Arquivo da categoria: Ditos Populares

A sabedoria popular está presente em todas as línguas, sendo expressa através de várias maneiras: provérbios, adágios, sentenças, aforismos, parêmias, apotegmas, anexins, rifões, ditos e ditados populares.

QUEM CASA FILHA, DEPENADO FICA

Autoria de Lu Dias Carvalho

depenado

Em muitas cultura a chegada de um menino é vista como auspiciosa, enquanto a vinda de uma menina é preocupante. O filho representa o sustentáculo de sua família, enquanto a filha só lhe trará despesas – assim pensam esses povos. Logo que a coitadinha chega ao mundo, os pais já enxergam em sua testa a palavra “dote”. E assim transcorre sua vida de submissão, até o dia em que passará a servir a uma nova família, onde também carregará a sua carga de servilismo.

Não causa surpresa a ninguém o conhecimento de que em certas culturas o casamento funciona como uma transação comercial. O amor amor não apita coisíssima alguma. Os pais e irmãos repassam à família do noivo o tradicional dote (bens pagos pela família da noiva à família do futuro marido). É exatamente a existência de tal dote que torna um inferno a vida das pobres meninas, pois “Filhas no berço, dote no peito”, diz um provérbio russo, mas na Rússia não mais impera a cultura do dote.

Ter muitas filhas é preocupante para qualquer família, pois terá que se desdobrar para pagar os dotes. Muitas das famílias acabam sendo levadas à falência ou trabalhando a vida toda para pagar o prometido. Em muitos casos, não podendo os pais cumprir com o pagamento da dívida do dote, a filha é devolvida, para vergonha de todos. E pouco importa se o casal já vive junto há muito tempo ou que tenha um grande número de filhos. Por isso, é comum o casamento entre primos, para que o dote não caia na mão de uma família estranha, sem falar que  “A filha de um tio materno não custa nenhum dinheiro”. A Índia é um exemplo da cultura do famigerado “dote” e não da espiritualidade, como pensam alguns tolos.

 As famílias, por causa dos gastos que terão de arcar com as filhas, não é à toa que torçam para que venham sempre meninos, mesmo que a espécie humana sucumba, como deixa a entender o provérbio hebraico: “O mundo não existe sem machos e fêmeas, mas feliz é o pai que só tem filhos, e desgraçado é o pai que só tem filhas”. Um provérbio árabe, sem usar de salamaleques, diz na bucha qual é o ressentimento que os pais nutrem pelas mulheres: “Antes dois escorpiões do que duas filhas”, enquanto um brasileiro, bem mais debochado, diz que “Quem casa a filha, depenado fica”.

Quando uma família perde um filho, em tais culturas, há muito choro e consternação, enquanto a morte de uma filha traz alívio, como reza um provérbio libanês: “A morte de uma jovem é bem-vinda, ainda que seja núbil”, pois “Casa de moças, casa de ruínas”, confirma um provérbio árabe. Quanto menos filhas tiver uma família, menores serão seus gastos com o famigerado dote e, portanto, mais ela prosperará.

O fato é que, casada ou disponível, a vida da mulher é a mesma, pois “A mulher solteira obedece ao pai, a casada ao marido”, já que “As moças e a água vão para onde mandam”, e ponto final.

Fontes de pesquisa:
Nunca se case com uma mulher de pés grandes/ Mineke Schipper
Livro dos provérbios, ditados, ditos populares e anexins/ Ciça Alves Pinto
Provérbios e ditos populares/ Pe. Paschoal Rangel

Nota: Imagem copiada de blogdojequi.blogspot.com

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A CONDIÇÃO DAS MULHERES NA POLIGAMIA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Quando era a única, tratavam-na como deusa; agora que há uma coesposa, deixam-na de lado. (Provérbio africano)

Nas sociedades poligâmicas, a vida da mulher não é fácil. Embora se diga que “A primeira mulher não bebe água turva”, por ter sempre a primazia em tudo, nem sempre isso está de acordo com a verdade, sendo a última delas a mais dileta de seu senhor. A primeira escolhida serve, muitas vezes, como uma capataz das demais, dando ordens e repassando ao marido tudo que elas fazem, pois ele a tem como se fora sua mãe, sempre confiável e pronta a zelar por seus interesses, e ela não quer decepcioná-lo. É quase sempre muito odiada pelas outras, pois faz tudo para não perder esse tipo de atenção. Sua rigidez, e até mesmo maldade, para com as outras esposas vem como uma forma de liberar a sua humilhação, ao ver-se preterida. Um provérbio turco refere-se ao lugar ocupado pela primeira esposa: “Minha primeira mulher é minha sandália; a segunda é meu turbante”, ou seja, a segunda passa a ocupar um lugar privilegiado na vida no marido, até que venha a terceira, a quarta…

Ao adquirir uma nova esposa, o homem traz para casa um rol de conflitos. As outras se sentem preteridas. E, para chamar a atenção do marido, procuram agradá-lo das mais diversas maneiras. A psicologia prova que nenhum ser humano gosta de ser menosprezado, o que comprova o ninho de animosidades em que se transforma um lar, onde a poligamia faz morada. Embora haja casos de o marido “repudiar” a primeira esposa, na maioria das culturas isso é tido como desonroso, como comprovam alguns provérbios populares: “Se tens uma nova panela de barro, não jogues fora a velha”; “Não rejeites tua mulher, quando casares com outra” e “Se casares com uma nova mulher, não te esqueças da anterior”.

Ainda que se teçam loas à primeira esposa, no intuito de confortá-la, dizendo que ela é o esteio da casa, a mãe do marido e coisa e tal, há muito ressentimento entre ela e as demais. Alguns ditos populares chegam a negar a sua prioridade, alegando que todas devem ser tratadas igualmente, tais como: “O valor da mulher não está em ser a primeira esposa”; “O pau que disciplinou a primeira, disciplinará a mais jovem”; “A vara usada para bater na primeira mulher está no telhado à espera da segunda”. A recém-chegada é sempre lembrada que, se hoje ela é a favorita, amanhã poderá ser outra, por isso “A panela nova nunca desdenha a velha”.

Há muita rivalidade entre as esposas de um homem na união polígama. Alguns provérbios, compilados em culturas com esse tipo de união rezam: “Rebaixas a pequena vulva da tua coesposa, mas ela leva para cama o teu marido”; “Quando a favorita comete uma falta, tu, a rejeitada, ficas toda contente”; “Quando a coesposa dá a luz, tu não te enfeitas”. A raiva da primeira esposa é tamanha que ela prefere ver seu varão morto a reparti-lo com outra, como afirma o provérbio bengali: “É melhor que o marido morra do que ter uma coesposa”. E um dito vietnamita reforça: “Antes morrer jovem que ser coesposa”. Contudo, existe um fator que leva as mulheres a tornarem-se grandes amigas e cúmplices – um mau marido. Ele acaba com as rivalidades, disputas e conflitos entre elas, unindo-as para verem-se livre dele da única maneira que lhes é possível – eliminando-o.

Quem quiser conhecer com mais profundidade este assunto, fica a sugestão para que assista ao belo filme “Lanternas Vermelhas”, obra do diretor Yimou Zhang, que poderá ser visto através da internet.

Ilustração  referente ao artesanato recifense.

Fontes de pesquisa:
Nunca se case com uma mulher de pés grandes/ Mineke Schipper
Livro dos provérbios, ditados, ditos populares e anexins/ Ciça Alves Pinto
Provérbios e ditos populares/ Pe. Paschoal Rangel

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A VIRGINDADE E O CASAMENTO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Penteia o cabelo de tua filha até ela ter 12 anos; protege-a até os 16; depois, dá graças a quem se casar com ela. (Provérbio checo)

 A menina com mais de 10 anos terá que se casar com um pária, se for preciso. (Provérbio tâmil)

 O dicionário de Língua Portuguesa Aurélio define o hímen como sendo uma “prega formada pela membrana mucosa da vagina, cujo orifício externo oclui parcial ou totalmente, e que apresenta uma abertura de forma e diâmetro variáveis.”. E é exatamente essa preguinha que tem trazido sofrimento – e até mesmo morte – a muitas mulheres em várias partes do mundo.

Os ditos populares encontram no tema “virgindade” um campo fértil para expressar o machismo ainda vigente em inúmeros países, cuja bandeira perversa é erguida pela ignorância, pelo patriarcado e por religiões fincadas na misoginia, desconectados com a Ciência ou com as mudanças dos tempos. Um provérbio árabe reza: “A garrafa está melhor com seu lacre e a menina com seu hímen”. Já na Mesopotâmia casavam-se garotinhas impúberes, referindo-se a elas como “pão que não teve tempo de levedar”, ou seja, ainda estavam intactas para serem desfrutadas, mesmo por velhos cuja idade poderia corresponder a meia dúzia de vezes a delas.

Manter a virgindade parece ser tarefa unicamente da mulher. No hebraico, uma virgem é definida como “uma rosa que ainda não se desabrochou”. Em muitas culturas, uma garota era tida como pronta para casar-se ao atingir a idade de 10 anos. Ainda hoje, apesar de as culturas ocidentais, em sua maioria, dizerem que uma jovem de 15 anos encontra-se na adolescência e uma garota de 10 anos esteja na infância – sem formação física e psicológica para assumir uma família –, muitas culturas espalhadas pelo mundo consideram núbeis (casadoiras) meninas em tais idades. E não são poucos os provérbios que justificam tal união.

Por mais estranho que possa parecer, em determinadas culturas as meninas casam antes mesmo de completarem 10 anos de idade. E pior, com homens que podem ser seus pais, tios ou avôs. Como a discrepância de idade é muito grande, elas se tornam viúvas ainda muito jovens, carregando um pesado fardo vida afora, muitas vezes sem o direito de casarem-se novamente. Na sociedade tâmil, no Sul da Índia, por exemplo, existe um provérbio que diz: “Quando a mulher começa a crescer, morre o marido”, referindo-se à esposa/menina. E na Rússia, numa ironia à diferença absurda de idade, um provérbio reza: “A noiva nasceu, o marido monta a cavalo”.

Causa temor aos pais em tais culturas que a filha perca a virgindade, o que diminuiria seu valor de mercado, ou que fique grávida, o que a tornaria incapacitada para arranjar um marido. Por outro lado, eles têm medo de esperar muito tempo e acabar casando a filha com alguém sem valor, ou melhor, sem dinheiro, pois quanto mais nova é a garota, maior é o dote que a família recebe em troca. E tornar-se solteirona é uma dura sina em tais sociedades, servindo a rejeitada de motivo de desdém e chacotas, onde quer que se encontre.

A virgindade ainda é tida por muitas sociedades como um requisito para que a filha seja aceita em casamento. Alegam que a sua perda desonra toda a família (até mesmo tios, primos, etc.). E que afeta, principalmente, a respeitabilidade do pai, dificultando-lhe a possibilidade de encontrar para a garota um bom casamento. Na Índia é conhecido um provérbio que diz: “A castidade da jovem é o seu maior dote”, trocando em miúdos, é o maior dote dos pais.

Ainda que muitas jovens venham a trabalhar fora de casa para ajudar a complementar o orçamento doméstico, a perda da virgindade não é aceita em muitas culturas, sob a alegação de que uma moça de família deve ser resguardada na casa dos pais, onde sua honra e reputação estão a salvo. Um provérbio árabe atesta que “Se a tua filha vai à rua, assegura-te de que a honra se mantenha”. Em muitos países, as mulheres não saem de casa sem a companhia de um homem da família, ainda que seja um garotinho de cinco anos.

É lamentável que certas alas de inúmeras culturas religiosas (islâmicas, hinduístas, cristãs, judaicas, etc.), contribuam para esta visão retrógrada sobre a virgindade, sendo elas, ainda que indiretamente, as responsáveis pela matança e suicídio de muitas jovens. Ao invés de condenar, atiçam o ódio contra as mulheres em seus sermões antiquados, obsoletos e arcaicos. Não fazem nenhuma condenação ao homem – pode prevaricar à vontade –, ao contrário, reforçam a ideia de que ele é o dono do corpo e mente da mulher, levando-o a vangloriar de seu poder. Não precisa ser um sociólogo para descobrir que isso acontece principalmente nos lugares em que a vida financeira é gerida pelo homem, ficando a mulher à margem. E que me perdoem os santarrões, mas os dirigentes religiosos precisam cativar seus fiéis masculinos… Money is money!

 Fontes de pesquisa
Nunca se case com uma mulher de pés grandes/ Mineke Schipper
Livro dos provérbios, ditados, ditos populares e anexins/ Ciça Alves Pinto
Provérbios e ditos populares/ Pe. Paschoal Rangel

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OS BICHOS NA FALA DAS GENTES

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Sirvo-me dos animais para instruir os homens. (La Fontaine)

Os animais sempre serviram como fonte de aprendizagem para a humanidade, a começar pela presença desses nas fábulas de Esopo, Fedro, La Fontaine e Monteiro Lobato, entre. A natureza foi sempre um imenso laboratório para o conhecimento humano. E quanto mais observador for o indivíduo, mais aprenderá com os ensinamentos que ela lhe repassa inteiramente de graça. São inúmeras e preciosas as lições que ali se encontram à nossa disposição. Segundo o pesquisador Pe. Paschoal Rangel, “A vida dos animais são metáforas de nossa vida.”.

Eis alguns provérbios sobre animais:

  1. Filho de peixe, peixinho é.
  2. Boi sonso a marrada é certa.
  3. Cada macaco no seu galho
  4. Cão que ladra não morde.
  5. De noite todo gato é pardo.
  6. Desse mato não sai coelho.
  7. Ovo de cobra não gora.
  8. Uma cobra engole a outra.
  9. Um gambá cheira o outro.
  10. Tudo que vem na rede é peixe.
  11. Para quem é, bacalhau basta.
  12. Passarinho na muda não canta.
  13. Bode velho gosta de capim novo.
  14. Uma andorinha só não faz verão.
  15. Abelha que muito voa não faz mel.
  16. Quem não tem cão, caça como gato.
  17. Os cães ladram e a caravana passa.
  18. A cavalo dado não se olha os dentes.
  19. Camarão que fica parado a onda leva.
  20. Cobra que não anda, não engole sapo.
  21. Enquanto o gato dorme, o rato passeia.
  22. Galinha ciscadeira acaba achando cobra.
  23. Quem nasceu para tatu, morre cavando.
  24. Uma ovelha má põe o rebanho a perder.
  25. Caititu fora da manada é comida de onça.
  26. Todo galo valentão para a galinha é capão.
  27. Em terra de sapo mosquito não dá rasante.
  28. Xexéu e vira-bosta cada qual do outro gosta.
  29. Em terreiro de galinha barata não tem razão.
  30. Galinha que acompanha pato morre afogada.
  31. Macaco velho não mete a mão em cumbuca.
  32. Papagaio come milho e periquito leva a fama.
  33. Sapo não pula por boniteza, mas por precisão.
  34. Quando um burro fala, o outro baixa a orelha.
  35. Praga de urubu magro não mata cavalo gordo.
  36. Em casa de Gonçalo canta a galinha e cala o galo.
  37. Quem anda com perereca tem que aprender a pular.
  38. Antes burro que me leve, que cavalo que me derrube.
  39. Urubu quando está de azar, o de baixo suja no de cima.
  40. Deus te dê ao que deu ao bode: catinga, barba e bigode.
  41. Se tamanho fosse documento, elefante era dono de circo.

Fonte de pesquisa:
Provérbios e ditos populares/ Pe. Paschoal Rangel

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OS DITOS POPULARES E O TEMPO

Autoria de Lu Dias Carvalho

Se o tempo é o senhor da razão, como se diz popularmente, é bom saber que ele às vezes passa a perna na humanidade. Esquece-se tal sábio senhor que ninguém é Matusalém – personagem bíblico que dizem ter vivido 969 anos. Se dificilmente a grande maioria dos pobres humanos, não passam dos míseros 100 anos, como irá se lembrar de coisas do arco da velha? Para que o meu leitor não ache que estou a enfiar pum na linha, eu enxoto a cobra e mostro o rastro, mostrando-lhe mudanças que ocorreram com os ditos populares através dos anos:

1.“Batatinha, quando nasce, esparrama-se pelo chão…”.

Minha mãe declamava esses versinhos para mim, assim que comecei a dar os primeiros passos. Eu me levantava e abaixava, pegando as supostas batatinhas. E do mesmo jeito eu os ensinei a todas as criancinhas com quem brinquei (e continuo brincando). Mas que mundo atroz, não mais querem que a batatinha esparrame-se pelo chão, mas que apenas espalhe suas ramas. Um menininho me disse que dói a língua dizer: “Batatinha quando nasce, espalha as ramas pelo chão…”.

2.“Hoje é domingo, pé de cachimbo!”.

Confesso que desde menininha achei meio estranho esse tipo de árvore que dava cachimbo. Com o tempo, passei a imaginar que o pé do cachimbo fosse o tubo, aquela parte ligada ao fornilho, e através da qual se aspira o fumo. Meu avô sempre pedia aos netos para não pegarem na parte onde ficava o fumo, pois podiam queimar a mão, mas somente no pé do cachimbo.  Eis que, já adulta, descubro que o correto seria falar: “Hoje é domingo, pede cachimbo!”, ou seja, no dia de descanso as pessoas podiam fumar tranquilamente. Certamente não tinham conhecimento dos males nefastos causados.

  1. “Esse menino não para quieto, parece que tem bicho carpinteiro!”

Maneco sempre foi o mais desassossegado dos meus priminhos. Minha pobre tia Dudu não tinha um minuto de sossego. O menino era levado à breca. A todo momento ela bradava a expressão acima. E eu, na minha santa ingenuidade, achava que se referia ao bicho parecido com o cupim, que assolava os incautos carpinteiros no trato com a madeira. Mas já nos primeiros anos de estudo da língua portuguesa disseram-me que o correto seria dizer: “Esse menino não para quieto, parece que tem bicho no corpo inteiro!”. Assim, não existe o tal bicho carpinteiro.

4. “Cor de burro quando foge”.

Dias desses ganhei uma blusa com uma cor para lá de estrambótica, mas, como a cavalo dado não se olha os dentes, vesti-a uma vez, para que o doador visse, e deixei-a a dormitar no fundo da gaveta. Ao ser indagada sobre a cor da dita, veio-me à boca a expressão acima. E é claro que ninguém teve a menor noção de qual seria a sua tonalidade, ficando o dito por não dito. Mas não é que agora acabaram com essa cor fantasmal! O correto é dizer: “Corro do burro, quando foge!”.

  1. “Quem tem boca vai a Roma!”.

Eis aqui um dito que dá ao buscador uma grande dose de estímulo, quando procura obter uma informação. É até mais seguro do que o GPS, pois a instrução obtida é através do olho no olho. Já fui impulsionada por esse dizer vezes sem conta e jamais me dei mal. Mas, se algum inconformado achar que tudo deve ser “ipsis litteris”, mesmo que nunca tenha botado os pés na capital italiana, e seja chegado a vaias, que diga: “Quem tem boca, vaia Roma!”.

  1. “Cuspido e escarrado”

Sempre achei nojenta essa comparação. Se o fato de lançar saliva, onde quer que seja, já demonstra falta de educação, imagine expelir catarro. Nunca me aprouve comparar duas pessoas usando tais palavras, que para mim não passavam de um dito chulo, um xingamento mesmo. Já fiquei até mesmo sem falar com uma comadre de minha mãe,  quando essa assim me comparou à minha querida prima Zazá. Nós não merecíamos tal afronta, pois éramos menininhas muito gentis. Mas vale a pena ser: “Esculpido em Carrara!” que tem tudo a ver com arte.

  1. “Quem não tem cão, caça com gato!”.

Em minha casa sempre houve, pelo menos, dois gatinhos. Meu pai nutria um grande amor pelos bichanos, amor esse que também herdei. Embora sempre reprovasse o fato de ele e seus amigos caçarem, tirando a vida dos animaizinhos indefensos, ficava mais furiosa ainda quando mencionava tal ditado (abomino caçadores).  A verdade é que o tal ditado significa, na verdade, “Quem não tem cão, caça como gato!”.

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PROVÉRBIOS MUNDO AFORA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Os provérbios estão presentes em todas as culturas. Embora escritos com termos diferentes, ao final, a maioria deles parece originária da mesma fonte. Em relação aos provérbios populares, o mundo sempre foi uma aldeia global. Vejam alguns e de onde vieram:

  1. A arte de agradar é a arte de enganar. (França)
  2. A ausência dele é uma boa companhia. (Escócia)
  3. A justiça anda a pé e o crime a cavalo. (Brasil)
  4. Agarre a oportunidade pelas barbas, porque  suas costas são calvas. (Bulgária)
  5. Aquele que não sabe e não sabe que não sabe é um tolo; afaste-se dele. (Ásia)
  6. As botas do diabo não chiam. (Escócia)
  7. As más ações são como o perfume – é difícil escondê-las. (África do Norte)
  8. As pessoas superiores são governadas pela ética; as demais, pela lei. (China)
  9. Bate em tua mulher todas as noites, se não sabes o porquê, ela o sabe. (Irã)
  10. Cada qual deve remar com os remos de que dispões. (Inglaterra)
  11. Cada um sabe onde lhe aperta o sapato. (Francês)
  12.  Confia em Alá, mas amarra o teu camelo. (Arábia Saudita)
  13. Corte o pano conforme a roupa. (China)
  14. Dois passos no abismo são fatais. (China)
  15. É melhor ser um ratinho na boca de um gato, que um homem nas mãos de um advogado. (Espanha)
  16. Em casa de saci, uma calça serve para dois. (Brasil)
  17. Em Roma, sê romano. (Itália)
  18. Empreste dinheiro a um mau pagador e ele o odiará. (China)
  19. Encontre uma atividade que lhe dê prazer e nunca terá que trabalhar. (EUA)
  20. Estupidez e soberba crescem sobre a mesma tora. (Alemão)
  21. Mais vale um mau acordo que uma boa demanda. (França)
  22. Não insulte a mãe do jacaré, antes de ter atravessado o rio. (Haiti)
  23. Não use uma machadinha para remover uma borboleta da testa de seu amigo. (China)
  24. Noiva mais rica casa mais cedo. (EUA)
  25. Nunca se sente na cadeira de um homem que pode lhe dizer “levante” (Arábia Saudita)
  26. Nunca tente apanhar duas rãs com uma só mão. (China)
  27. O advogado e a roda de trem devem ser sempre engraxados. (Alemanha)
  28. O homem explora o homem; sob o comunismo é o contrário. (Russo)
  29. O ladrão não vai para a cadeia porque roubou, mas porque foi pego. (Rússia)
  30. Onde está o lucro é que o prejuízo se esconde. (Japonês)
  31. Ore para Deus, mas continue remando para a praia. (Rússia)
  32. Para fazer inimigos, fale; para fazer amigos, ouça. (EUA)
  33. Qual é a importância de correr, se você não estiver no caminho certo. (Alemanha)
  34. Quando a cama quebra, temos o chão para dormir. (Índia)
  35. Quem é rico não precisa economizar, e quem economiza não precisa ser rico. (EUA)
  36. Quem mente a favor de uma pessoa, será capaz de mentir contra ela. (Bósnia)
  37. Quem não pode suportar o mal, não viverá para ver o bem. (Israel)
  38. Se há vontade, há caminho. (EUA)
  39. Se vai executar sua vingança, cave duas sepulturas. (China)
  40. Terminada a partida, o rei e o pião voltam para a mesma caixa. (Itália)
  41.  Trabalhe como se tudo dependesse de você; reze como se tudo dependesse de Deus. (EUA)
  42. Um galo canta melhor no seu próprio esterco. (Inglaterra)
  43. Um hóspede vê mais em uma hora que o anfitrião em um ano. (Polonês)
  44.  Um mar tranquilo jamais produziu um hábil marinheiro. (Inglaterra)
  45. Vá e desperte a sorte. (Irã)

Fontes de pesquisa:
Provérbios e ditos populares/ Pe. Paschoal Range
Entre palavras/ Nereu Cesar de Moraes
A sabedoria condensada dos provérbios/ Nelson Carlos  Teixeira

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