Arquivo da categoria: Pinacoteca

Pinturas de diferentes gêneros e estilos de vários museus do mundo. Descrição sobre o autor e a tela.

Rafael – A LIBERTAÇÃO DE SÃO PEDRO

Autoria de Lu Dias Carvalho

[…] o horror da prisão, ao ver o ancião preso a correntes de ferro entre dois homens com armaduras; o profundo sono dos guardas; e o esplendor brilhante do anjo nas escuras sombras da noite, ilumina com destaque todos os detalhes da prisão e faz a armadura brilhar tão intensamente, tornando o reflexo mais polido do que se fosse real […]. E pelo fato de ter pintado a noite tão perfeitamente como nunca fora feito, este é o mais divino e considerado por todos como o mais excepcional. (Giorgio Vasari)

O afresco intitulado A Libertação de São Pedro é uma belíssima obra-prima do pintor renascentista italiano Rafael Sanzio e de seu assistente Giulio Romano. Foi executado com o objetivo de decorar os quartos do Palácio Apostólico, no Vaticano, em Roma, sendo hoje conhecidos como Stanze di Raffaello.

A cena dramática representa uma passagem bíblica retirada dos Atos dos Apóstolos, no Novo Testamento, que conta como São Pedro foi libertado por um anjo, quando se encontrava preso, com sentença de morte, a mando do rei Herodes. Para impedir sua fuga, foi acorrentado a dois guardas, e vigiado por outros, fora da cela. Um gigantesco anjo com suas asas abertas e vestes revoltas passa a impressão que ali acabara de chegar, movido por um intenso vento. Seu corpo recurvado direciona-se para o de São Pedro. A composição está dividida em três cenas, dispostas em perfeito equilíbrio simétrico:

  • cena central – o anjo, envolto numa forte luz dourada circular, toca São Pedro, que se encontra dormindo, sentado no chão, acorrentado nos braços e nas pernas junto a dois guardas que continuam a dormir;
  • cena à esquerda – um dos guardas presentes na escadaria, ao notar a luz dourada advinda da cela, em razão da presença do anjo, acorda um companheiro, e aponta para o aposento do condenado, iluminado com a presença do mensageiro divino;
  • cena à direita – o anjo, envolto por uma intensa luz oval, conduz São Pedro pela mão e guia-o para a liberdade, passando em meio aos guardas que dormem.

Lá fora é noite. A lua caminha em meio a nuvens escuras. Sua luz reflete na armadura de dois dos soldados à esquerda, incumbidos de vigiar o preso, principalmente na do que se encontra de pé, de costas para o observador, com uma tocha na mão, alumiando em volta.

Rafael faz uso, pela primeira vez, de um “efeito noturno”, ao empregar a luz da lua, a da tocha acesa e a que vem do anjo, dando uma sensação de mistério à composição. E o efeito obtido pelo artista, ao postar a cena central atrás de grades escuras, é magistral, pois encobre parte do que está acontecendo, como se fora um sonho, e acaba por prender a atenção do observador.

Ficha técnica
Ano: 1514

Técnica: afresco
Dimensões: 660 cm de base
Localização: Museus do Vaticano, Roma, Itália

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirado

http://www.wga.hu/html_m/r/raphael/4stanze/2eliodor/3libera.html
http://www.cuf.org/2013/09/15205/

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Moroni – O ALFAIATE

Autoria de Lu Dias Carvalhooalf

O maravilhoso retrato denominado O Alfaiate é uma obra do pintor italiano Giovanni Battista Moroni (c. 1530-1578). Presume-se que sua formação tenha se dado com o mestre Alessandro Moretto. Suas pinturas remetem às obras de Lorenzo Lotto e Ticiano. Embora Moroni tenha criado inúmeros retábulos, sua fama deveu-se, sobretudo, aos impressionantes retratos pintados por ele, cujas características principais eram a sensibilidade e a simplicidade, como as vistas nesta composição.

A obra em questão é tida como o mais famoso dos retratos do artista, não apenas por sua impressionante qualidade, como pelo modo como ele expôs o tema, ao pintar este jovem elegante, mas também meio triste. Se eliminada a tesoura de sua mão, dele não seria reconhecida a profissão de alfaiate.

O rapaz encontra-se de pé, diante de uma mesa de madeira, segurando a ponta de um tecido preto com a mão esquerda, e a tesoura com a direita. Existe um forte contraste entre suas vestes e o tecido escuro, marcado com linhas brancas de giz, que irá cortar. Sua cabeça está iluminada por uma luz que vem de cima, à esquerda. Seus olhos grandes chamam a atenção para ela. O alfaiate olha diretamente para o observador, como se estivesse a sondá-lo.

Ficha técnica
Ano: c. 1570

Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 96,5 x 73,5 cm
Localização: Galeria Nacional, Londres, Grã-Bretanha

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
https://www.nationalgallery.org.uk/paintings/giovanni-battista-moroni-the-tailor-il-tagliapanni

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Giotto – MADONA E O MENINO

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição denominada Madona e o Menino é uma obra-prima do pintor italiano Giotto, pintada durante a última fase de sua carreira. Fazia parte de um políptico que tinha cinco seções, e do qual era o centro.

O artista apresenta a Virgem Mãe, em posição de meio-corpo, voltada para sua esquerda, com o seu Menino nos braços. Ela está delimitada por traços elegantes e sinuosos, numa composição simplificada e de intensa luminosidade. Um manto verde drapeado envolve seu corpo. O fundo da pintura, feito em folha de ouro, é em estilo bizantino, e simboliza o Reino do Céu. A rosa braca, que a Virgem segura na mão direita, é o símbolo tradicional de sua pureza. É também uma alusão à inocência perdida pela humanidade, em razão do pecado original.

O rechonchudo Menino Jesus, amparado pelo braço esquerdo da Virgem, toca com a mão direita o galho com a rosa e, com a esquerda, segura o dedo indicador de Maria. Aqui ele não é visto em sua postura convencional de bênção, mas na posição típica de uma criança que agarra a mão de sua mãe. Não há troca de olhar entre ambos. Duas magníficas auréolas cingem a cabeça de mãe e filho.

Ficha técnica:
Ano: c.1320/1330

Técnica: painel
Dimensões: 43,5 x 46 cm
Localização: Galeria Nacional de Art, Washington, EUA

Fontes de pesquisa:
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

1000 obras-primas da pintura ocidental/ Könemann

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Pontormo – JOSÉ DO EGITO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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O pintor italiano Jacopo Carucci (1494 – 1556) nasceu na cidade de Pontormo, na Toscana, apelido que viria a dotar em sua arte. Teve como mestre Leonardo da Vinci e Piero di Cosimo, vindo depois a entrar para o ateliê de Andrea del Sarto, tendo desenvolvido um estilo maneirista distinto. Em 1522 foi morar no monastério da Ordem dos Cartuxos, onde pintou uma série de afrescos, cujo tema era a Paixão e a Ressurreição de Jesus Cristo. Foi professor de seu filho adotivo Agnolo Bronzino e também colaborador de Michelangelo. Suas últimas obras receberam a influência das gravuras de Albrecht Dürer, por quem nutria grande admiração e seguiu o modelo de Michelangelo. Assim como Rosso Florentino, Pontormo tornou-se o expoente máximo do Maneirismo, com seus trabalhos dramáticos e expressivos.

A composição intitulada José do Egito é um exemplo característico da pintura florentina até o início do século XIV, mostra passagens da história de José, inseridas no Antigo Testamento (Gênesis 47: 13 e 48), tendo como pano de fundo uma paisagem fictícia e elementos arquitetônicos. Foi criado para o quarto de dormir de Pier Francesco Borgherini e Margherita Acciaioli, no Palácio Borghese, em Florença, por ocasião de suas núpcias.

Esta pintura apresenta quatro zonas principais:

  • no primeiro plano, à esquerda, José apresenta sua família ao faraó egípcio;
  • à direita, em primeiro plano, José está sentado num carro triunfal, puxado por três crianças (putti) seminuas. Ele ouve a leitura de uma mensagem, feita por um jovem ajoelhado à sua frente, e ao mesmo tempo segura uma criança (putto). Uma quinta criança, envolta num pano branco, encontra-se em cima de uma coluna, como se imitasse uma das duas estátuas presentes no espaço;
  • uma multidão curiosa, no meio das duas primeiras cenas, busca saber o que está acontecendo, cena também descrita como a multidão querendo pão;
  • mais ao fundo, no centro da pintura, algumas pessoas, escoradas em uma grande pedra, também observam a multidão em primeiro plano.

A curvatura da escada, que leva até o quarto de Jacó, situado no topo do edifício cilíndrico, tem por finalidade trazer mais tensão e drama à composição. No meio dela, José leva um de seus filhos pela mão, enquanto no topo dessa, outro filho é saudado por sua mãe. José também é visto ao lado dos filhos Efraim e Manassés, próximo à cama de seu pai Jacó, moribundo, recebendo a bênção paterna.

Ficha técnica
Ano: c. 1515/18

Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 92,7 x 110 cm
Localização: Galeria Nacional, Londres, Grã-Bretanha

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
https://www.nationalgallery.org.uk/paintings/pontormo-joseph-with-jacob-in-egypt

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Tintoretto – LEDA E O CISNE

Autoria de LuDiasBH

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A composição denominada Leda e o Cisne é uma obra do pintor italiano Jacopo Robusti, mas que é conhecido como Jacopo Tintoretto, sendo tido como o mais importante artista do maneirismo veneziano.

Em sua tela Tintoretto apresenta a bela Leda e o cisne, tomando como temática a mitologia clássica que conta o mito sobre a bela mulher e Zeus, o deus dos deuses. Tal mito era muito popular em Roma, figurando em inúmeros trabalhos artísticos da época, como medalhões, mosaicos, murais e esculturas. É também muito representado até os dias de hoje.

Segundo a mitologia grega, a jovem Leda era casada com Tíndaro, rei de Esparta. Mas ao vê-la, o deus Zeus (Júpiter), sempre afeito a um rabo de túnica, apesar da vigilância de sua esposa Hera (Juno), desejou possuí-la. Portanto, metamorfoseou-se num cisne para seduzi-la. Leda foi fecundada, e, em consequência de tal união botou dois ovos, dos quais nasceram os gêmeos Castor e Pólux (nascidos de um ovo) e a bela Helena (nascida do outro) que se tornou famosa em razão da Guerra de Troia.

Ficha técnica
Ano: c. 1552-1558
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 145 x 145 cm
Localização: Palazzo Vecchio, Florença, Itália

Fontes de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
Mitologia/ Thomas Bulfinch
Mitologia/ LM

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Georges de La Tour – SÃO JOSÉ CARPINTEIRO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Na sua obra intitulada São José Carpinteiro, o pintor francês barroco Georges de La Tour mostra Jesus ajudando seu pai adotivo na sua oficina de carpinteiro. O ambiente é escuro e tem como fonte de luz somente o lume. Através das roupas usadas pelas duas personagens, principalmente por suas sandálias iguais e toscas, vê-se que se trata de um lugar pobre e de pessoas humildes. O Menino usa uma túnica, enquanto José veste roupas velhas.

São José é um homem forte e rude. Encontra-se curvado sobre seu trabalho e muito atento ao que faz. A seus pés, as vigas tomam o formato de uma cruz, a lembrar o que espera seu pequeno Jesus . Embora tenha o corpo arqueado sobre seu trabalho, ele dirige seu olhar orgulhoso ao filho adotivo. Há uma bela troca de olhares entre ambos. Ao chão, encontram-se vários instrumentos do carpinteiro. A cena demonstra que, apesar de sua divindade, Jesus teve uma vida normal na sua infância, como uma criança comum.

O Menino Jesus, com seu rostinho meigo e delicado, com os cabelos a cair-lhe pelos ombros, segura uma vela para alumiar o pai adotivo em seu trabalho. A luz tem duplo sentido: literal, ao iluminar o local; simbólica, Jesus é a luz do mundo.

Convido o leitor a olhar com atenção a mãozinha do Menino Jesus, que tenta proteger a luz da vela. A transparência da luz em seus dedos demonstra a genialidade do pintor. Esta composição é de uma beleza ímpar.

Dados técnicos
Ano: c. 1640

Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 137 x 102 cm
Localização: Museu do Louvre, França, Paris

Fonte de pesquisa
Cristo na Arte/ Manuel Jover

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