Arquivo da categoria: Pinacoteca

Pinturas de diferentes gêneros e estilos de vários museus do mundo. Descrição sobre o autor e a tela.

Ticiano – CONCERTO PASTORAL

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor Ticiano Vecellio (1490 – 1576), também conhecido como Tizian Vecellio De Gregorio,  encontra-se entre os grandes nomes da pintura italiana. Ainda pequeno, retirava suco de flores para desenhar toalhas e lençóis. O pai, Capitão Conte Vecellio, reconhecendo o pendor artístico do menino, retira-o da pequena Pieve Cadore, onde nascera, e envia-o para Veneza, acompanhado do irmão mais velho. Naquela cidade, ainda com oito anos de idade, é apresentado por um tio aos mais importantes pintores venezianos da época.  Passa pelas mãos de Gentile Bellini e depois nas de Giorgione, que o acolhe com entusiasmo.

A pintura secular e mitológica, conhecida como Concerto Pastoral ou O Concerto Pastoral, tem sido vista por alguns críticos de arte como criação de Ticiano e por outros como criação de Giorgione. É dito também que pode ter tido a participação dos dois, pois os artistas chegaram a trabalhar em estreita colaboração, o que torna muito difícil distinguir seus respectivos estilos e trabalhos. A real atribuição deste trabalho vem sendo discutida através dos tempos, inclusive já foi delegada a Bellini, depois a Palma Vecchio e também a Sebastiano del Piombo. Quem quer que tenha sido o responsável por sua criação deixou um trabalho maravilhoso, responsável por repassar uma grande calma, mostrando os personagens em isolamento e tranquilidade, e a harmonia entre o homem e a natureza.

Quatro figuras humanas encontram-se juntas, em primeiro plano, sendo dois homens e duas mulheres. Três delas estão sentadas no relvado. Uma das mulheres, seminua, de pé, com o manto a escorrer-lhe pelo corpo, sendo preso pelos joelhos, despeja água de um jarro de vidro numa fonte de mármore, à esquerda. Embora parte de seu corpo esteja voltado para o observador, seu tronco inclina-se para sua direita. Ela parece ausente do que faz. Seu braço esquerdo oculta seus seios. No grupo que se encontra sentado, um jovem toca alaúde e a mulher, nua e de costas para o observador, sentada sobre um manto de seda, toca flauta. É interessante notar que uma das mulheres mostra a frente do corpo feminino, enquanto a outro mostra as costas. Os dois músicos voltam a atenção para o acompanhante.

Os dois jovens rapazes, um deles trajando vestes vermelhas com mangas fofas, e o outro loiro e de pés descalços, são belos. Estão vestidos de acordo com a moda do início do século XVI. Eles conversam entre si, como se não tivessem noção da presença das duas mulheres. Em segundo plano, à direita, no meio de um bosque, um pastor é seguido por seu rebanho, enquanto toca seu instrumento musical. No meio do rebanho encontra-se um burrinho carregado. No fundo da composição avista-se uma paisagem bucólica com edificação, árvores, lagos, montanhas e um imenso céu carregado de pesadas nuvens. A cena é banhada pela luz do pôr do sol.

É possível que a composição seja uma alegoria da poesia e da música, sendo as mulheres seres imaginários representativos da beleza ideal (musa da poesia trágica e musa da poesia pastoral), ou seja, ambas são uma fantasia dos dois rapazes, existente apenas na imaginação desses. O homem do alaúde representaria a poesia lírica e o seu companheiro seria um letrista. Há também quem interprete a obra como sendo a evocação dos quatro elementos do mundo natural (água, fogo, terra e ar) e sua relação harmoniosa. O equilíbrio entre o homem e a natureza parece ter sido a busca do pintor. O fato é que este trabalho continua sendo um dos mistérios da pintura europeia, pois as opiniões divergem quanto ao seu criador e ao seu tema.

Ficha técnica
Ano: c. 1508/09

Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 110 x 138 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
http://www.louvre.fr/en/oeuvre-notices/pastoral-concert
http://www.wga.hu/html_m/g/giorgion/various/concert.html

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Botticelli – AS PROVAÇÕES DE MOISÉS

Autoria de Lu Dias Carvalho

O afresco intitulado As Provações de Moisés, também conhecido como As Provações e o Chamado de Moisés, é uma obra do pintor renascentista italiano Sandro Botticelli. Faz parte da ornamentação da Capela Sistina, em Roma, Itália, cujo objetivo era fazer um paralelo entre a vida do profeta Moisés (Antigo Testamento) e a de Jesus Cristo (Segundo Testamento). A composição apresenta inúmeros personagens e refere-se às provações vividas por Moisés, exilado na terra de Madian, antes de receber a incumbência de resgatar seu povo.

O afresco apresenta passagens da vida de Moisés, retiradas do livro Êxodo, quando ele ainda se encontrava em sua juventude. Na parede oposta encontra-se outro quadro do pintor, denominado “Tentações de Cristo”, sendo que as duas pinturas fazem um paralelo entre a vida de Cristo e a de Moisés, uma vez que ambos passaram por provações. O último apresenta-se vestindo um manto verde sobre uma túnica amarelo-ouro. Os episódios são inseridos na paisagem com harmonia, sendo vistas sete árvores, que abrem quatro fileiras diagonais de figuras. As cenas, que devem ser acompanhadas da direita para a esquerda, são:

  • à direita, em primeiro plano, Moisés mata um egípcio que havia maltratado um hebreu. Uma mulher, na extremidade direita, recua-se horrorizada, tentando impedir que seu filho veja a cena;
  • Moisés foge para o deserto, sendo visto pelas costas;
  • caminhando para o centro da composição, Moisés é visto brigando com um grupo de pastores que impedia as filhas do sacerdote Jetro de terem acesso ao poço para dar água ao rebanho;
  • abaixo dessa cena, Moisés é visto despejando água de um balde no coxo, para que os animais bebam, sendo observado pelas duas jovens, uma das quais seria sua futura esposa;
  • acima num monte, próximo ao meio, Moisés, sem o manto verde, que jaz na terra, tira suas sandálias para ficar diante de Deus;
  • na parte superior esquerda, ajoelhado, usando apenas sua túnica amarela, Moisés, próximo a um arbusto ardente, recebe de Deus a incumbência de voltar ao Egito e libertar seu povo;
  • no canto inferior esquerdo, Moisés guia seu povo em busca da Terra Prometida, já livre da escravidão imposta pelos egípcios.

Ficha técnica
Ano: 1481/1482

Técnica: afresco
Dimensões: 348 x 559 cm
Localização: Museus do Vaticano, Roma, Itália

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

http://www.sandro-botticelli.com/the-trials-of-moses.jsp
http://www.wga.hu/html/b/botticel/4sistina/moses/moses.html

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Ghirlandaio – O CHAMADO DE PEDRO E ANDRÉ

Autoria de Lu Dias Carvalho

O italiano Domenino Ghirlandaio (1449 – 1494), cujo nome próprio era Domenico di Tommaso Bigordi, foi um importante pintor de afrescos do Renascimento, na cidade de Florença. Iniciou sua arte trabalhando como aprendiz de ourives, tornando-se depois aluno do pintor Alessio Baldovinetti. O artista recebeu influência da arte da Antiguidade e da holandesa, e também do trabalho de Andrea Castagno, Fra Lippi e Andrea Verocchio. Seu estilo caracterizava-se por apresentar uma vigorosa tridimensionalidade, contornos precisos e cenas normalmente ricas em número de figuras humanas, maravilhosamente arrumadas. Foi dono de uma famosa oficina de pintura em Florença. Um dos famosos alunos de sua oficina foi Michelangelo.

O afresco intitulado O Chamado de Pedro e André e também Vocação dos Apóstolos é uma obra do artista. Faz parte da ornamentação da Capela Sistina, em Roma, Itália, cujo objetivo era fazer um paralelo entre a vida do profeta Moisés (Antigo Testamento) e a de Jesus Cristo (Segundo Testamento).Os dois homens, que foram os primeiros seguidores de Cristo, são chamados para propagar e defender a fé cristã. O manto azul e a auréola acima da cabeça de Jesus distinguem-no dos demais presentes. Ele é visto em três momentos diferentes. A composição é dividida em três cenas, que acontecem num vale montanhoso, com edificações à direita e à esquerda.

Na primeira cena, em segundo plano, à esquerda, Jesus, de pé sobre a margem, chama Pedro e André, quando estes lançam suas redes ao Mar da Galileia. Na segunda, também em segundo plano, à direita, Pedro e André encontram-se atrás do Mestre, enquanto este convoca dois outros pescadores, os irmãos Tiago e João, que consertam as redes do pai – Zebedeu. A terceira acontece em primeiro plano, Jesus encontra-se de pé, com a mão em postura de bênção. Ajoelhados à sua frente estão os apóstolos Pedro e André, já vestidos com seus mantos (o primeiro de amarelo e o segundo de vermelho), sendo abençoados, para que possam iniciar a nova missão. À direita é à esquerda de Jesus encontram-se inúmeros personagens, que são retratados usando roupas contemporâneas, relativas à época, muitos deles eram conhecidos ou amigos do pintor.

Ficha técnica
Ano: 1481/1482
Técnica: afresco
Dimensões: 350 x 5,70 cm
Localização: Museus do Vaticano, Roma, Itália

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirado
http://www.artbible.info/art/large/498.html

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Perugino – CRISTO DANDO AS CHAVES A SÃO PEDRO

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor italiano Pietro Perugino (c.1448-1523), tido como um dos mais renomados mestres da Escola da Úmbria e um precursor do Alto Renascimento, dono de um colorido suave e de composições equilibradas, fez parte da guilda de pintores de Florença. Pode ter sido aluno de Andrea Verrochio e Piero della Francesca.  Foi professor de Rafael Sanzio que tanto se mirou no exemplo do mestre a ponto de, no século XIX, tal pintura ter sido atribuída a ele.

A composição denominada Cristo Dando as Chaves a São Pedro é uma obra religiosa do artista. O equilíbrio, a harmonia e o uso do espaço tridimensional desta pintura renascentista tornam-na uma obra-prima.  Faz parte da ornamentação da Capela Sistina em Roma/Itália. Tinha como objetivo fazer um paralelo entre a vida do profeta Moisés (Antigo Testamento) e a de Jesus Cristo (Segundo Testamento). A cena refere-se à passagem bíblica (Mateus: 16,18-19) em que São Pedro recebe as chaves do reino dos céus (chaves essas que viriam a tornar-se seu atributo), destacando a entrega do poder espiritual de Cristo a São Pedro. Pendendo do braço do apóstolo encontra-se outra chave.

As cenas acontecem numa ampla praça. São inúmeras as figuras humanas vistas no afresco em estudo. Seu campo pictórico foi dividido em três planos distintos: primeiro plano, meio termo e fundo.

Em primeiro plano, Jesus Cristo, de pé no centro, usando uma túnica púrpura e um manto azul, serve de divisor para os dois grupos. O conjunto às suas costas é formado por oito pessoas, enquanto à frente estão 12. Entre elas se encontram Pedro, ajoelhado, e outros apóstolos (identificados com um halo, túnica e manto), incluindo Judas (quinta figura à esquerda de Jesus). Pedro recebe as chaves de prata e ouro das mãos do Mestre. Outros personagens presentes ao acontecimento são homens romanos e florentinos, contemporâneas do artista, que também se retratou (figura atrás de Judas). Tal retratação era muito comum à época do Renascimento italiano. Para uma maior harmonia entre as figuras, Perugino retrata-as repetindo as cores (azul, amarelo e verde) e suas posturas.

Servindo de pano de fundo e ocupando o centro da composição está o Templo de Salomão com suas duas varandas. Trata-se de uma imponente edificação, dona de uma arquitetura esplêndida. À direita e à esquerda estão os arcos monumentais do triunfo (Arco de Constantino) com relevo e superfícies dourados. Se medirmos o tamanho das figuras em primeiro plano, veremos que possuem o mesmo tamanho do templo. A perspectiva faz com que as figuras – entre o templo e o primeiro grupo – pareçam bem menores, diminuindo proporcionalmente à medida que se distanciam do primeiro plano, o que dá ao observador a impressão real de distância. Espaço e personagens integram-se na composição num equilíbrio perfeito.

O piso de mármore da praça é formado por grandes retângulos. Outras personagens são vistas no meio da praça, onde são encenadas duas passagens da vida de Cristo: “O Tributo”, à esquerda, e o “Apedrejamento de Cristo”, à direita. Uma grande paisagem descortina-se ao fundo com belas árvores e colinas acinzentadas, a fim de incutir a ideia de distância, e um belo céu azul cheio de nuvens brancas.

Ficha técnica
Ano: 1481/1482
Técnica: afresco
Dimensões: 335 x 550 cm
Localização: Museus do Vaticano, Roma, Itália

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirado
https://www.khanacademy.org/humanities/renaissance-reformation/early-renaissance1

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Ticiano – A DEPOSIÇÃO DE CRISTO

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor Ticiano Vecellio (1490 – 1576), também conhecido como Tizian Vecellio De Gregorio, encontra-se entre os grandes nomes da pintura italiana. Ainda pequeno retirava suco de flores para desenhar toalhas e lençóis. O pai, Capitão Conte Vecellio, reconhecendo o pendor artístico do menino, retira-o da pequena Pieve Cadore, onde nascera, e envia-o para Veneza, acompanhado do irmão mais velho. Naquela cidade, ainda com oito anos de idade, é apresentado por um tio aos mais importantes pintores venezianos da época.  Passa pelas mãos de Gentile Bellini e depois nas de Giorgione, que o acolhe com entusiasmo.

A pintura intitulada A Deposição de Cristo ou ainda O Sepultamento de Cristo é uma obra do artista,  que deixa clara a influência recebida de Michelangelo, principalmente no que diz respeito à monumentalidade das figuras humanas em torno de Jesus e à dramaticidade da obra de notável rigor clássico, que foi pintada para a família Gonzaga, de Mântua. O impacto dramático da cena foi acentuado com o crepúsculo, que joga uma luz fraca sobre os personagens, deixando o corpo inerte de Cristo ainda mais pálido, com o rosto e tronco escurecidos pela sombra, enquanto a outra metade mostra-se iluminada. A alternância de sombra e luz torna tudo ainda mais comovente. O contraste mais forte de luz e das sombras está centrado no corpo de Jesus Cristo, o que o torna o ponto focal da composição.

José de Arimateia teve permissão de Pilatos para retirar o corpo do Mestre da cruz, a fim de sepultá-lo. Ele o envolve numa mortalha branca e segura-o pelos pés.  Está sendo ajudado por São João, que segura a mão direita de Jesus e suas costas, e por Nicodemos, de costas para o observador, segurando o tronco. A Virgem Maria e Maria Madalena encontram-se atrás, em segundo plano. A Mãe Dolorosa está sendo amparada por Maria Madalena, em seu pungente sofrimento. Embora haja muita emoção presente na cena, essa é contida. Nuvens de tempestade formam-se acima, enquanto, mais ao fundo, o céu mostra-se mais claro.

Ficha técnica
Ano: c. 1520
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 148 x 212 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
http://www.louvre.fr/en/oeuvre-notices/entombment-christ

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PAISAGENS ESQUILINAS

Autoria de Lu Dias Carvalho

              

A Antiguidade foi estipulada como um período de tempo que compreende cerca de quatro milênios antes de Cristo (a.C.) até o século V. Foram poucas as imagens, criadas nesse período, que chegaram até nossos dias. Através de afrescos, encontrados nas cidades italianas de Pompeia, Herculano e em Roma, é possível ter uma noção da arte daquela época. Os afrescos mostram diversos gêneros de pintura.

As Paisagens Esquilinas, formidável conjunto de paisagens da Antiguidade, encontradas em Roma, na Itália, em 1848, são compostas por sete e meia composições que narram as viagens de Ulisses, personagem grego da Odisseia, um dos mais importantes poemas épicos da Grécia Antiga, que foi creditado a Homero. As Paisagens Esquilinas foram encontradas durante uma escavação na velha via Graziosa, em Roma, no monte Esquilino, uma das sete colinas da capital italiana. Estavam em excelente estado de conservação, sendo removidas depois das paredes e “delicadamente” restauradas por um pintor desconhecido. Segundo Marcos Vitrúvio, arquiteto romano, que viveu no século I a.C., o tema dessas paisagens (paisagens com figuras), era um dos preferidos pelas gerações precedentes, sendo muito usado nas decorações domésticas.

Acima são apresentadas duas cenas: Ulisses na Terra dos Mortos e Ulisses na Terra dos Lestrigões, ambas pertencentes à série Paisagens da Odisseia, achadas no monte Esquilino.

 Ficha técnica
Data: c. I a.C.
Altura: 150 cm
Localização: Museus do Vaticano, Roma, Itália

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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