Arquivo da categoria: Mestres da Pintura

Estudo dos grandes mestres mundiais da pintura, assim como de algumas obras dos mesmos.

Giovanni Bellini – O SANGUE DO REDENTOR

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição O Sangue do Redentor é uma obra do pintor italiano Giovanni Bellini, cuja fervorosa religiosidade faz-se presente em muitas de suas obras. Cristo é visto após a crucificação, como sendo o “Homem das Dores”, cujo sangue salva o mundo do pecado.

Esta pintura, extremamente sensível, faz parte da primeira fase dos trabalhos do artista. Além de evidenciar o seu sentimento religioso, também traz impressa a influência recebida de Andrea Mantegna, seu mestre e cunhado, nos seus elementos estruturais, como nas formas e na construção do espaço, assim como nas referências apuradas dos relevos clássicos sobre o parapeito. Contudo, não é possível deixar de dizer que a sensitividade linear e o belo conteúdo espiritual são criações do próprio artista.

Jesus Cristo, com sua imensa cruz de madeira, divide verticalmente a composição ao meio. Apenas um lençol, cinge seu corpo pálido, na região dos quadris. Com o braço esquerdo, ele envolve a cruz de madeira, onde se encontra dependurada a coroa de espinhos, e usa a mão do mesmo braço para comprimir a ferida do peito, de modo a fazer o sangue jorrar no cálice. O braço direito encontra-se estendido, de modo a deixar visível a ferida do cravo na sua mão. Seu rosto está voltado para o anjo, em visível expressão de desalento e dor.

Bellini deixou à vista todas as chagas do corpo delgado de Jesus, excetuando a do pé direito, que se encontra encoberta pelo madeiro. O anjo, ajoelhado sobre a perna esquerda, levanta o cálice para receber o sangue que flui, num grosso jorro, proveniente da ferida do Mestre Jesus. O piso do ambiente, onde se encontram os dois personagens, é decorado com losangos brancos e pretos.

O parapeito, que divide a parte interior da exterior, é maravilhosamente trabalhado com relevos clássicos pagãos. A pintura faz crer que o ambiente interior encontra-se acima da paisagem abaixo, que se divide em duas partes bem diferentes.  À direita está um monte árido com construções decadentes, enquanto à esquerda vê-se uma cidade próspera com suas belas torres e montanhas azuladas. Duas pequenas figuras, aparentando ser religiosos com suas roupas pretas, aparecem ao lado direito.

Ficha técnica
Ano: c. 1460/62
Técnica: têmpera sobre madeira
Dimensões: 47  x 34,3 cm
Localização: Galeria Nacional, Londres, Grã-Bretanha

Fonte de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
https://www.nationalgallery.org.uk/paintings/giovanni-bellini-the-blood

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Murillo – ADORAÇÃO DOS PASTORES

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição A Adoração dos Pastores é uma obra do pintor espanhol Bartolomé Esteban Murillo, artista extremamente religioso. Ele representa um acontecimento da Natividade de Jesus. Quando pintou este quadro, Murillo encontrava-se no ápice de sua maturidade artística.

A Virgem Maria e seu esposo José encontram-se numa estrebaria, ao lado do filho Jesus. A Família Sagrada recebe a visita de três pastores, dois homens e uma mulher, que vêm homenagear o Menino e trazer-lhe presentes: um cesto com ovos, um carneiro e dois frangos. São pessoas extremamente humildes, como mostram suas roupas velhas e os pés descalços e sujos. O pastor, que está de pé, segurando a ovelha, olha, embevecido, para a criança.

Maria encontra-se ajoelhada, à esquerda, segurando parte do corpinho de Jesus, deitado numa manjedoura. Toda a sua atenção está voltada para seu bebê. Atrás dela estão um boi e um jumento. José encontra-se de pé, escorado em seu cajado, observando o Menino. Todos os personagens são banhados por intensa luminosidade, principalmente a Virgem e Jesus Cristo.

O pintor acreditava que, quanto mais aproximasse os seres divinos das pessoas comuns, mais fácil seria ganhar a devoção dessas. Ele acabou por revolucionar o modo de representar figuras sagradas, ao expor alegria, simplicidade e humanidade em suas obras, ao contrário do que se via na pintura sacra da Espanha da época.

Ficha técnica
Ano: 1645/60
Técnica: óleo sobre painel
Dimensões: 187 x 228 cm
Localização: Museu do Prado, Madri, Espanha

 Fonte de pesquisa
Murillo/ Abril Cultural

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Giorgione Barbarelli – OS TRÊS FILÓSOFOS

 Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição Os Três Filósofos é uma obra do pintor italiano Giorgione Barbarelli, com uma pequena colaboração do artista Sebastiano del Piombo, em razão da doença de Giorgione, segundo alguns. Trata-se de uma pintura cheia de simbolismo que até agora apresenta inúmeras suposições e o mesmo número de discordâncias. Assim como a temática da pintura, o nome real da obra é também desconhecido.

Barbarelli apresenta três misteriosas figuras masculinas debaixo de um bloco de árvores: um homem velho, outro de meia-idade e um jovem. Elas se agrupam de modo a dominar o primeiro plano da tela, à direita. A cor usada possui gradações luminosas, definidas por claros contornos. Seriam as figuras filósofos, mágicos? Não se sabe. Vejamos algumas das suposições:

  • tais figuras alegóricas simbolizam o conhecimento em diferentes períodos: o homem mais velho (grego) representaria Platão ou Aristóteles – simbolizando a Antiguidade; o de meia-idade (árabe) representaria Averróis ou Avicenna – simbolizando a Idade Média; o jovem anônimo (europeu) representaria a ciência do Renascimento;
  • as três figuras representam os três estágios da humanidade: juventude, meia-idade e velhice;
  • tais figuras representam três épocas da civilização europeia: Antiguidade, Idade Média e Renascimento;
  • as três figuras representam as religiões abraâmicas, etc;
  • as figuras são a representação dos Três Reis Magos (a Sagrada Família estaria na caverna, à esquerda);
  • os personagens seriam a descrição das três etapas do conhecimento: a filosofia grega, que começou a ciência; a cultura árabe-persa, que deu continuidade; a Renascença, que foi a continuação do processo;
  • a aurora emitindo raios luminosos ao fundo, também é vista como uma das alegorias da composição. Representaria um novo caminho trilhado pelo homem em relação ao saber, fruto da atividade científica;
  • a caverna simbolizaria o conceito filosófico da Caverna de Platão.

De qualquer forma podem ser encontrados na composição:

  • três idades do homem;
  • três compleições distintas;
  • três nações diferentes.

Em segundo plano vê-se uma aldeia, com algumas edificações e um vasto campo verde, e mais ao fundo são vistas montanhas azuladas. Existe também a hipótese de que tal quadro possa ter sido cortado em todos os lados.

Ficha técnica
Ano: c. 1505/09
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 121 x 141 cm
Localização: Kunsthistorisches Museum, Viena, Áustria

 Fontes de pesquisa
Giorgione Barbarelli / Abril Cultural
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
http://www.wga.hu/html_m/g/giorgion/various/threephi.html

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Murillo – A SAGRADA FAMÍLIA COM PASSARINHO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição A Sagrada Família com Passarinho é uma obra religiosa do pintor espanhol Bartolomé Esteban Murillo, que era um artista extremamente devoto. É do início de sua maturidade. Esta obra, que apresenta volumes contrapostos e de relações diagonais, mostra influências de Zurbarán e Ribera no trabalho do artista.

A pintura apresenta uma cena doméstica, onde se encontram o Menino Jesus, a Virgem Maria e seu esposo José. A Virgem, sentada num assento baixo, em segundo plano, à esquerda, está diante de seu tear, com o corpo de perfil, mas com o rosto voltado em direção ao  Menino Jesus, contemplando-o com alegria. À sua direita, no chão, encontra-se um cesto de junco com tecido e linha. Ela enrola um novelo de linha branca, também vista em volta do tosco tear de madeira. Sua casa é extremamente humilde.

José, em primeiro plano, sentado num banco de madeira, com o corpo ligeiramente voltado para a esquerda, traz o Menino Jesus recostado à sua perna direita, enquanto o observa a brincar. Em seu rosto há uma expressão de contentamento, sendo visto como um pai carinhoso e presente na vida do filho adotivo. Atrás dele está sua mesa de madeira. Sobre ela estão os instrumentos de seu ofício de carpinteiro.

O Menino Jesus, de pé entre Maria e José, encontra-se inteiramente vestido, mas tem os pezinhos descalços. Traz na mão direita, erguida para o alto, um passarinho, que dá título à obra. Ele brinca com um cãozinho branco que, sentado, levanta a patinha direita, como se quisesse pegar a pequenina ave. Todas as atenções estão voltadas para o Menino com sua vestimenta de cor esbranquiçada. É o personagem principal da cena.

O artista representa a cena sem dar qualquer dica da divindade dos personagens, que poderiam passar por uma família qualquer, no ambiente calmo de seu pobre lar. Vê-se que o pintor preferiu a simplicidade no intuito de aproximar a Sagrada Família do homem comum. Ele usou o efeito de luz e sombras (chiaroscuro) para modelar as figuras, dando-lhes relevo. A luz entra pelo lado esquerdo, só iluminando as figuras, enquanto deixa o resto da casa no escuro.

Ficha técnica
Ano: 1645/50
Técnica: óleo sobre painel
Dimensões: 144 x 188 cm
Localização: Museu do Prado, Madri, Espanha

 Fontes de pesquisa
Murillo/ Abril Cultural
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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Giorgione Barbarelli – A VELHA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição A Velha é uma obra do pintor italiano Giorgione Barbarelli. Trata-se de uma das últimas pinturas do artista, que viria a morrer muito jovem. Alguns estudiosos veem nela a inclinação de Barbarelli por um novo estilo de pintura, que seria menos poético e formal e mais chegado ao “verismo” (teoria segundo a qual a severa representação da verdade e da realidade é essencial à arte que, portanto, também deve incluir o feio e o vulgar).

Segundo alguns críticos de arte, a mulher aqui representada pode ser a mãe do artista. Outros, porém, refutam tal ideia, em razão do texto que se encontra próximo à mão esquerda da velha senhora, com a inscrição: “col tempo”, pois uma mulher idosa e desdentada era pintada, muitas vezes, para simbolizar o tema da “vanitas”, ou seja, a transitoriedade da vida terrena. “Vanitas vanitatum et omnia vanitas” significa “Vaidade das vaidades, e tudo é vaidade” (conclusão do Eclesiastes: XII, 8, sobre a pequenez das coisas deste mundo.

Na pintura também chama a atenção do observador a forte expressão da retratada, que parece reter seu olhar (do observador) à força.

Ficha técnica
Ano: c. 1504
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 69 x 60 cm
Localização: Galleria dell’ Accademia, Veneza, Itália

 Fontes de pesquisa
Giorgione Barbarelli / Abril Cultural
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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Murillo – MENINOS COMENDO MELÃO E UVAS

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição Meninos Comendo Melão e Uvas, também conhecida por Crianças que Comem Frutas ou ainda Meninos Comendo Frutas, é uma obra, em estilo barroco, do pintor espanhol Bartolomé Esteban Murillo, que nutria grande interesse pela pintura religiosa e pela de gênero, embora essa última não fosse muito conhecida em toda a Espanha à época, primando a cidade de Sevilha pelo estilo.

Embora Murilo não expressasse formalmente uma crítica de cunho social através de sua pintura e de certa forma mostrasse o belo na pobreza, ao trabalhar apenas com o aspecto estético, ainda assim ela era exposta, mas sem nenhuma ambição moral ou alegórica. A temática popular, presente em seu trabalho, deixa de lado a idealização para focar a realidade. É provável que o artista, que pintou várias cenas semelhantes, ao fazer uso da pintura de gênero, tenha se deixado tocar pela preocupação intensa dos franciscanos para com os pobres.

O artista retrata dois garotos de rua, com suas feições meigas, esfarrapados, descalços e sujos, estando um deles sentado no que parece ser um velho banco de madeira (ou seria um tronco de árvore?), e o outro mais abaixo, sentado no chão, em primeiro plano, com sua camisa habilidosamente rasgada. Os meninos divertem-se comendo melão e uvas. Apesar da condição miserável das duas crianças, elas se mostram felizes, saboreando suas frutas.

O menino, sentado à direita, traz no colo um grande melão amarelo, do qual já retirou algumas talhadas: uma na sua mão, outra na mão do companheiro e cascas de duas outras no chão. No pedaço, que traz na mão, são visíveis as marcas de duas bocadas. Sua bochecha esquerda mostra-se inflada com o pedaço da fruta ainda sem ser deglutido. Na mão direita traz uma faca. Virado para a direita, observa seu colega de banquete.

O garoto, sentado no chão, à esquerda, com o braço direito levantado, deposita um cacho de uva na boca, enquanto direciona sua cabeça e olhar para o amigo. Na mão esquerda retém uma fatia de melão, ainda não mordida. À sua direita está um velho cesto de vime, já com a alça rompida, cheio de uvas verdes e maduras. Trata-se de uma primorosa natureza-morta. No chão, o esqueleto de um cacho de uvas mostra que ele já se encontra saboreando o segundo.

Em sua tela, Murillo faz uso do “chiaroscuro”. O fundo escuro da composição projeta ainda mais as duas personagens. A luminosidade destaca as duas crianças e as frutas. A pintura é realisticamente detalhada. As unhas sujas dos garotos, assim como os pés sujos, mostram o quanto o artista foi meticuloso em sua arte.

O chiaroscuro foi magistralmente executado. O fundo escuro contrasta com a luminosidade que é projetada sobre as crianças e as frutas. E tudo isso com um realismo detalhado e meticuloso, outra das características do barroco espanhol, reforçada pela técnica extraordinária do artista.

Ficha técnica
Ano: 1645/55
Técnica: óleo sobre painel
Dimensões: 155 x 148 cm
Localização: Pinacoteca de Munique, Alemanha

 Fontes de pesquisa
Murillo/ Abril Cultural
1000 obras-primas da pintura europeia/ Köneman

Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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