Autoria de Lu Dias Carvalho
Sendo a arte o reflexo de uma determinada época, a divisão da Europa em dois campos religiosos — católico e protestante — em razão da reforma, terminou por interferir na arte de pequenos países, a exemplo da Holanda. Os Países Baixos dividiram-se entre os dois credos. A região meridional — conhecida hoje como Bélgica — permaneceu católica, enquanto suas províncias setentrionais uniram-se ao protestantismo, afetando drasticamente os artistas que aí viviam, pois viram seus ganhos minguarem.
Já vimos anteriormente que a Igreja cristã continha inúmeros mecenas, responsáveis pela encomenda de obras religiosas, assim como as famílias governantes, numa disputa para ver quem mais embelezava seu Reino. A divisão da Igreja fez com que a arte decaísse nos países protestantes, cuja visão artística contrapunha à de seus vizinhos católicos. Os mercadores protestantes da Holanda — homens extremamente devotos e puritanos — a princípio não aceitavam a exuberância dos costumes de seus vizinhos meridionais — católicos. Contudo, à medida que iam se tornando mais ricos, essa austeridade ia diminuindo.
À época, o estilo Barroco era predominante na parte da Europa que professava o catolicismo. A burguesia do século XVII do lado protestante, porém, não aceitou plenamente esse estilo. Dentre todos os tipos de arte existentes, a pictórica foi a que mais sofreu com as mudanças religiosas. A situação ficou tão caótica que a carreira de um pintor ou de um escultor tanto na Alemanha quanto na Inglaterra não mais seduzia novos talentos. E olhem que nesses países, durante a Idade Média, as artes foram extremamente prósperas, nada ficando a dever a qualquer outro.
No que diz respeito aos Países Baixos, esses possuíam uma tradição tão forte de renomados mestres que esses se viram obrigados a buscar linhas da arte, onde pudessem trabalhar sem que fossem podados em razão do novo credo. A pintura de retratos tornou-se o campo mais propício para eles. Mercadores ricos e burgueses, assim como comissões locais e juntas administrativas importantes, buscavam ter seus retratos pintados. Expunham-nos em suas casas, nas salas de reuniões ou nos salões nobres de suas companhias.
Enquanto o estilo de um mestre agradasse, ele conseguia viver razoavelmente bem, mas a partir do momento em que não mais atraia clientes via-se em estado de penúria. Tanto é que os pintores que não tinham habilidades para o gênero do retrato não conseguiam viver da pintura, pois não recebiam encomendas. O que faziam? Pintavam seus quadros não encomendados e saiam à cata de compradores. Após encontrá-los em mercados e feiras públicas tinham que negociar o preço. Noutras vezes buscavam negociantes de quadros que lhes pagavam uma bagatela para ganharem mais na revenda. E sem falar na competição acirrada, uma vez que muitos artistas encontravam-se em igual situação.
Franz Hals (1580–1666) foi um dos grandes mestres da pintura holandesa. Apesar de ser um talentoso artista, teve uma vida muito difícil, vivendo sempre endividado. A ilustração acima é obra do artista. Acesse o link: Hals – RETRATO DE UM CASAL
Fonte de pesquisa
História da Arte/ E. H. Gombrich
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Lu
Retratar através da pintura foi o trabalho de grandes artistas dos países protestantes, como fez Franz Hals (1580 – 1666) , grande mestre da pintura holandesa. Ao representar cenas cotidianas, retratos individuais ou coletivos, como “Retrato de Casal “, ele coloca toda sua emoção. Seu estilo livre, a vivacidade e a naturalidade, enfatizam expressivamente seus personagens. Cores vivas e movimentação dão vitalidade aos retratados. Foi um dos maiores retratistas, reconhecido por todos.
Marinalva
O retrato foi a mola mestra para os artistas dos países protestantes, uma vez que as pinturas religiosas e mitológicas passaram a ser proibidas. Quem tinha o pendor para o retrato, como Frans Hals, deu-se muito bem, mas foi muito difícil para outros que não se sentiam peritos em tal gênero.
Abraços,
Lu
Lu
Como uma tendência religiosa pode mudar totalmente o rumo da história, assim como o rumo da arte. O texto cita com muita precisão que a arte é sempre o reflexo de um determinado momento da história.
A religião católica contribuiu muito para o desenvolvimento da arte, principalmente da arte sacra no período medieval. Em contrapartida, com o surgimento do protestantismo, liderado por Martinho Lutero, a arte retrocedeu em virtude das crenças e repulsas pela arte sacra, contribuindo para uma crise no mundo as artes.
O Barroco foi predominantemente católico, sendo expandido por lugares dominados pela igreja católica, com trabalhos belíssimos desenvolvidos pelos gênios e mestres das artes.
Hernando
A Igreja Cristã foi de fundamental importância para o desenvolvimento da arte desde a Idade Média, mas, quando houve a cisão religiosa, a Igreja Católica manteve-se focada na arte, ajudando-a a sobreviver ao cisma, enquanto os países protestantes passaram a censurar os artistas, delimitando o que podiam ou não criar, enfraquecendo a arte e fazendo com que vários artistas evadissem de tais países. O retratismo ganhou espaço em tais lugares, mas, com o tempo, ele foi se tornando muito comum e repetitivo.
Abraços,
Lu