Arquivo da categoria: Pinacoteca

Pinturas de diferentes gêneros e estilos de vários museus do mundo. Descrição sobre o autor e a tela.

Poussin – A INSPIRAÇÃO DO POETA

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor francês Nicolas Poussin (1594 – 1665) é oriundo de uma família humilde. Ele aspirava muito mais que a formação recebida em sua terra e, por isso, mudou-se para Paris, onde se fixou por mais de dez anos, sobrevivendo com dificuldade. Deve ter estudado com Georges Lallement e Ferdinand Elle. Esteve em Veneza e Roma, onde se sentiu atraído pela arte clássica e pelos grandes mestres do Renascimento, dentre os quais estavam Rafael Sanzio, com seus belos temas de inspiração clássica e Ticiano com suas cores vibrantes. O artista é tido como o fundador do Neoclassicismo francês, tendo produzido pinturas históricas, mitológicas, retratos e paisagens.

A composição A Inspiração do Poeta é uma obra-prima de Poussin, tida como um de seus mais belos trabalhos. Trata-se de uma pintura idílica e alegórica, sendo muito difícil de ser interpretada, pois não se sabe a que a obra alude ou qual seja seu tema exato. Contudo, a presença de Calíope (que alguns veem como Euterpe) – musa grega da eloquência, tida como uma divindade inspiradora da poesia épica ou histórica e da ciência – leva a crer que se trata de uma celebração alegórica da poesia épica.

A musa com sua coroa de louros encontra-se posicionada à esquerda, segurando uma flauta. Abaixo dela veem-se livros no primeiro plano, com os títulos: a Odisseia, a Ilíada e a Eneida. A ela foi dada a missão de inspirar os seres humanos a fim de torná-los criativos na Arte e na Ciência.

No centro da composição está Apolo – deus grego da juventude, da luz e da beleza – descansando o braço direito sobre uma lira sem cordas, simbolizando a música e a poesia. Na cabeça traz uma coroa de louros. Ele está inspirando o poeta representado à sua frente que alguns estudiosos dizem ser Virgílio.

Apolo usa um manto vermelho que deixa parte de seu corpo a descoberto e sandálias douradas. Seu dedo indicador da mão direita aponta para a escrita do poeta. Esse traz os olhos levantados para cima em busca de inspiração, enquanto é coroado por um querubim que segura duas coroas de louro.

À esquerda de Apolo encontra-se a musa Calíope (ou seria Euterpe?), segurando uma flauta na mão direita, atenta à cena. Sua vestimenta deixa seu seio esquerdo a descoberto. Outro querubim encontra-se abaixo dela, com uma coroa de louros na mão e um livro, aparentemente de poesias.

A cena acontece ao ar livre, debaixo de três árvores, das quais não se vê a copa, mas apenas uns poucos galhos. Aparentemente trata-se de um final de tarde, pois a luz mais forte, vista atrás de Apolo, sugere o pôr-do-sol. O enquadramento apertado da obra comprime três colossais personagens e dois querubins.

Ficha técnica
Ano: c. 1630
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 183 x 213 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
http://www.louvre.fr/oeuvre-notices/linspiration-du-poete

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Simone Martini – CRISTO CARREGANDO A CRUZ

Autoria de Lu Dias Carvalho

Simone Martini (c. 1284 -1344) foi um dos mais famosos mestres do Gótico de Siena, tendo sido muito admirado em sua arte. Trabalhou para o Rei Roberto d’Anjou e foi amigo do poeta Francisco Petrarca. Recebeu influências dos pintores Duccio e Giotto e do escultor Giovanni Pisano, assim como da arte francesa. Sua obra tornou-se admirada pela elegância, sensibilidade e lirismo, ultrapassando as fronteiras italianas. É também tida como a mais importante do século XIV.

A sua composição intitulada Cristo Carregando a Cruz é um pequeno painel que antigamente fazia parte de um retábulo representativo da “Paixão de Cristo”, mas que atualmente tem as suas partes separadas. Apesar de seu pequeno tamanho esta pintura apresenta inúmeros personagens. Os muros da cidade de Jerusalém — vistos em perspectiva de baixo — à esquerda, contrastam com a multidão que acompanha Cristo e que parece formar uma cruz. O grupo desce um declive. Um homem de chapéu ajuda a levar a Cruz, simbolizando toda a humanidade em seu sofrimento.

O grupo colorido de pessoas, algumas delas descendo uma escada, segue o Mestre que carrega uma pesada cruz de madeira, sendo empurrado por um verdugo e puxado pelo pescoço por outro em direção ao Gólgota. À sua esquerda um grupo de soldados armados com lanças está pronto para agir. O rosto humanizado de Jesus é de extrema angústia e tristeza. Ele usa um manto vermelho vivo com dourado na barra e nas mangas. Sua auréola maravilhosamente trabalhada paira atrás de sua cabeça. O Salvador é o foco da composição, postado na parte central inferior da pintura.

Usando um manto azul sobre um vestido vermelho segue a Virgem Maria com os braços erguidos em direção a Jesus, sendo interceptada pelo escudo de um dos inimigos de seu Filho — de costas para o observador —, usando uma vestimenta dourada muito bem trabalhada. Maria Madalena usa uma vestimenta vermelha e, ainda na escada, abre os abraços e a boca em sinal de grande sofrimento. Apóstolos e pessoas do povo seguem o Mestre, assim como seus inimigos. Duas crianças são vistas no canto inferior da composição.

Simone Martini em sua sensibilidade conseguiu criar diversos tipos de expressão: surpresa, tristeza, desespero, sofrimento, raiva, indiferença, bestialidade, etc. O artista também estabelece um diálogo pictórico entre Cristo e Maria Madalena, ao usar o mesmo vermelho brilhante de suas roupas.

Ficha técnica
Ano: c. 1335
Técnica: têmpera sobre madeira
Dimensões: 25 x 16 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
image: http://www.rivagedeboheme.fr/medias/images/simone-martini.-le-portement-

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Chardin – DE VOLTA DO MERCADO

Autoria de Lu Dias Carvalho

O francês Jean-Baptiste-Siméon Chardin é tido como um dos mais importantes pintores de naturezas-mortas da arte europeia, sendo suas obras muito estudadas pelos artistas do gênero, posteriores a ele. As suas naturezas-mortas, assim como sua pintura de gênero, são elementos importantes da arte francesa. Sobre o pintor, assim escreveram os Goncourt, dois irmãos franceses: “Ele limita a sua pintura ao mundo humilde ao qual pertence, e ao qual pertencem seus hábitos, seus pensamentos, suas afeições […] adere à ilustração e à representação das cenas que tocam e o comovem…”.

A composição denominada De Volta do Mercado é uma obra do artista que havia criado um estilo próprio, facilmente reconhecível. Esta pintura parece antecipar o Realismo que surgiria apenas no século XIX, tamanha é a liberdade com que o tema é tratado. Ela mostra uma criada chegando à casa de seus patrões, depois de fazer compras no mercado. Na mão esquerda segura uma sacola com víveres, enquanto a direita ainda repousa sobre dois pães redondos depositados sobre o tampo de um armário de madeira. Ela parece descansar de uma longa caminhada.

A moça, vestida com seu uniforme de criada, composto por um casaco claro de mangas largas, uma saia rodada, um avental azul e uma touca na cabeça, usa uma fita com uma medalha no pescoço, também envolto por um cachecol estampado. Calça sapatos pontiagudos, conforme a moda da época. Ela se mostra de frente, ocupando o centro da tela, sendo banhada por uma delicada luz. Seu rosto possui pele branca e bochechas rosadas. Sua cabeça volta-se ligeiramente para trás, como se quisesse ouvir a conversa que se passa no aposento contíguo, onde duas pessoas conversam entre si, sendo que apenas a criada é totalmente visualizada. Da outra figura, próxima à porta, vê-se apenas uma pequena parte, sendo impossível defini-la.

O ambiente em que se encontra a criada é singelo. Sobre o armário de madeira, de tampo aparentando mármore, repousa de pé uma bandeja de metal, encostada à parede, um vaso de cerâmica e os dois pães. Na parte visível do móvel há uma gaveta com uma grande chave e, abaixo, uma portinhola lavrada. No piso, à direita, estão duas grandes e escuras garrafas de vidro, uma de pé, com tampa de cortiça, e outra deitada, destampada. Elas refletem luz. Mais à esquerda vê-se uma vasilha redonda, possivelmente de cerâmica. No ambiente próximo, encostado ao canto da parede, vê-se parte do que parece ser um grande barril de madeira, onde se guarda vinho ou água. Ao lado está um balde de metal ou madeira.

Ficha técnica
Ano: c. 1739
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 46 x 37 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

 Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
https://beautyofbaroque.wordpress.com/back-from-the-market-by-jean-baptiste-simeon-

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Rosseli – MOISÉS RECEBENDO AS TÁBUAS…

Autoria de Lu Dias Carvalho

O afresco intitulado Moisés Recebendo as Tábuas da Lei, também conhecido como A Descida do Monte Sinai e o Bezerro de Ouro, é uma obra do pintor renascentista italiano Cosimo Rosselli com a participação de seus assistentes. Faz parte da ornamentação da Capela Sistina, em Roma, Itália, cujo objetivo era fazer um paralelo entre a vida do profeta Moisés (Antigo Testamento) e a de Jesus Cristo (Segundo Testamento). A composição apresenta inúmeros personagens e refere-se a passagens bíblicas relativas a Moisés e as “Tábuas da Lei”, ou seja, os “Dez Mandamentos”. Aqui ele já se mostra bem mais velho, com barba e cabelos brancos. As cenas são as seguintes:

  • na parte superior central da composição, Moisés com sua túnica amarelo-ouro encontra-se ajoelhado no Monte Sinai, com as mãos estendidas em direção a Deus e seus anjos, vistos numa nuvem luminosa, recebendo as “Tábuas da Lei”. Abaixo dele, seu irmão Josué, que o acompanhara, dormita com a mão esquerda segurando a cabeça;
  • em primeiro plano, à esquerda, Moisés, usando um manto verde sobre sua túnica, e acompanhado de Josué, apresenta a seu povo exultante as “Tábuas da Lei”. Mais acima são vistas as tendas do acampamento e pessoas em torno delas;
  • ao fundo, mais à direita, diante de um altar de mármore branco, um bezerro é adorado, sob o estímulo de Aaron, enquanto Moisés encontrava-se ausente;
  • no centro da composição, dividindo-a ao meio, Moisés, encolerizado com o que acontecera, está prestes a quebrar as “Tábuas da Lei”;
  • ao fundo, à direita, os adoradores do ídolo estão sendo castigados.

Ficha técnica
Ano: 1481/1482
Técnica: afresco
Dimensões: 350 x 572 cm
Localização: Museus do Vaticano, Roma, Itália

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
http://www.wga.hu/html_m/r/rosselli/cosimo/tables.html

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Rubens – A CABEÇA DE CIRO LEVADA…

Autoria de Lu Dias Carvalho

Peter Paul Rubens (1577 – 1640), filho de Jan Rubens, advogado, e Maria Pypelinckx, nasceu em Siegen, na Vestfália. Os primeiros onze anos de sua vida foram passados em Colônia, na Renânia, pois sua família teve que fugir da Antuérpia, para escapar da guerra entre católicos e calvinistas. Após a morte do pai, a mãe retornou com os filhos para Antuérpia, onde Rubens, católico devoto, estudou latim se tornou-se pajem na família real. Aos vinte e um anos foi inscrito como pintor na corporação de São Lucas, vindo a  tornar-se mestre. Quando estava prestes a completar trinta anos, Rubens partiu para a Itália, onde ficou a serviço de Vicenzo I Gonzaga, Duque de Mântua, de quem recebeu um missão diplomática na Espanha.

A monumental composição denominada A Cabeça de Ciro Levada à Rainha Tomyris é uma obra do artista. Foi executada quando o pintor trabalhava na série comemorativa da vida de Maria de Médici. Apresenta a rainha dos messegetas (povo dos medas) que derrotou Ciro, recebendo a cabeça do grande imperador que tornou o Império Persa um dos mais importantes do mundo.

Rubens apresenta o momento em que a rainha em conformidade com a promessa de vingança feita pelo filho morto, faz banhar no sangue a cabeça do imperador persa. Treze cortesãos exoticamente vestidos assistem à vingança que é executada por um serviçal seminu e descalço. Duas crianças postadas como pajens, seguram a cauda do suntuoso vestido da rainha (servem de modelo os dois filhos do pintor: Albert e Nicolas).

A rainha, à esquerda, encontra-se de pé debaixo de um dossel escuro, com a cabeça voltada para baixo. Sua mão direita mostra-se crispada e a esquerda fechada. Ela olha fixamente para a cabeça de Ciro. Seu rosto denota satisfação ao aguardar o momento de vê-la mergulhada num imenso vaso com sangue. Uma cortesã à sua esquerda mostra curiosidade. Dois cães estão presentes na cena, um deles nos braços de uma das quatro cortesãs. O acontecimento parece ocorrer a céu aberto.

Esta pintura foi provavelmente projetada por Peter Paul Rubens, mas em razão do excesso de encomendas que ele recebia foi executada em grande parte pelos assistentes de seu estúdio, porém sob sua supervisão, como aconteceu com inúmeros trabalhos do artista. Ao fundo veem-se duas colunas retorcidas à direita e duas à esquerda, trazendo desenhos angelicais em alto relevo.

Ficha técnica
Ano: c. de 1622 – 1623
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 205,1 x 361 cm
Localização: Museu de Arte, Boston, EUA

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
https://www.mfa.org/collections/object/head-of-cyrus-brought-to-queen-tomyris-32755

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Courbet – A CAÇA

 Autoria de Lu Dias Carvalho

O francês Gustave Courbet (1819 – 1877) nasceu em meio a uma bem-sucedida família de agricultores. Estudou com Flajoulat que fora aluno do famoso pintor Jacques-Louis David. Aos 20 anos de idade foi para Paris, onde estudou com o pintor Steuben e também fez inúmeras cópias no Louvre. A primeira pintura de Courbet, aceita pelo famoso Salão de Paris, foi “Autorretrato com Cão Preto” , feita em 1844, aos 25 anos de idade. Quatro anos depois, o artista expôs 10 telas no Salão, chamando para si a atenção de um crítico de arte. Foi o grande líder do realismo na arte francesa, sem nenhuma queda pelo trabalho dos românticos ou classicistas.

A composição intitulada A Caça é a primeira obra do artista sobre este tema.  Nela predominam os elementos da natureza: árvores e animais. Naquela época, as caçadas eram uma temática comum na pintura, ao contrário de hoje, felizmente, pois mostra insensibilidade para com a vida animal e desrespeito para com a natureza.

O próprio pintor, vestindo roupa escura e chapéu preto, retratou-se recostado a uma grande árvore, próximo ao veado morto, dividindo a pintura ao meio. Ele ocupa o centro real e metafórico. Mostra-se retraído e pensativo. Dois grandes e vigorosos cães malhados são vistos em frente a Courbet. Um rapaz, assentado num tronco de árvore, toca uma corneta.

A pintura em foco era inicialmente menor, acabando um pouco acima da cabeça de Courbert, quando foi exposta no Salão de 1857. Em razão das críticas, o artista resolveu ampliá-la. Ele fez um acréscimo na parte superior e acrescentou 15 cm do lado esquerdo.

Ficha técnica
Ano: 1856
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 210 x 183,5 cm
Localização: Museu de Arte, Boston, EUA

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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