Arquivo da categoria: Apenas Arte

Textos sobre variados tipos de arte

Kirchner – DUAS MULHERES NA RUA

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor alemão Ernst Ludwig Kirchner (1880–1938) estudou arquitetura em Dresden e fez um curso de arte em Munique. Foi responsável por formar o grupo expressionista alemão Die Bücke com mais três colegas de faculdade, também amantes da pintura. Passou um tempo nos lagos Moritzburg para pintar nus em ambientes naturais. Em Berlim criou uma série de pinturas tidas como ponto de destaque do Expressionismo. À medida que envelhecia, seu estilo ia se tornando cada vez mais abstrato.

A composição intitulada Duas Mulheres na Rua é uma obra expressionista do pintor que executou uma série de pinturas, nas quais mostra cenas das ruas berlinenses, com a tensão característica da vida nas metrópoles.

Duas mulheres bem vestidas, com peles e chapéus de penas, de acordo com o estilo da época, são as figurais centrais da obra. Elas possuem tamanhos distintos. Trazem rostos de forma triangular, simplificados, lembrando máscaras (o artista era fã do primitivismo). As figuras apresentam certa distância do observador. O desenho anguloso e o sombreamento cruzado e forte repassam movimento à pintura.

As figuras ocupam praticamente toda a tela, dentro de uma perspectiva muito reduzida, sem que haja qualquer referência ao horizonte. Só é possível ao olhar do observador viajar através dos profundos decotes em V das duas mulheres ou de suas cabeças excessivamente ornamentadas.

O arco cor-de-rosa à direita tem por objetivo equilibrar a composição e remete aos suntuosos edifícios de Berlim. O pintor deixa sua marca de arquiteto ao criar as roupas das duas mulheres de uma forma escultural, remetendo à arquitetura.

O artista em sua composição fez uso de cores ácidas e luminosas que ganham ênfase com seu desenho expressivo e com as pinceladas que ele deixa à vista. Sua paleta, muito comum à época, reduz-se aos tons de verde, amarelo, rosa e preto.

Ficha técnica
Ano: 1914
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 120,5 cm x 91 cm
Localização: Kunstsammlung Nordrhein-Westfalen, Düsseldorf, Alemanha

Fonte de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante

Views: 26

Franz Marc – O DESTINO DOS ANIMAIS

Autoria de Lu Dias Carvalho

Existe coisa mais misteriosa para um artista do que a ideia de como a natureza se espelha nos olhos dos animais? Como será que um cavalo, uma águia, uma corça, um cachorro veem o mundo? (Franz Marc)

 O pintor expressionista alemão Franz Marc (1880–1916) estudou teologia e filosofia, ingressando no mundo da arte em 1900, dedicando-se à pintura de paisagens tradicionais. Tornou-se conhecido por usar animais como tema e pelo uso incomum que fazia das cores primárias brilhantes. Justificava a sua predileção pelos temas animais, dizendo que a beleza e a espiritualidade desses lhe pareciam superiores às humanas. 

Franz Marc foi apaixonado pela obra de Van Gogh e pelo trabalho dos impressionistas. Fez amizade com o pintor August Macke, quando passou a simplificar seu estilo e a usar a cor de um modo não naturalista. Conferia significado às cores que usava. Fez parte do grupo simbolista Der Blaue Reiter (O Cavaleiro Azul). Influenciado pelo Futurismo de Robert Dalaunay, assumiu o estilo abstrato nos últimos anos de sua vida.

A composição intitulada O Destino dos Animais é uma obra do artista, na qual ele apresenta os cavalos verdes. Uma égua está chorando, ao ver sua cria correndo aterrorizada em direção a uma árvore de tons sanguíneos caída, o que para ele era o símbolo do domínio material e da ruína. A égua e sua cria são verdes e adentram no quadro da esquerda para a direita.

Um desacompanhado cervo azul, com a parte inferior amarelada, ocupa a parte central da composição. Segundo a simbologia do artista, ele representa a gentileza. Suas cores dizem respeito a determinados atributos psicológicos:

  • azul – masculinidade, austeridade e intelecto;
  • amarelo – feminilidade e alegria;
  • vermelho – materialidade e dominação.

O cervo curva a cabeça ao receber o golpe que o abate, representado por um fino raio de luz alaranjada que vem em diagonal, da direita para a esquerda e atravessa a composição. A árvore tombada também atravessa em diagonal a composição, em sentido contrário ao do raio.

Ficha técnica
Ano: 1913
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 1,96 m x 2,66 m
Localização: Kunstmuseum, Basileia, Suíça

Fonte de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante

Views: 8

Beardsley – A SAIA DE PAVÃO

Autoria de Lu Dias Carvalho

Aubrey Vincent Beardsley (1872 – 1898) foi um agente de seguros inglês que sempre sonhou com a carreira artística. Foi incentivado por Sir Edward Burne-Jones, depois que esse viu seus desenhos. Não demorou a ser reconhecido como artista. Tornou-se editor de arte da revista literária trimestral “The Yellow Book”, cargo que teve que deixar mais tarde por causa de seu trabalho com o escritor Oscar Wilde.

A composição intitulada A Saía de Pavão é uma obra do artista. Faz parte de uma série de ilustrações criadas por ele para a peça “Salomé” de Oscar Wilde. Em sua arte ele deixa claro o fascínio que nutria pela moda feminina, aqui vista através de linhas simples e envolventes da vestimenta, no bem trabalhado adorno da cabeça e na parte de baixo do vestido.

As duas figuras presentes são andrógenas. A que está voltada para o observador tem os joelhos visivelmente masculinos. As penas de pavão são um emblema da Arte Nova (Art Nouveau) na transformação das formas naturais, aqui representadas de forma decorativa e de um efeito estilizado.

Os desenhos da saia de Salomé são semi abstratos, remetendo às penas do pavão. Atrás de Salomé encontra-se um segundo pavão que diz respeito a uma passagem da peça, ou seja, após dançar para Herodes, esse a presenteia com sua coleção de pavões em troca da cabeça de João Batista. O artista mostra a ave por inteiro, usando linhas curvas. Este medalhão decorativo tem por objetivo destacar o ar de mistério da composição.

Ficha técnica
Ano: 1892
Técnica: nanquim e grafite sobre papel
Dimensões: 23 cm x 17 cm
Localização: Museu de Arte de Harvard, Cambridge, EUA

Fonte de pesquisa
Tudo sobre arte/ Editora Sextante

Views: 6

Jan Toorop – AS TRÊS NOIVAS

Autoria de Lu Dias Carvalho

A obra intitulada As Três Noivas é um trabalho simbolista do pintor neerlandês Jan Toorop (1858-1928) em que ele usa ao máximo os recursos expressivos da linha, da cor e do ritmo, ampliando sua relação com o tema. Trata-se de uma composição em friso (banda ou tira pintada em parede), levemente simétrica, com a finalidade de levar o observador a fazer uma série de comparações.

A composição apresenta três noivas como figuras centrais. A que ocupa a parte do meio da obra repassa um ar de inocência. À sua direita encontra-se a “noiva de Cristo” que é recebida com lírios brancos e à esquerda está a “noiva demoníaca”, numa atitude imóvel, hipnótica e medonha, com um enfeite de chifres na cabeça e um colar de caveiras. Ela recebe uma bebida desconhecida.  A noiva representando a inocência é a principal figura. Ela se encontra entre duas forças opostas: bem e mal. Atrás das noivas aparece um coro de cantores, cujos sons são caracterizados por desenhos lineares, linhas curvas na parte considerada bendita da obra e quebradas na parte tida como maldita.

Nos cantos superiores da tela (à esquerda e à direita) apresentam-se mãos cruzadas e sinos de onde saem linhas bem finas que possivelmente têm por finalidade indicar sons. Duas das mulheres que aparecem em primeiro plano agitam sinos menores, de onde saem linhas representando sons. A ação de linhas e ritmos dão grande expressividade à obra em questão.

A pintura representa a luta entre o bem e o mal, luta esta desencadeada pela noiva inocente que se mostra confusa entre a noiva religiosa e a “femme fatale”. Não existe um cenário determinado, o que repassa a sensação de estar fora do tempo e do espaço. Embora Toorop tenha deixado para trás as referências específicas à religião, ele mantém certos traços icnográficos reconhecíveis a fim de que sua obra não perdesse a compreensão. Esta obra simbolista do artista, além de repassar ideias e sentimentos, vai bem além da descrição comum do viver cotidiano.

A composição conhecida como As Três Noivas pode ser vista como um exemplo da propagação internacional das influências, técnicas e ideias simbolistas. Ela apresenta uma série de imagens, sendo que muitas delas mostram sua origem claramente cristã. O artista utiliza essas imagens para trazer à imaginação um conjunto de associações e notas com objetivos especificamente cristãos. A organização rítmica da composição reforça sua expressividade vibrante que repassa toda a obra.

Esta pintura é tida como simbolista, ao eliminar a descrição materialista da vida cotidiana e ao tentar criar um tema geral que traz grande significação espiritual, usando apenas procedimentos sugestivos e expressivos, peculiar ao seu meio, à sua técnica e ao próprio tema da obra.

Ficha técnica
Ano: 1893
Técnica: carvão e lápis de cor sobre papel marrom
Dimensões: 78 cm x 98 cm
Localização Museu Kröeller-Müller, Otterlo, Holanda

Fonte de pesquisa
História da arte/ Folio

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Liebermann – A ALAMEDA DE BÉTULAS NO…

Autoria de Lu Dias Carvalho

A arte é a vida e a vida tornou-se arte. Arte velha ou arte nova: o único aspecto duradouro dela é aquilo que vive. (Max Liebermann)

O pintor, gravurista e litógrafo alemão Max Liebermann (1847 – 1935) era filho de um fabricante de tecidos judeu que depois se tornou banqueiro. Antes de tornar-se artista, ele estudou direito e filosofia. A seguir estudou desenho e pintura em Berlim, Paris e Holanda. Quando esteve em Paris em sua juventude guiou-se pelos pintores holandeses como Rembrandt e Franz Hals. Só mais tarde veio a interessar-se pelo Impressionismo, tendo montado uma maravilhosa coleção de obras impressionistas francesas. Tornou-se o expoente do impressionismo alemão. Gostava de pintar seu jardim, próximo ao Lago Wannsee, e o dia a dia burguês. Embora Liebermann tivesse sido muito importante para a arte alemã, sua morte não foi noticiada pela mídia que se encontrava sob o controle dos nazistas. Sua esposa Martha Liebermann suicidou-se aos 85 anos, após ser notificada de que iria ser deportada para o campo de concentração de Theresienstadt, minutos antes de a polícia nazista chegar.

A composição intitulada A Alameda de Bétulas no Jardim Wannsee, Olhando para Oeste é uma obra do artista que criou uma série de pinturas sobre seu jardim que ficava perto do Lago Wannsee. Nesta obra é possível observar inúmeros aspectos do estilo Impressionista, como a predominância da luz e da cor. Árvores e sebes compõem diferentes cenários.

Ficha técnica
Ano: 1918
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 85,5 x 106 cm         
Localização: Niedersächsisches Landesmuseum, Hanôvar, Alemanha

 Fontes de Pesquisa:
Impressionismo/ Editora Taschen
https://en.wikipedia.org/wiki/Max_Liebermann

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Sargent – NO JARDIM DE LUXEMBURGO

Autoria de Lu Dias Carvalho

Eu não julgo, apenas relato. (Sargent)

O pintor italiano John Singer Sargent (1856—1925), filhos de imigrantes estadunidenses, estudou na Academia de Belas Artes de Florença e depois na Escola de Belas Artes de Paris. Veio a conhecer o grupo de pintores impressionistas, tendo maior contato com Monet, embora seus trabalhos fossem expostos no Salão de Paris, pois não se engajou em nenhum movimento específico, sendo um grande generalista. Muito produtivo, o pintor de retratos, paisagens, murais e aquarelas, criou, ao longo de sua vida, cerca de 900 pinturas a óleo e mais de 2.000 aquarelas, assim como inúmeros esboços e desenhos a carvão. Foi um dos mais importantes retratistas e muralistas de sua época. Durante a Primeira Guerra Mundial, Sargent trabalhou na linha de frente a fim de documentar as atrocidades da guerra.

A composição intitulada No Jardim de Luxemburgo é uma obra do artista que toma o lago no centro do parque — um dos maiores do lado esquerdo do rio Sena — como peça central de sua pintura. A sua maior preocupação é com a luz. Por isso, para retratar o jogo de luz e sombra (preocupação constante dos impressionistas), ele pinta o parque no horário do crepúsculo vespertino, quando a lua imerge a cena numa luz violeta-acinzentada. Seus reflexos espalham-se pelo chão de cascalho. Flores vermelhas espalhadas pelos canteiros revigoram a paisagem, assim como o verde das árvores. A lua, ainda presente no céu, formada por uma grande bola dourada, atrai imediatamente os olhos do observador. Seu reflexo brilha na superfície do lago.

Em primeiro plano, no meio da praça, caminha um casal de braços dados, pertencente à alta sociedade. A mulher usa um longo vestido vaporoso com a saia com babados. Ao erguê-la, ela deixa à vista uma fração da parte de baixo de suas vestes. Usa um chapéu amarelo com tule que desce até seu pescoço e orna-o com um laço feito na ponta do queixo. Traz um leque na mão que se enlaça em seu companheiro. O homem veste um terno preto, fuma um cigarro e traz na mão um chapéu amarelo arredondado que parece um reflexo da lua. Junto ao lago, um homem lê um jornal, enquanto pessoas sentadas em sua beirada parecem conversar. Um sujeito solitário, à esquerda, está sentado num banco. Um garoto brinca junto ao lago com um barco de papel. Outros grupos de pessoas são vistos pelo jardim, ao fundo, assim como estátuas e outras decorações.

Ficha técnica
Ano: 1879
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 65,7 x 92,4 cm        
Localização: Museu de Arte da Filadélfia, Filadélfia, EUA

 Fontes de Pesquisa:
Impressionismo/ Editora Taschen
https://www.1st-art-gallery.com/John-Singer-Sargent/In-The-Luxembourg-
https://www.philamuseum.org/collections/permanent/101764.html

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