Arquivo da categoria: Pinacoteca

Pinturas de diferentes gêneros e estilos de vários museus do mundo. Descrição sobre o autor e a tela.

Kaiho Yusho – ALEGORIA DA PINTURA

Autoria de Lu Dias Carvalho

No Japão antigo, as artes tradicionais eram quatro: a harpa, o xadrez, a caligrafia e a pintura. Por serem parte essencial da educação dos jovens da nobreza, os artistas usavam-nas como motivo de seu trabalho.  As pinturas que chegaram até nossos dias foram apenas as dos nobres jogando xadrez ou tocando harpa.

Apesar de serem tidas como parte das artes tradicionais, a pintura e a caligrafia eram consideradas trabalhos manuais, ou seja, não gozavam da mesma reverência que a harpa e o xadrez. Os cavalheiros não se deixavam imortalizar exercendo uma delas. Em razão disso, as pinturas que representam a pintura e a caligrafia são normalmente alegóricas, ou seja são representadas simbolicamente através de objetos.

A caligrafia era representada por um pajem ou um servo preparando a tinta, enquanto a pintura era personificada por pessoas a admirar um quadro ou objeto de arte. A pintura acima é um detalhe de um biombo com seis painéis, pintado a cores sobre papel.

Ficha técnica
Ano: fim do séc. XVI
Autor: Kaiho Yusho
Período Momoyama
Dimensões: 153 x 364,2 cm
Localização: Museu Nacional de Tóquio, Japão

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
O Japão/ Louis Frédéric

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Andrea del Sarto – PIETÀ

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição Pietà é uma obra religiosa do pintor italiano Andrea del Sarto (1486 -1531), cujo nome de nascimento era Andrea d’Angiolo di Francesco, sendo que “Sarto” foi acrescentado ao seu primeiro nome por ele ser filho de um alfaiate (que em italiano escreve-se sarto). Seu primeiro aprendizado deu-se com um ourives, continuando sua formação provavelmente com Piero di Cosimo. Dividiu sua oficina de trabalho com o pintor Jacopo Sansovino e possivelmente com Franciabigio. Pintou afrescos e retábulos. É tido, ao lado de Fra Bartolommeo, como o maior mestre da Alta Renascença Italiana e um dos pioneiros do Maneirismo. Possuía uma personalidade complexa, sendo muito louvado por sua habilidade e sentimentos religiosos. Ganhou de Giorgio Vasari o apelido de “pintor sem erros”.

A Pietà de Andrea del Sarto traz a influência de Leonardo da Vinci com suas sutilezas,  de Michelangelo com suas amplitudes heroicas e do classicismo de Rafael Sanzio. O artista vivia – à época desta composição – um momento de tensão estilística, após ter passado por um estágio na França. O fundo atrás das quatro figuras traz a aparência de um rochedo.

O corpo de Cristo, estendido sobre um lençol branco, coberto no baixo ventre por um pano rosa, traz o dorso erguido por um anjo que o olha com grande tristeza. A Virgem Mãe, trajando uma vestimenta com três tons de azul, está centralizada na tela, dividindo-a ao meio. Seu rosto pálido denota grande sofrimento. À sua esquerda aparece outro anjo que segura seu manto. Todos os personagens trazem um halo próximo à cabeça, indicativo de divindade – excetuando Cristo que aqui é mostrado em toda a sua humanidade.

O artista dedicou grande atenção à figura do corpo de Cristo morto, ao desenhá-la com extremo rigor, ao ponto de dar grande ênfase aos detalhes naturalistas. Tudo nele é notavelmente humano, mas o mesmo não acontece com a mão direita do anjo que o segura. Outra amostra do talento de Andrea del Sarto nesta obra diz respeito às cores vivas, como podemos observá-las nas asas iridescentes dos anjos  e nas manchas cor de sangue no linho que envolve o corpo de Jesus.

Ficha técnica
Ano: 1519/1520
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 99 x 120 cm
Localização: Museu de História da Arte, Viena, Áustria

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras primas da pintura europeia/ Könemann

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Pieter Bruegel, o Velho – A PROCISSÃO DO CALVÁRIO

Autoria de Lu Dias Carvalho

                                                  (Clique na figura para aumentá-la)

O desenhista e pintor maneirista Pieter Bruegel (1525/30 – 1569) teve em sua família inúmeros artistas, sendo ele o primeiro deles, daí o anexo a seu nome de “o Velho”. Fez parte da Guilda dos Pintores de São Lucas, em Antuérpia, tendo se tornando um grande mestre. Viajou pela Itália, França e Suíça, vindo a fixar residência em Bruxelas, onde se tornou um conhecido humanista, fazendo parte do grupo do poeta Dirk Volckertsen.

A composição religiosa intitulada A Procissão do Calvário – tida como a segunda maior pintura do artista conhecida está enquadrada entre uma árvore, à esquerda, e um poste de madeira encimado por uma roda, onde pousa uma ave. A cena acontece num extenso terreno montanhoso, sob a luz do sol. São incontáveis as figuras humanas ali presentes incluindo crianças. Algumas estão a pé e outras montadas, dirigindo-se ao local onde se dará a execução, no alto da montanha, à direita. Pode-se ver um grande círculo formado pelas pessoas que ali já se encontram. Os homens de vermelho, montados a cavalo, conduzindo imensas lanças, são os soldados, presentes em diversos pontos da pintura.

A figura de Cristo carregando a cruz, caído no chão quase invisível no meio da multidão marca o centro da tela. É exatamente neste ponto que as duas diagonais da composição encontram-se. O pintor não destaca Jesus das outras pessoas, mas apresenta-o em sua humanidade, sendo totalmente ignorado pelos que o rodeiam e que veem o acontecimento apenas como um espetáculo. Um homem e uma mulher tentam ampará-lo na caminhada. O homem é Simão de Cirene, a quem os algozes pediram para ajudar Cristo a levar a cruz.

Os dois ladrões vão à frente numa carroça, ao lado de dois religiosos que tomam sua confissão. Um deles volta os olhos para os céus. O cocheiro desce do cavalo e senta-se nos paus da carroça com um ar de zombaria. Um soldado montado segue à frente carregando um estandarte branco. À esquerda da carroça inúmeras pessoas voltam o olhar para os ladrões, todos em trajes contemporâneos, pois Pieter Bruegel transferiu o acontecimento para sua época. As execuções públicas eram comuns no seu tempo, tidas como ocasião de grande entretenimento, onde também se encontravam crianças brincando, vendedores ambulantes e batedores de carteira, como vistos aqui.

Em primeiro plano, à direita, isoladas dos demais num platô rochoso, estão as figuras de Maria, João Evangelista e as três mulheres santas. A Virgem está sentada, desfalecida, amparada por João. As três mulheres estão arqueadas sob o peso do sofrimento. Elas divergem do restante da multidão tanto pelas roupas “antigas” (em relação aos demais) como pelos corpos curvados pela dor e por serem apresentadas num tamanho maior.

No Monte do Gólgota (significa lugar dos crânios), dentro do círculo feito pela turba, são vistas as duas cruzes onde serão crucificados os dois ladrões. Entre elas está sendo cavado um buraco para fincar a cruz conduzida por Cristo. Inúmeras forcas são vistas na paisagem, algumas com cadáveres e outras com rodas onde são vistos fragmentos de pano e resto de corpos quebrados, sendo comidos pelos corvos. O céu, à esquerda, mostra-se calmo, enquanto à direita, sobre o Gólgota, mostra-se escuro e tempestuoso, com corvos esvoaçando.

Bruegel gostava de trabalhar com inúmeras personagens, todas elas fazendo alguma coisa. O moinho de vento, à esquerda, no topo de um rochedo, traz diferentes análises. Além de caracterizar a tradição paisagística da Escola de Antuérpia também pode significar o movimento da longa jornada de Cristo até sua morte. O observador, ao embrenhar-se na pintura mostrando inúmeras cenas, sente-se como se dela fizesse parte.

Ficha técnica
Ano: 1564
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 124 x 170 cm
Localização: Museu de História da Arte, Viena, Áustria

Fonte de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
https://mydailyartdisplay.wordpress.com/2011/03/07/the-procession-to-calvary-by-pieter-bruegel-the-elder/

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Katsushika Hokusai – HODOGAYA

Autoria de Lu Dias Carvalho

A ilustração intitulada Hodogaya é uma xilogravura sobre papel, obra do pintor japonês Katsushika Hokusai (1760 – 1849) que aqui tenta reproduzir uma paisagem, antes de haver o encontro concreto entre a arte japonesa e a arte ocidental.  Já se nota a preocupação do artista em fazer com que o homem seja um elemento à parte da natureza. Esta ilustração é tirada de sua série “Trinta e Seis Vistas do Monte Fugi”, um grupo de xilogravuras coloridas, continuação da série “Cem Vistas do Monte Fuji” de 1817, o que mostra o quão dedicado a seu trabalho era Hokusai. Eclético, trabalhou com vários estilos.

Em sua composição ele mostra uma rua com oito árvores altas e de troncos finos. Seis figuras humanas ali são vistas. Ao fundo vê-se o famoso Monte Fuji* com seu cone perfeito. Na frente do grupo seguem dois carregadores levando um palanquim com uma pessoa sentada. Eles interromperam a caminhada, puseram a carga no chão para que um deles amarre o sapato, enquanto o outro limpa o suor de sua cabeça. Mais atrás, um servo puxa um cavalo com um homem montado sobre ele, parecendo embevecido com a visão do Monte Fuji. Outro homem caminha em direção à cidade.

*O Monte Fuji é o mais alto do Japão. Desde o século VII é venerado pelos japoneses. Por ser tido como sagrado, até 1872 as mulheres não tinham permissão para escalá-lo. O ponto alto das escaladas é no verão – de julho a setembro. Muitos devotos de seitas que cultuam o vulcão também o sobem em longas procissões. Do alto do vulcão, à noite e com bom tempo, é possível ver o nascer do sol no oceano Pacífico. Um número sem conta de estampas de todas as épocas traz o Monte Fuji reproduzido.

Ficha técnica
Ano: 1823/1831
Autor: Katsushika Hokusai
Período Edo
Dimensões: 25,5 x 37,8 cm
Localização: Museu Nacional de Tóquio, Japão

Fonte de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
O Japão/ Louis Frédéric

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Kitagawa Utamaro – RETRATO DE MULHER

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição (xilogravura sobre papel) intitulada Retrato de Mulher faz parte de “dez estudos de expressão feminina”, obra do artista Kitagawa Utamaro (1754 – 1806), que foi um dos grandes nomes da arte do ukiyo-e e um renomado mestre de retratos femininos.

Inicialmente, o artista retratava apenas atores, mas depois acrescentou a seus retratos jovens cortesãs, influenciando-se pelo trabalho de Torii Kiyonaga. Contudo, ele não demorou a encontrar seu próprio estilo, como é possível ver na sua série de trabalhos conhecidos como okubi-e, em que as imagens são esboçadas com bustos e faces em primeiro plano, acompanhadas de pomposos penteados.

A gravura acima é okubi-e – característica da composição figurativa , conforme estilo do artista que dá ênfase à expressão, caráter e detalhes de atitude e vestuário. A retratada é uma mulher jovem e sensual, cujas mãos seguram o tecido da roupa – uma bela seda com figuras de aves voando. Ela usa um requintado penteado, preso no alto da cabeça, com pentes e enfeites, contrastando com a delicadeza de sua face, ombro e seio à vista.

Ficha técnica
Ano: c.1791
Autor: Torii Kiuonaga
Período Edo
Dimensões: 37,7 x 24,3 cm
Localização: Museu Nacional de Tóquio, Japão

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
O Japão/ Louis Frédéric

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Claude Lorrain – UM PORTO DE MAR

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor francês Claude Lorrain (1600 – 1682), cujo nome legítimo era Claude Gellée, tornou-se conhecido como “Le Lorrain”, nome relacionado com a região em que nascera. Ao mudar-se para Roma, o artista teve como mestre o pintor de arquitetura Agostino Tassi, vindo posteriormente a estudar com Gottfried Sals – pintor de arquitetura e paisagens – quando se encontrava em Nápoles.  Acabou se tornando um dos famosos paisagistas de Roma, tendo se inspirado inicialmente nas paisagens idealizadas de Annibale Carraci e nas dos pintores holandeses que residiam naquela cidade. Embora seu estilo fosse lírico e romântico, acabou mais tarde aproximando-se de Nicolas Poussin. A vista do mar era um tema constante nas obras de Lorrain, assim como lembranças da Antiguidade Clássica que sempre davam um toque de solenidade antiga às suas obras.

A composição Um Porto de Mar – uma paisagem imaginária põe em evidência a capacidade que Claude Lorrain tinha para captar o sentido passageiro da hora fugaz, ao usar tênues matizes de luz. O arco triunfal visto na pintura, à direita, foi inspirado no Arco de Tito, presente no Fórum Romano, dando à pintura certo ar de ostentação. A névoa matinal ainda cobre parte da vista. Um complexo jogo de luz espalha reflexos cintilantes sobre a água, misturando-se à bruma.

São muitos os personagens presentes nesta obra. Três deles conversam entre si na entrada do arco triunfal, perto do qual se encontra uma embarcação com quatro pessoas e uma outra parada, mais distante, próxima às árvores. Na margem duas mulheres aguardam a travessia, uma delas sentada sobre uma arca, conversa com um dos remadores, enquanto dois outros organizam três grandes tábuas a fim de possibilitar o embarque. Um dos dois barcos rentes à margem traz dentro um remador, enquanto o segundo é manejado por três homens. À esquerda, uma embarcação maior, coberta com uma lona, repassa seu carregamento para uma menor. Mais ao fundo estão dois barcos a vela. O reflexo do sol, ainda tênue, dá a sensação de tratar-se de um balão preso ao barco.

Ficha técnica
Ano: 1674
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 73 x 97 cm
Localização: Pinacoteca de Munique, Alemanha

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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