AS MARAVILHAS DA DANÇA

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Autoria do Prof. Hermógenes

O Professor Hermógenes, um dos precursores da ioga no Brasil, escreveu mais de 30 livros sobre a saúde física e mental.  Neste texto retirado de seu livro “Yoga para Nervosos”*, ele nos fala sobre o poder da dança.

Misto de ginástica e arte, em sua origem, a dança era essencialmente mística, não somente pelos efeitos psíquicos profundos, mas também pelo significado e intenção.

Dança é coisa séria. Mesmo que não se trate de dança mística ou dança clássica, mesmo a dança despretensiosa dos jovens, do ponto de vista de propiciadora de saúde mental, dança é coisa séria. Quando o homem de mente primitiva, em meneios e evoluções, no terreiro da comunidade, está expressando seu psiquismo, dando vazão a certas cargas afetivas que devem ser liberadas, assim se sente feliz. Quando não conta algo da tradição mitológica ou quando não propicia aos deuses para serem benfazejos na colheita, na caça e na pesca, a dança folclórica é uma forma de gozar felicidade momentânea.

Os jovens, em suas festinhas, exibindo virtuose na última novidade na moda de dançar, também estão expressando alegria e canalizando, de maneira socialmente aceita, certos impulsos que seriam nocivos se não expressos. A fim de manter uma “respeitabilidade própria da idade”, é provável que você negue a si mesmo a alegria sadia que seu filho desfruta com suas danças jovens. Você não sabe o que está perdendo. Deixe esta carranca e esta mania de condenar os sacolejos graciosos da gente moça. Você não sabe o que está perdendo. Posso assegurar-lhe que, com esta mania de “se dar ao respeito”, você está se privando de uma excelente válvula de escape às suas tensões psíquicas e, consequentemente, um alívio para o seu nervosismo, um meio de gozar de alegria vitalizante. A “respeitabilidade”, isto é, o manter um padrão de comportamento convencional, veste a gente com um camisolão frio, pesado e indeformável que tolhe os movimentos e frustra comportamentos que seriam naturais, se não fossem assim sistematicamente reprimidos.

Os adultos não querem ser chamados de velhos enxeridos e, por medo do ridículo, aceitam vestir o frustrador camisolão da “respeitabilidade” (às vezes só de aparência) e reprimem sua autenticidade. É mais uma das manifestações da conveniência de “ser igual” aos outros adultos. É mais uma forma do “medo de ser diferente” do comum, que empobrece a vida mental e liquida a livre expressão de nossa personalidade total.

Dance, meu amigo de meia-idade. Dance, meu velho. Dance,vovô. Dance, imite seu netinho. Livre-se do camisolão frustrador. Só não se exceda, pois seu coração não está para exageros, mas, respeitadas as condições de saúde e idade biológica, dance. Ogamissama era uma senhora que milhares de sectários reverenciavam como deusa viva. Vivia em Tabuse, no Japão, e pregava o shinko (o caminho para Deus) através de Mioshie (ensino de Deus a seus filhos). Da ascese consta a dança chamada muga. É o baile sem ego. O dançarino move-se em estado de não-ego, condição que vem, muito naturalmente, depois que se pratica a oração. Este estado de não-ego suscita um êxtase espiritual e que, paulatinamente, expande a consciência. Milhares de doshis (seguidores) em todo Japão, Estados Unidos e Índia e outros países, juntam-se em templos e lares para orar e dançar.

Eis as instruções, conforme Receitas para Ia Felicidad (Tensho JinguKyo; Tabuse, Japão):

“Feche os olhos e deixe-se levar em movimentos que sinta ao compasso de cantos improvisados. Qualquer pessoa pode fazer isto. Ver jovens e velhos fazê-lo de uma forma tão simples é comovedor e se sente que se lhe vêm lágrimas. Este muga em movimento não é como o bailado comum, no qual há esforços e a pessoa se fatiga. Também não requer habilidade e treinamento e, por isto, tanto os jovens como os velhos podem dançar. Muga é como se estivéssemos nascendo nos braços maternos. É uma terapêutica para o saneamento da alma. Melhor é gozá-lo do que descrevê-lo”. A mesma publicação afirma que as orações e o muga nos fazem olvidar penas e afrouxar as tensões nervosas e é remédio para enfermidades físicas, mentais e espirituais.

Só se pode fazer restrições à dança quando esta, ou por excessos ou degradação, conduza à fadiga ou à excitação erótica. Neste caso, não é a dança em si o mal. O mal é o seu uso desvirtuado.

*O livro “Yoga para Nervosos” encontra-se em PDF no Google.

Nota: Dança, obra de Heitor dos Prazeres

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