Arquivo da categoria: Mestres da Pintura

Estudo dos grandes mestres mundiais da pintura, assim como de algumas obras dos mesmos.

Léger – OS LAZERES

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Eu tinha quebrado o corpo humano, agora torno a recompô-lo, a reencontrar o rosto. Além do mais, sempre utilizei a figura humana. Ela se desenvolveu lentamente em direção a uma figuração menos realista, menos esquemática. (Léger)

 […] Grandes volumes de cores sobre uma grande superfície. […] Dirigimo-nos para o futuro e o futuro coletivo. Sim, parece haver indícios sociais e artísticos de que se pode ver no horizonte um renascimento da arte mural. (Léger)

A composição Os Lazeres é uma obra do pintor normando Fernand Léger. Seu esboço foi feito em 1944, quando ele se encontrava nos Estados Unidos,  mas só veio a concluir seu trabalho cinco anos depois, ao voltar daquele país, onde se refugiou durante a Segunda Guerra Mundial. Esta pintura inclui-se entre os grandes trabalhos do artista.

Neste grande painel, Léger apresenta um grupo notadamente feliz, num momento recreativo. Possivelmente refere-se ao lazer da classe trabalhadora. Na paisagem estão presentes seis simplificadas figuras humanas, com suas roupas coloridas, e duas bicicletas. Ali, tudo parece reduzir-se ao essencial: uma cerca, uma nuvem com quatro aves, rochas, flores e um enorme céu azul, que toma grande parte do espaço.

A mulher, que se encontra sentada no chão, traz uma folha de papel, na qual está escrito: “Homenagem a Louis David” (renomado pintor francês). À direita, sobre a bicicleta, uma mulher e uma criança usam roupas de acrobatas, uma referência do pintor ao Circo. Esta era a forma como Léger exaltava seu amor à vida.

Ficha técnica
Ano: 1948/49
Técnica: óleo em tela
Dimensões: 130 x 195 cm
Localização: Museu Nacional de Arte Moderna, Paris, França

Fontes de pesquisa
Gênios da Pintura/ Editora Abril Cultural

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Chardin – MENINA COM PETECA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A pintura Menina com Peteca é uma obra do pintor francês Jean-Baptiste-Siméon Chardin (1699-1799), tido como um dos mais importantes pintores de natureza-morta da arte europeia, sendo suas obras muito estudadas pelos artistas do gênero, posteriores a ele. As suas naturezas-mortas, assim como sua pintura de gênero, são elementos importantes da arte francesa. A composição acima mostra como o artista desenvolvia suas obras com grande intensidade poética e colorido delicado.

Uma doce menininha prepara-se para jogar peteca, numa espécie de jogo em que se usa raquete. Ela se encontra de pé e perfil, com os olhos voltados para a direita da tela, como se observasse algo. Pela sua seriedade e rigidez vê-se claramente que está posando para o pintor, talvez já um pouco cansada. Ela usa uma touca branca com bordados na cabeça. Seus cabelos são relativamente curtos e cacheados, de cor puxada para o acinzentado. Seu rosto redondo, de bochechas vermelhas, traz um pequenino nariz e grandes olhos escuros. Sua boca fechada é carmesim. No meio do pescoço usa uma fina fita branca e atrás se vê as pontas de um grande laço amarelo. Um pequeno brinco de pérola cinge-lhe a orelha direita.

A garota usa um vistoso vestido com decote quadrado, debruado com verde. O corpete baixo, marrom dourado, com um tecido branco na frente, semelhante ao da saia, traz mangas três quartos, também debruadas com verde. Uma camisa branca, usada por baixo, aparece acima do decote e sob as mangas, mostrando seus babados.  A longa saia branca parece estar sobre anquinhas, o que lhe aumenta o volume. Na fita azul, arrumada num grande laço à sua direita, ela parece trazer amarrada uma tesoura e uma bolsinha ou porta-agulhas. Na mão direita segura uma raquete vermelha com cabo claro, e na direita uma peteca, com sete penas coloridas, descansando sobre o enfeite redondo do espaldar de uma cadeira de madeira.

Obs.: A assinatura do pintor encontra-se na parte inferior direita da tela, próxima à raquete.

Ficha técnica
Ano: c 1740-1750
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 81 x 65
Localização: Museu Uffizi, Florença, Itália

Fontes de pesquisa
A Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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Rafael – SANTA CATARINA DE ALEXANDRIA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição Santa Catarina de Alexandria é uma obra-prima do pintor italiano Rafael Sanzio, tida como um dos mais magníficos exemplos da nova forma “serpetinada” (linha de ornato em forma de serpente), introduzida na Alta Renascença, e aperfeiçoada por Leonardo da Vinci. Na época em que foi criada esta pintura, Rafael encontrava-se influenciado pelo repertório formal e pelos traços de Leonardo, inclusive, muitos veem nela um reflexo de “Leda e o Cisne, obra perdida de Da Vinci. Também estão presentes, influências da obra do pintor Pietro Perugino.

A figura de Santa Catarina, em êxtase em meio a uma paisagem, com os olhos voltados para cima, em direção à luz celestial, é apresentada com uma forte torção. Sua postura e torcedura dão-lhe movimento, beleza e presença tridimensional. E é explicada em razão de a santa olhar para o céu, virada para a direita, em sintonia com os raios luminosos ali presentes. À sua esquerda está uma enorme roda de madeira, símbolo de seu martírio, na qual ela se escora com o braço esquerdo, enquanto a mão direita encontra-se junto ao peito. As garras afiadas da roda foram trocadas por botões arredondados, com a finalidade de atenuar o símbolo da crueza.

A pintura, além da beleza dos movimentos que apresenta, é também muito rica em cores, a começar pelo vestido azulado de Santa Catarina, com a manga verde e debrum preto, e seu manto vermelho com o reverso amarelo. Uma bela paisagem descortina-se em segundo plano. Ela é pintada com esmero. O reverso do manto que cinge o corpo da santa tem a mesma cor dourada vista no céu azul com nuvens brancas e esverdeadas. O artista tinha sempre o cuidado de procurar amenizar as emoções consideradas por demais intensas e de atenuar os tons e os elementos temáticos em busca de uma perfeita harmonia entre design, cor, pose e expressão, entre os elementos figurativos e ornamentais. E foi essa busca pelo equilíbrio que tornaram suas obras tão célebres.

Ficha técnica
Ano: 1505
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 274 x 152 cm
Localização: Galeria Nacional, Londres, Grã-Bretanha

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
https://www.nationalgallery.org.uk/paintings/raphael-saint-catherine-of-alexandria
http://www.wga.hu/html/r/raphael/2firenze/2/41cather.html

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Rafael – A MADONA ANSIDEI

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição  Madona e Menino com São João Batista e São Nicolau de Bari, também conhecida como Madona Entronada com os Santos João Batista e Nicolau de Bari, ou ainda A Mandona Ansidei, é uma obra do pintor italiano Rafael Sanzio. Este quadro, com seus personagens serenos, é tido como “uma das mais bonitas pinturas do mundo”, trabalhada nos seus mínimos detalhes. As figuras são mostradas num movimento contínuo, a arquitetura é minuciosamente trabalhada e a cor é de grande pureza.  Sua data consta da inscrição na barra do manto da Madona. O título de A Madona Ansiedei foi em razão de ter sido encomendada por Niccolò Ansidei, para ornamentar sua capela dedicada a São Nicolau, na igreja de San Fiorenzo dei Serviti, na Perugia,

A Virgem Maria encontra-se sentada em seu belíssimo trono de madeira, sem braços, como se fora um banco, com degraus extremamente altos. Contas de coral vermelho escarlate, simbolizando o sangue de Cristo, enfeitam a frente do trono, pendendo de ambos os lados, até a altura do queixo da Virgem. Ela traz seu Menino sentado sobre sua coxa direita, enquanto lhe mostra um livro aberto sobre a esquerda. Está ladeada pelos santos João Batista e São Nicolau de Bari. Acima de seu trono está a inscrição: “Salve, Mãe de Cristo”.

São João Batista, à esquerda, usa um manto vermelho de profeta sobre a túnica de couro de carneiro. Ele segura na mão esquerda uma enorme cruz transparente de cristal, e com a direita aponta para o Menino, voltando seus olhos para a inscrição acima da cabeça de Maria. Seus pés estão descalços. São Nicolau, por sua vez, mostra-se ricamente paramentado, com um cetro na mão direita e um livro sagrado aberto na esquerda, que lê. A seus pés estão três bolas, que tanto podem simbolizar a Santíssima Trindade como os três sacos de ouro que, segundo sua história, foram jogados através da janela de um homem pobre para sustentar as três filhas.

Ficha técnica
Ano: 1505
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 274 x 152 cm
Localização: Galeria Nacional, Londres, Grã-Bretanha

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
https://www.nationalgallery.org.uk/paintings/raphael-the-ansidei-madonnahttp://www.wga.hu/html_m/r/raphael/3umbtrip/31anside.html

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Weyden – MADALENA LENDO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Até os seus dedos, posicionados em forma de círculo, sugerem plenitude, perfeição. (Charles Darwent)

A composição denominada Madalena Lendo é parte de uma obra do pintor nórdico Rogier van der Weyden. Trata-se de um dos três fragmentos de um grande retábulo do século XV, que foram encontrados, cuja causa do desmembramento ainda é desconhecida

Maria Madalena está sentada sobre um banquinho (presume-se pela altura de suas pernas), com uma almofada vermelha atrás, recostada num armário de madeira.  Traz no colo um suporte com seu livro de orações em cima de um lenço branco, para protegê-lo. Os dois fechos do livro são feitos em ouro. Seus olhos estão voltados para baixo, e ela se mostra piedosamente concentrada em sua leitura. Usa um belo vestido verde, forrado com pele, com dobras magníficas, ajustado por um cinto preto debaixo do busto, e um saiote brocado. Ao seu lado está um frasco branco com unguento, seu atributo na arte cristã, junto a uma linha de pregos e ao fecho dourado de seu cinto. Suas vestes e o armário de madeira sugerem que a cena acontece dentro de um requintado interior doméstico.

O mais interessante nesta pintura é que, antes de sua limpeza efetuada em 1955 e 1956, via-se apenas Maria Madalena (figura à direita) e parte do armário. Havia sido aplicada, ao fundo da pintura, uma forte camada de tinta escura, que foi removida. Qual não foi a surpresa dos restauradores ao descobrirem que havia um armário por inteiro, assim como parte de duas outras figuras. A de pé, segurando um rosário de contas de cristal é tida como São José. A outra, possivelmente ajoelhada, vestindo um manto vermelho e deixando o pé descalço à vista, é tida como a de um santo ou de uma santa.  O armário é mostrado por inteiro, inclusive sendo vistas as bases de alguns objetos sobre ele. Além disso, aparece uma janela mostrando uma magnífica paisagem com um canal e um arqueiro em cima do muro do jardim. Existe também outra figura caminhando do outo lado do canal.

Este painel faz parte do lado direito de um retábulo, em cujo centro estava Madona e o Menino com São João Evangelista e, à esquerda havia duas figuras.  O artista criou um belo volume de espaço, que recebe um jogo de luz vindo do primeiro plano e do fundo, o que produz inúmeras sombras e relevos.

 Ficha técnica
Ano: c. 1438
Técnica: óleo sobre mogno, transferido de outro painel
Dimensões: 62,2 x 54,4 cm
Localização: Galeria Nacional, Londres, Grã-Bretanha

Fonte de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
https://www.nationalgallery.org.uk/paintings/rogier-van-der-weyden-the-magdalen-reading
http://www.wga.hu/html_m/w/weyden/rogier/18fracop/1magdale.html

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Giorgione Barbarelli – PAISAGEM COM FIGURAS

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição Paisagem com Figuras é uma obra do pintor italiano Giorgione, descoberta em 1930, tendo sido restauradas três vezes, em apenas 30 anos, o que trouxe danos e imprecisões à obra, como o acréscimo de elementos imaginativos nos locais danificados, ou mesmo com interesses escusos. Investigações recentes sobre a pintura vêm possibilitando aos estudiosos, com muita dificuldade, definir quais são suas partes originais e as que foram acrescidas ao longo dos tempos.

Não se sabe ao certo qual é o significado desta paisagem crepuscular ou a relação entre as cenas que a compoem.

  • Santo Antônio, na porta de sua caverna, quase invisível em meio às rochas, aparece na extrema direita, observando em volta;
  • duas figuras, em primeiro plano, podem estar representando a parábola do Bom Samaritano, o milagre de Santo Antão ou São Roque sendo cuidado por São Geraldo, seu assistente, que trata uma ulceração em sua coxa. Caso seja a última citação, a pintura pode ter sido feita para festejar o sumiço da praga, contra a qual São Roque foi invocado, em 1504, em Veneto.
  • São Jorge, montado em seu cavalo branco com as patas dianteiras levantadas, vestido uma reluzente armadura, luta com o dragão, em meio às duas cenas.

A presença de São Jorge, seu cavalo e o dragão é obra de seu segundo restaurador, mudança feita nos meados do século XX. O eremita (Santo Antônio) foi redesenhado, mas sua cabeça e braços podem ser baseados em fragmentos originais. O animal, parecido com um porco, que sai de um buraco na rocha em direção à água, pode ter sido criado a partir de uma rocha. O animal esquisito, no meio da piscina, foi uma criação de um dos restauradores. O bicho de bico, semelhante a uma ave, que aparece próximo às duas figuras sentadas, é original.

Ficha técnica
Ano: c. 1505
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 73 x 91 cm
Localização: Galeria Nacional, Londres, Grã-Bretanha

Fonte de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
https://www.nationalgallery.org.uk/paintings/research/il-tramonto-the-sunset

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