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Assuntos diversos

A Rev. dos Bichos (14) – CONFISSÕES E EXECUÇÕES

Autoria de Lu Dias Carvalho

123Como nem homem e nem bicho podem domar o tempo, ventos fortíssimos e muita água abateram sobre a Granja dos Bichos. A umidade era tamanha que se tornara impossível até mesmo misturar cimento para dar continuidade ao trabalho do moinho. Certa noite, a tormenta desceu com tudo, destelhando o celeiro e sacolejando os galpões. Ao longe, um som esquisito ecoou. Depois, tudo foi se aquietando de modo a deixar os bichos dormirem. Mas pela manhã, o susto foi brutal. O moinho não resistira à tempestade.

Entre os políticos é muito comum jogar a culpa de suas más atuações nos outros, quando não as escondem deliberadamente. E o mesmo estava se dando na Granja dos Bichos. Não querendo mostrar como fora irresponsável na construção do moinho, Napoleão tratou de arranjar um culpado. Nenhum outro seria melhor para receber tal encargo do que Bola de Neve que não estava lá para se defender. E assim se explicou o líder:

– O moinho foi destruído na calada da noite por Bola de Neve que é hoje o nosso maior inimigo. Ele está cheio de vingança contra todos nós. Suas pegadas estão espalhadas por aqui. Vejam só!  Resta-me, portanto, decretar a sua morte. Mas iremos reconstruir tudo de novo.

Como o povo, digo, os bichos são ingênuos! Nem mais se lembravam das palavras de Bola de Neve. Não questionaram ou refletiram sobre o que lhes dissera Napoleão. Tampouco foram capazes de deduzir que aquelas pegadas eram muito novas no local, ou que as paredes do moinho eram muito finas. O fato é que os animais tiveram que trabalhar mais ainda, com frio e com fome, enquanto Garganta tratava de engabelar os bichos com seus discursos sobre a dignidade do trabalho e coisa e tal.

Desde a queda do moinho para frente, tudo que acontecia de malfeito era obra de Bola de Neve: roubava milho, derramava o leite, quebrava os ovos, destruía viveiros e sementes, comia o córtex das árvores frutíferas, quebrava janelas, entupia drenos. E os próprios animais começaram a testemunhar que viram Bola de Neve fazer isso ou aquilo. Os porcos até inventaram que o pobre porco era, desde o início da Revolução, um aliado do senhor Jones, o que deixou os bichos ainda mais embasbacados. Alguns animais foram instados a confessar que tiveram encontros secretos com Bola de Neve. Para dar maior realismo à armação, houve muitas confissões e execuções. Até então, nenhum animal matara outro, nem mesmo um rato.

Dali em diante a vida jamais voltaria a ser a mesma. É isso que veremos a seguir.

Fonte de pesquisa:
A Revolução dos Bichos/ George Orwell

Nota:  Imagem copiada de apanaceiaessencial.blogspot.com

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A Rev. dos Bichos (13) – MANDAMENTOS TRAÍDOS

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Para decepção dos moradores da Granja dos Bichos, o intelectual Napoleão anunciou que reatariam contato com os humanos, comercializando os produtos da granja: feno e trigo e, se fosse necessário, também ovos. Aquele sacrifício seria feito em prol do moinho, de modo que todos deveriam se sentir agradecidos por ajudar. Principalmente as galinhas que sacrificariam seus ovos. Os animais, porém, sentiram-se incomodados com tal decisão, pois os Sete Mandamentos rezavam que não poderiam fazer comércio, utilizar dinheiro e ter quaisquer contatos com os humanos. Quatro jovens porcos ainda tentaram protestar, mas o rosnado dos cães de Napoleão fechou-lhes a boca. E, para validar a nova postura do chefe, Garganta, o puxa-saco,  afirmava para os bichos que nunca havia sido aprovado na granja que não se podia fazer comércio, usar dinheiro e coisa e tal. Tudo não passava de invencionices de Bola de Neve. E, como não havia nada escrito sobre o assunto, os animas se conscientizaram de que se trava mesmo de um engano.

Neste ponto da história, eu comecei a me condoer dos habitantes da Granja dos Bichos. Aos poucos aquilo ia se tornando cópia fiel do mundo dos homens. Quanta desgraça já não fora feita em nome do progresso? Quantas ditaduras já não criaram vida, pelos mais diferentes governos, em nome da economia? Quantos ganhos já não foram subtraídos do povo, em nome do crescimento do país? Quantas promessas feitas já não foram desfeitas, sob o argumento de que o povo entendera mal? Quantas vezes chamaram o povo para o sacrifício em nome do bem comum, até ser descoberto que “eles” em nada se sacrificavam, ao contrário, esbanjavam os bens do país? Quantas vezes não interpretaram a bel-prazer a Carta Maior da nação, apenas para obterem benefícios direcionados a eles próprios? Napoleão estava a usar sua gente, embevecido com o poder que detinha, ainda que tal poder viesse do medo das dentadas de seus ferozes cães.

E como desgraça pouca é bobagem, os bichos ficaram pasmados ao tomarem conhecimento de que os porcos haviam se mudado para a casa-grande, onde vivera Jones e sua família. Garganta, o porta-voz dos “intelectuais”, ficou a cargo de dar as devidas explicações:

– Os porcos, como cérebros pensantes da Granja dos Bichos, precisam de um local calmo para trabalhar. Além disso, o grande Líder não poderia continuar vivendo numa pocilga. Quanto ao fato de os porcos dormirem em camas, é bom que nos lembremos de que as nossas leis dizem respeito apenas aos “lençóis” que são uma invenção humana. Retiramos todos os lençóis das camas, deixando apenas os cobertores. Tenho a certeza de que todos vocês, meus camaradas, querem o bem de nosso grande Líder e também o de todos os porcos, pois não podemos nos cansar a ponto de não dar conta de tão nobre missão. Vocês nem imaginam o quanto é difícil pensar e dirigir esta granja, por isso, passaremos a nos levantar uma hora mais tarde do que os demais. De forma que, nós porcos, contamos com a compreensão de todos.

O povo, digo, os bichos aceitaram tudo pacificamente, como se fossem realmente inferiores aos porcos, e assim, também pensam os pobres entre os homens. Se não possuíam inteligência, cabia-lhes, portanto, o serviço pesado. Estavam ali para servir e serem mandados, por bem ou pelos dentes afiados dos cães que protegiam a casta dos porcos. E, mesmo quando Quitéria achou que o mandamento que dizia: Nenhum animal dormirá em cama, recebera o acréscimo de “com lençóis”, nada foi feito, pois, ela na sua ingenuidade pensara estar com a memória fraca e que sempre fora aquilo mesmo.

O que mais poderia aguardar os tolos da Granja dos Bichos, diante da prepotência do líder Napoleão?

Fonte de pesquisa:
A Revolução dos Bichos/ George Orwell

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A Rev. Dos Bichos (12) – NENHUM ANIMAL ROUBAVA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Todos os trabalhadores têm consciência de que, quando o fruto do trabalho resulta em benefício para eles próprios, além de ser mais produtiva a faina também se torna mais prazerosa. E foi exatamente isso que aconteceu com os bichos, pois sabiam que os negligentes e aproveitadores humanos, não iriam lhes roubar o fruto da labuta. E, por isso, davam de si tudo que podiam em benefício da Granja dos Animais.

Como vimos anteriormente, após a expulsão covarde de Bola de Neve, o astuto Napoleão assumiu todo o comando, ficando senhor absoluto de todas as ordenanças, que fazia passar como se fossem “sugestões democráticas”. E foi assim que sugeriu aos bichos um trabalho voluntário, ou seja, cada um poderia aceitá-lo ou não, mas aquele que dele não participasse teria sua ração diminuída. Com tão benevolente proposta, ninguém ousou ficar de fora dos trabalhos feitos nas tardes de domingo.

A construção do moinho de vento estava cada vez mais trabalhosa, apresentado um sem número de dificuldades. Os animais não se ajustavam ao trabalho de quebrar pedras. As ferramentas não se adequavam ao físico deles. O único jeito seria aproveitar a gravidade. Como muito sacrifício, enormes pedras eram arrastadas até o cume da pedreira, e de lá eram jogadas para que se espatifassem ao cair. Coisa que nem sempre acontecia. O serviço era tão brutal, que até os porcos resolveram ajudar, deixando de lado a intelectualidade. Sansão, como sempre, trabalhava incansavelmente, como se fora três cavalos.

Mais um inverno fazia-se presente. Embora os animais não tivessem alimentos armazenados com fartura, tinham o suficiente para passarem aquela gélida estação, sem falar que, como nenhum animal roubava, nem mesmo houve necessidade de se colocar cercas e porteiras nas pastagens. A confiança era a base da vida na granja. Além disso, os animais sabiam que não seriam usurpados pelos esbanjadores humanos, que se nutriam do resultado do trabalho alheio. Para minha tristeza, constato que a crítica, feita pelos bichos ao Homem, continua firme nos dias de hoje, entre os próprios homens: o povo trabalha até não mais poder e vê os políticos usufruírem daquilo que conseguiu com muito suor, sem ao menos ser consultado. E pior, quase sempre em benefício próprio.

O verão chegou trazendo alguns problemas: a falta de óleo de parafina, pregos, corda, biscoitos para os cachorros e ferraduras para os cavalos. Não havia como fabricá-las na granja. Depois houve a falta de sementes, adubo artificial, maquinaria para o moinho de vento, etc. O que fará Napoleão, como chefe intelectual do grupo? Que rumos tomarão os animais diante de tal dilema? Como ficará a filosofia Animalista? E isso que veremos no próximo capítulo.

Fonte de pesquisa:
A Revolução dos Bichos/ George Orwell

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A ARTE NATURALISTA DE MARIANNE NORTH

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A arte de retratar a natureza, já conhecida desde o Renascimento, foi de suma importância para a ciência, pois reproduzia com precisão as estruturas dos organismos, num grau tal de perfeição, que nem mesmo a fotografia poderia oferecer. O século XIX foi, sem dúvida, o apogeu da pintura naturalista. E, como não poderia deixar de ser, o Brasil foi um cenário propício para os artistas envolvidos com esse tipo de arte. Artistas famosos, como o alemão Rugendas e francês Dubret, aqui aportaram, não conseguiram deixar um acervo tão rico sobre a natureza de nosso país como o de Marianne North.

Marianne North, após a morte de sua mãe, em 1855, passou a viajar com seu pai, então membro do parlamento inglês e, com a morte desse, optou por seguir o seu desejo inicial de pintar a flora e a fauna de países distantes. Assim, a pintora inglesa, solteirona convicta, depois dos seus 40 anos tornou-se uma artista itinerante, dando volta ao mundo por três vezes, retratando as maravilhas naturais que encontrava: paisagens, vegetação e animais.

Marianne começou suas viagens pelo Canadá, depois Estados Unidos e Jamaica. A seguir veio para o Brasil. Em uma excursão por Minas Gerais, nos idos de 1870, ouviu de um padre o desejo que ele nutria por criar um museu de história natural e dar aulas sobre o assunto. O apelo tocou-a, pois um país que tinha diante de si tamanha exuberância em relação ao número de plantas e animais, muitos deles ainda desconhecidos, não poderia ignorar a importância do tema, cabendo a tarefa a estudiosos estrangeiros.

Foi no nosso país que a artista inglesa sentiu o desabrochar de sua arte na representação da natureza tropical com desenhos meticulosos e de cores vibrantes, realizados em cabanas, no meio das florestas. Mas, infelizmente, seu trabalho permaneceu oculto por mais de um século, enclausurado numa galeria do jardim botânico de Kew, próximo a Londres, galeria essa construída sob a supervisão da artista.

As pinturas de Marianne sobre a natureza tropical brasileira foram feitas entre os anos de 1872 e 1873, num total de 112 obras que agora, depois de uma restauração geral, ganharam uma edição. No livro, já presente no mercado brasileiro, o historiador Júlio Bandeira apresenta as andanças da artista pelo Brasil e trechos de sua autobiografia que referem ao país: impressões sobre a fauna e a flora em suas passagens por Minas Gerais e pelo Rio de Janeiro, assim como os modos do povo. Margaret Mee foi outra artista inglesa que trabalhou na Amazônia, a partir de 1956.

O cânone da pintura naturalista rezava que a representação de plantas e de animais deveria ser estática, contudo, Marianne não se prendeu a essa regra, ao dar movimento ao que pintava, sendo seu trabalho elogiado pelo amigo naturalista Charles Darwin. Inclusive, foi por sugestão do amigo que ela partiu para a Oceania, em 1880 e, por um ano, retratou imagens da Austrália e da Nova Zelândia.

Marianne North também se destacava dos artistas naturalistas ao usar tinta a óleo em suas pinturas, ao invés de guache ou aquarela. A sua opção pela tinta, além de salientar as cores de seus trabalhos, ainda permitiu que sua obra tivesse um desgaste pelo tempo bem menor.

Um dos lados tristes da história dessa singular artista itinerante foi o fato de que a sua arte foi também foi responsável pela sua morte. Marianne morreu envenenada, aos 59 anos, em 1890, pela tinta a óleo.

Os diários da artista foram publicados após sua morte. Neles, ela fala sobre suas viagens através das “estradas lamacentas” do Brasil. Nem todos os seus escritos foram revelados, estando os originais ainda sob a guarda da família.

Pintura
ma das imagens que ilustram este texto traz beija-flores sugando o néctar de uma paineira-rosa. À época, ver um passarinho enfiando o bico numa flor era tido como “pura pornografia”. Coisa que Marianne não levou em conta.

Livro: A Viagem ao Brasil de Marianne North
Editora Sextante

Fontes de pesquisa:
Revista Veja/ 23-01-2013
Wikipedia

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A Rev. dos Bichos (11) – BOLA DE NEVE X NAPOLEÃO

Autoria de Lu Dias Carvalho

P12A Granja dos Animais não vivia bons tempos com a chegada da seca. A terra estava impossível de ser trabalhada. Intensificaram-se as reuniões no celeiro. Mais uma vez os porcos arvoraram-se na sua capacidade intelectual para resolverem os problemas inerentes à política agrícola da granja, com o assentimento dos outros bichos, pois, na terra de cego quem tem um olho só é rei, sem falar nos omissos, cuja filosofia é “tanto faz como tanto fez”.

As coisas teriam andando a contento, se a rivalidade entre os dois maiorais, Bola de Neve e Napoleão, não tivesse chegado a um patamar insuportável. Estavam naquele pé em que dois bicudos não se beijam. Porém, não se pode negar que Napoleão era o mais invejoso, despeitado e belicoso. Qualquer animal que tivesse um mínimo de perspicácia compreenderia que as coisas não terminariam bem entre os dois. Assim como acontece com os homens, o poder era disputado a unhas e dentes. A princípio, a disputa era encoberta por certa névoa, até se tornar clara para quem quisesse tomar partido. E foi isso que aconteceu. Alguns bichos ficaram ao lado de Bola de Neve, enquanto outros bandearam para o lado de Napoleão. O primeiro obtinha a maioria de aliados através de seus discursos, e o segundo, nos conluios.

Assim como os homens, os dois outrora amigos porcos, em tempo de vacas magras, quando eram escravizados pela tirania de Jones, comiam no mesmo coxo e dividiam os mesmos ideais, mas, a partir do momento em que as coisas começaram a prosperar na granja, o poder subiu-lhes à cabeça, de modo que o lugar começou a ficar pequeno para os dois narizes de tomada elétrica. E eu fico cá pensando na semelhança desta história com a dos partidos políticos criados pelos homens. A princípio, seus criadores dizem-se imbuídos dessa e daquela filosofia, tudo para o bem do povo e coisa e tal. Depois, passam a saltitar entre um partido e outro, à cata daquele que possa lhe trazer maior ganho pessoal e destaque. E o povo? Fica a ver navios! Foi para a Cucuia.

O fato é que Bola de Neve pensou em construir um moinho de vento para gerar eletricidade para a Granja dos Animais. Já com todo o planejamento pronto, a princípio, só encontrou desinteresse por parte de Napoleão que manipulou para angariar adeptos, e, consequentemente, a granja foi dividida em duas facções. Havia também o problema com a defesa da granja. Napoleão achava que os animais deveriam usar armas de fogo, enquanto Bola de Neve defendia que deveriam enviar mais pombos para propagar a Revolução entre os bichos de outras granjas, de modo a fazê-los se rebelar e, assim fortalecidos, não haveria necessidade de armamentos.

O dia D foi aquele em que Bola de Neve apresentou os planos do moinho de vento, sendo rebatido por Napoleão que, ao perceber que todos iriam concordar com seu inimigo, fez entrar no local seus guarda-costas. E quem eram eles? Nada mais, nada menos do que aqueles cãezinhos que ele prometera cuidar, lá no início da história. O fato é que os animais pularam sobre Bola de Neve que teve que fugir às pressas em direção à estrada. Os homens também são assim, quando lhes falta a capacidade de vencer com argumentos, democraticamente, partem para a violência.

A partir da fuga de Bola de Neve, Napoleão assumiu o comando da granja. Os bichos, amedrontados, tinham medo até de abrir o bico ou balançar o rabo. Garganta ficou ainda mais falante e atrevido. Encarregou-se de desmerecer todos os feitos de Bola de Neve, pois rei posto é rei morto tanto lá como cá. Disse até que a ideia da construção do moinho era de seu novo chefe, tendo sido roubada pelo escorraçado. Agora, levaria avante o seu plano, sem a presença do pernicioso, mau-caráter e antigo amigo. O que poderia acontecer daí para a frente?

(*) Imagem copiada de apanaceiaessencial.blogspot.com

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CINQUENTA TONS… – E.L. JAMES

Autoria de Lu Dias Carvalho

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As mulheres não querem e não devem ser submissas. Mas estamos falando aqui do que acontece no quarto, a portas fechadas. (E.L. James)

O livro trata de uma relação consensual entre dois adultos. Não me incomoda que apliquem a palavra “porn” a ele, porque ela perdeu todo o sentido de pornografia de fato, no seu cunho abjeto e explorativo. Hoje em dia tudo é “porn”. (E.L. James)

Não quero nem imaginar meus garotos lendo Cinquenta Tons. Nem eles, claro: mãe e sexo são duas ideias que não vão bem juntas. (E.L. James)

Os livros fazem parte de um universo bem complexo em que muitas vezes não sabemos o que leva esse ou aquele a fazer um tremendo sucesso. E por falar nisso, trazendo alguns sucessos mais recentes, quem não se lembra da febre infantojuvenil de Harry Porter, de J.K. Rowling? Ou das conspirações de O Código Da Vinci, de Dan Brown? Ou ainda do romantismo adolescente gótico de Crepúsculo, de Stephenie Meyer? A trilogia erótica Cinquenta Tons (Cinquenta Tons de Cinza, Cinquenta Tons Mais Escuros, Cinquenta Tons de Liberdade), que mescla romantismo com sadomasoquismo, é um desses fenômenos inexplicáveis, pelo menos para quem gosta de uma boa leitura.

E.L. James é uma escritora londrina, filha de mãe chilena e pai escocês, que ainda não chegou aos 50 anos. É casada e possui dois filhos adolescentes. Ela mesma está surpresa com o sucesso que se iniciou como uma brincadeira na internet, inspirada na série Crepúsculo que tem como alvo o público adolescente. Ela explica que começou escrevendo sobre dois personagens que lhe vieram à cabeça, por mero acaso, e foi sendo conduzida pela história deles.

A hoje escritora da trilogia Cinquenta Tons era antes gerente de produção de TV onde, segundo ela, estava se sentindo muito infeliz e, ao ver o primeiro filme da série Crepúsculo, ficou tão encantada que pediu ao marido o livro de presente, e acabou ganhando toda a série. Foi então que começou a escreverpara se consolar da insatisfação no seu trabalho. E o que era apenas uma válvula de escape foi ganhando forma. Mas esses livros ainda não foram publicados. O primeiro trata-se de um romance erótico e o segundo tem como tema elementos sobrenaturais, bem diferentes de Cinquenta Tons.

Segundo E.L. James, ela descobriu na internet sites em que fãs de determinado livro (fan fiction) escrevem contos ou livros tomando o original como inspiração. E foi aí que nasceu a sua vontade de escrever Cinquenta Tons, somente como passatempo. O primeiro livro, Cinquenta Tons de Cinza, foi publicado em forma de “e-book” ou de edição impressa sob encomenda, por uma pequena editora australiana. O sucesso chegou sem que ela se desse conta, sendo hoje disputada pelas editoras gigantescas do mercado.

Cinquenta Tons, escrito de uma forma bem simples e de fácil compreensão, sem nenhuma preocupação para com as convenções literárias, conta a história do jovem milionário Christian Gray que se apaixona pela estudante Anastasia Steele (ou Ana), que ainda é virgem. Mas, ao contrário de Crepúsculo, os protagonistas da trilogia são responsáveis por cenas de sadomasoquismo, descritas nos mínimos detalhes, em que Christian domina Ana sexualmente. A combinação estranha de romantismo e sadomasoquismo deu origem ao novo termo inglês “mommy porn” (pornô para mamães).

Uma das críticas feitas à trilogia reside no fato de que na relação a dois é o macho, Christian, quem submete a fêmea, Ana, à dominação sexual. Mas a escritora rebate que a submissão da personagem só se dá no quarto, a quatro paredes, com Ana experimentando coisas diferentes com seu companheiro. Ela não aceita o rótulo de que esteja contribuindo para um atraso na condição da mulher, como vem sendo dito. Segundo ela, as mulheres ainda não estão preparadas para lidar com o sadomasoquismo, que ainda é um tabu dentro da sociedade. E alude a isso como um dos fatores de sucesso de seus livros.

A escritora reclama de que a imprensa norte-americana e o público veem a trilogia Cinquenta Tons como “escandalosamente pornográfica”, como se o sexo não fosse descrito na ficção romântica americana. Para ela, isso se deve à presença do sadomasoquismo na obra, embora ela se refira ao assunto ligeiramente, bem distante do que acontece na realidade.

Os fãs de Cinquenta Tons de Cinza já podem aguardar o filme que será feito com a supervisão da autora.

Sinopses da trilogia:

Cinquenta tons de cinza
Quando Anastasia Steele entrevista o jovem empresário Christian Grey, descobre nele um homem atraente, brilhante e profundamente dominador. Ingênua e inocente, Ana se surpreende ao perceber que, a despeito da enigmática reserva de Grey, está desesperadamente atraída por ele. Incapaz de resistir à beleza discreta, à timidez e ao espírito independente de Ana, Grey admite que também a deseja — mas em seus próprios termos. Chocada e ao mesmo tempo seduzida pelas estranhas preferências de Grey, Ana hesita. Por trás da fachada de sucesso — os negócios multinacionais, a vasta fortuna, a amada família —, Grey é um homem atormentado por demônios do passado e consumido pela necessidade de controle. Quando eles embarcam num apaixonado e sensual caso de amor, Ana não só descobre mais sobre seus próprios desejos, como também sobre os segredos obscuros que Grey tenta manter escondidos.

Cinquenta tons mais escuros
Assustada com os segredos obscuros do belo e atormentado Christian Grey, Ana Steele põe um ponto final em seu relacionamento com o jovem empresário e concentra-se em sua carreira, trabalhando numa editora de livros. Mas o desejo por Grey domina cada pensamento de Ana e, quando ele propõe um novo acordo, ela não consegue resistir. Em pouco tempo, Ana descobre mais sobre o angustiante passado de seu amargurado e dominador parceiro do que jamais imaginou ser possível. Enquanto Christian tenta se livrar de seus demônios interiores, Ana se vê diante da decisão mais importante da sua vida.

Cinquenta Tons de Liberdade
Quando a ingênua Anastasia Steele conheceu o jovem empresário Christian Grey, teve início um sensual caso de amor que mudou a vida dos dois irrevogavelmente. Chocada, intrigada e, por fim, repelida pelas estranhas exigências sexuais de Christian, Ana exige um comprometimento mais profundo. Determinado a não perdê-la, ele concorda. Agora, Ana e Christian têm tudo: amor, paixão, intimidade, riqueza e um mundo de possibilidades a sua frente. Mas Ana sabe que o relacionamento não será fácil, e a vida a dois reserva desafios que nenhum deles seria capaz de imaginar. Ana precisa se ajustar ao mundo de opulência de Grey sem sacrificar sua identidade. E ele precisa aprender a dominar seu impulso controlador e se livrar do que o atormentava no passado. Quando parece que a força dessa união vai vencer qualquer obstáculo, a malícia, o infortúnio e o destino conspiram para transformar os piores medos de Ana em realidade.

Fonte de pesquisa:
Revista Veja/ 9-01-2013
Sinopses da Editora Intrínseca

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