Arquivo do Autor: Lu Dias Carvalho

Magritte – NO LIMIAR DA LIBERDADE

Autoria de Lu Dias Carvalho

O artista francês René Magritte (1898 – 1967) foi a mais importante figura do movimento surrealista. Suas imagens excêntricas não eram o resultado de sonhos nem de estados psicológicos autoinduzidos, mas, sim, procedentes da observação e das indagações do artista no que diz respeito aos acontecimentos do dia a dia. Para ele a ideia era o resultado do pensamento consciente e era isso o que importava na pintura.

A composição intitulada No Limiar da Liberdade é uma obra do artista que dela fez duas versões, uma menor (1929) que não trazia o teto cinza e esta que foi encomendada por seu patrono, poeta e colecionador de arte surrealista Edward James. A obra apresenta oito painéis de parede, todos eles de igual tamanho que retratam: uma floresta, o céu azul com nuvens brancas, a fachada de uma casa, filigranas de papel, um torso feminino, uma textura apresentando as fibras da madeira, sinos e labaredas de fogo.

Magritte apresenta aqui vários pontos importantes de seu trabalho: espaços vazios e a impressão de que existe uma calmaria; pinturas dentro de uma pintura; e colocação de objetos fora de seus ambientes normais, dando-lhes um caráter muito real. Todos os elementos presentes na obra são temas ou desenhos que ele retirou de trabalhos anteriores.

O torso feminino — com curvas e tons de pele naturais — lembra uma obra do Renascimento. Ao apresentar apenas o torso da mulher, o artista torna-a anônima e sem personalidade, sendo vista apenas como objeto sexual. O painel de mogno é como se fosse uma homenagem a seu colega impressionista Max Ernst que usava em seus trabalhos texturas de fibra de madeira.

O único objeto presente na sala é uma densa peça de artilharia que se volta para o torso feminino, reforçando suas associações fálicas. O painel retratando o céu azul, embora convencionalmente seja pintado acima da linha do horizonte, aqui é visto mais abaixo, situando-se entre a floresta e a fachada da casa.

Obs.: O compositor e trompetista norte-americano Mark Isham compôs em 1983 a música “No Limiar da Liberdade” dedicada a esta pintura.

Ficha técnica
Ano: 1937
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 2,39 x 1,85 m
Localização: Museu Boijmans va Beuningen, Roterdã, Holanda

Fontes de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante
Magritte/ Editora Taschen
https://www.theartist.me/collection/oil-painting/on-the-threshold-of-liberty/

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A ARTE DO DADAÍSMO (I)

Autoria de LuDiasBH

O Dadaísmo foi um fenômeno cultural, originado entre os anos de 1915 e 1922. Surgiu como um movimento contrário à Primeira Guerra Mundial e tinha como objetivo destruir todos os valores em vigência tanto no dia a dia da sociedade quanto na arte. Não se tem uma explicação exata para o nome que recebeu, porém a mais plausível é a referente aos artistas Hugo Ball e Richard Huelsenbeck que, ao revisarem um dicionário alemão-francês, depararam-se com a palavra francesa “dadá” (cavalinho de brinquedo). Tomados pelo som estranho da palavra e também pela sua associação com a liberdade da infância, eles acabaram por a adotar o termo em questão.

O movimento dadaísta foi em si um paradoxo, pois ao mesmo tempo em que trazia uma vertente destrutiva era também uma inventividade sarcástica. Ganhou espaço primeiramente em Nova Iorque (EUA) e Zurique (Suíça) — territórios liberais e neutros. Para Nova Iorque foi levado pelos artistas franceses Marcel Duchamp e Francis Picabia que lá contaram com a presença de Man Ray. Somente após o fim da guerra alcançou Paris (França) e a Alemanha. Hugo Ball em suas explanações dizia que o Dadaísmo tinha como objetivo “atravessar as barreiras da guerra e do nacionalismo”. E George Gross e Wieland Herzfelde – ambos membros do grupo de Berlim – expuseram a causa política original que levou à formação desse movimento e de sua postura contra a arte:

“O Dadaísmo não era um motivo ‘pré-fabricado’, mas produto orgânico nascido da reação contra a tendência distraída da chamada arte sagrada, cujos discípulos meditavam sobre cubos e a arte gótica, enquanto os generais faziam pinturas com sangue O tiroteio continuava, o mercantilismo continuava, a fome continuava. Qual o sentido de toda essa arte? Acaso a falácia de que a arte criava valores espirituais não era o auge da fraude?”

Os artistas dadaístas acreditavam que a arte tinha traído a humanidade e, por isso, adotaram uma atitude essencialmente antiartística. Atacavam vários alvos que acreditavam ser responsáveis por inibir e corromper o mundo artístico. Os principais eram: 1. os burgueses que viam na arte o bom gosto e a decoração admirável; 2. os que se achavam muito entendidos, carregando em sua bagagem os preconceitos acadêmicos; 3. os marchands e colecionadores com sua ganância costumeira, preocupados apenas com os valores do mercado. A tudo isso os dadaístas reagiram, criando obras que ironizavam deliberadamente os modelos definidos de beleza e, que se mostravam nem um pouco comerciais, tanto no que dizia respeito ao tema e estilo ou pelas técnicas e materiais utilizados.

O poeta romeno Samuel Rosenstock que se autodenominou Tristan Tzara — em protesto contra o tratamento dados aos judeus na Romênia, passando a viver na França — escreveu no Manifesto Dadaísta de 1918: “Que é arte seja então uma monstruosidade que assuste as mentes a serviço e não um adoçante para decorar os refeitórios de animais vestidos com roupas romanas”.

Os artistas dadaístas refutaram o código rígido de moralidade, introduzido à força no indivíduo, o qual atribuíram às forças mancomunadas da família, da Igreja e do Estado. Para eles o indivíduo deveria ser senhor absoluto de sua pessoa e, consequentemente, dono de sua liberdade total, de seu próprio nariz. Também nutriam repulsa pela razão e pela lógica, enquanto louvavam a superioridade das forças antirracionais. Para os dadaístas fazia-se necessário transformar tudo numa folha de papel em branco, ou seja, fazer tábula rasa, antes de dar início à tarefa de reconstrução do mundo da arte.

Nota: Fonte (1917), obra de Marcel Duchamp, um urinol colocado sobre um pedestal com a assinatura “R. Mutt”, tributo irônico ao fabricante. O original foi perdido.

Obs.: Reforce seus conhecimentos com artigos referentes a este estilo:
A ARTE DO DADAÍSMO (II)
Hausmann – O CRÍTICO DE ARTE
Teste – A ARTE DO DADAÍSMO

Fontes de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante
Manual compacto de arte/ Editora Rideel
A história da arte/ E. H. Gombrich
História da arte/ Folio
Arte/ Publifolha

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A ARTE DO DADAÍSMO (II)

Autoria de Lu Dias Carvalho

Os dadaístas desprezaram os modelos estéticos tradicionais e, por isso, quase nunca faziam uso dos meios comuns da pintura, do desenho ou da escultura. Trabalhavam com as técnicas de montagem (colagem e fotografia) e foram os primeiros a pensar nas facetas do inconsciente, ao fazerem uso de técnicas automatistas, ou seja, inconscientes e involuntárias. Desprezaram a gramática, criaram a “música do ruído” e usaram uma tipografia esdrúxula, ao ordenar as linhas tipográficas de acordo com seus modelos estrambóticos. Achavam também que a ação coletiva era infinitamente mais importante do que a individual, uma vez que tirava do artista a pecha de “gênio solitário” e, em consequência, atingia o público com uma ênfase maior.

As festas dadaístas assim como suas exposições quase sempre terminavam em conflitos. Muitas de suas técnicas provocativas foram herdadas do Futurismo, enquanto do Cubismo eles herdaram a colagem, uma vez que desprezavam os materiais sofisticados e a execução refinada. Também foram influenciados pela arte popular, onde buscaram as técnicas fotográficas, usadas nos cartões postais da Primeira Guerra Mundial — vistas pelos dadaístas berlinenses como a fonte da técnica de fotomontagem, contudo, o escultor e poeta francês Marcel Duchamp foi seu precursor mais imediato.

O Dadaísmo de Nova Iorque mostrou-se menos político, menos agressivo, menos denso e bem mais ingênuo, sob o ponto de vista artístico, possivelmente em razão da distância geográfica do front da guerra europeia, como mostra o artista francês Francis Picabia, ao representar pessoas como máquinas, usando o estilo informativo inexpressivo dos desenhos técnicos. Quando a guerra acabou, os artistas dadaístas deixaram Zurique (Suíça) e a iniciativa do movimento dadaísta e foram para Alemanha e para Paris (França).

A cidade alemã de Berlim, após o término da guerra, vivia num estado crítico, vitimada por crises política, social e econômica. A principal preocupação dos dadaístas era a revolução política. Richard Huelsenbeck — fundador do Clube Dada (1918) em Berlim — achava que era necessária uma arte realista que “representasse os milhares de problemas atuais”. Os dadaístas berlinenses partiram para sátira política e social em que combatiam a hipocrisia e a corrupção presente na sociedade dita “respeitável”. A contribuição mais importante do dadaísmo de Berlim foi a técnica da fotomontagem — uma colagem de fragmentos de fotografias —, meio perfeito para a sátira política e social que tanto usavam.

Max Ernst e Alfred Grünwald fundaram em 1919 “A Conspiração Dadaísta da Renânia”, tendo Hans Arp aderido-se a eles pouco tempo depois. A principal característica das obras (colagens, construções e fotomontagens) desse grupo foram o humor irreverente e a fantasia imoderada. O ramo idiossincrático do movimento dadaísta criado em 1918, recebeu o nome de “Merz”. O movimento dadaísta ruiu em 1921 de uma forma muito agressiva, sendo que muitos artistas dadaístas abraçaram o Surrealismo. Seus artistas aceitaram muito bem a sua própria cessação, tanto é que Huelsenbeck, já em 1920, havia escrito: “O Dadaísmo prevê sua morte e ri”.

O fato é que o movimento dadaísta foi muito importante, ao deixar sua marca nos movimentos artísticos que surgiram após a Segunda Guerra Mundial (Pop Art, Action, Painting, Arte Conceitual…) e mais, foi responsável por estimular uma revisão radical dos valores artísticos. Dentre os artistas que fizeram parte do Dadaísmo podem ser citados: Richard Huelsenbeck, André Breton, Hans Arp, Max Ernst, Samuel Rosenstock (Tristan Tzara), Hugo Ball, Man Ray, Alfred Stieglitz, Arthur Cravan, Raoul Hausmann, Max Ernst e Marcel Duchamp.

Nota: L’Oeil Cocodylate (1921), obra de Francis Picabia, feita a partir de saudações e assinaturas de amigos.

Obs.: Reforce seus conhecimentos com artigos referentes a este estilo:
A ARTE DO DADAÍSMO (I)
Hausmann – O CRÍTICO DE ARTE
Teste – A ARTE DO DADAÍSMO

Fontes de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante
Manual compacto de arte/ Editora Rideel
A história da arte/ E. H. Gombrich
História da arte/ Folio
Arte/ Publifolha

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Hausmann – O CRÍTICO DE ARTE

Autoria de Lu Dias Carvalho

O artista austríaco Raoul Hausmann (1886–1971) mudou-se para Berlim em 1905, onde estudou numa escola de artes particular. Produziu pinturas expressionistas e escreveu artigos contra as autoridades artísticas. Foi companheiro de Hannah Höch durante sete anos, embora fosse casado. Fundou o Clube Dadaísta de Berlim juntamente com o arquiteto Johannes Baader e o escritor Richard Huelsenbeck. Quando o Dadaísmo começou a fenecer, ele migrou para a fotografia, criando retratos, nus e paisagens. A fim de fugir da perseguição nazista mudou-se para a Espanha e depois para Tchecoslováquia. Durante a Segunda Guerra Mundial mudou-se para a França. Criou fotomontagem satíricas em 1918, como protesto contra as convenções e os valores de uma sociedade burguesa.

A composição intitulada O Crítico de Arte é uma obra do artista em que satiriza jornalistas que vendiam suas críticas de arte ou eram influenciados pelo dinheiro, como mostra um pedaço de célula presente atrás do pescoço do crítico. Trata se de uma fotomontagem, através da qual Hausmann faz uma crítica ferina às autoridades do mundo da arte. A nota de 50 marcos alemães, cuidadosamente dobrada em forma de um triângulo, está inserida no colarinho do crítico, levando à suposição de que ele não é imparcial e justo, mas que age em conformidade com o dinheiro que lhe é oferecido.

As linhas pretas rabiscadas sobre os olhos do crítico — simbolicamente escurecendo sua visão — é um indicativo de que seu julgamento, assim como o de qualquer instituição, é sempre falho. Seu terno elegante e completo mostra que se trata de uma pessoa muito mais chegada ao materialismo capitalista do que à arte. Embora a figura seja anônima, recortada de uma revista, o carimbo presente em sua vestimenta identifica-o como sendo o artista alemão Georges Grosz.

A boca do crítico e seus olhos estão cobertos por garatujas infantis. Os olhos estão vendados, a língua volta-se para uma dama da sociedade à direita. Suas bochechas avermelhadas repassam o entendimento de que seu julgamento será lesado pelo excesso de bebida e, que no fundo, ele não passa de um chauvinista alemão. O artista inclui seu cartão de visitas na obra, onde é descrito ironicamente como “Presidente do Sol, da Lua e da Pequena Terra (superfície interna)”. Trata-se de uma ridicularização feita às classes políticas na briga pelo poder, com a renúncia do Kaiser Wilheim em 1918. A silhueta de um sujeito bem vestido à direita é feita de notícias impressas em jornal e traz a palavra “Merz” em negrito, numa referência ao artista Kurt Schwitters e suas colagens.

Ficha técnica
Ano: c. 1919
Técnica: litografia e fotocolagem em papel
Dimensões: 32 cm x 25,5 cm
Localização: Tate Collection, Londres, Reino Unido.

Fonte de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante

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Teste – A ARTE DO DADAÍSMO

(Faça o curso gratuito de História da Arte, acessando: ÍNDICE – HISTÓRIA DA ARTE)

O Dadaísmo foi um fenômeno cultural, originado entre os anos de 1915 e 1922. Surgiu como um movimento contrário à Primeira Guerra Mundial e tinha como objetivo destruir todos os valores em vigência tanto no dia a dia da sociedade quanto na arte. Não se tem uma explicação exata para o nome que recebeu, porém a mais plausível é a referente aos artistas Hugo Ball e Richard Huelsenbeck que, ao revisarem um dicionário alemão-francês, depararam-se com a palavra francesa “dadá” (cavalinho de brinquedo). Tomados pelo som estranho da palavra e também pela sua associação com a liberdade da infância, eles acabaram por a adotar o termo em questão.

  1. O Dadaísmo foi um fenômeno cultural, originado entre os anos de 1915 e 1922. Surgiu como um movimento contrário à ————— e tinha como objetivo destruir todos os valores em vigência tanto no dia a dia da sociedade quanto na arte.

    1. Guerra dos Cem Anos
    2. Guerra das Duas Rosas
    3. Primeira Guerra Mundial
    4. Segunda Guerra Mundial

  2. Os artistas dadaístas acreditavam que a arte havia traído ———— e, por isso, adotaram uma atitude essencialmente anti-artística.

    1. a humanidade
    2. os artistas
    3. os mecenas
    4. os museólogos

  3. Os dadaístas atacavam vários alvos que acreditavam ser responsáveis por inibir e corromper o mundo artístico.
    Apenas uma das alternativas abaixo está incorreta:

    1. Os burgueses viam a arte como decoração.
    2. Os preconceitos acadêmicos continuavam.
    3. Marchands e colecionadores só queriam lucro.
    4. As obras eram malfeitas, embora baratas.

  4. Os artistas dadaístas refutaram o código rígido de moralidade, introduzido à força no indivíduo, o qual atribuíram às forças mancomunadas…

    1. do Estado, da burguesia e da Igreja
    2. da Igreja, da elite e dos artistas.
    3. da família, da Igreja e Estado.
    4. da família, da plebe e do capitalismo.

  5. Para os dadaístas o indivíduo deveria ser senhor absoluto de sua pessoa e, consequentemente, dono de sua liberdade total. Eles também nutriam repulsa pela razão e pela lógica, enquanto louvavam a superioridade…

    1. da lógica das proposições.
    2. dos conhecimentos verdadeiros.
    3. dos processos intelectuais.
    4. das forças irracionais.

  6. Todas as alternativas acerca dos dadaístas estão corretas, exceto:

      1. Desprezavam os modelos estéticos tradicionais.
      2. Sempre faziam uso da pintura, do desenho e da escultura.
      3. Trabalhavam com técnicas de montagem (colagem e fotografia).
      4. Desprezavam a gramática e criaram a “música do ruído”.

  7. Os dadaístas achavam que a ação coletiva era infinitamente mais importante do que a individual, uma vez que tirava do artista a pecha de “gênio solitário” e, em consequência…

    1. ganhava maior atenção dos “marchands”.
    2. atingia o público com uma ênfase maior.
    3. atingia um número maior de artistas.
    4. as obras ficavam mais baratas.

  8. Muitas das técnicas provocativas dos artistas dadaístas foram herdadas do Futurismo, enquanto do Cubismo eles herdaram …………, uma vez que desprezavam os materiais sofisticados e a execução refinada.

    1. a colagem
    2. as cores vibrantes
    3. a aquarela
    4. o sfumato

  9. O Dadaísmo tem como característica o apreço ao ilógico e ao absurdo, à ingenuidade radical, ao pessimismo irônico, ao ceticismo e à improvisação, cuja verdadeira intenção era chocar e protestar contra…

    1. o enriquecimento das elites.
    2. os preços exorbitantes das obras.
    3. as atrocidades da guerra.
    4. a pobreza vigente na época.

  10. Dentre os artistas citados abaixo, todos fizeram parte do Dadaísmo, exceto um que se encontra na alternativa…

    1. Richard Huelsenbeck, André Breton e Hans Arp
    2. Max Ernst, Samuel Rosenstock e Hugo Ball
    3. Man Ray, Alfred Stieglitz e Arthur Cravan
    4. Salvador Dalí, Max Ernst e Marcel Duchamp

Nota: a ilustração é uma obra de Kurt Schwitters – Há Milhões Atrás de Mim – litografia de 1932. O artista subverte o slogan nazista ao mostrar que os milhões que apoiam Hitler vinham dos capitalistas.

Obs.: Reforce seus conhecimentos com artigos referentes a este estilo:
A ARTE DO DADAÍSMO (I)
A ARTE DO DADAÍSMO (II)
Hausmann – O CRÍTICO DE ARTE

Gabarito

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A ARTE ABSTRATA (I)

Autoria de Lu Dias Carvalho

                               

Os artistas fauvistas e expressionistas, durante as primeiras décadas do século XX, mudaram as relações com as cores que até então eram usadas na representação da natureza. Por sua vez os cubistas fracionaram os objetos em múltiplos planos, desafiando as dimensões do espaço e os futuristas derrubaram os conceitos que diziam respeito ao tempo. Houve também artistas que se embrenharam no campo psicológico, ao compor retratos de grande intensidade emocional. O fato é que nessas primeiras décadas, em razão das grandes mudanças no campo da arte, o público sentia dificuldade para se manter atualizado.

A Arte Abstrata surgiu em meio a um clima artístico e filosófico complexo. Existia um sentimento de que os valores da sociedade ocidental eram vazios, de que o progresso científico era ilusório e que o sistema capitalista era essencialmente auto destrutivo, apesar das riquezas e prosperidades trazidas, pois tirava bem mais do que oferecia. Os artistas buscam nova inspiração para a arte fora da sociedade ocidental. E, por isso, passaram a estudar as religiões ocidentais, as crenças religiosas como a teosofia, a arte do Oriente e da África negra e da Polinésia.

Até o ano de 1910 alguns parâmetros da arte continuavam imutáveis, como o fato de os artistas permanecerem dentro dos limites da realidade concreta, representando objetos percebíveis. Mesmo o Cubismo analítico, ao seu final, não deixou de lado a arte representacional, embora muitas vezes fosse difícil identificar o tema proposto. O maior salto na arte aconteceu quando houve a eliminação do tema, suprimindo toda e qualquer referência ao mundo de objetos reconhecíveis. Os artistas tinham ciência de que a arte reproduzia certos aspectos do mundo, como eles o enxergavam, portanto não foi fácil para pintores e escultores chegarem à abstração, ou seja, à arte desprovida de representação.

É sabido que o artista russo Wassily Kandinsky chegou muito próximo à abstração com o seu Cavaleiro Azul (Der Blaue Reiter). Piet Mondrian com sua “Árvore Cinza” também traz ínfimas referências ao título e, portanto, aproximando-se do abstracionismo que ele viria a alcançar com sua obra “Composição em Vermelho, Preto, Azul e Amarelo” (ilustração à esquerda). O russo Kasimir Molevitch apresentou seu estilo abstracionista com a “Composição Supremista” e Constantin Brancusi em sua obra intitulada “Mademoiselle Pogany” (ilustração à direita) levou a arte do retrato à essência de um rosto.

Ainda que as ideias abstratas ganhassem vida no início do século XX, quando se buscava uma arte sem tema, as ideias abstratas não eram totalmente novas, uma vez que N. M. W. Turner em 1830 já mostrava sinais da arte abstracionista em suas composições de paisagens terrestres e marinhas. Por sua vez, os impressionistas, ao se distanciar do mundo físico, muitas vezes se aproximaram da abstração, como mostram as séries “Ninfeias” e “Monte de Feno” de Claude Monet. No que diz respeito às artes decorativas, os padrões abstratos sempre se fizeram presentes na cerâmica, na tapeçaria e nos móveis. Na Arte Nova (Art Nouveau) foram usados ornamentos de padrões abstratos. Outro artista que também fez uso de elementos decorativos abstratos em sua arte foi Gustav Klimt, como vistos em sua composição “O Beijo” (presente neste blogue).

Os pintores Wassily Kandinsky, Kasimir Malevitch, Constantin Brancusi e Piet Mondrian, ao buscarem o estilo abstrato, tinham como objetivo adquirir um forte conjunto de ideais espirituais em oposição aos valores materiais que determinavam a sociedade da época. Queriam uma arte em que cada parte encerasse o seu próprio universo interior. Tomaram como abordagem a filosofia antiga, através de crenças orientais esotéricas e de novos textos míticos. Achavam que a arte deveria mostrar ao observador um caminho que o ajudasse a levar uma vida ordenada e espiritualmente enriquecedora.

Obs.: Reforce seus conhecimentos com artigos referentes a este estilo:
A ARTE ABSTRATA (II)
Kandinsky – AMARELO, VERMELHO E AZUL
Mondrian – MACIEIRA EM FLOR
Teste – A ARTE ABSTRATA

Fontes de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante
Manual compacto de arte/ Editora Rideel
A história da arte/ E. H. Gombrich
História da arte/ Folio
Arte/ Publifolha

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