Arquivo da categoria: Pinacoteca

Pinturas de diferentes gêneros e estilos de vários museus do mundo. Descrição sobre o autor e a tela.

Piero della Francesca – A NATIVIDADE

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Em sua Natividade o pintor Piero della Francesca apresenta-nos uma cena bastante simples em que mostra a Virgem com seu Menino e os anjos, tendo por fundo a paisagem de uma cidade com suas montanhas e árvores.

O grupo encontra-se num abrigo em ruínas, com as paredes laterais pela metade e o telhado grosseiro está escorado por dois paus. A Virgem está ajoelhada diante do Menino. Trata-se de  uma mulher graciosa com seu vestido e manto azuis. Ela tem os cabelos presos e traz no pescoço um singelo colar. O Menino Jesus nu, deitado sobre um colchãozinho azul, levanta os braços pequeninos para a mãe, que responde seu gesto apenas com um olhar.

À direita da Virgem cinco anjos músicos fazem um concerto, festejando a chegada de Jesus. Três deles são instrumentistas, enquanto dois que aparentam ser mais singelos, são cantores. Imbuídos que estão em seu ofício, eles formam um grupo aparentemente centrado apenas no seu papel.

José, esposo da Virgem está assentado detrás dela, sendo visto de perfil. Ele se encontra em silêncio, centrado em seus pensamentos.  Dois pastores com seus cajados, vistos quase de frente, apresentam-se à sua direita. Um deles ergue o braço apontando para a estrela que os guiou até ali, mas que se encontra ausente da pintura.

Ao fundo o jumentinho levanta a cabeça zurrando, enquanto o boi parece acompanhar a cena com atenção. A presença dos dois animais traz à composição uma certa ingenuidade e pureza. A choupana, quase que centralizada na composição, deixa ver, de ambos os lados pedaços da paisagem, composta por árvores, rochas e água, à esquerda, e uma cidade à direita. Sobre o telhado da choupana encontra-se um pássaro que parece acompanhar toda a cena.

Em A Natividade as figuras angelicais e humanas de Piero della Francesca estão maravilhosamente inseridas contra um panorama rural que se perde ao longe. A obra é simples, mas sublime.

Ficha técnica:
Ano: 1470
Dimensões: 124,5 x 123 cm
Técnica: óleo sobre madeira
Localização: National Gallery, Londres

Fontes de pesquisa:
Cristo na Arte/ Manuel Jover
Enciclopedia dos Museus/ Mirador

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Da Vinci – A ANUNCIAÇÃO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A Anunciação, composição do pintor italiano Leonardo da Vinci, está dividida em três níveis de profundidade. Ao fundo, estão dispostos quatro ciprestes cônicos. Entre o primeiro, à direita, e o segundo, existe um grande espaço, através do qual passa  a luz que ilumina o local do terraço, onde se encontram a Virgem e o anjo. A distância entre eles é muito grande, como se se tratasse de duas cenas diferentes, mas o cruzamento do olhar entre  os dois unifica as duas partes, assim como a luz que vai do mensageiro para o rosto da Virgem.

Entre o segundo e o terceiro cipreste, assim como entre o terceiro e o quarto, apesar da presença de outras árvores com forma irregular, há também espaços por onde passa a luz. Montanhas azuis aparecem ao fundo.

A Virgem está confortavelmente assentada em sua cadeira, no terraço do palácio, quando recebe a visita do anjo mensageiro. Ela parece muito surpresa com a mensagem que recebe. À sua frente, estende-se um tapete de ervas e flores, enquanto às suas costas, uma porta abre-se para um quarto, sendo possível observar um pedaço da cama coberta com uma colcha amarela.

O anjo, com seu belo perfil, tem uma perna ajoelhada e a outra dobrada, na qual descansa a mão que carrega um galho de lírios brancos, símbolo da pureza de Maria. A mão direita ergue-se em saudação à Virgem. Suas asas levantadas parecem prestes a alçar voo. As flores do local, onde ele se encontra, são bem detalhadas.

Anjo e Virgem estão suntuosamente vestido, tendo as dobras de suas vestes minuciosamente trabalhadas. A arquitetura do porta-livros de mármore é finamente acabada. A associação da Virgem Maria com os livros simboliza a sua sabedoria.

Ao pé da última montanha é possível ver uma cidade com seu porto e barcos.

Ficha técnica
Data: c. 1472/1475
Técnica: óleo e têmpera sobre madeira
Dimensões: 98 x 217 cm
Localização: Galleria degli Uffizi, Florença, Itália

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Weyden – A ANUNCIAÇÃO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A Anunciação do pintor holandês Rogier van der Weyden é a parte central do Tríptico da Anunciação, que mostra a chegada do anjo Gabriel, que veio visitar  Maria, para lhe dizer que ela conceberá o Filho de Deus. A aba esquerda deste painel traz o doador da obra, que não foi identificado, e a direita traz a cena da visitação, ou seja, o encontro entre a Virgem e a sua prima Isabel. Como o pintor não deixou obras datadas, presume-se que este seja um de seus trabalhos mais antigos. É possível notar a influência de Jan van Eyck e do Mestre de Flémalle, seu professor, sobre esta composição de estilo gótico tardio, emocional e linear. Este tema foi representado inúmeras vezes por Weyden.

O encontro entre a Virgem e o anjo acontece no interior silencioso do quarto dela, belamente adornado, com a luz da manhã entrando suavemente através das janelas abertas. Tudo está bem organizado, tranquilo e sereno. Não existe  nada que possa sinalizar perturbação ou dúvida. A luz que alumia o quarto advem da janela à direita, realçando a suntuosa ornamentação feita em detalhes. O uso da cor é magistral.

A delicada Virgem ainda segura na mão esquerda o livro que estava lendo, e, que simboliza a sabedoria que possui. Seu rosto calmo e o gesto de sua mão mostram assentimento em relação ao que acabara de ouvir. O anjo, que parece flutuar, tão inseguro é o seu equilíbrio, mostra muita ternura no olhar, em reverência àquela que será a mãe do filho de Deus.  Ambos possuem o mesmo formato de rosto.

O anjo mensageiro está suntuosamente vestido. Um manto brocado, forrado de vermelho, desce sobre sua túnica branca com uma faixa vermelha. Suas asas possuem três tons de azul.  Suas roupas espalham-se pelo chão. Ele está de pé diante da Virgem com o corpo ligeiramente inclinado para trás, com as mãos espalmadas num gracioso gesto. Às suas costas, um assento de madeira tem três almofadas vermelhas.

No canto inferior esquerdo da composição há um belo vaso com três lírios brancos e, ao fundo, sobre um móvel de madeira, está uma bacia com um jarro dentro. Os dois objetos atestam a virgindade de Maria. No lado esquerdo, próximas à parte mais alta da porta, duas laranjas lembram o pecado original, enquanto as velas apagadas são o símbolo de que está chegando uma nova fonte de luz – Jesus Cristo – que salvará o homem de seus pecados.

O quarto com sua cama e dossel vermelhos simbolizam o mistério da noite de núpcias e também pode ser uma alusão à cama de ervas aromáticas mencionada no Cântico dos Cânticos. Uma janela ao fundo deixa ver um céu claro e uma casa mais ao longe.

Ficha técnica:
Data: c. 1435/1440
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 86 x 92 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fontes de pesquisa

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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Van Eick – A ANUNCIAÇÃO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Esta belíssima pintura sobre a Anunciação, que provavelmente fazia parte de um tríptico, é do pintor Jan van Eyck, o mais famoso pintor da escola flamenga. Para muitos estudiosos de arte, a superioridade desta obra encontra-se na sua humanização.

A cena acontece no interior de uma igreja gótica. A Virgem, trajando majestosas vestes azuis debruadas com arminho, está numa posição ambígua, pois não fica claro se ela está de pé, ajoelhada ou sentada, em frente a uma mesa que tem sobre si um livro de orações, quando  recebe a visita do anjo mensageiro. Ela é uma mulher de corpo delgado, dona de longos cabelos negros que lhe caem na frente, sobre o seio esquerdo e pelas costas. À saudação do anjo Maria responde:

Ecce ancilla DNI (Eis aqui a serva do Senhor)

O anjo Gabriel, suntuosamente vestido com um manto de brocado vermelho e dourado, com suas asas coloridas, segura um cetro na mão esquerda e com a direita saúda a Virgem. Ao proferir as palavras de saudação:

Ave Grã. Plena (Ave, cheia de graça)

Essas palavras cortam o cetro, formando uma cruz, uma referência à Paixão de Cristo. A inscrição das palavras ditas pela Virgem e pelo anjo foi pintada de cabeça para baixo para que Deus Pai, de cima, pudesse ver.

À frente da Virgem, vê-se um banco com uma almofada vermelha. Próximo a ela, encontra-se um vaso com lírios brancos, representando a sua pureza. No piso, estão representadas cenas do Antigo Testamento: Davi matando Golias e, logo atrás, Sansão destruindo o templo dos filisteus, e Dalila cortando os cabelos de Sansão, à esquerda. O banco vazio pode significar “um trono vazio”, simbolizando a segunda vinda de Cristo.

No canto superior esquerdo da composição, uma pomba entra velozmente através da primeira janela, onde é possível ver os rastros de sete raios de luz deixados por ela, que voam em direção a Maria.  Os sete raios, pintados em ouro, simbolizam os sete dons do Espírito Santo (sabedoria, entendimento, conselho, fortaleza, conhecimento, pureza e medo), enquanto a pomba simboliza o Espírito Santo.

Sete é um número importante no simbolismo cristão, sendo significativo que também sejam sete os lírios brancos, emblemas tradicionais da pureza da Virgem. Acima, na parte superior direita da pintura, no vitral da janela iluminada, está a figura de Moisés, com dois anjos acima dele.

Nota: clique no quadro para obter melhor nitidez.

Ficha técnica:
Ano: c. 1434/1436
Técnica: óleo transferido da madeira para tela
Dimensões: 93 x 37 cm
Localização: National Gallery of Art, Washington, EUA

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Botticelli – A ANUNCIAÇÃO DE CASTELLO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A Anunciação de Castello é retratada nesta pintura pelo pintor renascentista italiano Sandro Botticelli, com cores fortes e luminosas, com a predominância dos tons quentes. O artista mostra o momento  em que o arcanjo Gabriel anuncia à Virgem Maria que o Espírito Santo irá lhe fazer uma visita.

A cena se passa numa sala de piso de terracota com separações de mármore branco. A porta aberta deixa ver a paisagem lá fora, apresentando uma grande e delgada árvore à margem de um rio, que conduz até uma cidade torreada. Mais distante, perto de uma ponte, está ancorado um barco, enquanto outro navega no rio.

A Virgem Maria, perto de seu genuflexório com um livro de orações, inclina-se delicadamente em direção ao anjo, que se encontra ajoelhado. Ela está suntuosamente vestida e traz na cabeça um delicado véu, que desce sobre seu corpo. Sua figura é delgada e graciosa.

O anjo, ajoelhado, faz um gesto com a mão direita  saudando a Virgem, enquanto com a esquerda segura um ramo de lírios brancos, que simboliza a virgindade de Maria. Sua presença perto da porta, sugere que tenha acabado de chegar. Suas asas coloridas caem-lhe pelas costas, sobre suas vestes vermelhas. Seu corpo está dobrado em direção à Virgem, enquanto sua sombra desliza-se suavemente pelo chão.

Ficha técnica:
Ano: c. 1489
Técnica: têmpera sobre madeira
Dimensões: 150 x 156 cm
Localização: Galleria degli Uffizi, Florença, Itália

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Picasso – A FAMÍLIA DE SALTIMBANCOS

Autoria de Lu Dias Carvalhopicasso123456

A arte francesa sentia-se atraída pelo tema circense. Podemos constatar isso, principalmente, na obra dos impressionistas e pós-impressionistas, a exemplo de Degas, Renoir, Seurat e Van Gogh. Eles sentiam que, como artistas de vanguarda, era tão marginalizados quanto os artistas circenses. Esta obra é do período rosa de Picasso, caracterizada por uma escala de cores mais quentes, maravilhosamente trabalhadas,  e de maior objetividade em sua narrativa.

A composição A Família de Saltimbancos, também conhecida como Os Saltimbancos, possui dimensões gigantescas. Nela estão presentes seis figuras, distantes e alineadas, que se encontram num lugar não identificado, sem nenhuma relação composicional ou emocional umas com as outras. Elas não interagem entre si, apenas olham para pontos fora da tela, à direita, excetuando duas delas. Como é possível notar, o artista usa a temática do circo como motivo para externar situações humanas, em que o mundo exterior não reflete o interior.

Os personagens do circo ocupam mais da metade da tela, num cenário sem tempo e sem espaço, enquanto uma mulher ocupa a parte restante. Ao contrário dos saltimbancos, vestidos como atores do circo, ela se mostra bem vestida, usando um chapéu enfeitado com flores. Encontra-se de frente para o observador, assim como os dois garotos e o bufão.

O olhar do arlequim, que se encontra de costas para o observador, está direcionado para a jovem. Uma garotinha, também de costas para o observador, carrega uma cesta de flores, iguais às que se encontram no chapéu da jovem mulher, podendo ser esse um indicativo da relação dela com o grupo. O observador depara-se com muitos erros conscientes deixados pelo pintor, a fim de criar uma visão perturbadora:

1. Os olhares dos personagens não se cruzam, a fim de estabelecer qualquer tipo de ligação.
2. O cotovelo do arlequim está numa posição impossível de ser vista.
3. O chapéu da moça parece pequeno demais para a sua cabeça.
4. O bufão descansa numa só perna, pois não se vê a segunda.
5. A garotinha usa sapatilhas de cores diferentes.

Ficha técnica
Ano: 1905
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: The National Gallery of Art, Washington, EUA

Fontes de pesquisa
Picasso/ Abril Coleções
Picasso/ Coleção Folha
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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