Arquivo da categoria: Mestres da Pintura

Estudo dos grandes mestres mundiais da pintura, assim como de algumas obras dos mesmos.

Léger – TRÊS MULHERES

Autoria deLu Dias Carvalho

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Não é a beleza da coisa que importa à pintura, mas sim os meios que se adota para recriar o objeto, mesmo que seja apenas um prego. A unha deve manter a sua dignidade como um objeto. Uma unha pintada deve ter a mesma importância que um rosto. (Léger)

Eu tinha quebrado o corpo humano, agora torno a recompô-lo, a reencontrar o rosto. Além do mais, sempre utilizei a figura humana. Ela se desenvolveu lentamente em direção a uma figuração menos realista, menos esquemática. (Léger)

A composição Três Mulheres, também conhecida como O Grande Desjejum, é uma obra-prima do pintor normando Fernand Léger. É, sem dúvida alguma, o trabalho  mais conhecido e famoso do  artista, tendo sido exibido pela primeira vez no Salão de Outono em 1921. O artista levou dois anos para concluir seu meticuloso trabalho que, através de uma refeição conjunta, mostra como era fácil viver tal experiência na modernidade.

A pintura de Léger apresenta três mulheres nuas, com detalhes ampliados de certas partes do corpo, participando de um desjejum. O artista aqui abre mão de sua experimentação no uso de cores, estilos, formas, espaço, etc., para criar uma obra universal ou clássica na história da arte, que é o nu feminino. É como se ele estivesse deixando para trás suas experiências mais ousadas, para retomar aquilo que é conhecido como “retorno à ordem”.

As três mulheres nuas, duas reclinadas e uma sentada de frente para o observador, bebem algo quente, possivelmente chá ou café, como indica a xícara na mão de uma delas, a que traz um livro no colo. Elas se encontram num ambiente muito bem decorado, aparentando ser um moderno apartamento.

As mulheres possuem formas arredondas, com destaque para os seios, nádegas e rótulas, e pele não suave, mas polida e firme. A cor da pele amarronzada de uma delas difere da pele clara das outras duas. Possuem longos cabelos pretos, estilizados e penteados para um dos lados, rosto redondo e expressão indiferente, desprovida de emoção, como se tudo ali fosse rotineiro e simplista. Os demais objetos, que compõem a pintura, possuem forma regular e realista. Figuras humanas e objetos têm a mesma importância na composição do artista.

A falta de formosura nas mulheres, com suas características faciais simplificadas e similares, leva o olhar do observador para o fundo da composição, maravilhosamente trabalhado, e para as coisas em volta delas. Existem inúmeros objetos espalhados por todo o quadro: vaso, mesas, copo, bandeja, xícara com pires e colher, sofá, elementos decorativos, etc.

Até mesmo um cãozinho negro é visto à direita, deitado no sofá. O pintor usa sombreamento na definição da curvatura das mesas, sofá e partes dos corpos femininos. Há uma profusão de cores em toda a pintura que é ao mesmo tempo moderna, clássica e intemporal. É uma das obras mais conhecidas do Cubismo.

Ficha técnica
Ano: 1921/22
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 251,5 x 183,5 cm
Localização: Museu de Arte Moderna, Nova York, EUA

Fontes de pesquisa
https://utopiadystopiawwi.wordpress.com/purism/fernand-leger/three-women/
http://www.theartstory.org/artist-leger-fernand.htm
http://www.art-newzealand.com/Issues1to40/leger.htm

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Mondrian – COMPOSIÇÃO EM AZUL, CINZA E ROSA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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O trabalho denominado Composição em Azul, Cinza e Rosa é uma obra do artista holandês Piet Mondrian. Faz parte de uma série de estudos de fachadas feitos pelo artista, em que ele dispõe. harmoniosamente. linhas horizontais e verticais.

O quadro de Mondrian pode levar o observador a imaginar uma planta arquitetônica ou um projeto urbanístico, tamanha é a versatilidade e o virtuosismo adquirido pelo artista. Apesar de mostrar apenas figuras geométricas nas cores azul, cinza e rosa, a pintura expressa um delicado lirismo.

Ficha técnica
Ano: 1913
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 88 x 115 cm
Localização: Rijksmuseum, Holanda

Fonte de pesquisa
Gênios da pintura/ Abril Cultural

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Léger – NUS NA FLORESTA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Eu queria levar os volumes ao extremo. Este quadro era para mim apenas uma disputa entre as formas do corpo. Eu senti que ainda não poderia fazer a cor sustentar-se. Apenas o volume era suficiente para mim. (Léger)

Eu tenho me alinhado, durante anos, com toda a minha energia, em oposição ao Impressionismo. Eu era obcecado por isso. Eu queria o fragmento dos corpos. (Léger)

A composição Nus na Floresta, exibida no Salão dos Independentes, em 1911, em Paris, é uma obra do pintor normando Fernand Léger. É da mesma época de “A Costureira”, que foi o pontapé inicial para a experiência cubista do pintor, que se tornara amigo dos cubistas Pablo Picasso e Georges Braque. Segundo Léger, ele lutou durante dois anos com a plasticidade da obra, tendo por objetivo apenas levar os volumes ao extremo.

O quadro de Léger, embora se trate de uma obra inicial do estilo cubista do pintor, já mostra com clareza qual seria o caminho a ser trilhado por ele em sua pintura. Ele apresenta cilindros, forma poliédrica e mecânica. À época, dava-se a ruptura do artista com o Impressionismo e sua relação com o Cubismo, embora sendo seu estilo bem diferente do Cubismo tradicional, uma vez que não abriu mão da tridimensionalidade e da forma volumétrica, como fizeram seus amigos Picasso e Braque.

A obra do artista, retratando homem e natureza, mostra uma paleta monocromática e formas geométricas. A influência de Cézanne, pintor francês muito admirado por Léger, também se encontra presente em seu desenho e forma, em detrimento da cor. Seguindo o formato das mãos é possível visualizar as figuras humanas.

Ficha técnica
Ano: 1909/1910
Técnica: óleo em tela
Dimensões: 120 x 170 cm
Localização: Rijkmuseum, Otterlo, Holanda

Fontes de pesquisa
Gênios da Pintura/ Editora Abril Cultural
http://www.theartstory.org/artist-leger-fernand-artworks.htm

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Léger – MULHER DE AZUL

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição Mulher de Azul é uma obra do pintor normando Fernand Léger. Este quadro foi exposto no X Salão de Outono, em Paris, e na Galeria Kahnweiler, do proprietário do mesmo nome, com quem o artista assinou o seu primeiro contrato de exclusividade.

A grande preocupação de Léger em seu trabalho era tornar a forma o mais simples possível, embora seu estilo mostre-se mais límpido neste seu trabalho que apresenta grandes campos de cores puras. Nessa fase, o pintor já começa a distanciar-se dos cubistas.

A pintura apresenta superfícies trabalhadas e outras planas, sendo considerada uma das mais importantes obras do artista. No topo é possível ver o perfil de uma mulher. O campo azul maior, no meio, é o seu torso, sendo os dois menores, um de cada lado, partes dos braços. As mãos que se encontram na frente parecem feitas de metal. Abaixo seguem as pernas. Um copo encontra-se sobre uma mesa, à direita.

Ficha técnica
Ano: 1912
Técnica: óleo em tela
Dimensões: 194 x 130 cm
Localização: Museu de Arte, Basileia, Suíça

Fontes de pesquisa
Gênios da Pintura/ Editora Abril Cultural
http://previousexhibitions.fondationbeyeler.ch/e/html_11sonderaus/34leger/03_werke

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Mestres da Pintura – FERNAND LÉGER

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Cézanne ensinou-me o amor às formas e aos volumes, fez-me concentrar no desenho. (Fernand Léger)

 Logo fiz amizade com essa gente. Sua maneira franca de falar e sua gíria eram minha linguagem. Queria que minha pintura fosse tão forte quanto  essa gíria. (Léger ao encontrar seus amigos de infância no front da Primeira Guerra Mundial)

 Descobri o dinamismo da mecânica através da artilharia. Apalpei o corpo do metal e meu olho deteve-se na geometria dos cortes. Um canhão de 75 mm em pleno sol ensinou-me mais que muitos museus. (Léger sobre o front da guerra)

O pintor normando Fernand Léger (1881-1955) iniciou seus estudos num colégio de Argentan, cidade onde nascera. De lá foi para uma escola religiosa em Tinchebray. Com a morte de seu pai, um criador de gado, ficou sob a responsabilidade da mãe e de um tio que, ao notar sua queda para o desenho, enviaram-no para a cidade de Caen, onde viria a estudar arquitetura, que sob seu ponto de vista era mais importante do que a pintura.

Léger seguiu para Paris quando contava com 19 anos de idade, indo trabalhar num estúdio de arquitetura, como desenhista. Ao ser recusado como aluno pela Escola de Belas-Artes, passou a estudar na Escola de Artes Decorativas. Infelizmente, não existem trabalhos deixados pelo artista referentes a tal período, pois ele destruiu tudo que obrara até 1905. E mais uma vez, Cézanne teve fundamental importância na vida de um artista. Léger encantou-se com seu trabalho, sendo-lhe fiel até o final de sua vida.

A composição “A Costureira”, criada em 1909, foi o pontapé inicial para a experiência cubista de Léger, a quem não agradava o Impressionismo. Em seu trabalho buscava simplificar o máximo possível as formas, fazendo uso de um traço resumido e da forma geométrica. Ficou amigo de Picasso e Braque. Aos 51 anos de idade tornou-se pintor exclusivo do marchand Kahnweiler, o que foi uma prova do reconhecimento de seu trabalho.

O artista foi convocado para participar da Primeira Guerra Mundial, encontrando no front os companheiros de infância. Mesmo nas trincheiras desenhou retratos, cenas e esboços de máquinas. Ao ser hospitalizado, após tornar-se vítima de gás, aproveitou para voltar a seus pincéis. E ao retornar da batalha pôs-se, com afinco e otimismo, a reunir o homem e a máquina em seu trabalho, usando a pintura como forma de falar desse mundo mecanizado de então. Também distanciou-se dos cubistas. O que interessava eram o motor, a engrenagem, o metal, etc., que lhe davam uma nova visão de mundo. A figura humana passou a ganhar vida nova, tornando-se compacta, forte e grande.

Fernand Léger também interessou-se por outros campos das artes plásticas e visuais.  Colaborou com o escritor Cendrars em “La Roue”, filme de Abel Gance. Após outras experiências cinematográficas dirigiu seu próprio filme, denominado “Ballet Mécanique”, cujos personagens são sapatos, garrafas, discos, olhos, pernas artificiais e um chapéu de palha. Nesse mesmo ano foi à Itália, e apaixonou-se pela obra dos pré-renacentistas, sobretudo por Cimbabue, sobre quem afirma: “Sua concepção arquitetural, seu sentido do belo volume, a rigidez anti-sentimental de seu traço fazem dele um precursor. É hoje muito mais moderno que muitos pintores que se dizem ‘modernos’.”.

Ao travar conhecimento com o arquiteto Le Corbusier, que lhe ensinou a noção sobre “espaço mural”, sua arte adquiriu um caminho direcionado para o “objeto utilitário”. O espaço ganhou novas dimensões e a composição tornou-se abstrata. Passou a criar murais. Tornou-se professor na Academia Moderna de Paris e fez inúmeras exposições em vários países. Com a chegada da Segunda Guerra Mundial foi para os Estados Unidos, onde chegou a dar aula na Universidade de Yale, entre outros trabalhos.

O fato é que Léger foi um artista de seu tempo, com sua arte representativa da era da máquina. Ele já antevia a difusão industrial, a mecanização do trabalho, a importância da obra coletiva, etc. Talvez como nenhum outro artista da época, pressentiu o quanto o trabalho em grupo seria importante dali para frente, tendo assim se expressado:

“Nós nos dirigimos para o trabalho coletivo, porque cada vez mais a vida coletiva chama-nos. A arte já sofre nítidas repercussões disso. A vida de cada sociedade influenciará a demanda pública. Essa demanda poderá ser o painel decorativo, a arte mural, a tapeçaria, as séries em gravuras e litografias, o vitral, a cerâmica, etc. O artesanato será revalorizado. Todo um vasto público começa a interessar-se por arte, é preciso que ela exista para todos os bolsos.”.

É uma pena que seu reconhecimento tenha sido tardio. O artista morreu aos 84 anos de idade.

Fonte de pesquisa
Gênios da Pintura/ Editora Abril Cultural

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Rubens – O JULGAMENTO DE PÁRIS

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição O Julgamento de Páris é uma obra do artista Peter Paul Rubens, o mais importante pintor flamengo do barroco. Ele fez diversas obras com esta mesma temática e título, variando a época de criação. Como exemplo podem ser vistas: a versão de 1599 na Galeria Nacional de Londres; a versão 1606 no Museu do Prado, Madrid; a versão 1606 na Academia de Belas Artes de Viena; a versão 1636 no Gemäldegalerie Alte Meister, Dresden.

 Em sua pintura Rubens usa como tema o mito grego sobre o julgamento feito pelo jovem Páris, ao pintar suas voluptuosas deusas. Elena Fourment, sua segunda esposa, foi provavelmente usada como modelo para as três deusas. A paisagem também era familiar ao pintor. Ele fez uso da cor para criar a ilusão de espaço, como podem ser vistas as colinas azuis brilhantes ao fundo e o céu que trazem a sensação de profundidade. Os tons de verde dominam a paisagem, mas os vermelhos e os marrons, em primeiro plano, parecem trazer a cena mais para perto do observador.

Segundo a lenda, Páris é convidado para ser juiz de um concurso de beleza entre as deusas Minerva (Athena), Juno (Hera) e Vênus (Afrodite), uma vez que Zeus (Júpiter) abriu mão de tal empreitada. Elas se desnudam para mostrar seus belos corpos ao jovem que se encontra à direita, vestido como um pastor em referência ao seu nascimento. Ele está sentado sobre uma pedra, segurando um cajado e a maçã de ouro. A seus pés descansa seu cachorro. O deus Hermes (Mercúrio), abraçado a uma árvore e usando seu chapéu alado, segura seu caduceu (bastão com duas serpentes enroscadas e duas asas na extremidade superior), ao observar o desenrolar da cena.

Vênus encontra-se de pé entre Minerva e Juno. Ela traz rosas (símbolo do amor) e pérolas enfeitando seus cabelos. Promete a Páris que, se for eleita, dar-lhe-á em casamento a mulher mais bela do mundo. Acaba sendo a escolhida. À esquerda de Vênus está Minerva — reconhecível pelo capacete no chão e o escudo às suas costas — mostrando uma imagem de Medusa, o monstro que ela ajudara matar. À direita está Juno, esposa de Zeus, usando um manto de veludo vermelho, com um pavão à frente, sua ave favorita. Na extrema esquerda, o pequeno Cupido, agachado, com sua aljava a tiracolo, parece brincar.

Alecto — a Fúria — com o braço esquerdo estendido e uma serpente enrolada em sua mão é vista em meio a violentas nuvens, indicando que o julgamento terá consequências. Ela também pode ser Éris, a deusa que personifica a discórdia e o caos. Além do cão, da serpente e do pavão, muitas ovelhas são vistas na cena.

Vênus cumpriu sua promessa dando a Páris, como esposa, a mulher mais linda do mundo:  a famosa Helena de Troia que era casada com o rei Menelau. Com a ajuda da deusa, Páris fugiu com Helena, dando origem à guerra entre gregos e troianos.

Ficha técnica
Ano: c. 1632/35
Técnica: óleo sobre painel de carvalho
Dimensões: 145 x 188,5 cm
Localização: Galeria Nacional, Londres, Grã-Bretanha

Fonte de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
http://www.visual-arts-cork.com/famous-paintings/judgement-of-paris-rubens.htm

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