Autoria de Lu Dias Carvalho
A obra intitulada As Três Noivas é um trabalho simbolista do pintor neerlandês Jan Toorop (1858-1928) em que ele usa ao máximo os recursos expressivos da linha, da cor e do ritmo, ampliando sua relação com o tema. Trata-se de uma composição em friso (banda ou tira pintada em parede), levemente simétrica, com a finalidade de levar o observador a fazer uma série de comparações.
A composição apresenta três noivas como figuras centrais. A que ocupa a parte do meio da obra repassa um ar de inocência. À sua direita encontra-se a “noiva de Cristo” que é recebida com lírios brancos e à esquerda está a “noiva demoníaca”, numa atitude imóvel, hipnótica e medonha, com um enfeite de chifres na cabeça e um colar de caveiras. Ela recebe uma bebida desconhecida. A noiva representando a inocência é a principal figura. Ela se encontra entre duas forças opostas: bem e mal. Atrás das noivas aparece um coro de cantores, cujos sons são caracterizados por desenhos lineares, linhas curvas na parte considerada bendita da obra e quebradas na parte tida como maldita.
Nos cantos superiores da tela (à esquerda e à direita) apresentam-se mãos cruzadas e sinos de onde saem linhas bem finas que possivelmente têm por finalidade indicar sons. Duas das mulheres que aparecem em primeiro plano agitam sinos menores, de onde saem linhas representando sons. A ação de linhas e ritmos dão grande expressividade à obra em questão.
A pintura representa a luta entre o bem e o mal, luta esta desencadeada pela noiva inocente que se mostra confusa entre a noiva religiosa e a “femme fatale”. Não existe um cenário determinado, o que repassa a sensação de estar fora do tempo e do espaço. Embora Toorop tenha deixado para trás as referências específicas à religião, ele mantém certos traços icnográficos reconhecíveis a fim de que sua obra não perdesse a compreensão. Esta obra simbolista do artista, além de repassar ideias e sentimentos, vai bem além da descrição comum do viver cotidiano.
A composição conhecida como As Três Noivas pode ser vista como um exemplo da propagação internacional das influências, técnicas e ideias simbolistas. Ela apresenta uma série de imagens, sendo que muitas delas mostram sua origem claramente cristã. O artista utiliza essas imagens para trazer à imaginação um conjunto de associações e notas com objetivos especificamente cristãos. A organização rítmica da composição reforça sua expressividade vibrante que repassa toda a obra.
Esta pintura é tida como simbolista, ao eliminar a descrição materialista da vida cotidiana e ao tentar criar um tema geral que traz grande significação espiritual, usando apenas procedimentos sugestivos e expressivos, peculiar ao seu meio, à sua técnica e ao próprio tema da obra.
Ficha técnica
Ano: 1893
Técnica: carvão e lápis de cor sobre papel marrom
Dimensões: 78 cm x 98 cm
Localização Museu Kröeller-Müller, Otterlo, Holanda
Fonte de pesquisa
História da arte/ Folio
Views: 3
Lu
Esse trabalho simbolista do pintor Jan Toorop – As Três Noivas – é muito interessante. Possui curvas sinuosas, proporções alongadas e perfis estranhamente oblíquos. Parece que foi um esforço consciente do artista para conseguir um padrão complicado, delicado e entrelaçado, abrangendo toda a superfície do quadro, entretanto bem composto. Na minha maneira de ver, a “noiva inocência” é a mais “femme fatale” do que a “noiva demoníaca”, pois se apresenta mais desnuda. Gostei do simbolismo dos sinos com seus sons melodioso para o bem e estridente para o mal.
Adevaldo
As composições simbolistas eram mesmo muito complexas. Exigiam que o artista explicasse a simbologia de suas obras, para que as pessoas pudessem entender.
Abraços,
Lu
Lu
Bela descrição da obra “As três noivas” desse pintor simbolista que nasceu em Java, na indonésia, mas que foi jovem para a Holanda, onde desenvolveu bastante o seu talento. A obra possui uma característica esotérica, talvez pela origem de Java, região onde o misticismo sempre esteve muito presente.
Hernando
A obra em estudo passa realmente uma visão mística. Faz-se necessário estudá-la para compreendê-la, como acontece com todas as obras simbolistas. Com esta obra damos adeus ao Simbolismo.
Abraços,
Lu