Arquivo da categoria: Pinacoteca

Pinturas de diferentes gêneros e estilos de vários museus do mundo. Descrição sobre o autor e a tela.

Battista Rosso – CRISTO MORTO COM ANJOS

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor italiano Giovanni Battista di Jacopo (1494 – 1540), também conhecido por Rosso Fiorentino (Ruivo Florentino) ou apenas por Il Rosso (o Ruivo) em razão de seu cabelo ruivo foi um dos grandes nomes do maneirismo na pintura fiorentina. Foi aluno de Andrea del Sarto tendo como colega e amigo Jacopo Pontormo. Em Roma, ele se viu profundamente tomado pela arte de Michelangelo no teto da Capela Sistina. Deixou a Itália e migrou para a França, onde se tornou um dos principais mestres da Primeira Escola de Fontainebleau. As figuras em seus quadros apresentam poses contorcidas e são geralmente muito magras e meio desfiguradas. Sua arte tem sido cada vez mais revisitada.

A composição maneirista denominada Cristo Morto com Anjos é de autoria do artista. Esta é uma das poucas obras do excepcional pintor que sobreviveram ao tempo.

O corpo musculoso e contorcido de Cristo totalmente nu, trazendo uma grande ferida no tronco, à sua direita, encontra-se sentado sobre uma mortalha de um intenso azul, forrada sobre o altar de seu sepulcro. Sua cabeça, virada para a direita, quase toca a margem superior da tela. A monumentalidade das figuras mostra a influência de Michelangelo na arte de Rosso. As pernas de Cristo, assim como seu braço direito escultural, lembram as figuras do teto da Capela Sistina.

O Mestre tem seu corpo apoiado por dois anjos que se encontram às suas costas, em segundo plano, segurando-o suavemente. Duas enormes velas brancas estão seguras pelos anjos que se postam à sua direita e à sua esquerda, em primeiro plano, observando a figura sofrida de Cristo.

O espaço diminuto em que se encontra Cristo e os quatros anjos, agrupados de uma forma muito compacta, faz com que o corpo do Mestre pareça projetar-se para além da tela. Suas cores são fortes e incomuns. Os anjos trazem belos cabelos cacheados.

O cenário é composto por objetos do martírio de Jesus Cristo que se espalham pelo chão: os cravos e a vara com a esponja embebida em vinagre. Sua cabeça ainda se encontra cingida pela coroa de espinhos. Uma luz cálida e forte banha o corpo de Jesus.

Ficha técnica
Ano: 1524 – 1527
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 133,5 x 104 cm
Localização: Museu de Arte, Boston, EUA

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
https://it.wikipedia.org/wiki/Cristo_morto_compianto_da_quattro_angeli

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Degas – O DUQUE E A DUQUESA DE MORBILLI

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor impressionista Edgar Degas (1834 – 1917) nasceu em Paris. Era o primeiro filho de Pierre-Auguste Hyacinth de Gas, banqueiro, e de Celéstine Musson. Tratava-se de uma tradicional família francesa, muito rica e culta. Seu pai era um homem que nutria grande admiração pelas artes, especialmente pela música e pelos pintores italianos do Renascimento. Portanto, não causa surpresa o fato de o garoto ter mostrado sua vocação artística desde muito cedo.

A composição intitulada O Duque a Duquesa de Morbilli, também conhecida por Edmondo e Thérèse Morbilli, é obra do artista. Trata-se de um magnífico retrato de sua irmã Thérèse com seu marido Edmondo, feito dois anos após o casamento. Está evidente neste trabalho – que demonstra um perfeito equilíbrio – a influência dos mestres italianos, principalmente a de Rafael Sanzio.

O casal encontra-se sentado em cadeiras de madeira, com um dos braços descansando sobre a mesa e o rosto voltado para o observador. Marido e esposa repassam serenidade e integridade, contudo, fica visível a ascendência de Edmondo sobre Thérèse, pois além de ele se mostrar por inteiro e ela a meio corpo, Thérèse, bem menor, apoia-se no seu ombro e esconde-se sob sua sombra, trazendo no rosto um ar de preocupação.

Uma tapeçaria ocre e cinza desce atrás deles, destacando-lhes a vestimenta. A mesa está coberta por um tecido islâmico ricamente bordado.

Ficha técnica
Ano: 1865
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 116,5 x 88,3 cm
Localização: Museu de Arte, Boston, EUA

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
https://www.mfa.org/collections/object/edmondo-and-th%C3%A9r%C3%A8se-morbilli-32404

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Delacroix – O SEPULTAMENTO

Autoria de Lu Dias Carvalho

Os detalhes são, em geral, medíocres e dificilmente passam por uma inspeção minuciosa. Por outro lado, o todo desperta uma emoção que me surpreende. (Delacroix sobre a pintura)

O pintor francês Ferdinand-Victor Eugène Delacroix (1798 – 1863) nasceu numa família rica. Seu pai Charles Delacroix, homem culto e de formação iluminista, fazia parte da alta burguesia, tendo sido embaixador da França, na Holanda, e a mãe, Victoire Oeben, era filha de um importante artesão que trabalhara para o rei Luís XV. Delacroix era o caçula dos quatro irmãos e, portanto, pertencia a um ambiente culto e aristocrático. Assim como o pai, os irmãos Charles-Henri e Henriette e também o tio pintor, Henri Riesner, tiveram uma grande influência na vida de Delacroix, sempre o apoiando em suas aspirações, pois desde criança ele já demonstrava inclinação pelo desenho.

A composição intitulada O Sepultamento ou ainda A Lamentação, obra do artista, mostra o amadurecimento de seu estilo, tendo sido comparada ao “Massacre de Chio”. Apresenta fortes contrastes de luz e sombra, o que acentua a sua dramaticidade e mudanças de cores vivas. É grande o contraste entre a mortalha branca que envolve parte do corpo inerte do Mestre e o manto vermelho de São João Evangelista assentado no chão, em primeiro plano, ambos se destacando contra o fundo escuro.

A pintura apresenta, em primeiro plano, um grupo desolado diante do corpo lívido de Jesus Cristo que acabara de ser descido da cruz e deposto sobre a pedra. Maria, sua mãe, em grande sofrimento é amparada por uma mulher. Ele acaricia os cabelos de seu filho martirizado. Outra mulher, possivelmente Maria Madalena, levanta a mortalha de Jesus para ver a extensão de seus ferimentos. Dois outros personagens, talvez José de Arimateia e Nicodemos, de pé, observam o corpo sem vida do Mestre. Um deles traz nas mãos um recipiente com unguento para passar em suas feridas. São João Evangelista que traz entre as mãos a coroa de espinhos de Jesus,  fixa-a com imensa tristeza.

Ao fundo, desenrola-se uma triste e sombria paisagem de céu baixo e nuvens escuras intensificando o desamparo em que se encontra o grupo. Três cruzes são vistas mais distante, duas delas trazendo ainda o corpo dos dois ladrões. Duas figuras – uma delas com um manto vermelho – são vistas caminhando em direção ao grupo, enquanto duas outras, à direita, afastam-se dele.

Ficha técnica
Ano: 1848
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 162  x 132 cm
Localização: Museu de Arte, Boston, EUA

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
https://www.mfa.org/collections/object/the-lamentation-christ-at-the-tomb-31074

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Dürer – MADONA E CRIANÇA COM PERA

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor Albrecht Dürer (1471 – 1528) foi o primeiro artista alemão a se preocupar com o real, ou seja, com o homem e a natureza, usando o método científico que tinha por base a observação e a pesquisa. Foi gravador, ilustrador, cientista, desenhista e pintor. Foi responsável por trazer o Renascimento para a Alemanha. Embora fosse um homem muito religioso que pendia para o misticismo, era dono de uma curiosidade ilimitada. Procurava compreender a aparência de todas as coisas perceptíveis através dos sentidos. Estava sempre em busca do novo. Era filho de um renomado mestre. A profissão do pai foi muito importante para que ele se enveredasse pelo caminho da arte, pois, naquela época, os ourives encontravam-se entre os mais importantes artesãos. Seus estúdios serviam de encontro para intelectuais e endinheirados.

A composição de fundo escuro intitulada Madona e Criança com Pera ou ainda Virgem e Criança Segurando um Pedaço de Pera é obra do artista e revela a sua capacidade criativa. O desenho sutil é preenchido por um poderoso claro-escuro a modelar as formas esculturalmente. A preocupação de Albrecht Dürer nesta pequena pintura não é sentimental, mas, sim, de estilo.

A Virgem mais se parece com uma camponesa com o filho nos braços. O artista não agregou símbolos religiosos à pintura para mostrar a divindade de Maria e Jesus, excetuando a roupa azul da Virgem, simbolizando sua virgindade e o véu transparente que reforça sua pureza, mas que poderiam passar despercebidos. Aqui são retratados em sua verdadeira humanidade.

Os olhos de Maria estão voltados para seu nu e rechonchudo Menino que se encontra sobre um pano azul, deitado em seus braços, como se o apresentasse ao observador. Na sua mãozinha esquerda ele traz a metade de uma pera. Mostra-se ativo, com a cabeça levantada e com seus olhos escuros direcionados a algo que se encontra diante de seus olhos.

A pera que o Menino Jesus segura – ao contrário da maçã que simboliza o pecado da humanidade – significa na iconografia renascentista o amor de Deus pela humanidade. A pera teve uma parte dela comida pela criança, como mostram as duas marcas de seus dentinhos, o que significa que o Menino está unido às suas criaturas.

Ficha técnica
Ano: entre 1512
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 49 x 37 cm
Localização: Museu de História da Arte, Viena, Áustria

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
https://www.wikiart.org/en/albrecht-durer/virgin-and-child-holding-a-half-eaten-pear-

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Degas – CARRUAGEM NAS CORRIDAS

Autoria de Lu Dias Carvalho

As coisas mais bonitas da arte vêm da renúncia. (Degas)

O pintor impressionista Edgar Degas (1834 – 1917) nasceu em Paris. Era o primeiro filho de Pierre-Auguste Hyacinth de Gas, banqueiro, e de Celéstine Musson. Tratava-se de uma tradicional família francesa, muito rica e culta. Seu pai era um homem que nutria grande admiração pelas artes, especialmente pela música e pelos pintores italianos do Renascimento, portanto, não causa surpresa o fato de o garoto ter mostrado sua vocação artística desde cedo.

A composição intitulada Carruagem nas Corridas ou também Nas Corridas no Campo é obra do artista. Além de ser uma paisagem é também uma cena do cotidiano da vida francesa da época e um retrato de família. A carruagem é vista em primeiro plano, conduzida por dois belos cavalos. Nela se encontram o amigo de Devas – Paul Valpinçon – sua esposa e uma ama de leite com o bebê do casal no colo. Um buldogue – de costas para o observador – encontra-se na boleia. Um dos cavalos traz uma rosa atrás da orelha.

Degas, um magistral colorista, usou de grande delicadeza na feitura desta pintura, como é possível ver através do verde delicado da paisagem, do azul-claro do céu, ornado com suaves nuvens brancas, dos amarelos e cor-de-rosa sutis das roupas e sombrinhas femininas, contrastando com os tons marrons e negros da carruagem e dos cavalos em primeiro plano.  Uma luz delicada irradia por toda a tela.

O artista mostra a influência japonesa sobre sua arte, ao colocar a carruagem e os cavalos fora do centro da composição, ou seja, no canto inferior da tela, à direita, o que deve ter sido muito audacioso para a época. Outro detalhe desta influência é o modo como ele arbitrariamente, cortou a tela nas bordas direita e inferior.

Ao fundo, em meio à paisagem, as pessoas assistem à corrida dos jóqueis, estando algumas delas montadas a cavalo e outras de pé. À esquerda, vê-se parte de uma charrete que é conduzida por um homem. Bem mais ao fundo são vistas algumas edificações e grandes árvores. A cena mostra um estilo inglês, o que era muito comum na França de então.

Embora tenha começado sua carreira levando em conta a tradição acadêmica, inspirado em Rafael e Ingres, Degas aderiu ao grupo impressionista. Este quadro encontra-se dentre os seus primeiros trabalhos feitos de acordo os ditames do grupo.

Ficha técnica
Ano: 1869
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 36,5 x 56 cm
Localização: Museu de Arte, Boston, EUA

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
https://www.mfa.org/collections/object/at-the-races-in-the-countryside-32250

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Canaletto – BAÍA DE SÃO MARCOS

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor italiano Canaletto (1697 – 1768), cujo nome de batismo era Giovanni Antonio Canal, filho do pintor e cenógrafo Bernardo Canal, seu primeiro mestre, era também tio do pintor Bernardo Belloto. Tornou-se muito conhecido pelas paisagens venezianas que pintava. Mais tarde, quando morava em Londres, pintou inúmeras paisagens inglesas (vedute*). Canaletto também estudou com o paisagista Lucas Carlevarijs e foi influenciado por Giovanni Paolo Pannini. Segundo alguns estudiosos da obra do artista, ele fez uso da câmera escura, (instrumento óptico através do qual os raios solares passam, refletindo a imagem que se deseja pintar), o que lhe possibilitava fazer desenhos mais precisos, ao reproduzir proporções e perspectivas. Porém os desenhos ou meros esboços, deixados pelo artista, sugerem que ele tomava notas ao ar livre e, em seu estúdio, usava réguas e bússolas para aperfeiçoá-los.

A composição intitulada Baía de São Marcos foi executada pelo artista. A obra que retrata a entrada de Veneza mostra a habilidade de Canaletto ao pintar vistas de paisagens, sendo possivelmente o mais habilidoso entre todos os pintores deste gênero. Aqui ele retrata uma área de grande alcance, enriquecida com grande atividade humana, tendo a luz habilmente controlada em toda a composição.

A imensa baía traz inúmeras edificações em suas margens, incluindo a Igreja de San Giorgio Maggiore, à direita, e o palácio Doge, à esquerda, e apresenta um tráfego intenso de barcos de carga e gôndolas. O céu de fundo azul é decorado com nuvens brancas que sombreiam a imensidão de suas águas, ora intensificando detalhes e mudança de cor e ora desfazendo-os, dando grande unidade à composição.

As pinturas, gravuras ou desenhos topográficos recebiam o nome de “vedute” (vistas em italiano). Canaletto era um dos mais importantes pintores de “vedute”.

Ficha técnica
Ano: 1738
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 124,5 x 204 cm
Localização: Museu de Arte, Boston, EUA

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
https://www.mfa.org/collections/object/bacino-di-san-marco-venice-32679

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