Arquivo da categoria: Mestres da Pintura

Estudo dos grandes mestres mundiais da pintura, assim como de algumas obras dos mesmos.

Cimabue – SRa. DA SANTÍSSIMA TRINDADE

Autoria de Lu Dias Carvalhosanta

A composição Senhora da Santíssima Trindade, também conhecida por Madona e o Menino em Majestade ou ainda A Madona e o Menino Entronizados, é uma obra monumental e complexa do pintor Cimabue que representa a maturidade do artista, mas de leitura muito simples. A representação da Virgem Maria sentada com o seu Menino no colo, ladeada por anjos, era um tema comuníssimo na arte gótica italiana. Tais pinturas tinham por objetivo levar os fieis à admiração e à meditação.

Este retábulo (escultura, entalhe ou obra de pintura, que adornava o altar de uma igreja, durante a Idade Média) representa o Menino Jesus, com a mãozinha direita erguida numa bênção, no colo de sua mãe, a Virgem Maria, e tendo oito graciosos anjos em volta de seu trono. Os anjos são extremamente simétricos. A exemplo dos ícones bizantinos, a Virgem Maria traz a cabeça coberta por um véu escuro. O fundo da obra em folha de ouro era uma característica da arte bizantina, quando se tratava de representar uma “Maestá”.

Embaixo, ao centro, encontram-se os profetas Abraão e Davi, antepassados de Cristo, com os profetas Jeremias e Isaías, de cada lado, que olham para a cena acima. A presença dos profetas indica que eles são os degraus que levam a Cristo e a Maria. A proporção humana dessas figuras é igualada à do observador. As bandeirolas são referências à virgindade de Maria e ao papel de Cristo como Salvador. A composição da imagem é bastante clara e simples e o desenho é preciso.

Os motivos individuais do quadro mostram detalhes da arte bizantina. As linhas finas de ouro na vestimenta da Virgem lembram o estilo rígido bizantino, embora a tentativa de Cimabue em botar as figuras num espaço tridimensional, prenunciem técnicas do Renascimento, que viriam mais de um século depois. O que nos mostra que, no período final da arte bizantina, o pintor rompeu com as regras rígidas daquela arte, em direção ao naturalismo. Para tanto, basta que observemos as expressões mais delicadas dos anjos, com seus gestos bem mais naturais do que os vistos na arte de Bizâncio.

 A obra acima foi pintada para o principal altar da Igreja de Santa Trindade de Florença, Itália, tendo como objetivo inspirar a contemplação e a devoção. A simplicidade do quadro e a abundância de folhas de ouro tinham a finalidade de torná-lo mais nítido na igreja escura, onde se encontrava. Agora, a obra encontra-se na Galeria Uffizi.

 Ficha técnica
Data: c. 1280
Técnica: têmpera sobre madeira
Dimensões: 385 x 223 cm
Localização: Galleria degli Uffizi, Florença, Itália

 Fontes de pesquisa
1000 Obras-Primas…
Gótico/ Editora Taschen
História da Arte Ocidental/ Editora Rideel
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Mestres da Pintura – CIMABUE

Autoria de Lu Dias Carvalho

cimabue
Cimabue liderou o movimento artístico na Toscana do final do século XII, que procurava renovar o vocabulário pictórico e romper com a rigidez da arte bizantina, demonstrando uma nova sensibilidade que se esforçava por aderir mais à realidade. (Site do Louvre)

O pintor florentino Cenni di Pepo (1240 -1302), conhecido por Cimabue, é considerado o pintor mais famoso de sua geração, tendo executado muitas encomendas não só para Florença, como para além de suas fronteiras. Foi responsável pela pintura de muitos afrescos (técnica de pintura aplicada em paredes e tetos, que consiste em pintar sobre camada de revestimento recente, fresco, de nata de cal, gesso ou outro material apropriado, ainda úmido, de modo que possibilite o embebimento da tinta) nas igrejas de Cima e de Baixo de São Francisco de Assis, vitrais para a Catedral de Siena, mosaicos para a Catedral de Pisa, tendo feito trabalhos para os patronos eclesiásticos em Roma. Tinha na sua casa uma grande e organizada oficina, onde se presume que Giotto praticou a sua arte.

As origens de Cimabue – apelido que significa “cabeça de touro ainda não foram muito bem esclarecidas pelos pesquisadores. Sabe-se que ele iniciou a sua arte aprendendo a técnica do mosaico, usada pelos bizantinos, mas que veio a abandoná-la tempos depois, mas julgando por suas encomendas, o pintor parece ter sido um artista muito bem conceituado em seu tempo. Como as pinturas naquela época não eram assinadas, sendo concebidas em ateliês onde conviviam muitos artistas, há muita dificuldade em saber quais são efetivamente suas obras. Presume-se que tenha criado inúmeras pinturas religiosas no estilo bizantino.

Cimabue foi muito influenciado pela arte bizantina (o estilo bizantino provém de Bizâncio, capital do Império Romano no Oriente Médio e sustentáculo da civilização cristã). Com o tempo, porém, foi se afastando da técnica bizantina de distorcer as figuras. Criou pinturas monumentais e intensas, sem estilizá-las. O novo estilo adotado por Cimabue transformou-o no pioneiro da nova pintura italiana. Presume-se que tenha sido mestre de Giotto.

 Suas pinturas em painel evidenciam generosidade e clareza na forma e delineação precisa nos seus contornos. Suas imagens sacras possuem um grande poder expressivo, em que as iluminações lembram o esplendor do mosaico (padrão de chão ou parede obtido pela reunião de pequenos pedaços de vidro, cerâmica, conchas ou pedra de diferentes cores).

 O pintor Cimabue introduziu a ideia de tratar imagens e obras como indivíduos. Muitas de suas obras estão no interior da Basílica de São Francisco de Assis e na Galleria degli Uffizi, na Itália e no Louvre, em Paris.

 Fontes de Pesquisa
1000 Obras-Primas…
Gótico/ Editora Taschen
História da Arte Ocidental/ Editora Rideel

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Caravaggio – SÃO JERÔNIMO QUE ESCREVE

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Também conhecida como São Jerônimo Penitente, esta tela de Caravaggio é uma das mais famosas, ao lado de Medusa Murtola, dentre as sete que se encontram na exposição Caravaggio e Seus Seguidores, ora no Brasil.

A Igreja Católica, no início do século XVII, desenvolveu um grande culto em honra de São Jerônimo, venerado como um ardente propagador do culto à Virgem Maria.

Na composição, São Jerônimo encontra-se de cabeça baixa, imerso na leitura e na escrita de um texto, conforme mostram as rugas acentuadas em sua testa. Seu corpo magro está envolto em um manto vermelho que deixa parte do tronco e braço direito a descoberto. O santo já idoso e calvo usa uma longa barba branca.

O braço de São Jerônimo, que empunha uma pena, direciona o olhar do observador para o crânio que se encontra sobre um livro aberto, fazendo uma alusão ao tema estudado por ele: a fugacidade e a fragilidade da vida humana. Sua cabeça calva possui uma grande semelhança com a caveira.

Caravaggio, usando sua apurada técnica de luz e sombra, põe em destaque o manto vermelho do santo, o branco forte do tecido sobre a mesa e do livro onde se encontra o crânio, os tons marrons da mesa de madeira e dos livros sobre ela, assim como o santo e a caveira.

Ficha técnica:
Data: c. 1605
Dimensões: 112 x 157 cm
Material: óleo sobre tela
Localização: Galeria Borghese, Roma, Itália

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Caravaggio – SANTA CATARINA DE ALEXANDRIA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Esta tela foi encomendada a Caravaggio pelo cardeal Del Monte. E com ela o pintor inaugura o estilo chamado de tenebrismo, quando começa a potencializar os tons escuros. A personagem domina quase toda a composição, sendo que os objetos presentes possuem um peso menor e são todos alusivos a ela, o que reforça a sua presença.

Para fazer Santa Catarina de Alexandria, Caravaggio tomou como modelo a bela cortesã Fillide Melandroni, à época uma das mulheres mais populares de Roma, que frequentava ambientes ricos sendo muito requisitada. O talento do pintor aliado à personalidade da modelo conferiu à santa um ar de modernidade e vigor.

Santa Catarina é frequentemente representada na arte, especialmente no final da Idade Média. Aqui, ela não se apresenta como uma mulher madura, mas como uma jovenzinha doce e calma. Está ricamente vestida, com tecidos de veludo e damasco bordados, de acordo com sua posição de princesa, de joelhos sobre uma almofada vermelha, cuja tom é ressaltado pelos tons roxos e azuis das vestes da santa. Sobre a almofada também se encontra uma folha seca de palmeira.

A roda de madeira, equipada com lâminas cortantes e ferros pontiagudos, onde Santa Catarina encontra-se apoiada, assim como os pregos e a espada, são os instrumentos usados no seu martírio, e contrastam com a suntuosidade de suas vestes.

De uma maneira irreal, um facho de luz coloca em destaque a cena, tornando brilhante a pele e a blusa de Santa Catarina, incusive deixando luzes salpicadas em sua indumentária. Brilhantes também são a espada e os pregos na parte superior da roda, como se a a tocha de luz estivesse vindo da direita. No entanto, ali está uma imensa escuridão, sem nenhum filete de luz.

A santa tem os cabelos dourados, jogados para trás e, acima da cabeça encontra-se o halo que simboliza a sua santidade. Seu rosto dirige-se ao observador, com um olhar interrogativo. Tem entre as mãos delgadas a espada (símbolo de seu martírio), cujo metal cintila sob a luz. Ela se encontra bela e solene.

Curiosidades:

1.Tenebrismo foi uma tendência pictórica nascida no Barroco que se perpetuou até o Romantismo. Seu nome deriva de tenebra (treva, em latim), e é uma radicalização do princípio do “chiaroscuro”. Teve precedentes na Renascença e se desenvolveu com maior força a partir da obra do italiano Michelangelo Merisi, o Caravaggio, sendo praticada também por outros artistas da Espanha, Países Baixos e França. Como corrente estilística teve curta duração, mas em termos de técnica representou uma importante conquista, que foi incorporada à história da pintura ocidental. Por vezes, o Tenebrismo é usado como sinônimo de Caravaggismo, mas não são coisas idênticas.

Os intensos contrastes de luz e sombra emprestam um aspecto monumental aos personagens e, embora exagerada, é uma iluminação que aumenta a sensação de realismo, tornando mais evidentes as expressões faciais, a musculatura adquire valores escultóricos, e se enfatizam o primeiro plano e o movimento. Ao mesmo tempo, a presença de grandes áreas enegrecidas dá mais importância à pesquisa cromática e ao espaço iluminado como elementos de composição com valor próprio.

Na França Georges de La Tour foi um dos adeptos da técnica; na Itália, Battistello Caracciolo, Giovanni Baglione e Mattia Preti, e na Holanda, Rembrandt van Rijn. Mas, talvez, os mais típicos representantes sejam os espanhóis José de Ribera, Francisco Ribalta e Francisco de Zurbarán.
2. Alguns textos escritos entre os séculos VI e X , que se reportam aos acontecimentos do ano 305, tornaram pública a empolgante figura feminina de Catarina, descrita como uma jovem de dezoito anos, cristã, de rara beleza, filha do rei Costus, de Alexandria. Muito culta, dispunha de vastos conhecimentos teológicos e humanísticos. Discutia filosofia, política e religião com os grandes mestres, o que não era nada comum a uma mulher e jovem naquela época. Era respeitada pelos súditos da Corte que seria sua por direito. Entretanto, esses eram tempos duros, pois governava o imperador romano Maximino, terrível perseguidor e exterminador de cristãos. Segundo os relatos, a história do martírio da bela cristã teve início com a sua recusa ao trono de imperatriz. Maximino apaixonou-se por ela, e precisava tirá-la da liderança que exercia na expansão do cristianismo. Ofereceu-lhe poder e riqueza materiais e estava disposto a divorciar-se para se casar com ela, contanto que passasse a adorar os deuses egípcios.

Catarina recusou enfaticamente a proposta do imperador, ao mesmo tempo em que tentou convertê-lo, desmistificando os deuses pagãos. Sem conseguir discutir com a moça, o imperador chamou os sábios do reino para auxiliá-lo. Eles tentaram defender suas seitas com saídas teóricas e filosóficas, mas acabaram convertidos por Catarina. Irado, Maximino condenou todos ao suplício e à morte. Exceto ela, para quem tinha preparado algo especial.

O imperador mandou torturar Catarina com rodas equipadas com lâminas cortantes e ferros pontiagudos. Com os olhos elevados ao Senhor, ela rezou e fez o sinal da cruz. Então, ocorreu o prodígio: o aparelho desmontou. O imperador, transtornado, levou-a para fora da cidade e comandou pessoalmente a sua tortura, depois mandou decapitá-la. Ela morreu, mas outro milagre aconteceu. O corpo da mártir foi levado pelos anjos para o alto do monte Sinai. Isso aconteceu em 25 de novembro de 305.

Contam-se aos milhares as graças e os milagres acontecidos naquele local por intercessão de santa Catarina de Alexandria. Passados três séculos, Justiniano, imperador de Bizâncio, mandou construir o Mosteiro de Santa Catarina e a igreja onde estaria sua sepultura no monte Sinai. Mas somente no século VIII conseguiram localizar o seu túmulo, difundindo ainda mais o culto entre os fiéis do Oriente e do Ocidente, que a celebram no dia de sua morte. (Irmãs Paulinas)

Ficha técnica:
Ano: 1597
Material: óleo sobre tela
Dimensões: 173 x133 cm
Localização: Museu Thussen-Bornemisza, Madri, Espanha

Fontes de Pesquisa:
Grandes mestres da pintura/ Coleção Folha
Grandes mestres/ Abril Coleções
Wikipédia

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Caravaggio – O PEQUENO BACO DOENTE

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Baco, o deus do vinho, é aqui representado por Caravaggio, quando ele relutava em trabalhar com temas religiosos. O artista se autorretratou em o Pequeno Baco Doente, deixando aparente a debilidade do período em que se encontrava internado no hospital.

O pintor foi muito audaz para a sua época, ao afrontar as rígidas convenções a que estava atrelada a arte, mostrando um Baco de rosto pálido e corpo extremamente débil. Inteligentemente ele antecipou o olhar fotográfico. Nesta e em outras telas, ele se pintou olhando no espelho a sua imagem refletida, captando os instantes dramáticos mais perturbantes, sendo totalmente fiel ao que via.

Ficha técnica
Obra: O Pequeno Baco Doente
Ano: cerca de 1593/1594
Dimensões: 67 x 53 cm
Localização: Galleria Borghese, Roma

Fontes de pesquisa:
Grandes mestres da pintura/ Coleção Folha
Grandes mestres/ Abril Coleções
1000 obras-primas da pintura europeia/ Köneman

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Caravaggio – CABEÇA DE MEDUSA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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É esta Medusa, a de cabelos venenosos/ com milhares de serpentes?/ Assim é; não vês talvez como move os olhos/ como os põe na mira?/ Foge, foge de sua cólera, foge de seu desdém/ pois se te atinge seu olhar,/ converter-te-á em pedra também. (Gaspare Murtola)

 Conta a lenda que Medusa, uma das três irmãs Górgonas (as outras duas eram: Esteno e Euríale), petrificava com o olhar todo aquele que olhasse para ela, mas o herói Perseu usou um artifício para enganá-la. Assim que se aproximou do monstro, usou o seu escudo como espelho. Medusa, ao ver seu rosto refletido no escudo, ficou transtornada diante de tamanha aberração, lançando um grito dilacerante. Uma vez hipnotizada, Perseu cortou-lhe a cabeça com a espada de um só golpe, mas ela ainda continuou consciente. A seguir, o herói tomou a cabeça da besta mitológica e  colou-a num escudo como arma, pois seu olhar serviria para transformar os inimigos em pedra.

Cabeça de Medusa ou simplesmente Medusa é uma das obras-primas do pintor italiano Caravaggio que tomou como modelo seu amigo Mario Minniti — embora digam alguns que se trata do próprio rosto do pintor — para pintar a Górgona vertendo sangue abundantemente, logo após ter a cabeça decepada por Perseu (ou Perseus), um semideus da mitologia grega, conhecido por ser fundador da mítica cidade-estado de Micenas, segundo reza o mito grego.

O retrato de Medusa era muito usado nas armaduras e nos escudos dos guerreiros dos séculos XVI e XVII, pois na mitologia grega é tida como a deusa da estratégia e da guerra justa e também da sabedoria, de modo que esta obra nasceu como um escudo de desfile. O cardeal Francesco Maria del Monte, protetor de Caravaggio, presenteou Fernando I de Medici com a obra, provavelmente para a sua coleção de armas que foi mostrada pela primeira vez em 1598, causando grande impacto nos que a viram, sendo, inclusive, comentada em versos (ver acima em negrito).

Caravaggio, inteligentemente,  repassa ao observador a ilusão de que a cabeça de Medusa deixa a tela para se projetar no espaço real em que o observador encontra-se, de modo que o escudo convexo ilusoriamente transforma-se em côncavo. Tem-se a impressão de que a tela é feita em 3D. Embora o retrato da Górgona seja de origem clássica, Caravaggio recria uma nova Medusa, extremamente realista, cuja força de expressão continua impressionando quem a observa, pois sua cabeça decepada parece ganhar vida própria, com suas serpentes contorcionistas.

 É provável que, para pintar a Medusa com sua expressão aterradora, o pintor italiano tenha se inspirado na expressão agonizante e aterrorizada daqueles que eram executados: olhos esbugalhados que parecem saltar das órbitas; boca ovalada, aberta e paralisada, como se soltasse um longo grito de terror; língua e dentes aparentes; testa franzida; maçãs do rosto recuadas e o sangue vivo sendo vertido abundantemente.

O que mais chama a atenção na obra Cabeça da Medusa é seu realismo: os olhos saltando da órbita, os dentes cortantes à mostra, a boca aberta e imóvel, soltando um grito silencioso e o sangue vivo jorrando de sua cabeça, não deixando qualquer dúvida sobre o mito da mulher de cabeleira de serpentes que transformava homens em pedra, só pelo olhar, mas que foi derrotada por Perseu, ao mirar o escudo espelhado e ser vítima de sua própria arma letal.

A dramaticidade encontrada nas obras de Caravaggio dá-se pelo uso da técnica do chiaroscuro em que o pintor trabalha com os contrastes de luzes e sombras, gerando um resultado bastante peculiar. Ele pintou pelo menos três telas famosas que exibem cenas de decapitação, como Judite e Holoferne, Salomé com a Cabeça de São João Batista e Davi com a Cabeça de Golias (todas presentes neste blogue). Mas foi Medusa a obra responsável por ferir a sensibilidade de muitos críticos de arte da época, sendo considerada a criação mais sangrenta do pintor.

 Curiosidades:

  • Medusa era — segundo a mitologia grega — uma das três górgonas, irmãs monstruosas filhas de dois deuses marinhos — Fórcis e Ceto. Além de horrível, ela ainda possuía o poder de petrificar as pessoas com seu olhar.  Perseu cortou sua cabeça, de cujo sangue nasceu Pégaso — o cavalo alado. O herói também usou a cabeça da Medusa para salvar Andrômeda.
  •  Na Antiguidade clássica, a imagem da cabeça da Medusa aparecia no Gorgoneion — objeto utilizado para afugentar o mal.
  •  Caravaggio pintou duas versões da cabeça da Medusa. A primeira em 1596 e a segunda presumivelmente em 1597/15988. A primeira versão é também conhecida como Murtula, devido ao poeta que escreveu sobre ela. Foi encontrada no estúdio do pintor somente depois de sua morte.
  •  Na Galleria degli Uffizi, Medusa está entre as 25 obras mais importantes do palácio, onde se encontram, entre outras, a Vênus de Botticelli.

 Caravaggio — considerado o maior representante do estilo barroco — foi mestre na arte de manipular o jogo de luz e sombra, o que confere um enorme grau de complexidade à sua obra. São poucos os quadros de Caravaggio que sobreviveram até os dias de hoje — 62 ao todo — e alguns deles ainda passam por avaliação de especialistas para que o período de produção e as condições em que foram realizados sejam comprovados. A obra Medusa Murtola, por exemplo, era considerada uma cópia até recentemente. Só ao fim de trabalhos que duraram 20 anos — com sofisticadas análises em infravermelho — é que sua autenticidade foi comprovada.

 Ficha técnica:
Ano: 1598
Dimensões: 60 x 55 cm
Técnica: óleo sobre tela colado sobre escudo
Estilo: Barroco
Gênero: pintura mitológica
Localização: Galleria degli Uffizi, Florença, Itália

Fontes de pesquisa:
Grandes mestres da pintura/ Coleção Folha
Grandes mestres/ Abril Coleções
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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