Arquivo da categoria: Pinacoteca

Pinturas de diferentes gêneros e estilos de vários museus do mundo. Descrição sobre o autor e a tela.

Nattier – MADAME HENRIETTE COMO FLORA

 Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor francês Jean-Marc Nattier, o Moço (1685 – 1766), era filho de Jean-Marc Nattier, o Velho, pintor histórico e retratista. Foi com ele que recebeu as primeiras aulas de pintura, tornando-se depois, provavelmente, aluno de Jean Jouvenet. Ao lado do pai fez cópias de pinturas de Peter Paul Rubens, Charles le Brun, dentre outros mestres antigos. Aos 15 anos de idade foi premiado pela Academia com um desenho ao estilo de Rubens. Recebeu um convite para trabalhar na corte do czar Pedro, o Grande, mas o recusou. A seguir fez parte da Academia de Paris, como pintor de história, embora sua fama não viesse de pinturas históricas, mas de retratos, sendo ele um dos mais brilhantes retratistas de sua época. Suas pinturas trazem um ligeiro brilho de madrepérola.

A composição intitulada Madame Henriette como Flora é uma obra-prima desse artista que brilhantemente executava retratos da sociedade francesa. Nattier tornou-se conhecido, sobretudo, por traduzir o antigo tipo de retrato mitológico para a linguagem do Rococó, como nos mostra esta pintura, ou seja, as pessoas eram retratadas com os atributos dessa ou daquela figura mitológica, sem, contudo, perderem sua individualidade, como podemos observar no retrato de Madame Henriette, filha de Luís XV, como a ninfa Flora, cujo atributo eram as flores, a pedido da rainha Marie Leszynska.

A princesa Henriette encontra-se reclinada numa paisagem, em primeiro plano, segurando uma coroa de flores que ela mesma confeccionara. Ao fundo vê-se uma cidade, montanhas e vales. Este foi o primeiro de uma série de retratos das princesas reais criados pelo artista. Grande parte de tais pinturas resultou em réplicas de autógrafos e cópias de estúdio, distribuídas aos membros da família real, chefes coroados, oficiais do corpo diplomático, ministros, cortesãos e favoritos da família Bourbon.

Ficha técnica
Ano: 1742
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 94,5 x 128,5 cm      
Localização: Galeria Uffizi, Florença, Itália

Fontes de Pesquisa:
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
Rococó/ Editora Taschen
https://www.nga.gov/collection/artist-info.1746.html

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Bazille – REUNIÃO DE FAMÍLIA

Autoria de Lu Dias Carvalho

Ele é um dos mais talentosos entre nós (Camile Pissaro)

O pintor francês Jean Fréderic Bazille (1841 – 1870) não contou com o incentivo de sua rica família inicialmente, pois essa queria que ele estudasse medicina.  Contudo, Bazille acabou ganhando a anuência de seus pais que passaram a apoiar sua carreira artística. Infelizmente o jovem pintor teve uma vida muito curta, sendo morto na guerra Franco-Prussiana antes mesmo de completar 30 anos de idade. Embora não houvesse tido tempo de ser representado nas exposições expressionistas, foi  o responsável pela ideia de criar exposições independentes, sem ter que passar pelo processo rigoroso de um comitê extremamente conservador que rejeitava todas as obras que não rezassem na sua cartilha. Foi grande amigo de Monet e Renoir.

A composição intitulada Reunião de Família é uma obra muito importante na curta carreira do artista, sendo o maior de seus trabalhos. Este quadro foi criado inteiramente ao ar livre. No seu estúdio, o pintor apenas reviu alguns detalhes e acrescentou sua figura à sua criação. Foi surpreendentemente aceito no Salão de 1868, enquanto o quadro “Mulheres no Jardim” de Monet era recusado para desaponto de Bazille. O assunto da obra é a reunião das famílias Bazille  e des Hours – ligadas por laços de matrimônio – na propriedade rural em Méric, perto de Montpellier, durante o verão de 1867. A casa ficava num ponto ligeiramente mais alto, com vista para a aldeia.

O artista aproveitou a reunião de sua família – composta por onze pessoas – debaixo de um pé da castanheira que ficava no terraço, para retratá-la num dia ensolarado. À esquerda, sentados num banco, estão seus pais Gaston Bazille e Camille Victorine Bazille. Sentados à mesa estão sua tia – a irmã de sua mãe – Élisa des Hours-Farel e sua filha Juliette Thérèse. Ao lado do tronco da árvore, de braços dados, estão sua prima Thérèse Teulon-Valio – a filha casada de Gabriel e Élisa des Hours-Farel – e seu marido Emile. À direita da pintura, ao lado da parede do terraço, encontram-se seu irmão Marc Bazille com sua esposa Suzanne Tissié e sua irmã Suzanne. O artista também inseriu seu retrato no grupo. Ele se encontra espremido à esquerda, atrás de seu tio Gabriel des Hours-Farel.

Este quadro de Bazille lembra muito o de seu amigo Claude Monet, intitulado “Mulheres no Jardim”. Os vestidos brancos com bolinhas pretas usados na composição são bem parecidos com os da referida obra. A vestimenta branca estava em moda no século XIX, sendo visto como próprio da burguesia – à qual pertencia a família do artista. Contudo, para os pintores impressionistas o que importava era o efeito da luz e da sombra e como a cor branca refletia as cores do ambiente. Thérèse, prima do pintor, sentada à mesa, usa um vestido com matiz turquesa, ponto fundamental da composição.

O consagrado escritor francês Émile Zola, em sua crítica, enalteceu três pontos fundamentais desta obra: 1- grande sensibilidade ao retratar a luz natural presente no terraço; 2- o modo como o artista captou a pose dos presentes, caracterizando perfeitamente a personalidade de cada um; 3 – o esmero na caracterização do vestuário dos presentes, tido como uma contribuição à modernidade.

O fato de não haver interação entre as onze pessoas presentes na obra – todas com postura muito rígida – tem feito com que o quadro venha sendo comparado a uma fotografia de grupo, embora cada figura pareça ter o seu retrato pintado individualmente. Dentre as figuras presentes, somente o pai do artista – parece fitar algo à sua frente – e sua cunhada Suzanne Tissié – também perdida com o olhar à sua frente – não olham para o observador. Tal fato deixa patente o interesse do pintor em incorporar a narrativa à passagem do tempo em sua obra.

Nota:
Quando foi exibida no Salão de Paris esta composição apresentava cachorrinhos em primeiro plano. Dois anos depois o artista substituiu os animais por uma natureza-morta em que são vistos um feixe de flores, um chapéu de palha feminino e um guarda-chuva fechado.

Ficha técnica
Ano: 1867
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 152 x 230 cm          
Localização: Museu d’Orsay, Paris, França

 Fontes de Pesquisa:
Impressionismo/ Editora Taschen
https://mydailyartdisplay.wordpress.com/2012/10/21/reunion-de-famille-family-reunion-by-frederic-bazille/
https://www.theartist.me/collection/oil-painting/family-reunion/

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Subías – O CANTOR CEGO

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor, desenhista e gravurista espanhol Ramón Baueu y Subías (1746 –1793), irmão mais novo dos pintores Francisco Bayeu e Manuel Bayeu, era cunhado de Francisco de Goya, com quem colaborou em muitas comissões. Recebeu seu treinamento em pintura e desenho com seu irmão Francisco, pessoa com a qual mantinha fortes laços de amizade e trabalho, sendo seu assistente e colaborador. Em Madri ele ganhou uma bolsa de estudos que o levou à Itália.

A composição intitulada O Cantor Cego é uma obra do artista – a presença de um músico cego pedinte numa pintura era muito comum na arte europeia – que apresenta dois personagens masculinos e um cão, ao ar livre, trabalhando em conjunto para obter algum ganho material. Este trabalho tem como objetivo destacar a pobreza dos personagens e sua humildade, ainda que as cores presentes apontem para a harmonia e a elegância, mostrando o cantor cego mais como um poeta.

O cego está sentado no topo de uma elevação revalda. Ele se encontra vestido com uma roupa de um forte azul, segundo costumes da época, tendo por cima uma capa marrom. No seu colo descansa um instrumento musical típico daqueles tempos. Traz ainda uma bolsa de pano pendurada no ombro e um cajado encostado no seu corpo. O jovem guia responsável por guiar o cego, apresenta-se muito mal vestido. Ele se encontra mais abaixo, brincando com um cãozinho que dança sobre as patas traseiras, enquanto ele toca suas castanholas.

Ficha técnica
Ano: 1786
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 93 x 145 cm          
Localização: Museu Nacional do Prado, Madri, Espanha

 Fontes de Pesquisa:
Rococó/ Editora Taschen
http://dbe.rah.es/biografias/8196/ramon-bayeu-y-subias
https://www.wga.hu/html_m/b/bayeu/ramon/blindsin.html

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Caillebotte – OS RASPADORES DE SOALHOS

Autoria de Lu Dias Carvalho

O impressionista francês Gustave Caillebotte (1848 – 1894) iniciou sua carreira artística como autodidata, vindo depois a estudar na Escola de Belas Artes da cidade de Paris. Ele conheceu e tornou-se amigo de Edgar Degas e, através dele, entrou em contato com os impressionistas, deles recebendo grande influência. Era dono de uma visão extremamente moderna, sempre optando por temas que mostravam a vida parisiense. A sua presença trouxe grande influência ao grupo, pois ele – dono de excelente situação financeira – ajudava-os, comprando suas obras, legando, portanto, uma rica coleção do referido estilo ao Estado francês.

A composição intitulada Os Raspadores de Soalhos – obra-prima da pintura realista – é uma criação do artista que mostra seu interesse pela perspectiva e pela vida cotidiana. Ele apresenta três homens, nus da cintura para cima, raspando o verniz antigo do soalho de uma grande sala. Chamou a atenção de seus contemporâneos o fato de o artista apresentar um tema com trabalhadores urbanos, uma vez que ele pertencia à alta burguesia da época, sem vivência com esse tipo de gente. O quadro não foi aceito para exposição no Salão de Paris, sendo visto pelos responsáveis pela seleção como um “assunto vulgar”, uma inovação provocadora, contudo, fez parte da segunda exposição impressionista.

As três figuras masculinas recebem a luz que entra através da porta de grades de ferro em arabesco que leva à varanda. Seus torsos nus mostram-se luzidios, iluminados por esta luz que adentra pelo ambiente e incide sobre as faixas do verniz escuro que ainda está por ser retirado. Uma pequena parte da raspagem feita – como mostram as tábuas já aplainadas – destaca-se por apresentar uma cor sem brilho, embaciada. A luz também faz com que a sombra dos corpos dos homens trabalhando seja projetada no soalho. Aparas da madeira – parecidas com anéis de cabelo – são vistas espalhadas pelo piso.

As três figuras humanas ocupam o centro da tela. Os dois homens da esquerda fazem o mesmo gesto e interagem entre si, conforme mostram suas cabeças. O que se encontra à direita e um pouco mais atrás, tem parte do corpo cortada na lateral do quadro e traz os olhos voltados para o chão. Várias ferramentas de marcenaria estão espalhadas pelo ambiente. Uma garrafa aberta de vinho barato e um copo encontram-se à esquerda. As tábuas estão alinhadas em diagonal e as paredes possuem painéis retangulares. É interessante notar que o observador fica de pé sobre os três homens trabalhando no piso. É possível que o local seja o estúdio do próprio artista.

Caillebotte foi muito importante dentro do Impressionismo, pois, ao contrário de seus colegas que preferiam retratar paisagens e jardins, ele preferiu os trabalhadores urbanos – tão ignorados pela arte –, ainda que sua obra não tivesse nenhuma mensagem social ou moralizante. Os trabalhadores, através do olhar fotográfico de Caillebotte, passaram a fazer parte da arte, como aconteceu no passado com os humildes camponeses.

Ficha técnica
Ano: 1875
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 102 x 146,5 cm       
Localização: Museu d’Orsay, Paris, França

 Fontes de Pesquisa:
Impressionismo/ Editora Taschen
http://www.visual-arts-cork.com/paintings-analysis/floor-scrapers.htm
https://www.theartpostblog.com/en/gustave-caillebotte-the-floor-scrapers/

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Joachim Patenier – O BATISMO DE CRISTO

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição denominada O Batismo de Cristo é uma obra do pintor Joachim Patenier (c.1485 – 1524), também conhecido como Joachim Patinir, que foi um grande mestre em Antuérpia. É tido como o pioneiro na pintura de paisagens na arte ocidental. O artista gostava de apresentar detalhadas descrições pictóricas com vários elementos naturais como rochedos, florestas, rios, mares. Trata-se de uma de suas poucas telas sobreviventes e assinadas por ele, sendo um de seus trabalhos mais conhecidos.

A tela mostra Cristo, imerso na água até quase os joelhos, sendo batizado por João Batista, ajoelhado sobre um rochedo onde se encontra o manto azul de Jesus. O Mestre encontra-se de frente para o observador, enquanto João Batista é visto de perfil. As duas figuras são rígidas e bem convencionais.  Em meio a uma nuvem azulada está a figura de Deus Pai, banhado em luz, apontando para a pomba branca, logo abaixo, simbolizando o Espírito Santo. Ela paira acima da mão de João Batista e a cabeça de Cristo.

Um grupo é visto em segundo plano, à esquerda, ouvindo o sermão de João Batista. Cristo é também repetido. Sua pequena figura encontra de pé em meio à vegetação, usando um manto azul, observando a cena de longe.

A paisagem meio sobrenatural, unida por uma inteligente modulação de cores, é preponderante na pintura, ocupando a maior parte da tela.

Ficha técnica
Ano: 1510-1520
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 59,7 x 76,3 cm
Localização: Museu de História da Arte, Viena, Áustria

Fonte de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Boucher – MULHER NUA

Autoria de Lu Dias Carvalho

Boucher possui todos os talentos que um pintor pode ter e é bem sucedido em todos os níveis. Nenhum pintor dos dias é capaz de igualá-lo quanto à graciosidade, mas ele pinta por dinheiro e isso corrompe seu talento. (Diderot)

O gravador, desenhista e pintor rococó francês François Boucher (1703 – 1770) era filho de um artista que criava padrões para bordados e ornamentos. Iniciou sua vida artística ainda muito jovem, como aprendiz de Fraçois Lemoyne, com quem ficou por um breve tempo, vindo depois a trabalhar para Jean François Cars, um gravador de cobre. Aos 20 anos de idade recebeu o “Grand Prix de Rome” – um incentivo aos novos artistas.

A composição intitulada Mulher Nua – também conhecida como A Odalisca Loura ou Rapariga em Repouso ou ainda Nu num Sofá – é uma das famosas obras do artista. Para esta pintura, segundo alguns, ele tomou como modelo uma jovem irlandesa (Marie-Louise O’Murphy) que foi, por um tempo, a amante preferida do rei francês Luís XV. Outros estudiosos, no entanto, dizem se tratar de outra cortesã, o que para nós não vem ao caso. Este tipo de pose era um dos preferidos do pintor, sendo que quadros como este eram bastante requisitados para ornamentar os ricos aposentos particulares da nobreza.

A garota encontra-se num ambiente luxuoso, em meio a pesadas cortinas de veludo e roupa de cama de seda. À esquerda, no chão, vê-se um braseiro fumegante próximo a uma almofada com fitas. Ela se mostra numa postura provocativa, reclinada sobre um sofá (chaise-longue), mas não se trata aqui de uma mulher exuberante. A delicadeza das cores usadas na pintura e o rosto terno da garota tornam-na aparentemente irreal. Apesar de encontrar-se nua, de costas para cima, a garota mostra-se meiga e absorta em seus pensamentos.  Segura uma fita azul que aparentemente prende seus cabelos loiros e desce pelo ombro direito, quase tocando o sofá que, em desordem, pode esconder um convite disfarçado.

A retratada, apesar de encontrar-se numa pose provocante, não tem por objetivo usar o apelo sexual, mas, sim, mostrar seus atributos de garota ingênua, uma vez que ainda é uma adolescente. A posição de suas pernas abertas deixa suas nádegas bem separadas. Ela se encontra em primeiro plano, mas distante do alcance do observador, uma vez que a coloração mostra-se bastante artificial, tornando tudo irreal.

François Bouchet não recebia apenas elogios em sua arte, pois críticos, a exemplo do filósofo Diderot, não aceitavam a sua maneira de retratar seus nus que deveriam ser apresentados dentro de um contexto mitológico ou alegórico – remetendo à beleza clássica. Achavam-no um imoral por representar “crianças-mulheres” em posturas provocantes, sendo muitas delas menores de idade. Segundo pesquisas, esta pintura foi encomendada quando a garota tinha somente 14 anos, época em que o rei tornou-a sua cortesã.

Ficha técnica
Ano: c. 1752
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 59 x 73 cm              
Localização: Alte Pinakothek, Munique, Alemanha

 Fontes de Pesquisa:
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
Rococó/ Editora Taschen
https://translate.google.com.br/translate?hl=pt-BR&sl=en&u=http://www.orientalist-art.org/french/boucher-omurphy-1751.html&prev=search

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