigarro que um colega lhe dera. Pode ser dito o mesmo em relação àquele que se degradou com as ‘”bolinhas” ou cigarros de maconha.

Em todos estes casos, o início é sempre sob a persuasão dos outros; e sob a imitação, isto é, filiação à moda. Na origem, todos os “iniciados” já eram pessoas comumente chamadas “fracas de espírito”, ou seja, os de personalidade e mente amorfas, vidas inconscientes que buscam segurança, aceitação e prestígio no meio em que vivem, renunciando consequentemente ao dever de serem autênticas. O medo de ser diferente, leva o fraco a imitar os do grupo.

Quando o grupo é de gente viciada, o resultado é viciar-se. Mas, se você conhecer e sentir a inexpugnável fortaleza e o tesouro de paz e ventura que há em si, nunca buscará sua segurança nos integrantes de seu grupo e terá a sábia coragem de ser diferente. Só os que são diferentes têm condições de não apenas se sobrepor, mas de liderar. Se você quiser continuar senhor de si e ganhar condições de ajudar os outros, negue-se à vulgarização, tendo a coragem de ser diferente.

É provável que a vulgaridade não entenda nem perdoe alguém que se nega a vulgarizar-se, mas você deve lembrar-se de que os raros autênticos são indispensáveis para servirem de esteio, de pontos de apoio, de orientação ao homem comum, escorregadiço e amorfo. Não queira ser igual em troca de ser aceito. Não ceda ao alcoolismo, ao tabagismo, aos narcóticos, às noitadas de dissipação. Revele sua maturidade, recusando-se, sem ofender aos vulgares, a segui-los em suas “normais” reuniões de vício. Isto é o que eu quis dizer ao sugerir que não deixe cair a semente daninha em seu quintal.

Não capitule. Não se esqueça do preceito hindu: “Semeie um ato e colherás um hábito. Semeia um hábito e colherás um caráter. Semeie um caráter e colherás um destino”.

*O livro “Yoga para Nervosos” encontra-se em PDF.

Nota: obra do pintor brasileiro Aldemir Martins

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