Caillebotte – OS RASPADORES DE SOALHOS

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Autoria de Lu Dias Carvalho

O impressionista francês Gustave Caillebotte (1848 – 1894) iniciou sua carreira artística como autodidata, vindo depois a estudar na Escola de Belas Artes da cidade de Paris. Ele conheceu e tornou-se amigo de Edgar Degas e, através dele, entrou em contato com os impressionistas, deles recebendo grande influência. Era dono de uma visão extremamente moderna, sempre optando por temas que mostravam a vida parisiense. A sua presença trouxe grande influência ao grupo, pois ele – dono de excelente situação financeira – ajudava-os, comprando suas obras, legando, portanto, uma rica coleção do referido estilo ao Estado francês.

A composição intitulada Os Raspadores de Soalhos – obra-prima da pintura realista – é uma criação do artista que mostra seu interesse pela perspectiva e pela vida cotidiana. Ele apresenta três homens, nus da cintura para cima, raspando o verniz antigo do soalho de uma grande sala. Chamou a atenção de seus contemporâneos o fato de o artista apresentar um tema com trabalhadores urbanos, uma vez que ele pertencia à alta burguesia da época, sem vivência com esse tipo de gente. O quadro não foi aceito para exposição no Salão de Paris, sendo visto pelos responsáveis pela seleção como um “assunto vulgar”, uma inovação provocadora, contudo, fez parte da segunda exposição impressionista.

As três figuras masculinas recebem a luz que entra através da porta de grades de ferro em arabesco que leva à varanda. Seus torsos nus mostram-se luzidios, iluminados por esta luz que adentra pelo ambiente e incide sobre as faixas do verniz escuro que ainda está por ser retirado. Uma pequena parte da raspagem feita – como mostram as tábuas já aplainadas – destaca-se por apresentar uma cor sem brilho, embaciada. A luz também faz com que a sombra dos corpos dos homens trabalhando seja projetada no soalho. Aparas da madeira – parecidas com anéis de cabelo – são vistas espalhadas pelo piso.

As três figuras humanas ocupam o centro da tela. Os dois homens da esquerda fazem o mesmo gesto e interagem entre si, conforme mostram suas cabeças. O que se encontra à direita e um pouco mais atrás, tem parte do corpo cortada na lateral do quadro e traz os olhos voltados para o chão. Várias ferramentas de marcenaria estão espalhadas pelo ambiente. Uma garrafa aberta de vinho barato e um copo encontram-se à esquerda. As tábuas estão alinhadas em diagonal e as paredes possuem painéis retangulares. É interessante notar que o observador fica de pé sobre os três homens trabalhando no piso. É possível que o local seja o estúdio do próprio artista.

Caillebotte foi muito importante dentro do Impressionismo, pois, ao contrário de seus colegas que preferiam retratar paisagens e jardins, ele preferiu os trabalhadores urbanos – tão ignorados pela arte –, ainda que sua obra não tivesse nenhuma mensagem social ou moralizante. Os trabalhadores, através do olhar fotográfico de Caillebotte, passaram a fazer parte da arte, como aconteceu no passado com os humildes camponeses.

Ficha técnica
Ano: 1875
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 102 x 146,5 cm       
Localização: Museu d’Orsay, Paris, França

 Fontes de Pesquisa:
Impressionismo/ Editora Taschen
http://www.visual-arts-cork.com/paintings-analysis/floor-scrapers.htm
https://www.theartpostblog.com/en/gustave-caillebotte-the-floor-scrapers/

2 comentaram em “Caillebotte – OS RASPADORES DE SOALHOS

  1. Eduardo Coelho

    Eu pensava que essa obra fosse realista.
    A primeira vez que a vi foi no museu D’orsay e me apaixonei pela mesma.
    Parabéns pelo canal!

    Responder
    1. LuDiasBH Autor do post

      Eduardo

      Trata-se de uma obra muito interessante, mesmo! Acho-a fantástica.

      Agradeço a sua visita e comentário. Volte mais vezes.

      Abraços,

      Lu

      Responder

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