Arquivo da categoria: Apenas Arte

Textos sobre variados tipos de arte

Guillaumin – PÔR DO SOL EM IVRY

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor francês Armand Guillaumin (1841 – 1927) era oriundo de uma família da classe trabalhadora. Aos 15 já trabalhava na loja de lingerie de seu tio e estudava desenho à noite. Também trabalhou para o governo francês numa ferrovia antes de ingressar na Academia Suíça. Ali ficou conhecendo Paul Cézanne e Camille Pissarro, travando com eles uma grande amizade. Tornou-se também grande amigo de Vincent van Gogh e de seu irmão Theo e muito querido no grupo dos impressionistas. Não podendo viver de sua pintura, teve que voltar a trabalhar no Departamento de Estradas no período noturno para que pudesse pintar durante o dia. Ficou conhecido, sobretudo, por seu gosto pelas paisagens e pelo uso de cores fortes.

A composição intitulada Pôr do Sol em Ivry é uma obra do artista impressionista feita ao ar livre. O céu, banhado pelo sol poente, ocupa a maior parte da tela. Ele se inicia perto das fábricas com um forte tom laranja avermelhado, depois passa pelo amarelo e a seguir pela mistura de azul e verde. A intensidade de tais cores reflete-se nas águas do rio Ivry, contrastando com as imponentes árvores escuras que se enfileiram à direita, elevando-se bem acima da linha do horizonte.

O pintor elege como tema o avanço da cidade moderna, com suas fábricas fumegantes, sobre a natureza. Nuvens de fumaça, expelidas pelas chaminés, direcionam-se para a esquerda e elevam-se nos ares. Não lhe interessava a vida elegante dos bairros chiques, mas o que acontecia nos polos industriais com seus subúrbios miseráveis. Sua obra foi apresentada na primeira exposição impressionista em 1874.

Guillaumin – assim como os demais impressionistas – tinha por objetivo mostrar os efeitos das condições atmosféricas e das mudanças ocasionadas pela luz, contudo, ele buscava os locais industrializados, desprovidos de qualquer glamour, onde os trabalhadores encontravam-se, sendo esta a causa principal do esquecimento legado à sua criação, ainda que, como impressionista, não lhe coubesse qualquer forma de idealização ou julgamento.

Ficha técnica
Ano: 1878
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 59,2 x 72,5 cm        
Localização: Musée du Petit Palais, Genebra, Suíça

 Fontes de Pesquisa:
Impressionismo/ Editora Taschen
https://entertainment.howstuffworks.com/arts/artwork/setting-sun-at-ivry-by-jean-baptiste-
http://www.impressionniste.net/guillaumin_armand.htm

Views: 6

Henry Fuseli – O PESADELO

Autoria de Lu Dias Carvalho

O desenhista, pintor e escritor de arte suíço Johann Heinrich Füssli – mudou seu nome mais tarde para Henry Fuseli –  (1741 – 1825) era filho de Johann Caspar Füssli, pintor de retratos e paisagens. Iniciou seus estudos com seu pai, vindo depois a receber uma esmerada educação clássica. O pintor inglês Joshua Reynolds foi quem o persuadiu a dedicar-se inteiramente à pintura. Foi professor de pintura e Guardião na Royal Academy em Londres. Muitas das obras do artista tratam de temas sobrenaturais. Ele serviu de influência para vários pintores britânicos, inclusive para William Blake. Foi descrito como um mestre da luz e da sombra, distribuindo sua paleta de cores aleatoriamente, diferentemente da maioria dos pintores.

A composição intitulada O Pesadelo é uma obra de Fuseli, sendo uma das mais conhecidas. Uma jovem mulher encontra-se dormindo, deitada de costas, com a cabeça dependurada na ponta da cama, deixando à vista seu longo pescoço. Ela usa uma longa camisola branca que cobre o seu corpo que se encontra numa posição estranha. Traz a cabeça – cujos cabelos tocam o chão do quarto – e os braços direcionados para baixo. O artista parece retratar ao mesmo tempo a mulher a sonhar e o pesadelo que tem durante o sono, contudo, o quadro gerou inúmeras interpretações.

No pesadelo da mulher aparecem figuras estranhas, como um cavalo (ou égua) e um abutre (íncubo) de sorriso cínico que parece estar fumando um cachimbo. Ele está sentado sobre o tronco da figura feminina, enquanto olha para o observador. Apesar do assombro que a pintura causou em muitas pessoas da época, críticos e patronos sentiram grande fascínio por ela, tornando-a muito popular. Animado, o artista fez, pelo menos, quatro outras variações dela. Esta obra trata-se de sua segunda variação.

O ambiente onde se encontra a mulher é contemporâneo e elegante. Próxima a seus pés – o esquerdo sobre o direito – está uma mesinha redonda de cabeceira, onde são vistos um espelho, um frasco e outro pequeno objeto. Cortinas de veludo deixam passar a cabeça brilhante do equino cego que aparece em suas aberturas.

A tela tem sido interpretada de diversas maneiras. Para alguns, o íncubo e a cabeça de cavalo (ou égua) com olhos brilhantes dizem respeito à crença e ao folclore sobre pesadelos. Outros veem a pintura carregada de sexualidade, como uma amostragem do inconsciente, ou seja, uma antecipação das ideias de Freud sobre o assunto. A obra, na verdade, ao mesmo tempo em que apresenta a imagem de um pesadelo, retrata simbolicamente a visão do sono.

O artista criou um efeito “claro-escuro” para dar vida a fortes contrastes de luz e sombra. Várias imagens na pintura estão associadas à ideia de que o diabo (íncubo) podia copular com uma mulher, enquanto ela dormia. Alguns estudiosos de arte acham que o artista buscou influências nas crenças folclóricas, como os contos germânicos que falavam sobre bruxas e demônios que possuíam pessoas que dormiam sozinhas.

Observações sobre a obra (retiradas da Wikipedia)

  • O historiador de arte HW Janson sugere que a mulher adormecida representa Landholdt (uma mulher por quem o artista esteve apaixonado) e que o demônio é o próprio Fuseli.
  • O antropólogo Charles Stewart caracteriza a mulher adormecida como “voluptuosa”.
  • uma estudiosa do gótico a descreve como estando em uma “posição sexualmente receptiva”.
  • Marcia Allentuck argumenta da mesma forma que a intenção da pintura é mostrar o orgasmo feminino.
  • A pintura de Fuseli foi considerada representativa dos instintos sexuais sublimados.
  • Interpretações relacionadas da pintura veem o íncubo como um símbolo onírico da libido masculina, com o ato sexual representado pela intrusão do cavalo através da cortina.
  •  O próprio Fuseli não forneceu comentários sobre sua pintura.

Ficha técnica
Ano: 1790/91
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 76,5 x 63,5 cm
Localização: Frankfurter Goethe-Museum, Frankfurt, Alemanha

Fontes de pesquisa
Romantismo/ Editora Taschen
https://en.wikipedia.org/wiki/The_Nightmare
https://fineartamerica.com/featured/1-the-nightmare-henry-fuseli.html

Views: 35

Frans Francken II – GALERIA DE UM ANTIQUÁRIO

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor flamengo Frans Francken II (1581 – 1642), o Jovem, era filho de Frans Francken, o Velho. Ele e seu irmão Hieronymus Francken II estudaram com o pai e depois com o tio Hieronymus Francken I, em Paris. Ele foi o mais famoso membro da família Francken de artistas. Versátil, trabalhava com pequenas e graciosas pinturas dentro de temas históricos, mitológicos e alegóricos, muitas vezes colaborava com outros artistas em naturezas-mortas (Jan Brueghel, o Velho e o Jovem, Andries Daniels, etc). Tornou popular a pintura de gênero com macacos (singeries). Produziu uma série de pinturas sobre bruxarias. Foi membro da Guilda de São Lucas, de Antuérpia, tendo chegado a diretor da entidade. Produzia cópias de obras de grandes mestres da pintura. Seus filhos Frans III e Hieronymus também foram pintores.

A composição intitulada Galeria de um Antiquário é uma obra do pintor. Trata-se de um tipo muito apreciado de pintura de interiores, muito usada no século XVII, em que o artista buscava ser o mais fiel possível. Ambientes como o retratado eram muito comuns na Europa daquela época, quando ainda não existiam os museus. A obra normalmente obedecia a duas finalidades: 1- servia de registro visual das peças de uma coleção; 2- constituía uma obra de arte. A pintura de tais antiquários são muito importantes para os estudiosos, pois ajudam a entender melhor a história daquela época, mostrando seus gostos, sem falar que ajudam na identificação de muitas obras (pinturas e esculturas) tidas hoje como perdidas.

Na pintura de Frans Francken II – artista com senso agudo de observação e habilidade na reprodução de objetos, tendo produzido inúmeras pinturas de interiores – é possível identificar um grande número de quadros de pintura e de esculturas, assim como objetos de prata, móveis, livros, flores e moedas. O artista – amante de composições com macacos – não se esqueceu de seu bichinho favorito, colocando um no meio do ambiente, assim como um cãozinho para lhe fazer companhia.

No canto inferior da composição, à esquerda, o dono do antiquário examina um grande livro, ao lado de um segundo personagem que apoia o indicador direito à testa e aponta a página do livro com a mão direita. Um terceiro personagem é visto atrás.

 Ficha técnica
Ano: c. 1615 – 1620
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 82 x 115 cm
Localização: Galleria Borghese, Roma, Itália

Fontes de pesquisa
Galleria Borghese/ Os Tesouros do Cardeal
Wikipédia

Views: 0

Irmãos Limbourg – AS RIQUÍSSIMAS HORAS DO…

Autoria de Lu Dias Carvalho

Na Idade Medieval os livros, objetos raríssimos, recebiam belíssimas ilustrações pintadas com cores fortes, feitas com detalhes delicadíssimos em razão do tamanho das ilustrações que se referiam aos mais diferentes temas, indo das passagens bíblicas às cenas do cotidiano. Dentre os ilustradores, três nomes alcançaram uma fama que vem se estendendo ao longo dos séculos: os irmãos holandeses Johan, Paul e Herman Limbourg. Dentre suas famosas obras encontra-se um “livro de horas” que à época era um tipo de livro de orações, muito apreciado pelos ricos. Além das preces relacionadas às horas litúrgicas, havia uma espécie de calendário referente à estação.

Acima vemos uma das composições do calendário intitulada As Riquíssimas Horas do Duque de Berry, executada em velino (pergaminho fino preparado com a pele de animais recém-nascidos ou natimortos), sendo uma das doze ilustrações de página inteira representando os meses do ano. Trata-se de uma obra dos três irmãos Limbourg que trabalhavam para o duque de Berry. Esta ilustração em miniatura retrata um dos momentos da vida do Duque Jean Berry em 1413 (séc. XV). Naquela época a sociedade era dividida em nobreza, clero e campesinato.

O mês apresentado é o de janeiro que à época era a ocasião estabelecida para a troca de presentes, como o dezembro (Natal) em nossos dias. A pintura retrata uma festa de Ano Novo que se passa supostamente em 1º de janeiro de 1413, no palácio do Duque em Paris. Aqui está ele com 73 anos de idade, imponentemente assentado debaixo de um dossel, o que reflete sua elevada posição social. Representados no dossel estão os lírios reais e os animais do escudo do duque: o urso e o cisne. Um semicírculo acima da tapeçaria representa o signo de Capricórnio.

O Duque de Berry está vestido com uma brilhante túnica azul e um gorro de pele e, logo atrás dele, encontra-se uma enorme lareira que tem a função de aquecer a sala. Ele está protegido das chamas e do calor por um biombo entrelaçado que também funciona como uma auréola que lhe dá maior visibilidade em meio ao grupo de cortesãos e servidores. Os visitantes que chegam — todos ricamente vestidos — dirigem-se à lareira, onde esquentam as mãos.

Todas as pessoas presentes na sala estão com roupas quentes, o que indica se tratar de um dia frio. O piso coberto com esteiras de palha — usadas habitualmente no inverno — é mais uma prova de que se trata de uma estação fria. Símbolos heráldicos do Duque de Berry decoram o revestimento de seda que compõe a lareira. Na parede do fundo encontra-se uma bela tapeçaria pendurada que, além de enfeitar o ambiente, também o protege contra o frio e a umidade do tempo. As figuras nela presentes são soldados armados com lanças, vestidos como os contemporâneos do duque, retratando uma cena de batalha.

Um oficial da corte convida os visitantes para se aproximarem. As palavras “Aproche, aproche” que aparecem acima dele significam “Aproxime-se, aproxime-se”. A mesa do banquete está ricamente preparada com vasos preciosos de ouro e comida cara. Um saleiro de ouro — normalmente era a peça mais preciosa que compunha a mesa — tem o formato de um navio. O administrador, o mordomo, o padeiro e o trinchador (açougueiro) ocupam as posições mais importantes no banquete, pois a eles cabe a função de servir o duque à mesa, seguindo um complexo cerimonial.

Em primeiro plano, à esquerda do observador, um mordomo oferece uma bebida que também pode ser água para bacias de limpar os dedos, pois, naquela época, as pessoas comiam com os três primeiros dedos da mão direita. O trinchador, de frente para o duque e de costas para o observador, parte as aves e reserva para o amo as partes mais nobres. Pedaços de aves em fatias de pão serão dadas mais tarde aos cães e aos pobres. Depois de servidas as carnes, virão os incontáveis pratos de diferentes iguarias. No ambiente destaca-se a presença de cães, pois o duque era um grande amante da caça. Um enorme cão é alimentado por um dos servos, enquanto dois outros, bem pequeninos, encontram-se sobre a mesa.

Ficha técnica
Ano: c. 1415
Técnica: aguada sobre pergaminho
Dimensões: 29 x 21 cm
Localização: Museu Condé, Chantilly (Ms. 65/1284, folio 5 v.)

Fontes de Pesquisa:
Los secretos de las obras de arte/ Taschen
História da arte ocidental/ Editora Rideel
Wikipédia

Views: 35

Tiepolo – AGAR E ISMAEL NO DESERTO

 Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor italiano Giovanni Battista Tiepolo (1696–1770) teve como mestres Lazzarini e os Antigos Mestres, como Ticiano, Tintoreto e Veronese, sendo muito influenciado pelo último. Trabalhou com a ornamentação de igrejas e palácios da aristocracia de Veneza, tendo recebido inúmeras encomendas. Artista renomado, cuja arte contribuiu para o engrandecimento da pintura italiana do século XVIII, fez trabalho para as cortes francesa, inglesa, espanhola e russa. Era inigualável como pintor de temas épicos. Sua pintura passou de tons sombrios para os claros e transparentes. Seus filhos Domenico, Lorenzo e Giovanni também foram pintores. Seu filho mais velho tornou-se seu principal assistente.

A composição intitulada Agar e Ismael no Deserto é uma criação religiosa do artista, referente a uma passagem do Antigo Testamento. Trata-se de uma das belas obras de Tiepolo. Nesta composição densa e preenchida estão presentes três personagens bíblicos: Agar, o filho Ismael e um anjo, uma figura forte que se encosta levemente no ombro da mulher angustiada. Eles se apresentam com gestos meio teatrais, estando o pequeno Ismael encostado ao corpo da mãe. O anjo olha para Agar, enquanto ela se mostra surpresa e preocupada, conforme a tensão vista em seu rosto e na mão direita que parece suplicar ao anjo para que salve seu filho inanimado.

O pintor coloca em primeiro plano a criança estirada e desfalecida, com a boca aberta e machucada pela sede. Sua túnica branca levantada acima do umbigo leva a crer que seja para minimizar o calor. Sua cabeça com os olhos semiabertos e inchados está voltada para o observador. Agar abraça seu menino com a mão esquerda e levanta o rosto em direção ao anjo em atitude de súplica. Mãe e filho são salvos pelo anjo, visivelmente comovido com o estado de Ismael, impedindo-os de morrer de sede. Com a mão direita, usando o dedo indicador, ele mostra a Agar onde fica o poço de água para o qual devem se dirigir a fim de matar a sede.

O pintor não usou o árido e vasto deserto, onde mãe e filho encontravam-se, para intensificar sua dor, mas transportou todo o sofrimento e impotência de Agar no seu gesto de aflição, ao implorar ao anjo para que salve Ismael. Por ser uma composição compacta, toda a densidade do drama fica ainda mais visível.

Segundo uma passagem bíblica do Antigo Testamento, Agar, a escrava egípcia que dera um filho ao patriarca Abraão, foi expulsa de casa com seu filho, por ordem de Sara, sua esposa, que se dizia desprezada. Quem quiser entender melhor a passagem bíblica em que se baseou o artista para criar esta obra, acesse o link: https://www.bibliaonline.com.br/vc/gn/21.

Ficha técnica
Ano: c. 1732
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 140 x 120 cm          
Localização: Escola de São Roque, Veneza, Itália

Fontes de Pesquisa:
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
Rococó/ Editora Taschen

Views: 8

Fragonard – O BALOIÇO

 Autoria de Lu Dias Carvalho

Coloque-me em uma posição onde eu possa observar as pernas daquela menina encantadoras. (Barão de St. Julien)

O pintor francês Jean- Honoré-Fragonard (1732 – 1806) deu início aos seus estudos artísticos com o mestre Jean-Siméon Chardin, famoso por suas naturezas-mortas e pinturas de gênero. Depois estudou com François-Boucher que muito o impressionara e de quem herdou muitas influências. Sua ida para Roma em razão de uma bolsa de estudos ganha como prêmio possibilitou-o estudar na Academia de França em Roma, onde estudou pintura barroca e Pietro da Cartona, ali permanecendo cerca de cinco anos. Continuou suas viagens pelos grandes centros de arte, aumentando seus conhecimentos. Ao lado de Antoine Watteau e François Boucher, o artista é tido como um dos mais importantes pintores de gênero de antes da Revolução Francesa. Como típico representante do Rococó francês, Fragonard não aderiu à revolucionária arte neoclássica. Foi um mestre das cores.

A composição de estilo intitulada O Baloiço – também conhecida como Os Incidentes Felizes do Balanço – é uma obra do artista, sendo tida como uma das obras-primas do Rococó francês. Foi encomendada por certo barão, a fim de fazer uma homenagem à sua amante. Este tipo de pintura era muito usado à época para ornamentar as partes mais íntimas das casas em razão de seu apelo erótico.

Ocupando a parte central da pintura, cercada por roseiras e imensas árvores, está uma jovem mulher ricamente vestida, brincando num balanço. Um jovem encontra-se no chão, escondido em meio aos arbustos. Atrás dele está um monumento de pedra, encimado pela estátua de Cupido – o deus do amor – que traz um dedo sobre os lábios, como se pedisse segredo em relação à cena a que assiste. Atrás da jovem, um homem mais velho, escondido na sombra – o marido traído – é o responsável pelo vai e vem do balanço. A mulher sabe que está sendo observada, ao contrário daquele que a balança alegremente. O artista capta o momento em que o balanço encontra-se na sua posição mais alta, o que permite vislumbrar algo mais do que roupas íntimas.

A mulher levanta uma das pernas para o alto, seduzindo o olhar do amante que mira por entre suas pernas e ergue o braço esquerdo em sua direção, enquanto ela desce seus olhos para ele. Um de seus sapatos está a voar para cima O jovem insinua ter caído ali acidentalmente, como mostra o gesto de sua mão direita. Seu rosto corado mostra-se iluminado pela visão à sua frente. Mais abaixo, à direita, próximo ao homem com a corda, estão dois cupidos, um golfinho e um cachorro de pedra. Um dos cupidos traz o seu olhar fixo na moça.

Nesta composição de forma triangular, os dois homens compõem a base do triângulo e o chapéu da mulher o ápice. A iluminação vem de cima, com a luz do sol adentrando por entre as árvores que emolduram a cena central, principalmente a jovem no balanço. A presença do marido no escuro pode insinuar que ele nada sabe sobre o assunto.

A cena é muito mais de que um jogo de voyeurismo e exibicionismo, trazendo um forte apelo sexual. O quadro de Fragonard, cheio de simbolismo, além de captar um momento de grande alegria também faz insinuações claras sobre um relacionamento ilícito. A pintura O Baloiço é um ícone do estilo Rococó, estilo em que o lado sensual sobrepunha o intelectual, combinando atitude despreocupada, erotismo irônico, tinta pastel e cenário pastoril.

Nota
A atitude provocante da jovem deveu-se ao pedido do barão de St. Julien ao pintor, desejando que ela fosse retratada de modo a ver suas pernas, o que na época era visto como algo impróprio.

Ficha técnica
Ano: 1767
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 81 x 64,2 cm           
Localização: Coleção Wallace, Londres, Grã-Bretanha

 Fontes de Pesquisa:
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
Rococó/ Editora Taschen
https://pt.wikipedia.org/wiki/O_Balan%C3%A7o
https://www.artble.com/artists/jean-honore_fragonard/paintings/the_swing

Views: 128