Autoria de Lu Dias Carvalho
A cidade italiana de Florença vivia realmente voltada para a arte. Após dar vida ao Renascimento foi também o berço do Maneirismo. Seus grandes mestres buscaram novas experiências no passado clássico, não se agarrando ao estilo Românico ou Gótico. Leonardo da Vinci chegou a afirmar que “É um mísero discípulo quem não for capaz de superar seu mestre”, como uma forma de incentivar os novos artistas a buscar novos caminhos, não se contentando com a estagnação. Portanto, apesar dos tropeços, era natural que uma nova geração de artífices também buscasse por mudanças, pois, como sabemos, cada estilo de arte é fruto de um determinado tempo.
A influência maneirista também se estendeu à escultura, cuja característica principal foi a figura serpentinata (sobe serpenteando como uma labareda), modelo usado pelos gregos que viam na forma sinuosa um jeito mais eficiente para retratar o movimento na arquitetura. As artes ornamentais também eram muito apreciadas pelas cortes.
O escultor e ourives florentino Benvuto Cellini (1500-1571) foi um artista típico do estilo maneirista e tem na estátua “Perseu com a Cabeça de Medusa” (ver acima) sua obra-prima. O “Saleiro de Francisco I” (ilustração acima) também é de sua autoria. Trabalho feito em ouro e pedras preciosas, representando a Terra (simbolizada pela mulher) e o Mar (simbolizado pelo homem).
Dentre os nomes da escultura maneirista podem ser citados: Jean de Boulogne (1529-1608), responsável pela estátua de “Mercúrio”, em que o deus equilibra-se numa golfada de ar que é expelida da boca de uma máscara que representa o vento austral (ilustração acima); Bartolomeo Ammannati, Jean Goujon (c. 1510-1565) tido como um dos mais importantes e mais originais escultores franceses do século XVI; Pierre Franqueville (1548-1615); Germain Pilon (1537-1590); Diego de Siloé (1495-1563); Alonso Berruguete (c.1488-1561) — um dos principais escultores espanhóis, tendo produzido esculturas para a Catedral de Toledo; e Adrien de Vries (1556-1626), entre outros.
A pintura maneirista, como já foi dito na aula passada, deixou de lado a uniformidade e a lógica encontradas nas obras do Renascimento, abriu mão das relações naturalistas e passou a apresentar um cenário ilusório. Dentre os muitos nomes de pintores maneiristas podemos citar:
Doménikos Theotokópoulos, conhecido como El Greco (c.1541-1641) —— tido hoje como o precursor do Expressionismo (estilo ainda a ser estudado); Parmigianino (1503-1540); Jacopo Robusti (1518-1549), conhecido por Tintoretto — um dos maiores nomes do estilo; Giulio Romano (c.1499-1546), conhecido por Giulio Pipi — foi assistente de Rafael Sanzio, tendo sido responsável por terminar as obras de seu mestre no Vaticano após sua morte; Jacopo Carucci (1494-1557), conhecido como Pontormo — artista muito importante na passagem do Renascimento para o Maneirismo; Agnolo di Cosimo (1503-1572), conhecido como Bronzino — trabalhou para a corte dos Medici, onde criou principalmente retratos e pinturas alegóricas; Federico Barroci (c.1535-1612) — tido como o mais importante pintor e gravador do centro da Itália à época; Federico Zuccaro (c.1542-1609) — fundador da Accademia de San Luca; Giovanni Barrista di Jacopo (1494-1540), conhecido como Rosso Riorentino — uma das principais figuras do início do Maneirismo; François Clouet (c.1510-1572) — pintor da casa real de Valois, tendo sido o mais importante retratista francês; Giuseppe Arcimboldo (c.1527-1593) — pintor favorito da corte dos Habsburgos, tendo se tornado muito popular quando sua obra extravagante tornou-se muito apreciada pelos surrealistas do século XX.
O mais culto e importante dos arquitetos do estilo maneirista foi Andrea Palladio (1508-1580) que, embora fosse dotado de vasto conhecimento sobre as obras dos mestres clássicos, acrescentou, juntamente com outros arquitetos, novos elementos à arquitetura, como mudanças nas estruturas, na funcionalidade dos elementos, na ilusão de perspectiva, etc.
Exercício
1. Por que a cidade de Florença foi importante para a arte?
2. Dê o nome da obra e o de seu criador referente às ilustrações acima.
3. O que sabe sobre os pintores El Greco e Giuseppe Arcimboldo?
Fontes de pesquisa
A história da arte/ E. H. Gombrich
Manual compacto de Arte/ Editora Rideel
Arte/ Publifolha
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Lu
O “maneirismo” parece imprimir uma via de maior naturalidade em contraponto ao formalismo do estilo clássico, utilizando posturas de equilíbrio e ascensão tão importantes na arquitetura.
Antônio
O estilo maneirista parece ter sido uma via de transição entre o Renascimento e o Barroco, tendo produzido ótimos artistas.
Abraços,
Lu
Lu
O Maneirismo foi importante na evolução da arte, pois sempre há algo a mais para acrescentar na elaboração dos trabalhos artísticos. A dinâmica do pensamento é fundamental para o surgimento de novas emoções, capazes de se materializar através de obras grandiosas. Esse período, apesar de ter sido mais rápido, foi capaz de criar muitos talentos nos diversos campos das artes.
Hernando
Todos os períodos da arte realmente possuem a sua importância dentro do contexto histórico, contribuindo para a sua evolução, ainda que vez ou outra haja um retorno ao passado, no sentido de revisitar um determinado estilo, sem jamais copiá-lo. Surgiram, sim, grandes nomes dentro desse estilo.
Abraços,
Lu
Lu
Através dos textos relativos ao “Maneirismo” é possível deduzir que se trata de um estilo e não de uma fase da arte, pelas características das obras e pelo tempo de duração – em torno de 80 anos. Na Idade Média existiu o direcionamento à espiritualidade e no Renascimento uma busca pelos valores greco-romanos. Como se situa o “Maneirismo”? O fato de ser um estilo palaciano que atendia os perfeitos intelectuais, não afetou a transparência e divulgação dessa arte? Como conseguiu durar tanto tempo?
Adevaldo
O Maneirismo foi um estilo que serviu de ponte entre o Renascimento e o Barroco. Também estava impregnado pela visão religiosa, como mostram as obras de um de seus maiores expoentes – El Greco. Não foi de fato um estilo popular, concentrando mais nas cortes, talvez seja esse um dos motivos de sua brevidade. A pintura maneirista era cheia de significado e sabedoria, muitas vezes excessivos, o que deixava as obras obscuras, somente acessíveis aos eruditos da época.
Abraços,
Lu