Arquivo da categoria: Mestres da Pintura

Estudo dos grandes mestres mundiais da pintura, assim como de algumas obras dos mesmos.

Watteau – O EMBARQUE PARA CITERA

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição denominada O Embarque para Citera ou  Viagem a Citera e também conhecida como Peregrinação à Ilha de Citera é uma obra do pintor francês Jean-Antoine Watteau. É do tipo conhecido como “Fête Galante”, pois retrata uma festa ao ar livre, tendo como personagens membros da sociedade cortesã do século XVIII. Há grande harmonia entre a natureza e as pessoas presentes. Esta obra é tida como uma das mais belas do estilo Rococó que vigorou em todas as artes, na primeira metade do século XVIII. Foi com esta pintura que o artista foi admitido na Academia Real de Pintura e Escultura em Paris. Outro trabalho, com a mesma temática e com poucas diferenças deste encontra-se em Berlim, na Alemanha.

O tema da composição é a visita de um grupo de pessoas apaixonadas ao santuário da deusa Vênus (ou Afrodite) na ilha de Citara. Os casais estão elegantemente vestidos com trajes da época. Encontram-se situados entre a estátua da deusa do amor, à direita,  e o barco do amor, à esquerda, em dois planos diferentes. A cena é ambientada num final de tarde, com o dourado do sol espalhando-se numa atmosfera arcádica. Inúmeros anjinhos, conhecidos como “putti”, espalham-se por toda a obra, sendo esses os únicos deuses da Antiguidade presentes, pois no estilo Rococó a natureza era o principal tema. Os deuses só eram admitidos na pintura como divindades românticas ou brincalhonas.

Na parte esquerda da composição está presente o barco do amor que está sendo preparado para a viagem de volta ao mundo dos homens. Os “putti” voam acima desse, enquanto as pessoas já parecem envoltas numa grande nostalgia em razão da felicidade que vão deixando para trás. Um “putto” segura no bastão de um homem, instando-o a prosseguir em direção ao barco que o aguarda. É bom que o leitor saiba que alguns estudiosos de arte acham que os casais estão embarcando para Citara, enquanto outros imaginam que eles estejam voltando de lá. Em razão da estátua da deusa, a quem a ilha foi consagrada, eu imagino que estejam deixando a ilha do amor e da felicidade.

São nove os casais presentes na pintura, excluindo os onze “putti” e o cupido. Há também um pequenino e festivo cãozinho que divide a composição ao meio. Uma mulher, presente na parte central da tela, cujo companheiro, de costas para o observador, enlaça-a pela cintura e leva-a ao barco, olha tristemente para trás, como se sentisse tristeza ao deixar aquele ambiente tão prazeroso e, como se tivesse consciente de quão efêmero é o amor.

Um cavalheiro ajuda sua companheira a levantar-se do relvado, segurando-a pelas duas mãos. Atrás deste casal encontra-se outro. O homem está se  ajoelhando aos pés da amada que se encontra ainda sentada. Ela traz nas mãos um leque (objeto que tinha uma linguagem secreta, através da qual os amantes vigiados costumavam se comunicar). Talvez ele esteja a implorar-lhe para acompanhá-lo no retorno. À sua direita, seu bastão jaz no chão, próximo a objetos não identificados.  Um cupido, sentado sobre sua aljava, puxa a saia da mulher, como a lembrá-la de que é preciso partir.

Na extremidade direita da composição encontra-se a estátua da deusa do amor, enfeitada com flores, tendo na sua base o que parece ser uma espada. Dentro do barco estão os homens responsáveis por guiá-lo, com seus torsos nus. Apesar de tido como a “obra-prima das obras-primas francesas” num livro sobre a arte do século XVIII, esta obra caiu em desgraça, logo após a Revolução Francesa, por evidenciar o estilo de vida ocioso da velha aristocracia. Fica evidente na composição, a influência exercida por Peter Paul Rubens na obra de Watteau.

Ficha técnica
Ano: c. 1717
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 127 x 192 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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David – MADAME RÉCAMIER

Autoria de Lu Dias Carvalho

As mulheres têm seus caprichos e os artistas também, portanto, permitam-me satisfazer o meu, mantendo este retrato. (David)

O artista francês Jacques-Louis David tem seu nome inserido no rol dos grandes gênios da pintura  em razão de suas obras-primas, sendo o nome mais conhecido dentre os pintores franceses do período neoclássico. É também conhecido por sua complexa personalidade e por ter participado ativamente da Revolução Francesa.

A composição Madame Récamier é uma obra de David. Ele retrata uma jovem dama de 23 anos de idade, pertencente à alta sociedade francesa, cujas convicções eram napoleônicas, divergindo, portanto, de suas ideias liberais. Ele não a exibe em meio à riqueza, mas ao contrário. Ela se encontra reclinada num divã, num ambiente austero, não tenda nada além do móvel com um banquinho e um delicado tripé, ao lado, que distraia a atenção do observador, em relação à retratada, como se ela fora uma heroína da República francesa.

A jovem mulher tem o corpo de perfil, mas com o gracioso rosto voltado para o observador. Traz o braço direito descansando ao longo do corpo e o esquerdo apoiado sobre duas almofadas cilíndricas, colocadas uma sobre a outra. Seu vestido branco e singelo, com pequenas mangas transparentes, despenca-se pelo divã e atinge o tapete, deixando seus pés nus à vista. Seu cabelo curto e cacheado está envolto por uma fita azul, que lhe cobre metade da testa. O divã de madeira tem os pés torneados. Nenhuma joia adorna o corpo esguio e delicado da jovem mulher, cujo nome era Juliette Récamier, que além de rica era bela, tímida, modesta e grande amante da literatura.

Esta pintura, em que os tons quentes do mobiliário equilibram-se com o branco do vestido, ficou inacabada no estúdio do artista, que demorava a terminá-la. Os acessórios, paredes e piso estavam apenas esboçados com pinceladas vibrantes. Aborrecida com a demora, Juliette acabou por encomendar outra pintura a um aluno do pintor. Isso o deixou aborrecido, levando-o a proferir a frase acima (em negrito). A obra permaneceu no seu ateliê, só se tornando conhecida ao fazer parte do acervo do Louvre. Alguns dizem, porém, que era assim que David gostava de deixar suas pinturas. Quer tenha acontecido um fato ou outro, não é possível ignorar a beleza desta obra, que ainda por cima apresenta um aspecto inovador, por se tratar de um retrato com formato horizontal, além de mostrar-se misteriosa e inspiradora.

Obs.: Em homenagem à retratada, o canapé clássico (divã), com encosto ou sem encosto e com os braços espiralados, passou a ser chamado de “récamier”.

Ficha técnica
Ano: c. 1800
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 173 x 243 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
http://www.louvre.fr/en/oeuvre-notices/madame-recamier

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Rafael – MADONA DA TENDA

Autoria de Lu Dias Carvalho

           

A composição Madona da Tenda é uma obra religiosa do pintor e arquiteto italiano Rafael Sanzio. O nome da pintura está relacionado à cortina verde, que se encontra semiaberta, ao fundo, à direita, deixando visível uma pequena parte triangular do céu. Inúmeros críticos associam esta obra com a “Madona na Cadeira” (figura menor). Há quem diga que ela faça parte de um grupo de pinturas e esboços que serviram de preparação para o segundo. O problema é que ainda não se sabe qual dos dois quadros foi feito primeiro, tornando os fatos mais confusos. Mas, ao compará-los, é possível notar inúmeras diferenças.

A Madona encontra-se sentada, à direita, meio de perfil, com seu Menino Jesus no colo, abraçando-o ternamente. Ela é mostrada em ¾ de vista. Usa um vestido vermelho e, sobre esse traz um imenso manto azul, que parte de seu ombro esquerdo. Sobre os cabelos dourados usa um fino véu transparente, amarrado com um delicado laço atrás. Acima desse, a Virgem faz uso de uma touca avermelhada com desenhos dourados, deixando parte do cabelo à vista.

Através da fenda da cortina, à direita, aparece a cabecinha, parte do ombro e mão direita de João Batista, com seus cabelos dourados e cacheados. Ele se encontra bem encostadinho na Virgem, e segura, à sua esquerda, uma cruz, que é a sua identificação. Maria volta seu rosto perfilado para o pequeno visitante, sorrindo delicadamente. Ela coloca sua mão esquerda em volta de seu pescoço. Por sua vez, o pequeno João Batista olha amorosamente para a Virgem, retribuindo-lhe o sorriso.

O rechonchudo Menino Jesus, com o corpo voltado para a esquerda, enviesa os olhos na tentativa enxergar João Batista, que lhe chamara a atenção. Todos os três personagens trazem auréolas acima da cabeça, simbolizando a divindade de cada um.

Ficha técnica
Ano: c. 1514
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 66 x 51,5 cm
Localização: Pinacoteca de Munique, Alemanha

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
http://www.wga.hu/html_m/r/raphael/5roma/2/08tenda.html

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Uccello – SÃO JORGE E O DRAGÃO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A pintura São Jorge e o Dragão é uma obra do pintor italiano Paolo Uccello, que possui outra composição com esta mesma temática religiosa, sendo ambas bem parecidas. O quadro apresenta duas cenas relativas à história do santo. A primeira diz respeito à luta contra o dragão que causava terror aos habitantes da cidade e que queria devorar a filha do rei. A segunda mostra a princesa segurando-o com seu cinto. O dragão simbolisa aqui o paganismo.

No céu, uma tempestade está tomando corpo. O olho das linhas de tempestade direciona-se para a lança de São Jorge, sugerindo que a intervenção divina levou-o à vitória. Uccello usa o lance para enfatizar o ângulo a partir do qual São Jorge ataca o dragão, ajudando a estabelecer um espaço tridimensional. As manchas estranhas de grama ilustram a preocupação obsessiva do pintor Uccello com perspectiva linear e sua tendência para criar um padrão decorativo.

Em primeiro plano estão presentes São Jorge, a princesa e o dragão. São Jorge, montado sobre seu cavalo branco, que refuga, usa uma pesada armadura. Ele se inclina para a direita e acerta a fera com uma lança exageradamente comprida. Seu rosto aparenta apreensão e coragem. A princesa traz o dragão preso a seu cinto a fim de levá-lo à cidade. Ela não demonstra nenhum medo, mas ao contrário, sugere estar segurando um dócil animal, cuja posição é de absoluta passividade.

O dragão mostra-se muito mais exótico do que amedrontador. Suas pernas desconjuntadas encontram-se abertas. As patas apresentam, cada uma, três unhas expostas e afiadas. De sua boca escorre sangue, em decorrência do ferimento causado pela lança do santo.  Suas asas apresentam círculos com cores diferenciadas. E sua enorme cauda enrodilha-se no ar.

A enorme caverna do monstro é vista atrás da cena, à esquerda. O chão é composto por pedras e canteiros de ervas rasteiras. Atrás de São Jorge divisa-se uma floresta e um redemoinho de nuvens pesadas, formando um olho, como a reafirmar o perigo pelo qual passa o santo e a intervenção divina. Ao fundo descortinam-se montanhas, atrás das quais vê-se a luminosidade de uma cidade. O céu azulado traz a presença de uma meia-lua e pequenas nuvens brancas. A longa lança leva os olhos do observador de São Jorge para o dragão e deste para a pricesa.

Ficha técnica
Ano: c. 1455
Técnica: têmpera sobre tela
Dimensões: 57  x 73 cm
Localização: Galeria Nacional, Londres, Grã-Bretanha

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
https://www.nationalgallery.org.uk/paintings/paolo-uccello-saint-george-and-the-dragon

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Léger – AS NÚPCIAS

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição As Núpcias, também conhecida como O Casamento, é uma obra do pintor normando Fernand Léger. A grande preocupação do artista em seu trabalho era tornar a forma o mais simples possível.

Em sua pintura cubista, Léger usa um traço resumido e exato, de modo que personagens e paisagem integram-se a tal ponto, que é impossível separá-las no espaço, embora todos os elementos ali se encontrem agregados uns aos outros, dando movimento à cena. As figuras humanas, estilizadas geometricamente ao máximo, e a paisagem penetram-se reciprocamente, acentuando a dinâmica da cena. E mais uma vez as mãos destacam-se no trabalho do artista.

Ficha técnica
Ano: 1911
Técnica: óleo em tela
Dimensões: 257 x 206 cm
Localização: Museu Nacional de Arte Moderna, Paris, França

Fontes de pesquisa
Gênios da Pintura/ Editora Abril Cultural

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Rafael – MADONA TEMPI

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição Madona Tempi é uma obra religiosa do pintor e arquiteto italiano Rafael Sanzio, encomendada pela família Tempi, cujo sobrenome dá título à pintura. Trata-se de uma obra, embora belíssima, desprovida de qualquer preocupação consciente por parte do artista, para demonstrar seu valor artístico.

A Virgem Mãe, voltada para a direita, aproveita o frescor da tarde para segurar seu rechonchudo Menino Jesus entre os braços, apertando-o carinhosamente contra seu corpo. Sua figura imensa, acrescida de seu manto volumoso, toma a maior parte da tela, criando um efeito monumental. Apenas ¾ de seu corpo está à vista na pintura. Seu rosto, colado ao do filho, traz o olhar voltado para ele. A criança tem os olhos voltados para a esquerda, como se observasse algo por perto.

A Madona veste um vestido cor-de-rosa, esvanecido pela luz na parte que se encontra visível para o observador. A manga dourada da camisa, usada debaixo do vestido, aparece cobrindo-lhe o antebraço.  De sua cabeça desce um enorme e denso manto azul-esverdeado, que envolve grande parte de seu corpo. Sobre os cabelos dourados e finos repousa um véu transparente, que alcança as costas e envolve parte da gola.

Ao fundo desenrola-se uma paisagem azulada, meio disforme, que, assim como o azul do céu, é bem tênue, fazendo com que o manto azul ganhe ainda mais destaque. O Menino Jesus, de costas para o observador, e com o rosto de perfil, usa apenas um pequeno pano claro, que cobre parte das nádegas. Mãe e filho trazem halos acima da cabeça, como prova da divindade de ambos. A pintura repassa um belo sentimento de amor materno quer seja ele humano ou divino.

Ficha técnica
Ano: 1508
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 75 x 51 cm
Localização: Pinacoteca de Munique, Alemanha

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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