Arquivo da categoria: Livros

Assuntos diversos

COMO SURGIU “ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS”

Autoria de Lu Dias Carvalho

Mojica1

A fotografia acima, feita pelo fotógrafo Charles Lutwidge Dodgson, é da garotinha Alice Liddel, sua modelo. Recebeu o nome de A Pequena Mendiga. Ela posou quando tinha 7 anos, em 1859.

Alice traz um corte de cabelo masculino, incomum para a época e tem os pés descalços. Naquela época, pés descalços tinham duplo significado: pobreza ou disponibilidade sexual. Seu olhar desafiante olha diretamente para o observador. Ela se encontra diante de um muro de pedras, já bem gasto pelo tempo, o que contrasta com a delicadeza de sua pele. A mão direita da garota, em formato de concha, mostra a sua condição de pobreza. Suas vestes estão rotas.

Além de posar para Charles, Alice Liddel teve uma grande influência em sua vida: inspirou a série Alice, embora a menina da ilustração do livro não se pareça com ela.

Tudo aconteceu de uma forma muito interessante. Quando viajava de barco através do Tâmisa, tendo Alice e suas irmãs Lorina e Edith como companhia, Charles Lutwidge Dodgson, para entreter as crianças, inventou uma história sobre uma garotinha que caíra na toca de um coelho, em um mundo de fantasias. Alice então pediu ao fotógrafo que escrevesse aquela história.  Cedendo aos caprichos da garota, Charles escreveu a história, dando-lhe o nome de As Aventuras de Alice Debaixo da Terra, e lhe deu de presente de Natal, em 1864. No ano seguinte, influenciado pelos amigos, Charles publicou o livro com o nome de Alice no País das Maravilhas, tendo ele o pseudônimo de Lewis Carroll, também fez o acréscimo de novos episódios, introduzindo novos personagens como o Chapeleiro Maluco e o Gato de Cheshire.

Assim nasceu Alice no País das Maravilhas, tornando-se um clássico da literatura infantil, sendo lido por adultos, jovens e crianças. A sequência do livro chama-se Alice do Outro Lado do Espelho.

Fontes de pesquisa:
Tudo sobre fotografia/ Editora Sextante
Wikipédia

Views: 7

CONHEÇA BONS LIVROS INFANTIS

Autoria de Lu Dias Carvalho viet12

Leiam. Porque nada atinge tanto a imaginação de uma criança quanto um bom livro. (Lygia Bojunga)

A ilustração é fundamental. Ela é o convite para a leitura. (Ziraldo)

Nos dias atuais, é uma constante ouvir de pais e professores que os adolescentes,  não gostam de ler. O problema encontra-se, principalmente, na bagagem que o adolescente leva de sua infância. Atribuo isso a três fatores fundamentais:

  1. a falta de exemplo em casa, com pais que não são chegados à leitura de livros;
  2. a falta de incentivo à criança, ainda pequenina, com os familiares lendo livros para elas, levando-as a entrarem no universo do faz de conta, estimulando-lhes a imaginação e a criatividade.
  3. a escolha de livros difíceis, longos e tediosos, por parte dos professores, no Ensino Fundamental.

Quanto às crianças, sei que não tem sido fácil para os pais, ou para quem deseja presentear com um bom livro infantil, escolher entre os milhares que se encontram no mercado, pois, anualmente, cerca de 2 mil títulos nacionais chegam ao mercado brasileiro, sem falar nos estrangeiros. Só os Estados Unidos lançam cerca de 4 mil títulos a cada ano. Foi pensando nesse mundaréu de títulos que deixam crianças e adultos indecisos, é que a Revista Crescer, com o apoio de um grupo de especialistas em literatura e de pessoas ligadas à literatura infantil, elaborou uma lista de excelentes livros, onde entram poesia, conto e prosa.  Abrangendo do clássico ao contemporâneo A indicação da idade trata-se apenas de uma referência para os pais, pois vai depender da maturidade da criança em questão. E, para a nossa alegria, Reinações de Narizinho foi o primeiro da lista. Agora, não é mais possível dizer que não sabe que livro infantil irá escolher para presente.

  1. Reinações de Narizinho I e II / Monteiro Lobato (A partir de 6 anos)
  2. Bisa Bia, Bisa Bel / Ana Maria Machado (A partir de 7 anos)
  3. A Bolsa Amarela / Lygia Bojunga (A partir de 8 anos)
  4. Marcelo, Marmelo, Martelo e Outras Histórias / Ruth Rocha (A partir de 6 anos)
  5. Ou Isto ou Aquilo / Cecília Meireles (A partir de 4 anos)
  6. Contos de Grimm / Wilhelmen e Jacob Grimm (A partir de 4 anos)
  7. Flicts / Ziraldo (A partir de 4 anos)
  8. Contos de Andersen / Hans Christian Andersen (A partir de 4 anos)
  9. O Menino Maluquinho / Ziraldo (A partir de 7 anos)
  10. Alice no País das Maravilhas / Lewis Carrol (A partir de 9 anos)
  11. A Chave do Tamanho / Monteiro Lobato (A partir de 6 anos)
  12. Caçadas de Pedrinho / Monteiro Lobato (A partir de 6 anos)
  13. Memórias de Emília / Monteiro Lobato (A partir de 6 anos)
  14. Os Doze Trabalhos de Hércules / Monteiro Lobato (A partir de 8 anos)
  15. Menina Bonita de Laço de Fita / Ana Maria Machado (A partir de 4 anos)
  16. Da Pequena Toupeira Que Queria Saber Quem Tinha Feito Cocô na Cabeça Dela / Werner Holzwarth (A partir dos 3 anos)
  17. O Reizinho Mandão / Ruth Rocha (A partir de 6 anos)
  18. Adivinha Quanto Eu Te Amo / Sam McBratney (A partir de 4 anos)
  19.  Mania de Explicação / Adriana Falcão (A partir de 6 anos)
  20. A Casa Sonolenta / Audrey Wood (A partir dos 3 anos)
  21. Oh! / Josse Goffin (A partir dos 2 anos)
  22. O Homem que Amava Caixas / Stephen Michael King (A partir de 4 anos)
  23. A Moça Tecelã / Marina Colasanti (A partir de 10 anos)
  24. A Bruxa Salomé / Audrey Wood (A partir de 4 anos.
  25. Bruxa, Bruxa, Venha à Minha Festa / Arden Druce (A partir de 3 anos)
  26. A Bruxinha Atrapalhada / Eva Furnari (A partir de 4 anos)
  27. Cena de Rua / Ângela Lago (A partir de 10 anos)
  28. Olívia / Ian Falconer (A partir de 3 anos)
  29. A Arca de Noé / Vinícius de Moraes (A partir de 4 anos)
  30. Jardins / Roseana Murray (A partir de 6 anos)
  31. Exercícios de Ser Criança / Manoel de Barros (A partir dos 7 anos)
  32. Um Caldeirão de Poemas / Tatiana Belinky (A partir de 6 anos)
  33. O Cavalinho Azul / Maria Clara Machado (A partir de 4 anos)
  34. Pluft, o Fantasminha/O Dragão Verde / Maria Clara Machado (A partir de 10 anos)
  35. A Vida Íntima de Laura / Clarice Lispector (A partir de 5 anos)
  36. O Pote Vazio / de Demi (A partir de 4 anos)
  37. Guilherme Augusto Araújo Fernandes / Mem Fox (A partir de 4 anos)
  38. Os Bichos Que Tive, Memórias Zoológicas / Sylvia Orthof (A partir de 7 anos)
  39. A Fantástica Fábrica de Chocolate / Roald Dahl (A partir de 7 anos)
  40. A História Sem Fim / Michael Ende (A partir de 10 anos)
  41. História Meio ao Contrário / Ana Maria Machado (A partir de 6 anos)
  42. A Casa da Madrinha / Lygia Bojunga (A partir de 10 anos)
  43. Armazém do Folclore / Ricardo Azevedo (A partir de 6 anos)
  44. O Sofá Estampado / Lygia Bojunga (A partir de 10 anos)
  45. Peter Pan e Wendy / J. M. Barrie (A partir de 8 anos)
  46. A Ilha do Tesouro / Robert Louis Stevenson (A partir de 8 anos)
  47. Fábulas / La Fontaine (A partir de 10 anos)
  48. Pinóquio / Carlo Collodi (A partir de 7 anos)
  49. Contos de Perrault / por Fernanda Lages de Almeida (A partir de 5 anos)
  50. Fábuldas de Esopo / tradução de Heloisa Jahn (A partir de 9 anos)
  51. Indez / Bartolomeu Campos de Quirós (A partir de 10 anos)
  52. Contos Tradicionais do Brasil / Luís da Câmara Cascudo (A partir de 10 anos)
  53. Os Meninos da Rua Paulo / Ferenc Molnár (A partir de 10 anos)
  54. A Terra dos Meninos Pelados / Graciliano Ramos (A partir dos 10 anos)
  55. A Fada que Tinha Ideias / Fernanda Lopes de Almeida (A partir de 10 anos)

Fonte de Pesquisa:
Revista Crescer, nº 151 / Editora Globo

Views: 0

FREI CHICO – CULTURA E RELIGIOSIDADE

Autoria de Lu Dias Carvalho

fc

Mal comecei a ler a fantástica obra de Frei Chico, Dicionário da Religiosidade Popular – Cultura e Religião no Brasil, fruto de quarenta anos de pesquisa, caí de amores pela obra que já começa com uma declaração de amor ao Vale do Jequitinhonha, onde viveu durante 10 anos:

A partir de Araçuaí, em parceria com Maria Lira Marques, passei a registrar as rezas, benditos, batuques, técnicas de trabalho, remédios, sabenças e histórias do povo do Vale. O Jequitinhonha mudou o meu modo de pensar sobre a verdadeira religião: aprendi que quem pretende entender a religiosidade popular e ter o direito de explicar seus significados há de se tornar simples com os simples e pobre com os pobres. Confesso que a fé dessa gente me levou a uma espécie de conversão. Na arte de pensar como eles, estou apenas começando a aprender.

A seguir, ele fala de suas andanças pelo Brasil, sempre mergulhado na religiosidade popular, de sua passagem pela Colônia Hanseniana de Santa Isabel, onde regeu o Coral Tangarás de Santa Isabel, “uma experiência bonita de superação do sofrimento humano através da arte”, como diz ele. Criou também o Coral Trovadores do Vale. O franciscano é um músico de formação erudita, mas se encantou com as pérolas musicais da gente simples que encontrou.

Frei Chico conta como se deu o processo de pesquisas para dar vida a seu Dicionário da Religiosidade Popular – Cultura e Religião no Brasil:

Em busca de um padrão, desejava reunir informações que fossem representativas do universo religioso e cultural do povo brasileiro. Então passei a garimpar e peneirar na fé do povo tudo que estava ao meu alcance: descrições de festas, romarias, costumes; os rituais como rezas, gestos benditos e pontos; depoimentos populares; dados socioeconômicos, a história do Brasil e da igreja, o confronto popular-oficial, as contribuições da antropologia, da teologia, da sociologia e tantas outras informações.

Segundo ele, uma das dificuldades encontradas para qualquer estudioso da Religiosidade Popular é o trato com assuntos que fogem das teorias religiosas: a espinhela caída, as simpatias aplicadas, o transe, etc.

Na apresentação do Dicionário da Religiosidade Popular – Cultura e Religião no Brasil, Lélia Coelho Frota, poeta e pesquisadora, escreve:

Esse dicionário que agora vem a lume é resultado de mais de quarenta anos de dedicação do nosso Frei Francisco van der Poel, – que para todos será sempre chamado de Frei Chico. Um trabalho silencioso de pesquisa e escuta da alma de nosso povo. Agradecemos a ele pela sua dedicação e também, de modo muito especial, à fraternidade franciscana da Província Santa Cruz, que o liberou para tal serviço a fim de que pudesse se dedicar om entrega e empatia ao conhecimento e ao diálogo com as culturas e religiões diferentes deste nosso imenso Brasil.

Fonte de pesquisa:
Dicionário da Religiosidade Popular – Cultura e Religião no Brasil
Autor: Frei Chico
Editora: Nossa Cultura

Views: 1

FREI CHICO – HOLANDÊS NO VALE DO JEQUITINHONHA

Autoria de Lu Dias Carvalho

padesa12   padesa123

Quando cheguei a Araçuaí, tudo era tão diferente da minha terra, a língua, a cultura, a maneira de tratar as doenças… Ouvia aquela gente se referir a problemas de saúde como “carne quebrada”, “vento virado”, “espinhela caída” e “mau-olhado”. Comecei a ficar curioso. (Frei Chico)

O Jequitinhonha mudou o meu modo de pensar sobre a verdadeira religião: aprendi que quem pretende entender a religiosidade popular e ter o direito de explicar seus significados há de se tornar simples com os simples e pobre com os pobres. (Frei Chico)

Para poder servir, eu tinha que conhecer aquele povo… A riqueza cultural do Vale do Jequitinhonha deu sentido à minha permanência no Brasil. (Frei Chico)

Filó gostava de cantar e resolvi gravar as músicas em fitas cassetes, as mesmas que serviram para o repertório do Coral dos Tangarás. Há 43 anos, tive a honra de fundar o grupo, que continua até hoje. (Frei Chico)

O franciscano Frei Chico, Francisco van der Poel, chegou à cidade de Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha, nas Minas Gerais, lá pelos idos de 1967, vindo da Holanda. Naquela época, o Vale, como carinhosamente é chamado, situava-se entre as localidades mais pobres do mundo, de modo que suas viagens pela região eram realizadas no lombo de burro. Mas nem tudo era apenas pobreza, pois, aquela gente tinha uma riqueza cultural invejável, o que deixou o frade estupefato.

Durante a sua permanência como pároco da diocese Araçuaí, Frei Chico acumulou mais de 15 mil folhas que registravam a cultura relacionada com a fé e a espiritualidade daquela gente. A essa rica pesquisa, o frade somou outras realizadas em Portugal, onde foi em busca de arquivos, tentando achar caminhos que o levassem a compreender melhor a sabença do povo simples do Vale do Jequitinhonha.  Acabou coroando seu trabalho de longos e incansáveis anos de pesquisa com o lançamento do Dicionário da Religiosidade Popular: Cultura e Religião no Brasil, através do qual pretende fazer com que o leitor viaje através da cultura popular da gente do Vale do Jequitinhonha. Sobre suas pesquisas ele diz: Consultei livros de história, de farmacopeia medieval e até de bruxaria. Reuni 2 mil volumes. Quando concluí o dicionário, doei esse material para a biblioteca pública da PUC Minas, em Belo Horizonte.

Frei Chico conta que sua inspiração nasceu com o canto belo e incomum de Filó, cozinheira da casa paroquial, em Araçuaí. Depois disso foi agregando outros achados. A ceramista Maria Lira Marques, conhecida pelo apelido carinhoso de Lira, pois, todo mundo no Vale carrega um apelido, foi um deles. Sobre ela ele diz: “Lira abriu as portas da sabedoria popular para mim, o estrangeiro que acabara de chegar.”.

O Dicionário da Religiosidade Popular: Cultura e Religião no Brasil é uma obra ímpar, que tomou forma quando Frei Chico entrou em contato com o folclorista Câmara Cascudo e com o antropólogo da Unicamp, Carlos Rodrigues Brandão. Nele está presente o saber do povo, através de entrevistas, cantos e histórias.

Frei Chico diz se sentir satisfeito com o resultado obtido, depois de mais de 40 anos de pesquisas que resultaram num riquíssimo trabalho, talvez o mais rico já feito sobre a cultura e a fé de nosso povo. Sobre o produto final ele diz: “Passei por uma reciclagem de ideias. Deparei-me com saberes marcantes e eles mudaram a minha noção de historiografia, a maneira de me relacionar com Deus e com o próprio significado da palavra cultura.”

Dados
Dicionário da Religiosidade Popular: Cultura e Religião no Brasil
Autor: Francisco vand der Poel (Frei Chico)
Editora Nossa Cultura
1.150 páginas/ 8,5 mil verbetes? 6 mil notas de rodapé/ 350 ilustrações
Ilustrações: Lira Marques

Informações sobre o Dicionário: (www. nossacultura.com.br)
Este primeiro Dicionário da Religiosidade Popular tem todas as características de um ‘abecedário’, no seu sentido humanista. Desde o fim da Idade Média, o Humanismo se distingue pela maneira aberta e tolerante de pesquisar, pensar e explicar. Durante quarenta anos, o autor reuniu e organizou em verbetes uma grande variedade de informações sobre a vida e a experiência religiosa do povo brasileiro. Buscou a coerência de suas culturas e não tanto a lógica total e racionalista. Tanto recorreu às ciências e às artes, quanto procurou estar presente lá onde as coisas acontecem. Pesquisou também arquivos, no Brasil e em Portugal. Na análise da relação entre cultura e religião, alguns temas são constantes: as raízes indígenas; a memória da escravidão e da mãe África; a forte influência lusa; a brasilidade mestiça; a dialética entre o oficial e o popular, hoje e no passado; migração e urbanização; a situação socioeconômica; a mídia; a união na diversidade; a comunidade de base; instituições religiosas e a fé viva do povo. Assim, à diferença de outros, este não é um dicionário de folclore no sentido que não enfoca apenas o tradicional, mas a múltipla experiência religiosa do povo brasileiro no passado e no presente.

Foi privilegiada a fala do povo através dos seus representantes: o mestre da folia, a rezadeira, o capitão do congado, a mãe de santo, o cordelista e tantos outros. Suas histórias, depoimentos, provérbios, cantos e orações estão impressos em itálico, destacando assim a parte mais importante do Dicionário.

Na religiosidade popular, aparecem assuntos tais como a espinhela caída, simpatias para curar, transe, visagens, que não cabem nas teorias oficiais e, neste Dicionário, há uma preocupação essencial: compreendê-los, sem recorrer a explicações como as da parapsicologia.

O povo do Jequitinhonha, querendo entender a vida ou resolver algum problema urgente, dizia ao autor: “morei no assunto” ou “pus aquilo no sentido”.

Caro leitor, é isso mesmo, a verdade é vivida, compartida e concreta e não começa com teorias prontas. Grande é a riqueza cultural e religiosa dos pobres. Na busca da verdade, saibamos ficar satisfeitos com os caquinhos que alcançamos.

Sobre o Autor:
Francisco van der Poel, franciscano, membro do corpo docente do Instituto Jung, em Belo Horizonte (MG); do Conselho do Centro da Memória da Medicina, na UFMG; do corpo docente do Instituto Santo Tomás de Aquino, de teologia; da Comissão Mineira do Folclore; do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais; da Ordem dos Músicos do Brasil; formado em Teologia, na Holanda; licenciado em Filosofia, em São João del Rei (MG); publicou seis livros; é palhaço do Teatro Terceira Margem, em Belo Horizonte.

Fontes de pesquisa:
Estado de Minas//Pensar / 8-06-2013
www. nossacultura.com.br

Views: 3

OS LIVROS DE AUTOAJUDA

Autoria de Lu Dias Carvalho

igr12345678É incrível ver como os livros de autoajuda proliferam pelas estantes das livrarias e sites de vendas. São várias partes dedicadas a eles. Confesso que não tenho nenhuma queda pelo segmento. Não os relego por desprezo ao gênero, mas por acreditar que somente eu posso mudar os rumos da minha vida, pois os caminhos dela, bem ou mal sou eu mesma quem traço. Acredito que qualquer mudança, que eu possa fazer em minha vida, precisa nascer de dentro para fora, num profundo expurgo de falsas crenças enraizadas, de hábitos nocivos e da necessidade de eu compreender as minhas próprias falhas, perdoando-me. Eu prefiro a sabedoria empírica de meus heróis anônimos e humildes, encontrados por aí, nas esquinas da vida, mas genuinamente experimentada na pele encarquilhada, à custa de muito sofrimento e calosidades, aos sábios da autoajuda, imersos em montanhas de dinheiro, cujos lançamentos pululam no mercado, um atrás do outro, sem tempo para uma avaliação crítica daquilo que escrevem.

O brilhante Oscar Wilde possui uma definição bastante interessante sobre o cinismo com que se vende felicidade no mundo de hoje, incluindo aí certas religiões: “O homem sabe o preço de tudo, mas não conhecer o valor de nada”.

Concordo plenamente com o poeta, dramaturgo e escritor irlandês, quando questiono o direcionamento do saber para a esperteza e da inteligência para o convencimento. Arrepio-me com a facilidade com que certos autores do gênero em questão “ensinam-nos” a viver, quando na verdade, quadruplicam a conta bancária a cada lançamento jogado no mercado, com a falsa promessa de que os leitores estão comprando a satisfação existencial. Fico com o pensamento de Diógenes de Sinope e seus cínicos:

A felicidade genuína deve envolver autoconhecimento crítico, ação virtuosa e desconfiança profunda dos bens exteriores, como riqueza, reputação e convenção social.

Já naqueles tempos, os filósofos estavam certos de que qualquer mudança só se efetua se passar por uma profunda reforma pessoal. Ninguém muda ninguém. Engana-se quem toma para si tal encargo, pois levará muito pouco tempo para se decepcionar. Toda e qualquer transformação mental só poderá vir de dentro para fora. O máximo que podemos fazer é repassar para a pessoa o nosso modo de lidar com as emoções e a maneira como vemos a vida. Mas não carreguemos a presunção de que iremos reformá-la.

Quando aceitamos alguém em nossa companhia, é bom que nos perscrutemos antes sobre seus pontos positivos e negativos. Seremos capazes de conviver com eles? Ou imaginamos que iremos mudar a pessoa? Se tivermos em mente a segunda opção, melhor será que nos afastemos dela. E, na verdade, a melhor lição é o exemplo. O resto é atirar no escuro.

Views: 0

ELA – ÁNIMA E ÁNIMUS

Autoria de Lu Dias Carvalho

 jung    jung1

O homem é masculino por fora e feminino por dentro; a mulher é feminina por fora e masculina por dentro (Carl Gustav Jung)

Ánima e ánimus, respectivamente para o homem e para a mulher, são as entidades da psique humana que exercem uma função mediadora entre o ego e o self. (Luís Pellegrini)

Deixe a ánima ir à frente. Basta seguir atrás, pelo caminho que ela traça. (Roberto Gambini, psicólogo)

O psicológo Carl Gustav Jung nomeia como ánima (alma em latim) a parte feminina que existe na psique masculina. Por sua vez, ánimus seria a componente masculina existente na psique feminina. Ou seja:

  • Ánima – na psicologia junguiana, o princípio feminino da psique do ser humano.
  • Ánimus – na psicologia junguiana, o princípio masculino da psique do ser humano.

A introdução acima tem por finalidade levar o leitor até o livro ELA, escrito por Henry Rider Haggard, já traduzido para o português, um dos preferidos de Carl Gustav Jung, psiquiatra e psicoterapeuta suíço, que ainda hoje exerce grande influência na psiquiatria, tendo muitos seguidores.

ELA conta a história de Ayesha, que embora branca, é a rainha de uma nação negra, no interior da África. A história passa-se num ambiente exótico, em meio a animais selvagens, sociedade tribal, seres materiais e imateriais, feitiçaria e outros elementos da cultura africana. Tudo caminha na mais perfeita ordem, até a chegada de três ingleses ao reino de Ayesha. Os três acabam se apaixonando, cada um a seu modo, por essa mulher excepcional, quase deusa, dotada de poderes incomuns aos mortais. A partir de tal encontro, os moços jamais serão os mesmos.

Para Jung, o importante em ELA é mostrar, simbolicamente “o encontro necessário que todo homem deve ter com sua própria ánima, num encontro consigo mesmo” num processo de autodescoberta, pois não é mais possível ignorar as nossas dualidades.

Já dizia Pepeu Gomes na sua música Masculino e Feminino:

Ser um homem feminino
Não fere o meu lado masculino
Se Deus é menina e menino
Sou Masculino e Feminino…

Olhei tudo que aprendi
E um belo dia eu vi…

Que ser um homem feminino
Não fere o meu lado masculino
Se Deus é menina e menino
Sou Masculino e Feminino…

Vou assim todo o tempo
Vivendo e aprendendo
Ôu!…

(…)

Fonte de Pesquisa:
http://www.brasil247.com/ Oásis

Views: 0