Autoria de Lu Dias Carvalho
Mal comecei a ler a fantástica obra de Frei Chico, Dicionário da Religiosidade Popular – Cultura e Religião no Brasil, fruto de quarenta anos de pesquisa, caí de amores pela obra que já começa com uma declaração de amor ao Vale do Jequitinhonha, onde viveu durante 10 anos:
A partir de Araçuaí, em parceria com Maria Lira Marques, passei a registrar as rezas, benditos, batuques, técnicas de trabalho, remédios, sabenças e histórias do povo do Vale. O Jequitinhonha mudou o meu modo de pensar sobre a verdadeira religião: aprendi que quem pretende entender a religiosidade popular e ter o direito de explicar seus significados há de se tornar simples com os simples e pobre com os pobres. Confesso que a fé dessa gente me levou a uma espécie de conversão. Na arte de pensar como eles, estou apenas começando a aprender.
A seguir, ele fala de suas andanças pelo Brasil, sempre mergulhado na religiosidade popular, de sua passagem pela Colônia Hanseniana de Santa Isabel, onde regeu o Coral Tangarás de Santa Isabel, “uma experiência bonita de superação do sofrimento humano através da arte”, como diz ele. Criou também o Coral Trovadores do Vale. O franciscano é um músico de formação erudita, mas se encantou com as pérolas musicais da gente simples que encontrou.
Frei Chico conta como se deu o processo de pesquisas para dar vida a seu Dicionário da Religiosidade Popular – Cultura e Religião no Brasil:
Em busca de um padrão, desejava reunir informações que fossem representativas do universo religioso e cultural do povo brasileiro. Então passei a garimpar e peneirar na fé do povo tudo que estava ao meu alcance: descrições de festas, romarias, costumes; os rituais como rezas, gestos benditos e pontos; depoimentos populares; dados socioeconômicos, a história do Brasil e da igreja, o confronto popular-oficial, as contribuições da antropologia, da teologia, da sociologia e tantas outras informações.
Segundo ele, uma das dificuldades encontradas para qualquer estudioso da Religiosidade Popular é o trato com assuntos que fogem das teorias religiosas: a espinhela caída, as simpatias aplicadas, o transe, etc.
Na apresentação do Dicionário da Religiosidade Popular – Cultura e Religião no Brasil, Lélia Coelho Frota, poeta e pesquisadora, escreve:
Esse dicionário que agora vem a lume é resultado de mais de quarenta anos de dedicação do nosso Frei Francisco van der Poel, – que para todos será sempre chamado de Frei Chico. Um trabalho silencioso de pesquisa e escuta da alma de nosso povo. Agradecemos a ele pela sua dedicação e também, de modo muito especial, à fraternidade franciscana da Província Santa Cruz, que o liberou para tal serviço a fim de que pudesse se dedicar om entrega e empatia ao conhecimento e ao diálogo com as culturas e religiões diferentes deste nosso imenso Brasil.
Fonte de pesquisa:
Dicionário da Religiosidade Popular – Cultura e Religião no Brasil
Autor: Frei Chico
Editora: Nossa Cultura
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LuDias
“Na arte de pensar como eles, estou apenas começando a aprender.’
Esta confissão do Frei Chico é muito importante, pois nela está toda a sabedoria que um homem pode ter. Aprender com os nossos semelhantes, não só dentro dos aspectos religiosos, máxime observando seus costumes, sua maneira singela e simples de pensar, sua forma de encarar a vida, é a maneira mais inteligente de compreender a vida.
Ed
Frei Chico é uma personagem de suma importância para o Vale do Jequitinhonha.
Ele trouxe uma visão diferente daquele povo, mostrando com é rico culturalmente.
Fica mesmo evidente a sua humildade.
Abraços,
Lu