Arquivo da categoria: Mestres da Pintura

Estudo dos grandes mestres mundiais da pintura, assim como de algumas obras dos mesmos.

Bosch – SUA ARTE SOBRENATURAL

Autoria de Lu Dias Carvalho

bosch arte

A diferença entre as pinturas de Bosch e as de outros pintores é que os demais procuraram pintar o homem qual parece por fora; somente ele o ousou pintar qual é por dentro (…). Os quadros de Bosch não são dísparates, senão uns livros de grande prudência e artifício, e os o nossos sim são disparates, não os seus; em síntese, é uma sátira pintada dos pecados e desvarios dos homens. (Frei  José de Sigüenza)

Poucos pintores na história da arte ocidental podem igualar a capacidade de Bosch de fundir elementos tão díspares como o simbolismo medieval e o humanismo renascentista, a devoção religiosa e os prazeres mundanos, fontes bíblicas e literatura popular, alquimia e ciência natural, imaginação e observação, em visões tanto pessoais quanto universais do mundo. (David Gariff)

É a capacidade de dar forma a nossos medos que torna suas obras atemporais. (Laurinda Dixon/ Times Higher Education)

No século XX, depois do Expressionismo alemão, do Surrealismo, do Cubismo e do Realismo mágico, tornou-se possível compreender a técnica usada por Bosch, assim como parte de sua linguagem enigmática, pois além dos quadros tradicionais, o pintor criou obras que se encontram entre as mais imaginativas da história da arte, onde um mundo de criaturas bizarras reforçam o medo do inferno que atemorizava a gente medieval, e,que ainda impressiona muita gente.

Bosch viveu no final da Idade Média, numa época marcada por convulsões religiosas, sendo as suas obras um retrato desse tempo, em que os medos e as crenças eram muito fortes no norte da Europa. O simbolismo usado na sua pintura ainda não foi totalmente compreendido, estando aberto a inúmeras interpretações. Sua obra é complexa e rica, com seus temas, símbolos e alegorias sobre a natureza do homem. Nela deparamos com questões relativas à vida , morte, tentação, pecado, julgamento e salvação. É visto, com clareza, o poder negativo e satânico da alma humana, sendo o homem tendente ao pecado, se deixado à sua própria sorte.

Especulam alguns críticos que a criação de imagens extravagantes e exdrúxulas por parte de Bosch tenha nascido de seu arraigado e sincero sentimento religioso e não de bruxarias e heresias, como chegaram a  pensar alguns. E que o pintor, ao reforçar a representação alucinante do mal, tinha como objetivo abrir os olhos dos fiéis para a necessidade de se voltarem para Deus, em quem residia a salvação de suas almas. Outros críticos, no entanto, veem na nas imagens de Bosch, a exteriorização de seus sonhos funambulescos, ou desvairamentos induzidos por algum tipo de drogas medicamentosa ou excitante.

Mesmo no nosso século, a visão que se tem das obras de Bosch não são conclusivas, pois os eruditos ainda não estão satisfeitos com as respostas encontradas. Alguns o veem como um surrealista do século XV, tendo sua obra brotado de seu inconsciente, ou seja, ele seria um Salvador Dalí daqueles tempos. Outros, dizem que sua pintura é um reflexo do esoterismo praticado por ele, onde se misturavam alquimia, astrologia e bruxaria. E outros relacionam seu trabalho com movimentos heréticos medievais. Mas nada há que se prove isso ou aquilo.

As obras de Bosch demonstram que foi um observador detalhista  e um esmerado desenhista e colorista. Criou uma série de composições fantásticas e diabólicas, em que são mostrados, com um tom satírico e moralizante, os vícios, os pecados e os temores de ordem religiosa, que afligiam o homem da Idade Média. O artista também pintou  quadros tradicionais, como vidas de santos e cenas do nascimento, paixão e morte de Jesus.

Como sempre acontece com os gênios, pois esses sempre se situam além de sua época, as obras de Bosch não foram acolhidas e compreendidas por muitos dos intelectuais de seu tempo. Inclusive, a composição A Criação do Mundo em Seis Dias foi removida da Catedral de São João, pelo bispo, que julgou a pintura devassa por apresentar nus. São herdeiros artísticos de Bosch: Matthias Grünewald, Bruegel, William Blake, Henry Fuseli, Goya e os surrealistas.

Curiosidade:
Bosch é tão admirado no mundo da arte, que o termo “boschiano” é usado para descrever algo fantástico, ilógico, apavorante, tenebroso. Sua obra continua encantando e causando perplexidade até os dias de hoje.

Nota: A Extração da Pedra da Loucura
A mensagem inscrita na parter superior e inferior da tela significa “Mestre, tira fora esta pedra, meu nome é Das Lubbert”. A pedra é uma alusão à loucura. Um charlatão opera um paciente crédulo, que é assistido por uma mulher que equilibra um livro na cabeça  e por um padre. Não fica claro quem é o louco na cena. Ao mostrar a bolsa do simplório com um punhal a perfurá-la e o crânio sendo esburacado com uma flor, fica claro o significado alegórico da pintura: a falsa cirurgia tinha como objetivo tirar dinheiro dos bobos.

Ficha Técnica:
Ano: 1494
Tipo: óleo sobre madeira
Dimensões: 48 x 35 cm
Localização: Museu do Prado, Madri

Fontes de Pesquisa:
Gênios da pintura/ Abril Cultural
A história da arte/ E.H. Gombrich
Tudo sobre arte/ Sextante
Grandes Mestres/ Abril Coleções
Wikipédia

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Mestres da Pintura – HIERONYMUS BOSCH

Autoria de Lu Dias Carvalho

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O que você está indicando, Hieronymus Bosch, com esse olhar perturbador? E a palidez de seu rosto? Talvez seja espíritos que, como a sombra do deus das trevas, voem em torno de você? Ocorre-me pensar que as tocas do insaciável Plutão, assim como as fortalezas do inferno, se abriram à sua frente, pois a sua mão soube pintar com maestria tal as mais profundas entranhas do inferno. (Hieronymus Cock – sobre a foto acima)

Hieronymus Bosch é um dos mais enigmáticos e fascinanes pintores que surgiram no final do século 15 no norte da Europa. Pouco se sabe sobre sua vida, e tanto a cronologia como o simbolismo e os significados de suas pinturas são ainda debatidos. Pintor de sensibilidade única, ativo num época de rápidas mudanças artísticas, as estranhas visões de Bosch e suas cenas apavorantes tornaram-se ícones visuais da era moderna. (David Gariff)

Nobre e maravilhoso inventor de coisas fantásticas e bizarras. (Ludovico Guicciardini)

Eis o pintor flamengo, famosos por suas representações loucas. (José de Singuenza)

O pintor holandês Hieronymus Bosch (c. 1450 -1516) era um artista profundamente preocupado com a maldade humana e ficou famoso por suas aterradoras representações das forças do mal. Carregava consigo uma visão pessimista do ser humano, que já vivia em pecado desde a expulsão de Adão e Eva do Paraíso, tendo que se preservar na prática do bem para conseguir a salvação, pois a maioria estava condenada aos horrores do Inferno. Considerava a luxúria o primeiro dos pecados.

Bosch nasceu na pequena aldeia de nome s’- Hertogenbosch, na região do Brabante, situada entre a atual Bélgica e os Países Baixos. Possivelmente deve ter tirado o seu pseudônimo do nome de seu lugar de origem, pois seu nome de batismo era Jeroen van Athoniszo on Aken. Veio de uma família de artistas, onde o avô, o pai e dois tios paternos eram também pintores. Possivelmente deve ter estudado com eles. Quase nada se sabe sobre sua juventude. Casou-se com Aleyd Goyaerts van den  Meervenne, moça devota e rica, dona de uma propriedade próxima à sua aldeia, para onde se retirava, durante meses seguidos, para trabalhar e meditar. Um de seus irmãos, Goossen, era também pintor.

Bosch ingressou na Irmandade de Nossa Senhora, confraria religiosa de leigos, em que os membros eram tonsurados e usavam batina, vindo a se tornar um notável da ordem, passando a fazer parte de todas as suas atividades: reunião das preces, divisão dos pães com os pobres, celebração de exéquias, adornamento de retábulos, colaboração nas roupagens e máscaras dos Mistérios (representações teatrais que incluíam bailados demoníacos, onde os personagens principais eram os espectros e esqueletos). O que certamente contribuiu para que o pintor criasse fantasias tão alucinantes. Bosch também pode ter se beneficiado da Irmandade, que também funcionava como uma rede de contatos sociais, pois tinha em seu seio as importantes famílias da cidade.

A fama do artista começou a se alastrar meio século após a sua morte, espalhando-se pelo mundo ocidental, de modo que seu catálogo foi acrescido de quadros de imitadores, copistas e falsificadores, que pegaram carona no seu sucesso. O que contribuiu para que ainda haja polêmica quanto à autenticidade de algumas obras tidas como suas. Sem falar que vivia numa família de artistas, sendo suas obras muitas vezes confundidas. O seu catálogo contabiliza entre 25 e 30 peças assinadas e reconhecidas.

A obra de Bosch é fruto da época em que viveu, em que as convulsões religiosas marcam a passagem da Idade Média para o Renascimento, numa sociedade teocrática rígida, atormentada pelo mal, onde o horror ao Inferno e à purgação dos pecados estavam impregnados na mente coletiva.  À época, muitos decretos em sua cidade destinavam-se ao fechamento de teatro, dança e jogo, assim como livros, telas e textos eram banidos, caso encorajassem comportamentos tidos como anticristãos. A diversão e o prazer eram tidos como perversão da alma humana e o pecado e a loucura eram vistos como uma degeneração dos sentidos. Portanto, é normal que a arte de Bosch esteja imbuída pelo conflito entre o bem e o mal. O pintor nada deixou sobre seus pensamentos ou sobre o significado de sua arte.

Bosch é tido como o último e talvez o maior dos pintores da Idade Média, sendo, sem dúvida, o maior artista de figuras fantasiosas. Baseava suas figuras em provérbios, lendas, superstições e ensinamentos populares, criando uma iconografia própria. Seu grande sucessor foi Bruegel. Especula-se que sua obra tenha sido uma das fontes do movimento surrealista do século XX, que teve mestres como Max Ernst e Salvador Dalí. Bosch deve ter morrido, provavelmente, aos 65 anos de idade.

Fontes de Pesquisa:
Gênios da pintura/ Abril Cultural
A história da arte/ E.H. Gombrich
Arte em detalhes/ Publifolha
Tudo sobre arte/ Sextante
Grandes pinturas/ Publifolha
Grandes Mestres/ Abril Coleções
Os pintores mais influentes do mundo/ Girassol

Nota: Retrato de Hieronymus Bosch/ Coleção particular

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Van Dyck – SUSANA E OS ANCIÃOS

Autoria de Lu Dias Carvalho

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O pintor Anthony van Dyck (1599–1641) foi o mais talentoso discípulo e ajudante do pintor francês Peter Paul Rubens, sendo 22 anos mais novo do que seu mestre, pessoa de quem herdou o talento na representação da textura e superfície das figuras. Também se transformou num dos pintores retratistas mais procurados da Europa, especialmente pela nobreza.

A pintura intitulada Susana e os Anciãos é uma obra do retratista flamengo e principal pintor da corte real de Carlos I da Inglaterra — Anthony van Dyck. Foi criada quando o artista encontrava-se na Itália, sendo inspirada na pintura veneziana. Nas cores luminosas — com destaque para a capa vermelha de Susana — nota-se a influência de Ticiano, enquanto Tintoretto está presente nos contrastes dinâmicos do movimento.

A bela Susana, casta e aflita, procura se afastar dos dois homens luxuriosos que a assediam. Ela procura o observador, como se buscasse proteção nele. A história de Susana foi retratada muitas vezes a partir de 1500, muito por conta das possibilidades oferecidas para incluir uma nudez feminina numa pintura histórica.

Susana foi tema de pinturas feitas também por Rubens, Tintoretto, Rembrandt, Tiepolo e muitos outros ao longo da história da arte. Algumas dessas obras, especialmente durante o período barroco, enfatizaram o drama, enquanto outras se concentraram na nudez. Uma versão do século XIX, por exemplo, criada por Francesco Hayez (hoje na National Gallery, em Londres) sequer tem os anciãos na pintura.

Curiosidades:

  •  A composição é baseada na história bíblica retirada do livro de Daniel.
  •  Uma bela esposa judia chamada Susana é acusada falsamente por libidinosos observadores escondidos. Enquanto ela se banha no jardim e tendo mandado embora suas damas de companhia, dois dos anciãos secretamente observam-na. Quando ela está voltando pra casa, eles a pressionam, e ameaçam alegar que ela estaria se encontrando com um jovem no jardim, caso não concorde em se entregar a eles. Ela se recusa a ser chantageada.
  • Susana é presa e está prestes a ser executada por promiscuidade, quando um jovem chamado Daniel interrompe o julgamento, gritando que os dois anciãos deveriam ser questionados, para prevenir a morte de uma inocente.
  • Após serem separados, os dois homens foram questionados em detalhes sobre o que viram, mas acabaram discordando sobre qual a árvore sob cuja sombra Susana teria se encontrado com seu amante.
  • O primeiro diz que eles estavam sob uma almecegueira, e Daniel diz que um anjo está pronto para cortá-lo em dois. O segundo diz que eles estavam sob um carvalho, Daniel diz que um anjo está pronto para serrá-lo em dois.
  • A grande diferença de tamanho entre a almecegueira e o carvalho torna a mentira dos anciãos óbvia para todos os observadores. Ambos são então executados e a virtude triunfou.
  • Susana é uma das adições em Daniel, considerada apócrifa por protestantes, mas incluída no Livro de Daniel (como o capítulo 13) pela Igreja Católica e pela Igreja Ortodoxa Oriental.

Ficha técnica:
Data: 1623
Dimensões: 194 x 144 cm
Técnica: óleo sobre tela
Gênero: pintura religiosa
Estilo: barroco
Localização: Alte Pinakothek de Munique, Alemanha

Fontes de pesquisa:
Barroco/ Taschen
Wikipédia

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Dürer – A ADORAÇÃO DA SANTÍSSIMA TRINDADE

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A obra de Dürer é muitas vezes, e justamente, considerada a quintessência do espírito da arte alemã. (Manfred Widram)

Adoração da Santíssima Trindade de Dürer, representa o Pai segurando a cruz do Filho e o Espírito Santo em forma de pomba sobre a cabeça do Pai. Os três são adorados pela multidão de anjos, santos e cristãos.

O retábulo intitulado A Adoração da Santíssima Trindade — também conhecido como Retábulo de Landauer — encontra-se entre os principais trabalhos do pintor alemão Albrecht Dürer, sendo considerada a obra mais suntuosa e também uma das mais belas expressões do Renascimento alemão. Foi encomendado ao artista por Matthäus Landauer, rico comerciante de Nuremberg, com a finalidade de ornamentar a capela da Santíssima Trindade e Todos os Santos, da Casa dos Doze Irmãos, instituição de caridade fundada por ele e Schiltkrot Erasmus e que tinha como objetivo servir de abrigo para 12 artesãos pobres e já impossibilitados de trabalhar.

O magnífico painel de Dürer apresenta uma cena que acontece acima do solo e está esquematizada em quatro semicírculos. Mostra Deus Pai, Jesus Cristo e a pomba que simboliza o Espírito Santo. Rodeando a Santíssima Trindade estão, à direita, personagens do Antigo Testamento, dentre os quais se destacam Moisés, Davi e os profetas. À esquerda estão os seguidores de Cristo portando ramos de palmeira. Logo abaixo encontram-se os seguidores do reino de Deus na Terra, liderados pelo papa que usa uma tiara azul e um manto dourado, e o Imperador com uma coroa de ouro. São Jerônimo também se encontra presente com sua vestimenta vermelha e o seu chapéu cardinalício pendurado nas costas.

Deus Pai — mostrado como o Imperador do Mundo — usa um manto dourado e uma majestosa coroa imperial. Com os braços abertos segura um crucifixo, onde se encontra seu filho Jesus ainda vivo. Logo acima deles está a pomba, representação do Espírito Santo em uma nuvem de luz dourada, cercada por uma legião de querubins.

A cruz onde se encontra Jesus Cristo está sobre uma capa forrada de verde que é sustentada de ambos os lados por um anjo, enquanto os outros anjos carregam os instrumentos da Paixão de Cristo. Ao redor da Santíssima Trindade estão os santos, dentre eles está São João Batista. No grupo de santas estão Maria, vestida de azul, seguida por Santa Inês, Santa Bárbara, Santa Catarina e Santa Doroteia.

À direita está Matthäus Landauer de joelhos, ricamente vestido e com as mãos em postura de oração. O cavaleiro ajoelhado,  usando uma suntuosa armadura dourada, é Wilhelm Haller, genro de Landauer. Um camponês levando consigo instrumentos de trabalho representa os pobres. Uma rainha desconhecida tem o rosto escondido por um véu que deixa apenas os olhos à vista.

Na parte inferior da composição está uma enorme paisagem mostrando o amanhecer acima de um lago, entre colinas, onde são vistas várias edificações. Também na parte inferior, à direita, encontra-se um autorretrato do pintor que segura um painel com a inscrição e data da assinatura, dizendo:

ALBERTUS DÜRER NORICUS FACIEBAT ANNO A VIRIGINIS PARTU – 1511

Ficha técnica
Data: 1511
Técnica: têmpera a óleo sobre madeira
Dimensões: 135,4 x 123,5 cm
Localização: Museu de História da Arte, Viena, Áustria

Fontes de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
Gênios da pintura/ Abril Cultural
Tudo sobre arte/ E.H. Gombrich
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Mestres da Pintura – ANTHONY VAN DYCK

 Autoria de Lu Dias Carvalho

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Ele copiou e pintou as melhores histórias, mas seu foco principal eram cabeças e retratos, tendo como resultado o fato de preencher muitas folhas de papel e muitas telas e mergulhar o seu pincel nas boas pinturas venezianas. (Giovanni Paolo Bellori)

Um dos grandes retratistas de uma época de retratistas excepcionais. (Leona Detiège)

Anthony van Dyck que, enquanto viveu, concedeu a muitos a imortalidade. (Epitáfio)

O pintor Anthony van Dyck (1599–1641) foi o mais talentoso discípulo e ajudante do pintor Peter Paul Rubens, sendo 22 anos mais novo do que seu mestre, de quem herdou o talento na representação da textura e superfície das figuras. Também se transformou num dos pintores retratistas mais procurados da Europa.

Van Dyck era o sétimo filho de uma família rica. Seu pai era um mercador de sedas e de especiarias da Antuérpia. Aos onze anos, após a morte da mãe, o garoto foi estudar com Hendrick van Balen, pintor de figuras. Aos 14 anos ele já pintava retratos e aos 16 anos tinha a sua oficina e um aprendiz. Foi aluno de Rubens por volta dos 18 anos de idade. E, segundo dizem, foi superado apenas por esse mestre, como o mais genial pintor flamengo do século XVII.

Na Itália, onde  passou cinco anos, o pintor estudou as obras de Giorgione e de Ticiano. Seu talento foi reconhecido muito cedo. Foi chamado por Carlos I da Inglaterra para trabalhar em sua corte, tornando-se um famoso artista da aristocracia e da corte inglesa, tendo suas obras exercido grande influência sobre a pintura britânica durante séculos.

Van Dyck foi pintor da corte de Carlos I da Inglaterra. Recebia tantas encomendas da sociedade aristocrática que lhe era impossível satisfazer a todos pessoalmente, embora contasse com um número muito grande de assistentes que pintavam as vestimentas dos retratados que eram colocadas sobre manequins. Muitas vezes nem chegava a pintar toda a cabeça da personagem.  Noutras, pintava apenas o rosto e as mãos do retratado, deixando o resto para seus assistentes. Ainda assim, ele pintou retratos memoráveis. Foi também responsável por retratos primorosos da nobreza de sangue azul e por fomentar o glamour cavalheiresco, dando ênfase à importância do retratado.

O artista, católico devoto, fez composições religiosas e mitológicas, mas seus retratos  elegantes tornaram-se o seu principal trabalho. Trabalhou na arte da pintura durante 30 anos. Pelo que podemos deduzir através da obra de Van Dyck, ele não era muito saudável, estando sempre acometido pela tristeza e pelo langor, sendo possivelmente depressivo. O artista morreu aos 40 anos de idade.

Nota:  Autorretrato

Fontes de pesquisa:
A história da arte/ E. H. Gombrich
Os pintores mais influentes…/ Girassol
Arte/ Publifolha
501 grandes artistas/ Sextante

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Dürer – O RINOCERONTE E A LEBRE

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Albrecht Dürer, mestre renascentista alemão, foi um dos primeiros artistas a abordar estudos sobre a natureza.  Retratou vários animais com uma riqueza de detalhes e precisão científica. Dentre esses, dois são particularmente famosos: o Rinoceronte e a Jovem Lebre.

O Rinoceronte de Dürer é o nome dado a uma das xilogravuras do pintor Albrecht Dürer, cuja imagem foi baseada numa descrição escrita e num rascunho de um rinoceronte indiano, feitos por um artista desconhecido, já que Dürer nunca vira um rinoceronte em vida. Embora haja falta de coerência na anatomia do animal, este desenho fez grande sucesso na Europa, sendo copiado e redesenhado até os dias de hoje, sendo um marco na história da ilustração científica. E o mais interessante é que até o século XVIII foi tido como uma representação verdadeira do animal. Segundo alguns críticos e estudiosos de arte, “provavelmente nenhuma imagem de um animal exerceu uma tão profunda influência nas artes”. O rinoceronte de Dürer foi desenhado, como se seu corpo fosse coberto por uma armadura. Nas costas do animal, um pequeno chifre foi direcionado para frente.

A Jovem Lebre é tida como o exemplo máximo de perfeição no trabalho de Dürer. Nesta composição, o pintor parece ter pintado fio por fio do pelo dourado. A pintura foi feita com aquarela e guache, sendo os destaques brancos em guache. A pequena lebre passa ao observador a sensação de que se encontra encolhida e assustada. Suas orelhas parecem em alerta, como se ela estivesse pronta para fugir. Imagina-se que o artista tenha se valido de um modelo de pelúcia e da observação cuidadosa, que fazia dos animais vivos, para fazer uma representação tão realista. Esta aquarela, em que uma lembre e sua sombra encontram-se isoladas em uma folha de papel de cor creme, tornou-se muito famosa e popular, sendo reproduzida em grande escala no século XX. Na Alemanha, esta obra de Dürer está presente em quase tudo.

A pele do animalzinho foi pintada com tonalidades e gradações delicadas, tendo o pintor usado uma grande variedade de pinceladas. A sombra que o pintor acrescenta, ajuda a dar ao animal uma aparência tridimensional. A obra apresenta o monograma do artista (AD), logo abaixo da data em que foi concluída.

Observação:
Encontrei em alguns textos que uma janela do estúdio de Dürer reflete no olhinho brilhante da lebre. Confesso que não consegui perceber.

Ficha técnica do Rinoceronte
Data: 1515
Técnica: xilogravura
Dimensões: 24,8 x 31,7 cm
Localização: Bristish Museum, Londres, Reino Unido

Ficha técnica da Jovem Lebre
Ano: 1502
Técnica: aquarela e gauche sobre papel
Dimensões: 21,1 x 22,6 cm
Localização: Museu Albertina, Viena, Áustria

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