Arquivo da categoria: Apenas Arte

Textos sobre variados tipos de arte

RELIGIÃO ISLÂMICA – A ARTE DOS ARABESCOS

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Um arabesco é uma elaborada combinação de formas geométricas frequentemente semelhantes às formas de plantas. Os arabescos são elementos da arte islâmica, normalmente usados para enfeitar as paredes das mesquitas. A escolha das formas geométricas e a maneira como devem ser usadas e formatadas é fruto da visão islâmica do mundo. Para os muçulmanos, essas formas em conjunto, constituem um padrão infinito que se estende para além do mundo visível e material. Para muitos no mundo islâmico, tais formas simbolizam o infinito e, por conseguinte, a natureza abrangente da criação do Deus único (Alá). O artista de Arabescos Islâmicos consegue então uma forte espiritualidade sem a iconografia de outras religiões. (Wikipédia)

A religião dos conquistadores islâmicos era rigorosa quanto ao uso de imagens em suas mesquitas e na vida em geral. Seres humanos não podiam ser representados de jeito algum. Mas os artistas precisavam se expressar de alguma forma, encontrar outros caminhos para liberar-lhes a criatividade. Então, deixaram que a imaginação trabalhasse com cores e formas. E, assim, nasceram os famosos tapetes orientais com seus maravilhosos padrões decorativos.

Quem nunca viu um tapete oriental com seus padrões delicados e esquemas cromáticos incomparáveis? Se Maomé impediu a representação do mundo real, acabou por induzir os artistas islâmicos a criar um mundo fantástico de padrões abstratos que acabou se espalhando por todo o planeta. Observem acima as diferentes partes de um tapete persa.

Posteriormente, algumas correntes islâmicas, menos rigorosas entre os muçulmanos, permitiram que os seus artistas fizessem a reprodução de figuras e ilustrações, mas com a condição de que essas não carregassem qualquer sentido religioso, bem ao contrário do cristianismo que exigia que o motivo fosse unicamente religioso.

Um dos maiores problemas enfrentados hoje pelos produtores de tapetes orientais, principalmente persas e turcos, é a falsificação chinesa que vem atulhando o mundo com peças bem parecidas com as originais. O mais engraçado nesta história é que, no intuito de ganhar dinheiro fácil, turcos e iranianos, no passado, repassaram aos chineses as técnicas de sua arte, quando lhes encomendaram cópias para serem vendidas, de modo que o feitiço acabou voltando contra o feiticeiro. E agora se veem obrigados a brigar com a concorrência chinesa que vende tapetes orientais bem semelhantes aos originais, com preços bem mais baratos. A semelhança é tanta que se torna difícil a identificação, de modo que muita gente acaba comprando gato por lebre.

Fontes de Pesquisa:
A História da Arte/ E.H. Gombrich

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Ercole de Roberti/Lorenzo Costa – A EXPEDIÇÃO…

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A Expedição dos Argonautas é uma obra dos pintores Ercole de Roberti e Lorenzo Costa.

Numa embarcação a vela encontram-se vários personagens. As velas infladas pelo vento levam o barco de madeira escura para longe da costa rochosa. A água do mar não possui o  azul ou verde característicos, mas um branco láteo. Tudo parece estranho, numa mistura de mundo fantástico com real.

Os pintores representam o navio Tonda, embarcação usada no século XV, para transportar mercadoria na região do mar Mediterrâneo. Como possui enfeites de ouro, a viagem enfocada na composição não é comercial, mas trata-se de uma aventura.

Na popa da embarcação está um homem forte, embrulhado numa pele de leão, segurando uma espada. Ele representa o deus Hércules, herói da mitologia grega. A seu lado, de vermelho, está seu companheiro e pagem Hylas. Na proa encontra-se Jason, responsável por guiar a expedição, em busca do Velocino de Ouro. Dentro do barco estão várias pessoas, algumas delas viradas para trás, enquanto outras se entretêm numa conversa. São os chamados argonautas.

Na lenda, o navio chamava-se Argos, por isso a expedição recebeu o nome de “Expedição dos Argonautas”. Sendo 50 os argonautas. Ao fundo aparece uma cidade com suas torres.

Esta obra não se encontra assinada, o que traz muitas dúvidas para os estudiosos de arte quanto à sua real origem. Supõe-se que foi feita em carvalho e álamo pelos pintores Ercole de Roberti e Lorenzo Costa.

Nota: Leiam sobre a lenda da mitologia grega, que conta a história dos tripulantes (argonautas) da nau Argos, em busca do Velocino de Ouro.

Ficha técnica
Ano: entre 1840-1890
Dimensões: 43 x 53 cm
Técnica: ?
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Fonte de pesquisa
Los secrtos de las obras de arte/ Taschen

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A ÁGUA E O CHAFARIZ DE SÃO JOSÉ

Autoria de Luiz Cruz

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O Chafariz de São José, em Tiradentes, é um dos monumentos civis mais interessantes de Minas e do Brasil. Foi edificado pela Câmara em 1749, todo em pedra arenítica, e juntamente com a Matriz de Nossa Senhora da Conceição, de Prados, são considerados exemplares muito significativos da região, exatamente pelo trabalho artístico em pedra de grande rigidez. Sua construção tem um pátio cercado por muretas com bancos; em sua fachada há um tanque abaulado, bem ao gosto barroco, que recebe a água jorrada por três carrancas. Um oratório abriga a imagem do padroeiro São José, escultura em terracota setecentista (que no momento precisa de restauração e de retirada do blindex que não permite a circulação de ar, o que compromete a conservação da obra de arte). Pouco acima, o brasão português e encimando a edificação uma cruz. Na lateral esquerda encontra-se o tanque para as lavadeiras e à direita o que era usado pelos tropeiros, para dar águas aos animais. A água que abastece o chafariz nasce no Bosque da Mãe D’Água e é conduzida em um aqueduto rústico de pedra. Por suas características, valor artístico e cultural é tombado pelo IPHAN, desde 1949, através do processo 431-T-50. O chafariz é o único monumento protegido individualmente, inserido na APA ? Área de Proteção Ambiental Estadual da Serra de José.

O Chafariz de São José prova-nos que os tempos estão mudando e que precisamos estar atentos aos sinais da natureza. A seca é um fenômeno que está aí e a nos cobrar novas atitudes ambientais. Há muitos anos não se registrava um verão tão atípico e com o chafariz sem água durante meses consecutivos. Inclusive com o Córrego do Chafariz totalmente seco. Muitos dos córregos da Serra de São José secaram completamente. A água da Cachoeira do Bom Despacho desapareceu. Infelizmente! Diversas lagoas estão com seus fundos expostos e o solo ressecado. Cai uma chuva e logo tudo fica seco novamente.

Não há apenas um culpado! Todos nós somos culpados, por achar que a água é um recurso infindável e que temos um lençol freático imensurável. Nós nos enganamos, com certeza. Minas se enganou por que quis. O Governo (passado) do Estado de Minas Gerais não prestou informações concretas sobre a situação da água no nosso Estado por causa dos resultados eleitorais. Depois, demorou em informar devidamente à população devido ao impacto pós-eleitoral. A desinformação é comprometedora! Enquanto o drama de São Paulo era exposto aos poucos, também por motivos eleitorais, assistíamos a tudo, achando que o problema era só daquele Estado. Não. A seca é um problema sério que atinge a todos, portanto, diz respeito a todos nós. Em tempos de elaboração do Plano Diretor da Cidade de Tiradentes, quem pode acompanhar as oficinas obteve informações de que a gravidade é ampla e comprometerá seriamente o abastecimento de água.

A cidade mineira de Tiradentes recebe grande fluxo turístico e, consequentemente, precisa de muita água. Atualmente consumimos a água que a Copasa retira do Rio Elva, mas suas nascentes estão em outra localidade, sem os devidos cuidados para a sustentabilidade e sem mata ciliar para a proteção de suas margens e fluxo. O Rio das Mortes está altamente poluído, figurando entre os 10 mais poluídos de Minas Gerais e sem as matas ciliares, a cada dia correndo risco de diminuir mais ainda seu volume de água.

Assistimos a buscas individuais para a solução de abastecimento com a perfuração de poços artesianos, mas isso não resolve o problema. Um poço artesiano pode poluir todo o sistema freático e contaminar a reserva. Como a fiscalização no Brasil não funciona, a ANA – Agência Nacional de Águas, sediada em Brasília, ainda não acordou. O ideal seria a mobilização da população (incluindo as autoridades e órgãos devidos) e investimentos expressivos em campanhas, com propostas para proteção concreta das nascentes, matas ciliares, economia tanto de água quanto de energia elétrica. Enfim, fazer a proteção de nossos córregos, rios e lagoas, cumprindo o previsto na legislação vigente do Novo Código Florestal Brasileiro, Lei Nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Assim, teríamos um enorme impacto positivo sobre os recursos hídricos.

Assistimos a agonia dos peixes do tanque do Chafariz de São José por falta de água. Alguns cidadãos estavam levando água em baldes para o tanque, até que a situação ficou grave. A solução foi pedir socorro ao Corpo de Bombeiros Voluntários de Tiradentes, que levou água no caminhão auto bomba. Pequena ação merecedora de reconhecimento, mas que requer atenção, pois a água precisa ser renovada.

A seca é grande e as queimadas retornaram, em plena estação das águas. Todo cuidado é pouco, principalmente com as pontas de cigarros atiradas ao longo das estradas. E atenção, em caso de fumaça em unidades de conservação, como a Serra de São José, que é um Refúgio Estadual de Vida Silvestre, ligue imediatamente para o IEF – Instituto Estadual de Florestas, através 0800-283 23 23. As queimadas além de destruírem a fauna e flora, comprometem drasticamente nossos recursos hídricos.

Nota: Fotos do autor e de César Reis

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O ESCULTOR RON MUECK

Autoria de Luiz Cruz

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A exposição de esculturas do artista australiano, radicalizado na Inglaterra, passou pela Fundação Proa, em Buenos Aires, pelo MAM — Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e esteve na Pinacoteca do Estado de São Paulo. Essa mostra foi concebida pela Fondation Cartier pour l’art Contemporain, de Paris, com a curadoria de Hervé Chandés.

Mueck realizou pouco mais de cinquenta obras, e a exposição individual do artista tem sido um grande atrativo, fazendo muito sucesso por onde passa, como já ocorreu no Japão, Austrália, Nova Zelândia, México, Argentina e agora no Brasil. Especialmente para essa exposição itinerante, o artista criou a escultura Casal na Praia (foto acima).

Visitei a mostra no MAM e cheguei com duas horas de antecedência, e a fila já dobrava pelo jardim do museu. No Rio de Janeiro, foi vista por mais de 200 mil pessoas. Agora, na Pinacoteca do Estado de São Paulo o sucesso é o mesmo, atraindo acerca de 4 mil visitantes diariamente.

Por que Mueck faz tanto sucesso? Suas esculturas são hiper-realistas, mas o estilo já foi tão trabalhado e explorado por artistas de todos os cantos, especialmente os norte-americanos. Os materiais utilizados são a resina, fibra de vidro, silicone e acrílico — ambos já tecnicamente dominados por inúmeros escultores, mas Mueck conseguiu domínio absoluto sobre a técnica e os materiais.

Ron Mueck é antes de tudo um escultor de figuras humanas. E o que nos encanta, ou mesmo nos deixa perplexos, é sua sensibilidade em lapidar a figura, buscando revelar o que o nosso olhar não capta rotineiramente. Mueck faz uma verdadeira introspecção na estrutura corpórea e revela texturas, pelos, poros, sombras, luzes à primeira vista inimagináveis. É um hiper-realismo tão trabalhado que vai além da perfeição, por isso, causa-nos certo incômodo. Suas obras nos levam a um deslocamento e esta é a função da arte. As esculturas vão muito além da beleza, propiciando reflexão e um encontro do espectador consigo mesmo. Por isso são obras de arte. Se fossem apenas cópias rigorosas de figuras humanas, não seriam esculturas artísticas.

Ron Mueck ainda nos impacta com as dimensões de suas obras, algumas de grandes proporções, dialogando com obras de pequeno porte. Casal na Praia é uma obra de enormes dimensões, o oposto de Mulher com feixe de lenha, que é de pequeno porte. Porém, ambas são impregnadas de expressividade e, inseridas no mesmo espaço, contrastam-se sobremaneira.

Ao encontrar com as obras, é importante atentar-se para a organização dos pelos ao longo dos corpos e dos cabelos organizados fio por fio. O olhar de cada figura revela uma luz e uma vivacidade incomuns. A colocação das roupas em tecidos, os calçados e até os adereços, que contrapõem-se com a nudez absoluta de algumas figuras, que chegam a nos revelar profunda solidão, que pode ser tanto dos modelos artísticos quanto do próprio artista. Cada obra apresenta uma situação inusitada do ser humano e isso é um dos aspectos mais significativos das obras desse artista.

Nota: fotos do autor: Autorretrato do artista e Casal na Praia

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Irmãos Limbourg – AS MUITO RICAS HORAS…

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Acima, vemos uma das composições do calendário As Muito Ricas Horas do Duque de Berry, cujo objetivo era mostrar os transcursos do ano. Trata-se de uma obra dos três irmãos Limbourg (Paul, Hermann e Jean), que trabalhavam para o duque de Berry. Esta miniatura retrata uma cena pacata do cotidiano dos camponeses franceses, relativa à Idade Média, quando a sociedade era dividida em nobreza, clero e campesinato.

O mês apresentado é o de fevereiro, quando é inverno na Europa. A neve densa estende-se por toda a paisagem. Em primeiro plano, apresenta-se parte de uma casa de fazenda, onde mora o gerente do senhor feudal. Três figuras estão sentadas em busca do calor de uma lareira. Enquanto a mulher de azul, provavelmente pertencente a uma classe mais elevada, levanta o vestido apenas o necessário, as outras duas figuras (um homem e uma mulher) revelam os órgãos genitais, coisa comum à época. A mulher de azul observa um gatinho branco. Há no ambiente uma cama de casal e algumas roupas dependuradas.

Um homem, vestindo uma túnica rude, tange um burro com sua carga de madeira, em direção à vila e a uma igreja, que aparecem mais ao fundo, sob um céu acinzentado. Ele leva um saco à cabeça para se proteger do frio e do vento. Na idade medieval, as regras em vigor proibiam que os camponeses usassem pele de animais, produto de uso exclusivo dos burgueses e aristocratas. Atrás do camponês, um segundo personagem corta uma árvore. No chão estão vários feixes de lenha.

À direita, uma torre cilíndrica é uma moradia de pombos, pois essas aves eram criadas, principalmente, para que o esterco fosse usado como fertilizante, sendo preferido ao do porco e ao da ovelha. Na parte inferior central, nove pombos estão comendo. Num cercado próximo, encontram-se muitas ovelhas. Ao lado, há vários barris e feixes de lenha. Um homem, que parece se dirigir ao grupo, com a cabeça coberta por um pano branco, está próximo ao pombal.

Próximas ao muro de vime, sobre cavaletes, estão quatro colmeias, só que se encontram vazias, pois no inverno, elas eram colocadas acima do fogo, de modo que as abelhas morressem asfixiadas com a fumaça, o mel derretesse e a cera fosse recuperada. Quando chegava a primavera, novos enxames eram buscados na floresta.

Naquela época, a estação invernal era uma ameaça para a população, que se via vítima da neve e do frio intenso e do perigo que representavam os lobos, ao deixarem a floresta, famintos, para roubarem o gado. Além disso, a madeira tornava-se difícil de ser encontrada. Muitas vezes, a geada matava as plantações, levando os camponeses à fome e,  muito fracos, tornavam-se vítimas de epidemias. Eles também se viam reféns de hordas de soldados que se espalhavam por todo o país, cometendo as piores atrocidades.

Os calendários, um dos principais documentos históricos sobre a vida dos camponeses na Idade Média, tinham como objetivo mostrar as passagens do ano, por isso, os campesinos são representados, ainda que secundariamente, para mostrar as atividades que eram realizadas por eles. E foi dessa forma, marginalmente, que puderam entrar na pintura europeia, afeita apenas aos ricos e poderosos.

Ficha técnica
Ano: 1416
Dimensões: 15,4 x 13,6 cm
Técnica: miniatura
Localização: Museu Conde de Chantilly, no norte da França

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ALEIJADINHO, ARTE E POESIA

Autoria de Luiz Cruz

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Antônio Francisco Lisboa (1737-1814), o Mestre Aleijadinho, produziu uma das obras mais marcantes de todos os tempos, especialmente no Brasil – escultura, desenho, entalhes e arquitetura. Sua formação cultural, seu talento e sua condição social e física (ainda por desvendar) criaram situações para a construção de um mito, que tem atraído a atenção de pesquisadores, de artistas e de poetas, todos captados pela expressividade de suas obras. O mestre atraiu, ainda, a atenção de viajantes estrangeiros que percorreram pelo Brasil. Foi tema de estudos de dois grandes especialistas, Germain Bazin e John Bury, que foram responsáveis pela divulgação de sua obra internacional.

“O Brasil deu nele o seu maior engenho artístico, eu creio. Uma grande manifestação humana. A função histórica dele é vasta e curiosa. No meio daquele enxame de valores plásticos e musicais do tempo, de muito superior a todos como genialidade, ele coroava uma vida de três séculos coloniais. Era de todos, o único que se poderá dizer nacional, pela originalidade das suas soluções. Era já um produto da terra, e do homem vivendo nela, e era um inconsciente de outras existências melhores de além-mar: um aclimado, na extensão psicológica do termo.” (Mário de Andrade)

“Esse mulato de gênio / lavrou na pedra-sabão /todos os nossos pecados, / as nossas luxúrias todas, / e esse tropel de desejos / e essa ânsia de ir para o céu / e de ficar mais na terra; / Era uma vez um Aleijadinho, / não tinha dedo, não tinha mão, / raiva e cinzel lá isso tinha, / era uma vez um Aleijadinho, / era uma vez muitas igrejas / com muitos paraísos e muitos infernos, / era uma vez São João, Ouro Preto, Sabará, Congonhas,/ era uma vez muitas cidades /e um Aleijadinho era uma vez.” (Carlos Drummond de Andrade)

“No anfiteatro de montanhas / Os profetas do Aleijadinho / Monumentalizam a paisagem

As cúpulas brancas dos Passos / E os cocares revirados das palmeiras / São degraus da arte de meu país / Onde ninguém mais subiu

Bíblia de pedra sabão / Banhada no ouro das minas.” (Oswald de Andrade)

“- Mestre Lisboa tinha sessenta e dois anos quando Tiradentes, enforcado pela Coroa, teve a cabeça exposta aqui em Vila Rica – recordou a escrevente. – Nunca se envolveu com os revoltosos?
– Não quis se meter na conjuração – Observou Bretas. – Preferiu fugir do sol por suspeitar da própria sombra.” (Frei Beto)

“A mão doente parou, / Fica suspensa no ar, / Inutilizada no ar.

Lá fora os lundus dos escravos / Acordam a lua do sono. / A escultura bem que pede /
Uma força maior. / – Homem se me acabas / Eu acabo te abraçando. –

E a mão nunca chega / Até o fim do caminho / Ela está presa, bem presa, / Desde o princípio do mundo.

Então de dentro do corpo / Do homem disforme e triste / Sai uma boca de fogo, / Sopra no corpo da estátua / Que respira já prontinha, / Dá um abraço no escultor.” (Murilo Mendes)

“passo pelos Passos / e não perco minhas vistas / nas montanhas gerais

no adro / esculpe-se diálogo / profetizando eternidade.” (Júlio Castañon Guimarães)

“Obra-prima da arquitetura brasileira, a fachada de São Francisco de Assis de Ouro Preto tem um caráter único pelo extraordinário conhecimento arquitetônico que revela.”(Germain Bazin)

“A subordinação do edifício às estátuas dos profetas e o excepcional interesse que elas despertam como obras de arte costumam desviar a atenção do aspecto arquitetônico da obra propriamente dito. Para quem se aproxima da igreja a partir do Jardim dos Passos, a visão do parapeito do adro sugere a de uma fortificação, cuja estrutura básica constitui-se a partir de uma sucessão de horizontais que marcam o topo do aclive. E é aqui que as esculturas desempenham seu tradicional papel arquitetônico, formando uma série de pináculos, cujas linhas ascendentes fornecem o necessário contraste com os parapeitos planos e horizontais. Trata-se de uma solução extremamente adequada e satisfatória, pois o escultor usou as linhas e volumes de suas figuras com arrojada assimetria”(Jonh Bury)

Nota: Fotos de Luiz Cruz – Profetas, Congonhas / MG

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