Arquivo da categoria: Pinacoteca

Pinturas de diferentes gêneros e estilos de vários museus do mundo. Descrição sobre o autor e a tela.

Manet – A CANTORA DE RUA

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor francês Édouard Manet (1832 – 1883) nasceu em Paris, numa família de classe alta, sendo seu pai juiz e sua mãe filha de um diplomata francês. Era o mais velho dos três irmãos: Eugène, que viria a se casar com a pintora Berthe Marisot e Gustave. Embora tivesse tido uma criação muito rigorosa, encontrando a oposição de seu pai em relação à carreira de artista, seu tio Édouard Fournier, irmão de sua mãe,  levava-o ao Louvre, para conhecer os grandes mestres da pintura e da escultura, vindo ele a tornar-se um reconhecido pintor.

A composição A Cantora de Rua é uma obra do artista. Manet sempre se opôs às intransigentes convenções acadêmicas da época, ditadas pelo gosto dos salões, ligando-se aos impressionistas. Usou um tema comum para compor um belo retrato. O pintor acreditava que a arte – desde que se tivesse uma atitude objetiva – poderia ser criada com o material mais humilde que o artista tivesse às mãos.

Esta obra foi inspirada no encontro imprevisto do artista com uma cantora de rua na parte velha da cidade de Paris, no início da noite. A mulher, segurando uma guitarra, saiu da taverna e levantou o seu longo vestido. Como ela houvesse se recusado a posar para ele, o artista usou como modelo Victorine Meurent, sua modelo predileta.

A mulher, usando sua longa saia acinzentada e casaco da mesma cor, enfeitado com preto, traz na cabeça um chapéu escuro. Seus olhos estão fixos no observador. A mão esquerda segura uma guitarra e a direita leva cerejas à boca. Um pano amarelo, no qual repousa um cacho de cerejas, descansa na confluência de seu braço e antebraço esquerdos. Ela traz a saia levantada, deixando à vista uma pequena parte da anágua. Seu rosto branco com olhos escuros lembra uma máscara oriental.

Como era costume no que diz respeito aos trabalhos de Manet, o tema e a pintura não agradaram os críticos acadêmicos da época. Eles acharam a pintura mal feita, contudo, o renomado romancista Emílio Zola, grande amigo do pintor, admirou as belezas formais da composição e a sua interação com a vida real.

Ficha técnica
Ano: c. 1862
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 171 x 106 cm
Localização: Museu de Arte, Boston, EUA

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
https://www.mfa.org/collections/object/street-singer-33971

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Tiepolo – O TEMPO DESVENDANDO A VERDADE

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor italiano Giovanni Battista Tiepolo (1696 – 1770) teve como mestres Lazzarini e os Antigos Mestres, como Ticiano, Tintoreto e Veronese, sendo muito influenciado pelo último. Trabalhou com a ornamentação de igrejas e palácios da aristocracia de Veneza, tendo recebido inúmeras encomendas. Artista renomado, cuja arte contribuiu para o engrandecimento da pintura italiana do século XVIII, fez trabalho para as cortes francesa, inglesa, espanhola e russa. Era inigualável como pintor de temas épicos. Sua pintura passou de tons sombrios para os claros e transparentes. Seus filhos Domenico, Lorenzo e Giovanni também foram pintores. Seu filho mais velho tornou-se seu principal assistente.

A composição intitulada O Tempo Desvendando a Verdade é obra do artista, possivelmente sua maior pintura de cavalete. Esta alegoria mostra como Tiepolo era criativo ao personificar conceitos abstratos. A composição possui um desenho dinâmico e cores expressivas. Os dois personagens apresentados são o Tempo e sua companheira – a Verdade. Também conta com a presença de um Cupido que parece segurar uma ampulheta que descansa sobre o globo.

O Tempo, sentado em seu carro, traz a Verdade escanchada em seu colo. Ele possui o corpo atlético e queimado pelo sol. Seu rosto mostra-se envelhecido, já coberto pelas rugas da idade. Traz nas costas duas grandes asas escuras que indicam força e determinação. Sua cabeça está levemente voltada para baixo.

A Verdade, por sua vez, é jovem, bela e altiva. Tem o pé esquerdo sobre o globo terrestre que representa as coisas terrenas, submissas ao seu poder. Está enlaçada pelo Tempo, mas mostra-se tranquila, enquanto é despida. Seu símbolo é o sol que aparece no céu, acima de sua cabeça.

No chão, em primeiro plano, estão os atributos de Cronos (o grande deus do tempo que rege os destinos e a tudo devora): a foice e a carruagem que simbolizam a morte, enquanto o Cupido que olha o Tempo e a Verdade fixamente simboliza o amor terreno que também se esvai, impotente diante do tempo que tudo destrói. A arara e o espelho representam os maiores inimigos da Verdade: a vaidade, a sensualidade e o engano.

Ficha técnica
Ano: 1758
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 231 x 167 cm
Localização: Museu de Arte, Boston, EUA

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
https://www.mfa.org/collections/object/time-unveiling-truth-33707

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Van Gogh – O CARTEIRO ROULIN

Autoria de Lu Dias Carvalho

 Agora estou trabalhando com outro modelo, um carteiro de uniforme azul, adornado com ouro, um grande rosto barbado, muito parecido com Sócrates. (Van Gogh em carta a Theo)

O genial pintor holandês Vincent van Gogh (1853 – 1890) é, sem sombra de dúvidas, um dos grandes nomes da pintura universal, mas não é fácil falar sobre ele, pois suas paixões e sentimentos estão ligados à arte de tal forma que não é possível ater-se ao seu trabalho sem mergulhar na nobreza de sua alma impregnada de bons ideais, aos quais se entregou, a ponto de sacrificar a própria vida, pois nele tudo funcionava como um todo indivisível e exacerbante ao extremo. Contudo, a sua genialidade artística só foi reconhecida após sua morte. Mesmo tendo pintado 879 quadros em menos de uma década, só conseguiu vender um, A Vinha Vermelha, por um valor insignificante. Atualmente suas pinturas estão entre as mais caras do mercado das grandes obras de arte. Em 1990, o retrato O Dr. Gachet foi vendido por 82 milhões de dólares. Uau!

A composição denominada O Carteiro Roulin é uma obra do artista. Joseph Roulin foi um grande amigo que Van Gogh arranjou em Arles, quando ali passou dias atormentados em razão de seus transtornos mentais. Em sua correspondência a seu irmão Theo ele o mencionava sempre. Este não o único retrato do amigo pintado pelo artista, pois dele fez cinco, mas é o único completo, pois os outros só o retratavam da cabeça aos ombros. O pintor usou vários membros da família Roulin como modelos.

Joseph Roulin é mostrado como um personagem altivo, de olhar direto e penetrante. Está sentado numa cadeira, de frente para o observador. Traz o braço esquerdo apoiado sobre uma mesa verde e a direita no braço de sua cadeira. Suas mãos parecem nervosas. Sua barba é grande e compacta.  Seu corpo ocupa a maior parte da tela de fundo claro. Veste uma farda azul com oito grandes botões dourados na frente e um quepe onde se encontra escrito a palavra “Postes”.

Ficha técnica
Ano: 1888
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 81,5 x 65,5 cm
Localização: Museu de Arte, Boston, EUA

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Martin Schongauer – A SAGRADA FAMÍLIA

Autoria de Lu Dias Carvalho

O gravador e pintor alemão Martin Schongauer (c. 1450 – 1491) era filho de um ourives. Formou-se provavelmente na oficina de Caspar Isenmann, da cidade de Colmar. Seu trabalho como pintor foi muito pouco documentado ao contrário do de gravador, cujo trabalho levava o monograma E. S. Através de suas famosas gravuras em cobre e de seus desenhos, assim como de seus retábulos, exerceu grande influência no Gótico tardio na Alemanha. Na pintura acima é visível a influência flamenga, em especial a de Rogier van der Weyden de quem foi possivelmente aluno. Foi tido como um precursor de Dürer.

A composição A Sagrada Família é atribuída ao período médio do artista e é uma das poucas pinturas reconhecidamente dele. Trata-se de um pequeno quadro devocional que demonstra as qualidades gráficas do pintor. Esta obra é carregada de docilidade e delicadeza humanas ao mostrar Mãe e Filho profundamente absorvidos pela contemplação de um cacho de uvas que é uma referência simbólica ao sangue de Cristo que será derramado.

A Virgem Mãe está sentada com seu Menino Jesus ao colo num ambiente familiar. Ela veste um longo vestido vermelho que se espalha sobre o chão do aposento. Seus longos cabelos dourados descem-lhe pelos ombros.  Está sentada sobre uma cadeira de madeira. Segura o Menino com a mão esquerda e na direita retém um cacho de uvas. O pequeno Jesus, vestido apenas com um pano, traz os olhos direcionados para as uvas. No colo da Virgem também se encontra um livro de orações sobre um pano.

À esquerda, atrás da Virgem e de seu Menino, dentro do estábulo, encontra-se o carpinteiro José, de pé, próximo a um boi e a um burro que come na manjedoura. Ele traz nos braços um feixe de capim. Seu olhar está voltado para a esposa e para o filho adotivo. Um cesto de palha no chão, à direita, está cheio de cachos de uva e, sobre ele, descansa o seu cajado. Atrás de Maria, num pequeno nicho da parede, está uma vasilha com água que é um atributo à Virgem, relativo à sua pureza.

A cor vermelha da roupa da Virgem tem dois significados de acordo com o simbolismo religioso. Ela representa a cor do fogo e a do Espírito Santo, ou seja, que a Virgem está tomada pelo amor do Espírito Santo. O segundo significado é o de que Maria é mãe, pois, antigamente, essa cor era usada pelas mulheres palestinas para indicar que eram mães. A cor marrom da roupa de José simboliza sua humildade e simplicidade, pois essa é a cor da terra, significando, portanto, que o carpinteiro é um homem simples e trabalhador e que Deus está ligado a tudo que é simples e comum.

Ficha técnica
Ano: entre 1475 e 1480
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 26 x 17 cm
Localização: Museu de História da Arte, Viena, Áustria

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Cézanne – SRA. CÉZANNE EM UMA…

Autoria de Lu Dias Carvalho

Não se mova, as maçãs não o fazem! (Cézanne)

Quero fazer do impressionismo uma arte tão sólida quanto a dos museus. (Cézanne)

O pintor francês Paul Cézanne (1839 – 1906) era filho do exportador de chapéus Louis-Auguste Cézanne, que depois se tornou banqueiro, e de Anne-Elisabeth-Honorine Aubert, tendo nascido na pequena cidade de Aix-en-Provence. Teve duas irmãs – Marie e Anne – nutrindo uma relação mais forte com a primeira, que sempre tomava o seu lado em relação ao autoritarismo do pai. Cézanne e Marie nasceram quando seus pais ainda mantinham uma relação secreta.

A composição intitulada Senhora Cézanne em uma Poltrona Vermelha é uma das obras-primas do artista. Trata-se de um retrato de sua esposa Horteze Fiquet, ex-modelo de artistas, que inúmeras vezes serviu de modelo para ele. Posou para Cézanne em cerca de trinta retratos. O desenho bem estruturado da obra em que a cor predomina sobre o traço, a luz e a sombra é uma contribuição à pintura europeia.

A sólida figura da senhora Cézanne, sentada em sua poltrona estofada de vermelho que forma um grande bloco de cor, trazendo as mãos entrelaçadas, toma grande parte da tela, ficando ela bem próxima ao observador. Seu corpo está ligeiramente inclinado para a sua direita e o rosto sério com olhos castanhos não expressa emoção. Ela veste uma blusa cinza-azulado que traz um grande laço na frente. A saia possui largas listras verticais. Os cabelos castanhos estão arrumados num coque no alto da cabeça.

A parede atrás dela é de um amarelo-esverdeado com motivos azuis. Ela se mostra totalmente imóvel, como era de gosto do artista que era muito perfeccionista e lento. Seu rosto e mãos estão pintados com pequenas áreas de cores que lhes dão forma. Este imenso retrato apresenta muitos blocos de cores, delicadamente variadas, compondo um todo de grande harmonia.

Ficha técnica
Ano: 1877
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 73 x 56 cm
Localização: Museu de Arte, Boston, EUA

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
https://www.mfa.org/collections/object/madame-c%C3%A9zanne-in-a-red-armchair-

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Munch – A VOZ

Autoria de Lu Dias Carvalho

O norueguês Edvard Munch (1863 – 1944) era o segundo filho do casal Christian Munch e Laura Catherine. Seu pai era um médico tradicional, muito devoto,  moralista e castrador. O artista perdeu sua mãe, aos 30 anos de idade, vitimada pela tuberculose, assumindo a tia Karen Bjolstad, irmã dela, o controle da família. Aos 16 anos de idade, Munch matriculou-se para estudar engenharia, mas um mês depois deixou o curso para estudar pintura. Aos 26 anos o pintor fez sua primeira viagem a Paris, onde expôs o quadro A Criança Doente, ocasião em que perdeu o pai. E três anos depois fez a sua primeira exposição individual em Christiania, onde expôs 110 obras, atraindo o interesse de alguns compradores. Foi influenciado pelo trabalho de Vincent van Gogh e Paul Gauguin.

A composição A Voz, também conhecida como Sonho de uma Noite de Verão, é um trabalho do artista que eliminou de sua pintura tudo aquilo que não era essencial, de modo que os sentimentos pudessem ser ampliados ao máximo. Assim como acontece em toda a sua obra, esta também mostra um grande isolamento humano. A mulher aqui representada está visivelmente solitária e triste. Tais sentimentos são ainda mais realçados em razão do ambiente onde ela se encontra.

A personagem usa um vestido branco e traz os braços para trás. Ereta, ela encara o observador. A mata de esparsos pinheiros por trás dela parece reverberar toda a sua angústia. Ali tudo parece quieto, remoto e triste. O sol da meia-noite do verão nórdico é visto no céu. Dele desse uma coluna de luz pálida e misteriosa que se projeta na água, onde avança um barco branco.

Ficha técnica
Ano: 1893
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 88 x 108 cm
Localização: Museu de Arte, Boston, EUA

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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