A intuição não é uma opinião, é a própria coisa. (Schopenhauer)
O coração tem razões que a própria razão desconhece. (Blaise Pascal)
Todo o conhecimento humano começou com intuições, passou daí aos conceitos e terminou com ideias. (Immanuel Kant)
Não são poucas as vezes em que ficamos encabulados com a percepção que temos de certos fatos que ainda estão por ocorrer, mas dos quais tomamos consciência antecipadamente. É como, se por alguns segundos, entrássemos na máquina do tempo, caso essa existisse, e tivéssemos conhecimento de uma realidade que ainda não se fez presente, mas que nos é dada a possibilidade de pressenti-la, percebê-la e discerni-la, quer pertença ao campo material ou ao espiritual.
Para nós, ocidentais, esse relâmpago perceptivo, que nos leva além do tempo, recebe o nome de intuição, sendo que alguns o chamam de “sexto sentido”. Nosso corpo capta algo antes que as emoções se ponham a postos. As pessoas que têm tal faculdade bem desenvolvida possuem um alto grau sensitivo, segundo afirmam alguns espiritualistas.
A faculdade intuitiva é conhecida na filosofia oriental como inerente ao “terceiro olho” ou à “terceira visão”, situando-se no sexto chakra, no ponto central entre as sobrancelhas. Presume tal filosofia que a glândula pineal – semelhante ao globo ocular – seja a responsável por tais capacidades indutivas e percepção sutil.
Escritos esotéricos antigos relatam que a humanidade tinha um “terceiro olho” em perfeita ação. Dentre as faculdades expressas estavam a telepatia e a clarividência, mas que, ao longo do retrocesso da espécie, ou seja, com a mudança comportamental dos seres humanos, cada vez mais voltados para o mundo material, a “terceira visão” foi se enfraquecendo, tornando-se insensível, ainda que, vez ou outra, dê um vislumbre de sua presença na forma da tão conhecida intuição.
O Budismo trabalha com técnicas que visam desenvolver o “terceiro olho”. Contudo, a presença desse “olho divino” é negada pela Ciência que vê tal alusão apenas como lenda. Também é bom lembrar que o campo científico não é definitivo, estando sempre aberto a novas conclusões.
Testes científicos comprovam a existência da intuição (ver “Teste de Cartas de Iowa”). Um exemplo disso é a sensação ruim que uma pessoa pode nos passar já num primeiro e rápido encontro, sem que nada saibamos sobre ela. Com o andar da carruagem, percebemos que a nossa ojeriza tinha razão de ser, pois tal indivíduo mostra-se um elemento nocivo ao nosso convívio.
A aversão inicial, que chega como uma premonição contra essa ou aquela pessoa, tem sua origem em nossas emoções inconscientes. Segundo o escritor, filósofo e biofísico Stefen Klein “O que sentimos no primeiro encontro com o inimigo é medo”, pois em uma fração de segundo, fomos capazes de captar sua expressão de hostilidade, apesar de seu planejado disfarce.
A intuição encontra-se sempre presente em nosso íntimo, enraizada em nosso corpo. Quanto mais trabalharmos a nossa mente, buscando entender a linguagem de nosso corpo, mais seremos capazes de percebê-la e de nos guiarmos por ela. Klein nega que a intuição seja fruto de fenômenos sobrenaturais, mas, sim, adquirida através de nossas experiências existenciais que nos preparam para antecipar os resultados dos fatos. Ele explica: “Um pressentimento aparece quando o resultado de uma avaliação – isso é bom, aquilo é ruim – é transmitido para o corpo, antes mesmo de chegar à consciência”.
A faculdade intuitiva pode ser trabalhada e ampliada através da meditação e de outras técnicas que lidam com a plasticidade do cérebro (yoga, unibiótica, neuróbica, prática da observação, visualização dos detalhes de uma pintura ou paisagem, etc.) e da confiança em nós próprios, ao valorizarmo-nos como seres especiais.
Nós, ocidentais, em razão de nosso racionalismo exagerado, quase nunca ouvimos a voz da intuição ou levamos em conta o nosso “olho clínico”. Quantas vezes a intuição bate à nossa porta e não a levamos a sério? Outro fator que a enfraquece é o fato de não acreditarmos em nós mesmos, bloqueando, assim, nossa capacidade intuitiva. Estamos sempre mais abertos à “opinião” dos outros do que às nossas.
A intuição é importantíssima em casos de perigo, ao nos ajudar a ganhar tempo e, em consequência, ampliar as possibilidades de nos safarmos da ameaça. Mas como? – perguntará o leitor. Imaginemos que um touro bravo surja repentinamente em nosso caminho, ou o local onde nos encontramos comece rapidamente a incendiar-se. Não há tempo para o pensamento consciente entrar em campo e enumerar as possíveis rotas de fuga ou as decorrências de tão inusitado encontro ou acontecimento. A intuição – grande amiga e companheira – envia o medo que, agindo como uma barricada, prepara nosso corpo para buscar proteção. Essa “faísca” poderosa continua sendo um enigma para a Ciência, pois faculta o entendimento da realidade numa fração de segundos, sem que para isso haja a intervenção da lógica ou da análise.
Contudo, fica um alerta a nós, portadores de transtornos mentais, que tendemos a ter pensamentos negativos. Necessitamos ter muito cuidado para não os ver como “intuições”, pois esses tais não passam de criações de nossa mente, quando a intuição acontece como uma faísca, fugindo à compreensão, pois não depende da lógica nem da análise. Lembrem-se de que, enquanto os pensamentos negativos ficam ruminando em nossa mente, a intuição mal chega e já tira o time de campo. Safa-se!
Fontes de pesquisa
A Fórmula da Felicidade/ Stefan Klein/ Editora Sextante
https://pt.wikipedia.org/wiki/Terceiro_olho
https://amenteemaravilhosa.com.br/tipos-de-pensamento-intuitivo/
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