Arquivo da categoria: Mestres da Pintura

Estudo dos grandes mestres mundiais da pintura, assim como de algumas obras dos mesmos.

Rafael – O INCÊNDIO DO BORGO

 Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição O Incêndio do Borgo, também conhecida como O Fogo no Borgo, é uma obra da oficina do pintor italiano Rafael Sanzio, que era tão requisitado em Roma, a ponto de não dar conta de confeccionar todas as encomendadas que lhe eram feitas, valendo-se de um grande número de assistentes e alunos. Sua temática nesta obra tem como objetivo celebrizar a intercessão do papa Leão IV que, com sua bênção, impediu que um incêndio viesse a espalhar-se pelo Borgo, uma seção popular romana, próxima à Basílica de São Pedro. Sobre tal episódio foi dito que aconteceu no ano de 847 d.C.

Presume-se que Rafael tenha feito os complicados desenhos de O Incêndio no Borgo, mas que a obra foi, provavelmente, pintada por seu assistente Giulio Romano e alunos. O monumental afresco, medindo quase sete metros de base, encontra-se hoje na sala Stanza dell’incendio del Borgo. Dentre os outros quatro ali encontrados, este é o mais complexo, pois faz referências à antiguidade clássica, à arquitetura medieval e aos temas em uso pelos artistas da época. O artista mostra, no afresco em questão, uma fração da Roma antiga, desfeita durante o século XVI: a fachada original da Basílica de São Pedro, com seus mosaicos sobre fundo dourado e janelas de arcos românicos. São vistos também as colunas antigas de escuro mármore africano com capitéis jônicos e colunas brancas com capitéis coríntios, pintadas com rachaduras e fraturas, como ruínas do passado de Roma.

O Papa, de sua janela, abençoa a multidão aflita. Há um grupo atrás dele e outro ajoelhado debaixo de sua janela, e mais outro um pouco mais distante, numa galeria, em primeiro plano, que tenta desesperadamente apagar o fogo. Uma mulher de amarelo, com os dois braços levantados, tendo as costas voltadas para o observador, parece pedir socorro ao Papa. À esquerda, correndo das labaredas do fogo, um jovem carrega um velho às costas, atrás dele vem uma senhora idosa e à sua esquerda uma criança, provavelmente membros de uma mesma família. No centro, uma mulher, sentada, abraça o seu bebê, enquanto duas outras mães zelam por suas crianças. À direita, as pessoas portam vasilhames com água, tentando apagar ofogo. Um jovem nu é visto descendo de um muro, enquanto uma mãe entrega a outrem o seu bebê recém-nascido, no intuito de salvá-lo.

Ficha técnica
Ano – 1514/17
Técnica: afresco
Dimensões: 670 cm de base
Localização: Museus do Vaticano, Roma, Itália

Fontes de pesquisa
Los secretos de las obras de arte/ Taschen
http://www.wga.hu/html_m/r/raphael/4stanze/3borgo/1borgo.html

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Seurat – LE CHAHUT

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição Le Chahut (também conhecida como Can-Can) é uma obra pontilhista do pintor francês Georges Seurat, que acreditava que o artista podia e devia unir-se ao conhecimento científico em suas criações.  Ele não misturava as cores, mas punha-as junto (pontilhismo), mantendo-as puras na tela, de modo que só pudessem fazer combinações na retina do observador.

 Seurat apresenta em sua pintura uma cena de dança no Moulin-Rouge, em Montmatre, na França, com a intenção de vencer o desafio do movimento. Dentre os elementos costumeiros, usados pelo artista, aparece algo novo: a caricatura dos personagens, vista no dançarino, com seu ar posudo; nos gestos teatrais do maestro e das bailarinas; e também no semblante debochado e libidinoso do espectador, sentado à esquerda, que serviu de deboche para a obra, sob o argumento de que ali se encontrava para ver as calcinhas das duas dançarinas.

Os personagens distribuem-se na tela, ocupando as seguintes posições:

  • os dançarinos ocupam a parte superior;
  • os músicos encontram-se na parte inferior,
  • e no fundo encontra-se parte da plateia.

Um dos músicos é visto de costa para o observador, na parte central da base da composição.

O pintor obteve a variação de luz e sombra em sua pintura, fazendo uso de diminutos pontos de cores justapostas. Quando vistos de certa distância, eles se fundem no olho do observador, criando a sensação de que são as cores que se encontram misturadas. Todas as linhas e movimentos estão direcionados para cima, repassando a sensação de animação e alegria.

 A pintura foi recebida com zombaria pelos amigos do pintor e com impiedosa chacota por parte dos críticos. Desconsolado, o artista isola-se.

 Ficha técnica
Ano: 1889/1890
Técnica: óleo sobre painel
Dimensões: 169 x 141 cm
Localização: Rijksmuseum Kröller-Müller, Oterlo, Holanda

 Fonte de pesquisa
Gênios da Pintura/ Abril Cultural
http://seurat.krollermuller.nl/en/lechahut

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Dufy – VISTA DE MARSELHA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição Vista de Marselha é uma obra do artista francês Raoul Dufy, que gostava muito da temática ligada ao mar. Nesta composição, o pintor apresenta a cidade de Marselha com seu porto mediterrâneo, em três planos superpostos, combinando magistralmente as linhas verticais e as horizontais.

No plano superior, Dufy destaca o porto, numa paisagem vertical, rodeado por casas. Nas suas águas azuis e verdes estão navios com suas pesadas estruturas e chaminés  em ação, veleiros e embarcações menores. Aves brancas, parecidas com gaivotas, nadam em meio à calmaria das ondas. Um céu azulado com nuvens brancas e outras mais escuras cobrem a paisagem

No segundo plano, situado no meio da composição, o artista mostra o dia a dia da cidade portuária, com animais puxando carroças, indo e vindo do porto. A presença da figura humana é quase imperceptível. Foi neste espaço que o artista escolheu para assinar seu nome.

No terceiro e último plano, Dufy mostra os belos elementos que decoram Marselha, a segunda mais populosa  e também a mais antiga cidade francesa. Situa-se na província da Provença, na costa mediterrânea, sendo o maior e mais importante porto comercial da França.

Ficha técnica
Ano: c. 1926
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 110 x 89 cm
Localização: Museu de Belas-Artes, Bruxelas, Bélgica

Fonte de pesquisa
Gênios da Pintura/ Abril Cultural

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Seurat – CENA DE BANHO EM ASNIÉRE

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Ser pintor é ultrapassar a mera superfície das coisas. (Georges Seurat)

 A composição Cena de Banho em Asniére, também conhecida como Os Banhistas de Asnières, é uma obra do pintor francês Georges Seurat que acreditava que o artista podia e devia se unir ao conhecimento científico em suas criações.  Ele não misturava as cores, mas punha-as junto (pontilhismo), mantendo-as puras na tela de modo que só pudessem fazer combinações na retina do observador. É com esta tela que ele começa a pôr em prática a sua teoria sobre a luminosidade e a composição geométrica das figuras, ainda que nela se note influências de Piero della Francesca, Corot, Puvis de Chavannes e dos impressionistas. Para compor esta obra, Seurat fez dezenas de esboços a carvão e a lápis, pois seu trabalho era sistemático e muito pensado, ao contrário dos impressionistas. Em seus croquis constavam um arco-íris e um cavalo, sendo posteriormente eliminados.

Os operários divertem-se numa tarde iluminada de domingo, junto ao rio Sena, diante da ilha da Grande Jatte em Asniére, fazendo parte de uma tranquila cena nos subúrbio de Paris. Eles estão imóveis, segundo as normas preestabelecidas pelo artista. As figuras humanas são vistas em formação rígida, como elementos compositivos, à maneira das obras de Piero della Francesca, tanto na simplicidade das formas como no emprego de formas regulares demarcadas pela luz. O pintor usou modelos vivos, vistos de perfil, sendo a pintura final feita em seu estúdio.

Cinco personagens isolados encontram-se na grama tomando sol. Um garoto de calção vermelho observa dois outros na água. Um barco com um remador transporta um casal, sendo que a mulher está coberta por uma sombrinha branca. Três barcos com velas brancas trafegam no rio. Vê-se, à direita, a ponta de um barco de regata com um remador. Em segundo plano estão uma ponte, edifícios e as várias torres de uma fábrica a soltar fumaça. Inúmeras árvores aparecem à direita e à esquerda.  Um pequeno cão é visto em primeiro plano, na parte inferior da pintura, à esquerda.

 A colossal tela – mais de seis metros quadrados – foi recusada pelo Salão oficial de Paris. Tal recusa levou Seurat a ficar distante do reconhecimento público, só participando das exposições dos artistas antiacadêmicos no Salão dos Independentes que em 1884 expôs esta pintura. Mesmo nesse meio – onde se supunha ser aberto às inovações – ele foi incompreendido tanto pelos artistas quanto pelos críticos e público. Ao ver sua obra, que terminara aos 24 anos de idade, recebida com zombaria pelo público e com desdém pelos próprios artistas que se insurgiam contra o academicismo, Seurat passou a isolar-se em seu estúdio, mas ciente de que estava avançando em seus estudos.

O artista deu especial atenção ao critério impressionista que levava em conta a cor e a luz, contudo, o resultado obtido por ele foi bem diferente, pois não se trata de um momento fugaz, mas da junção de muitos momentos na tela, recebendo seu estilo o nome de “sintético”.

Ficha técnica
Ano: 1883/1884
Técnica: óleo sobre painel de carvalho
Dimensões: 201 x 302 cm
Localização: Galeria Nacional, Londres, Grã-Bretanha

 Fonte de pesquisa
Gênios da Pintura/ Abril Cultural
Impressionismo/ Editora Taschen
https://www.nationalgallery.org.uk/paintings/georges-seurat-bathers-at-asnieres

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Dufy – BARCOS NO PORTO DE MARSELHA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição Barcos no Porto de Marselha é uma obra do artista francês Raoul Dufy. Nesta pintura fica evidente a influência de Cézanne sobre o artista. Ele já se mostra interessado pelo volume e pela forma e não mais apenas apegado à cor. Já é possível, também, sentir a influência cubista na obra.  As suas pinturas anteriores em nada se assemelham a esta, onde, além do tratamento dado à cor, há certo geometrismo.

O artista apresenta seis pequenos barcos atracados no porto da cidade de Marselha, na França. Eles apresentam longos mastros amarronzados. À esquerda, rente à borda da tela, vê-se parte de um barco maior, enquanto à direita, três grandes folhas verdes, parecidadas com as de um coqueiro, emergem do ângulo inferior e tomam conta de parte da tela.

O céu não é azul, como de costume, mas amarelo, enquanto a água é também da mesma cor, com uma tonalidade mais clara. Apenas as sombras dos elementos presentes adquirem a cor verde ou azulada.

Ficha técnica
Ano: c. 1910
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 73 x 60 cm
Localização: Museu de Arte Moderna, Paris, França

Fonte de pesquisa

Gênios da Pintura/ Abril Cultural

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Seurat – OS MODELOS

Autoria de Lu Dias Carvalho

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As duas composições denominadas Modelo em Pé, de Frente e Modelo Sentado, de Perfil são duas obras do pintor francês Georges Seurat, que acreditava que o artista podia e devia se unir ao conhecimento científico em suas criações.  Ele não misturava as cores, mas punha-as junto (pontilhismo), mantendo-as puras na tela, de modo que só pudessem fazer combinações na retina do observador.

 As duas telas apresentam duas fases contínuas do tratamento pontilhista que o pintor dá ao nu. Na primeira pintura, ele usa os tons azulados, em pontos parecidos com arabescos. Na segunda pintura, faz uso de tons carnais alaranjados e vermelhos, em pequenos pontos, que vibram intensamente.

 A primeira tela, Modelo em Pé, de Frente, servirá de influência para Matisse em seu colorismo e para o uso decorativo do arabesco, uma constante em sua arte, enquanto a segunda, Modelo Sentado, de Perfil, leva às adolescentes de Renoir, até mesmo na postura dessas.

Ficha técnica
Ano: 1886-87 (ambas)
Técnica: óleo sobre tela (ambas)
Dimensões: 26 x 16 cm  e 25 x 16 cm
Localização: Coleção Particular (1ª)  e Museu do Louvre (2ª)

 Fonte de pesquisa
Gênios da Pintura/ Abril Cultural

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