Arquivo da categoria: Pinacoteca

Pinturas de diferentes gêneros e estilos de vários museus do mundo. Descrição sobre o autor e a tela.

Lorenzo Monaco – ADORAÇÃO DOS MAGOS

Autoria de Lu Dias Carvalho

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O pintor italiano Pietro di Giovanni (c. 1370 – 1424), mais conhecido por Lorenzo Monaco ou  Lorenzo, o Monge, foi noviço no mosteiro de Santa Maria degli Angeli, em Florença, na Itália, mas veio a abandonar a comunidade monástica e possivelmente o hábito. Recebeu influências de Giotto e de seus seguidores Spinello e Agnolo Gaddi. As obras do artista traziam quase sempre um fundo dourado. Eram impregnadas de espiritualidade, normalmente sem nenhum elemento profano. O artista chegou a ter uma importante oficina em Florença, onde produziu ilustrações de livros e retábulos, sendo alguns deles criados para o mosteiro. Sua pintura evoluiu para o chamado gótico internacional.

A composição Adoração dos Magos é uma obra do artista. Inúmeras figuras aglomeram-se atrás dos magos em visita à Virgem Maria e ao seu Menino que se encontram junto ao presépio. Maria, sentada numa pedra próxima ao presépio adornado com três anjos, usa um vestido azul escuro adornado com três estrelas (uma na cabeça e uma acima de cada ombro) – símbolo de sua virgindade. Ela apresenta sua criança que traz os dedinhos da mão direita – direcionados aos visitantes – em postura de bênção. À direita da Virgem, sentado no chão e olhando para o alto, está José, trajando um manto amarelo.

Os magos – dois ajoelhados e um de pé –  estão próximos de Maria e do Menino. Trazem ricos presentes. São representados em três diferentes idades, simbolizando as três fases da vida do homem. Possuem a cabeça circundada por um halo, o que os difere das demais pessoas que os seguem. Cada um deles representa um continente  (os conhecidos à época). Gaspar – o rei mais velho – representa a Ásia; Melchior – o rei de meia-idade – representa a Europa; Baltazar – o rei mais novo – representa a África. Do cortejo fazem parte pessoas das mais diferentes raças, como mouros, africanos, tártaros, etc, usando vestimentas características de seu lugar. Quase todos têm a atenção voltada para Maria e o Menino Jesus.Também estão presentes animais, como cavalo, cão e camelo. Dentro da gruta estão um boi e um burro. Na parte superior da composição encontram-se os Profetas da Anunciação. Vê-se também uma paisagem rochosa ao fundo.

Obs.: A parte superior da obra foi pintada por Cosimo Rosseli, tendo sido adicionada à obra no final do século XV, quando o trípitico original recebeu a forma retangular, com a eliminação quase completa das divisões entre os painéis. Foi restaurado em 1995.

Ficha técnica
Ano: c. 1420
Técnica: têmpera sobre madeira
Dimensões: 144 x 177 cm
Localização: Galleria deglu Uffizi, Florença, Itália

Fonte de pesquisa
A Enciclopédia dos Museus/ Mirador
Gótico/ Taschen
https://en.wikipedia.org/wiki/Adoration_of_the_Magi_(Lorenzo_Monaco)
http://www.wga.hu/html_m/l/lorenzo/monaco/2/44monaco.html

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Pieter de Hooch – ARMÁRIO DE ROUPA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição Armário de Roupa é uma obra do pintor Pieter de Hooch (1629-1684), tido como um dos mais importantes pintores holandeses de cenas de interior. Foi aluno do pintor paisagista Nicolaes Berchem. Inicialmente, o artista trabalhou com cenas de estalagens e casernas, depois se deixou inspirar pelas obras de Jan Vermeer e Carel Fabrizius, passando a criar cenas de pátio e interiores, retratando a vida da burguesia da época. Inspirado pela arte francesa, mudou seu estilo, passando a pintar grupos sociais elegantes, em suntuosos salões.

Em seu quadro acima, com desenho e acabamento perfeitos e com o primeiro plano em sombra, o artista apresenta duas mulheres, em frente a um armário aberto, e uma criança. Todas as três figuras estão muito bem vestidas. A mulher, trajando saia vermelha e casaco preto com acabamento em pele, recolhe das mãos da outra lençóis (ou fronhas) passados a ferro, para guardá-los no armário de carvalho com incrustações em ébano. Um grande cesto de vime e um tabuleiro encontram-se atrás das duas. Suas saias amarradas mostram que estão fazendo tarefas domésticas, e esse é um jeito de mantê-las limpas.

Uma criança, provavelmente filho da senhora, encontra-se junto à porta. Ela joga “Kolf” (o antepassado do golfe), o que leva a crer que seja do sexo masculino, apesar da roupa parcida com a de uma menina, para os nossos dias, mas comum à época. Além disso, a criança também usa uma gola típica de um menino, com cantos quadrados.

Através da porta aberta descortina-se outra sala e também a rua, aparecendo parte de outra casa iluminada pela luz do dia. Os ladrilhos diferentes, de uma sala para a outra, reforçam a profundidade da perspectiva na segunda sala. Na parede estão dois quadros, sendo o primeiro, com moldura preta, uma paisagem. Uma estatueta de Perseu encontra-se sobre a parte horizontal da coluna que ornamenta a porta. Uma escada em caracol leva ao andar de  cima, e uma cadeira com uma almofada está próxima a ela. Chama a atenção a luz que se projeta em parte das paredes da escada, entrando por uma janela à esquerda.

Obs.: Na Holanda do século XVII, os meninos usavam saia até a idade de seis anos, o que dificulta saber se a criança retratada era um menino ou uma menina.

Ficha técnica
Ano: c. 1663
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 72x 77,5 cm
Localização: Rijksmuseum, Amsterdam, Holanda

Fontes de pesquisa
A Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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Antonio Pollaiuolo – O MARTÍRIO DE SÃO SEBASTIÃO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Antonio del Pollaiuolo (1431-1498) iniciou sua carreira como ourives, vindo a interessar-se pela pintura, assim como seu irmão Piero Pollaiuolo. Sua obra pictórica foi centrada mais em afrescos e pinturas sobre madeira. Em seu estilo, chama a atenção o forte movimento das formas e linhas claras. O seu trabalho como ourives contribuiu para que fosse um dos primeiros pintores italianos do Renascimento a criar gravuras em cobre e a tentar solucionar o problema de se criar um quadro que tivesse, ao mesmo tempo, um desenho bem feito e fosse harmonioso na composição de acordo com as novas regras aprendidas.

O quadro intitulado O Martírio de São Sebastião, obra mais famosa de Antonio Pollaiuolo, contando com a ajuda de seu irmão Piero Pollaiuolo, apresenta um jovem seminu, de corpo delicado, amarrado na parte mais alta do tronco de uma árvore totalmente desgalhada, com a cabeça tocando a margem superior da tela. Ele se mostra resignado, apesar da cena que se desenrola a seus pés e das seis setas visíveis em seu corpo. O tecido transparente que cobre parte de seu corpo aumenta ainda mais a sua delicadeza, de modo que muitos monges à época preocuparam-se com o fato de que a beleza de São Sebastião pudesse atrapalhar a concentração fervorosa dos fiéis.

A pintura pode ser dividida em duas cenas: uma localizada em primeiro plano e a outra em segundo. O  martírio de São Sebastião acontece no rochoso e pequeno espaço do primeiro plano. Ao fundo, numa paisagem grandiosa, os cavaleiros e seus cavalos apresentam-se em meio aos elementos naturais, acompanhando o desenrolar da cena.

Seis arqueiros encontram-se no solo, com seus músculos à vista, em volta do mártir. Quatro deles estão preparados para flechá-lo, trazendo seus arcos retesados, possivelmente aguardando a ordem de um dos cavaleiros que acompanham a cena em segundo plano, enquanto outros dois preparam-nos. O grupo forma uma pirâmide em rotação, que tem seu ângulo superior na cabeça do martirizado e, como base, as pernas dos arqueiros. A musculatura avantajada dos últimos destaca ainda mais a graciosidade do corpo do santo. Cada arqueiro (ou carrasco) de um lado é semelhante à figura do outro lado, deixando a organização das figuras excessivamente simétricas.

A representação do martírio de São Sebastião na segunda metade do século XV na Itália era uma das pinturas favoritas dos artistas. É possível encontrá-la na obra de Andrea Mantegna e Sandro Botticelli, entre outros. Nesta representação é impossível identificar a parte executada por cada um dos irmãos Pollaiuolo.

Ficha técnica
Ano: 1475
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 292 x 203 cm
Localização: National Gallery, Londres, Reino Unido

Fonte de pesquisa
Los secretos de las obras de arte / Taschen
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
A História da Arte / E. H. Gombrich
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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Chardin – MENINA COM PETECA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A pintura Menina com Peteca é uma obra do pintor francês Jean-Baptiste-Siméon Chardin (1699-1799), tido como um dos mais importantes pintores de natureza-morta da arte europeia, sendo suas obras muito estudadas pelos artistas do gênero, posteriores a ele. As suas naturezas-mortas, assim como sua pintura de gênero, são elementos importantes da arte francesa. A composição acima mostra como o artista desenvolvia suas obras com grande intensidade poética e colorido delicado.

Uma doce menininha prepara-se para jogar peteca, numa espécie de jogo em que se usa raquete. Ela se encontra de pé e perfil, com os olhos voltados para a direita da tela, como se observasse algo. Pela sua seriedade e rigidez vê-se claramente que está posando para o pintor, talvez já um pouco cansada. Ela usa uma touca branca com bordados na cabeça. Seus cabelos são relativamente curtos e cacheados, de cor puxada para o acinzentado. Seu rosto redondo, de bochechas vermelhas, traz um pequenino nariz e grandes olhos escuros. Sua boca fechada é carmesim. No meio do pescoço usa uma fina fita branca e atrás se vê as pontas de um grande laço amarelo. Um pequeno brinco de pérola cinge-lhe a orelha direita.

A garota usa um vistoso vestido com decote quadrado, debruado com verde. O corpete baixo, marrom dourado, com um tecido branco na frente, semelhante ao da saia, traz mangas três quartos, também debruadas com verde. Uma camisa branca, usada por baixo, aparece acima do decote e sob as mangas, mostrando seus babados.  A longa saia branca parece estar sobre anquinhas, o que lhe aumenta o volume. Na fita azul, arrumada num grande laço à sua direita, ela parece trazer amarrada uma tesoura e uma bolsinha ou porta-agulhas. Na mão direita segura uma raquete vermelha com cabo claro, e na direita uma peteca, com sete penas coloridas, descansando sobre o enfeite redondo do espaldar de uma cadeira de madeira.

Obs.: A assinatura do pintor encontra-se na parte inferior direita da tela, próxima à raquete.

Ficha técnica
Ano: c 1740-1750
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 81 x 65
Localização: Museu Uffizi, Florença, Itália

Fontes de pesquisa
A Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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Jan Steen – ADORAÇÃO DOS PASTORES

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição A Adoração dos Pastores é uma obra do pintor holandês Jan Steen (c.1625-1679). O artista estudou com com Nicolaes Knüpfer, Adriaen van Ostade e Jan van Goyen, tendo se casado com Margaretha van Goyen, filha do último mestre. Fez parte da Guilda de São Luca de Leiden. É tido como um dos importantes pintores holandeses do século XVII. Sua obra é vasta e diversa, na qual se incluem trabalhos narrativos e alegóricos, paisagens, apesar de poucas, e retratos, mas seu gênero predileto era as pinturas de gênero. É visto como um grande observador e o mais vivaz dentre os grandes pintores holandeses de interiores.

Na Holanda protestante do século XVII, os temas religiosos foram praticamente banidos. Os retábulos foram retirados das igrejas e os quadros religiosos só eram feitos sob encomenda para clientes particulares. Assim sendo, eles eram raríssimos. Eram vistos com frequência somente na obra de Rembrandt — na maioria das vezes retratando cenas alusivas ao Velho Testamento, com cunho didático ou simbólico. Mas, como o artista Jan Steen era católico, ele retratou inúmeros temas religiosos, incluindo o quadro deslumbrante que se vê acima.

Esta pintura é sem dúvida uma das mais belas no que diz respeito ao tema religioso em questão, com uma interpretação bem diferente da temática comumente usada por diferentes pintores. O que se tem é a impressão de que a Virgem Maria e seu esposo José convidaram os amigos da aldeia para comemorar o nascimento de seu Menino. Ela se encontra de um lado do pequenino Jesus, deitado em um caixote cheio de capim, enquanto um camponês, segurando seu cajado e olhando para a criança atentamente, posta-se do outro.

Várias pessoas adentram pela gruta trazendo os mais variados presentes. Uma senhora idosa oferece um prato com ovos a José que segura seu chapéu num gesto de agradecimento. Um homem, próximo ao bebê, tomba o corpo para frente para ver melhor a criança. Ele segura um galo nos braços, oferecido como presente. A criança, por sua vez, volta a cabecinha para trás, como se a ave tivesse chamado a sua atenção. Uma criança está atrás da Virgem e atrás dela está um homem tocando gaita de fole, festivamente. Uma mulher surge na porta carregando um tabuleiro na cabeça.

Aos pés do berço está um vasilhame de latão, com a tampa no chão, provavelmente contendo água. No canto inferior esquerdo, o que me parece ser uma mulher segurando um feixe de gravetos, acende o fogo, onde uma vasilha de barro, possivelmente contendo leite, esquenta. Mais ao fundo estão dois animais: o burrinho branco, arreado, e uma vaca preta com parte da cara branca. Cerca de 20 pessoas apresentam-se dentro e na porta da gruta.

Obs.: Existe uma réplica desta pintura no Castelo Wavel, na Cacróvia.

Ficha técnica
Ano: entre 1660 e1679
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 53 x 64 cm
Localização: Rijksmuseum, Amsterdam, Holanda

Fontes de pesquisa
A Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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Rafael – SANTA CATARINA DE ALEXANDRIA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição Santa Catarina de Alexandria é uma obra-prima do pintor italiano Rafael Sanzio, tida como um dos mais magníficos exemplos da nova forma “serpetinada” (linha de ornato em forma de serpente), introduzida na Alta Renascença, e aperfeiçoada por Leonardo da Vinci. Na época em que foi criada esta pintura, Rafael encontrava-se influenciado pelo repertório formal e pelos traços de Leonardo, inclusive, muitos veem nela um reflexo de “Leda e o Cisne, obra perdida de Da Vinci. Também estão presentes, influências da obra do pintor Pietro Perugino.

A figura de Santa Catarina, em êxtase em meio a uma paisagem, com os olhos voltados para cima, em direção à luz celestial, é apresentada com uma forte torção. Sua postura e torcedura dão-lhe movimento, beleza e presença tridimensional. E é explicada em razão de a santa olhar para o céu, virada para a direita, em sintonia com os raios luminosos ali presentes. À sua esquerda está uma enorme roda de madeira, símbolo de seu martírio, na qual ela se escora com o braço esquerdo, enquanto a mão direita encontra-se junto ao peito. As garras afiadas da roda foram trocadas por botões arredondados, com a finalidade de atenuar o símbolo da crueza.

A pintura, além da beleza dos movimentos que apresenta, é também muito rica em cores, a começar pelo vestido azulado de Santa Catarina, com a manga verde e debrum preto, e seu manto vermelho com o reverso amarelo. Uma bela paisagem descortina-se em segundo plano. Ela é pintada com esmero. O reverso do manto que cinge o corpo da santa tem a mesma cor dourada vista no céu azul com nuvens brancas e esverdeadas. O artista tinha sempre o cuidado de procurar amenizar as emoções consideradas por demais intensas e de atenuar os tons e os elementos temáticos em busca de uma perfeita harmonia entre design, cor, pose e expressão, entre os elementos figurativos e ornamentais. E foi essa busca pelo equilíbrio que tornaram suas obras tão célebres.

Ficha técnica
Ano: 1505
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 274 x 152 cm
Localização: Galeria Nacional, Londres, Grã-Bretanha

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
https://www.nationalgallery.org.uk/paintings/raphael-saint-catherine-of-alexandria
http://www.wga.hu/html/r/raphael/2firenze/2/41cather.html

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