Arquivo da categoria: Pinacoteca

Pinturas de diferentes gêneros e estilos de vários museus do mundo. Descrição sobre o autor e a tela.

Dosso Dossi – SÃO SEBASTIÃO

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor italiano Dosso Dossi (c. 1489 – 1542), artista da época da Renascença, foi batizado com o nome de Giovanni di Niccolò de Lutero. Seu pai trabalhava para os duques de Ferrara. Era irmão do também pintor Battista Dossi, que foi aluno de Rafael Sanzio. É possível que tenha estudado com Lorenzo Costa. Foi um dos grandes nomes da Escola de Ferrara, no século XVI. É possível que tenha se ligado ao círculo de Rafael, em Roma. Além dos afrescos, também pintou painéis com temas mitológicos, cristãos e alegóricos. Mesclou o estilo de Ferrara com o de Ticiano, que conheceu em Veneza, e Giorgione. Suas obras mais famosas são as alegorias mitológicas, tema que era muito valorizado na corte humanista de Ferrara. Sua personalidade era rica e complexa. Legou à posteridade maravilhosos trabalhos.

O belíssimo painel de Dosso Dossi, denominada São Sebastião, que chegou a ser atribuído a Giorgione, foi criado na sua maturidade, tendo a paisagem sido inspirada na tradição de Giorgione. O santo encontra-se de pé, seminu, com seu gracioso corpo, elegantemente arqueado para sua esquerda, tendo apenas parte de seu manto azul-esverdeado, que desce da cabeça até o chão, a cobrir-lhe a genitália. Seus braços fortes e musculosos, levantados para o alto, circundando sua cabeça, estão amarrados a uma árvore frutífera. Duas setas perfuram-lhe o dorso nu. Os olhos do santo estão voltados para cima, numa expressão de dor, como se pedisse forças ao Pai. A seus pés, à esquerda, jaz sua brilhante armadura.

A árvore, a que está amarrado o santo, forma uma espécie de dossel sobre sua cabeça. Suas folhas e frutos possuem contornos claros. À esquerda, como se fosse uma visão, uma janela abre-se para uma cidade cheia de árvores, vegetação rasteira, estradas e edificações, sob um céu azulado com nuvens brancas.

Esta obra foi restaurada em 2010 por causa de problemas no seu suporte. Os restauradores obtiveram duas informações importantes: já havia sido restaurada no passado, embora não haja nenhuma documentação acerca disso, e foi reduzida em cerca de 50 centímetros na base e cerca de 10 centímetros no lado direito.

Ficha técnica
Ano: c. 1526
Técnica: painel
Dimensões: 182 x 95 cm
Localização: Museu de Brera, Milão, Itália

 Fontes de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
http://www.finestresullarte.info/operadelgiorno/2016/529-dosso-dossi-san-sebastiano.php#cookie-ok

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Correggio – O CASAMENTO MÍSTICO DE S. CATARINA

Autoria de Lu Dias Carvalho

ocamidesca

A composição O Casamento Místico de Santa Catarina é uma obra religiosa do pintor italiano Correggio. Trata-se de um trabalho do artista quando esse era ainda jovem, sendo o tema também pintado por outros pintores.

A cena mostra a Virgem Maria sentada com seu Menino Jesus no colo, tendo à frente Santa Catarina e São Sebastião. Maria usa um vestido vermelho e traz às costas um manto azul escuro, enquanto o pequeno Jesus encontra-se nu, o que simboliza a sua pureza. Celebra-se o casamento da princesa Catarina com Jesus Cristo.

Santa Catarina veste uma túnica amarela e traz sobre ela um manto dourado. Ajoelhada diante de Jesus, ela estende sua mão direita, que é sustentada pela da Virgem. O Menino está prestes a colocar no seu dedo anelar, que ele segura com a mãozinha esquerda, o anel que traz na mão direita. São Sebastião, de pé atrás da noiva mística, à direita, serve de testemunha. Nas mãos, ele traz as flechas de seu martírio. Todos os personagens presentes concentram o olhar nas mãos dos nubentes, sendo que as mãos dos dois marcam o centro da composição.

Na paisagem ao fundo é visto o martírio dos dois santos: o de São Sebastião à esquerda, sob uma árvore e o de Santa Catarina no centro da tela.

 Ficha técnica
Ano: c. 1517
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 105 x 102 cm
Localização: Museu do Louvre, Paris, França

Fontes de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
Correggio/ Editora Abril

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Vicenzo Foppa – SÃO SEBASTIÃO

Autoria de LuDiasBH

O pintor italiano Vincenzo Foppa (c.1428 – c.1515) é tido como um dos mais importantes artistas do início do Renascimento na Lombardia, sendo o fundador da Escola Lombarda. O seu estilo dava mais ênfase ao tom e à atmosfera da cena do que ao desenho e à estrutura. Suas obras mostram a preocupação do pintor em reproduzir a luz natural. Ao representar cenas contidas e realistas, Vicenzo abriu as portas para a pintura figurativa na Lombardia. Apesar de ter desenvolvido um estilo próprio, ele recebeu, em sua maturidade, influências de Leonardo, Bramante e Andrea Mantegna.

A obra do artista, denominada São Sebastião, adornou originalmente a sacristia da capela de Santa Maria de Brera, mas em 1808 foi levada para a Galeria. Contudo, os afrescos que dela faziam parte, nominados de “São Roque” e “Glória dos Anjos”, que ficavam no teto da capela, desapareceram, deixando a obra incompleta.

A cena apresenta São Sebastião à direita, sobre um pedestal, amarrado a uma coluna grega, com o corpo seminu coberto por flechas. Seu rosto é uma máscara de sofrimento. Um halo paira sobre sua cabeça, simbolizando sua santidade. Saindo de um ambiente às suas costas, aparecem três arqueiros. O primeiro atira uma flecha contra o santo; o segundo traz o arco na mão esquerda e a flecha na direita; e o terceiro, usando uma armadura, traz o arco tocando o chão,  enquanto aponta o mártir com o dedo indicador da mão direita.

Quando na capela de Brera, o afresco em questão causava um grande impacto visual, em razão da ilusão ótica repassada pelos arqueiros, que pareciam surgir, como se estivessem saindo de trás da parede. Por isso, o afresco foi muito admirado pelos historiadores de arte, à época. Ao ser deslocado para outro lugar, já não goza de tamanha admiração, contudo, o emprego da luz, que define as formas e reveste-as de uma nuança prateada, continua sendo admirado.

Ficha técnica
Ano: c.1489
Técnica: afresco transferido para tela
Dimensões: 173 x 268 cm
Localização: Museu de Brera, Milão, Itália

Fontes de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Baschenis – INSTRUMENTOS MUSICAIS

 Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor e músico italiano Evaristo Baschenis (1617 – 1677) é tido como um dos mais renomados representantes do neo-caravaggismo, tendo nascido numa família de várias gerações de pintores.  Antes de adentrar no mundo da pintura, o artista foi padre. Seu trabalho é dedicado quase que exclusivamente às naturezas-mortas, tendo pintado cenas de cozinha com alimentos e utensílios e instrumentos musicais. Em algumas delas chegou a acrescentar figuras humanas. Foram suas pinturas com instrumentos musicais que o tornaram conhecido, uma vez que essas eram muito apreciadas pela aristocracia da época.

Para muitos críticos de arte, o estilo poético de Baschenis fica entre o de Jan Vermeer, Chardin e o de Caravaggio. Suas naturezas-mortas situam-se entre as mais encantadoras do século XVII, tendo angariado muitos seguidores e imitadores. Ao pintor não importava dar à obra um sentido alegórico ou didático, como faziam os pintores holandeses. A ele preocupava apenas a beleza da representação. Durante sua vida, o artista acumulou uma grande coleção de instrumentos musicais, a qual usava em suas obras, dispondo os instrumentos nas mais diferentes formas. Ao estudar perspectiva arquitetônica, o pintor encantou-se com o estudo da perspectiva, o que o ajudou a representar com maestria o formato dos mais diferentes instrumentos musicais.

Em sua obra denominada Instrumentos Musicais, também conhecida por Ainda Vida com Instrumentos Musicais, Evaristo Baschenis mostra o seu virtuosismo ao apresentar um grupo de instrumentos musicais de diferentes formatos, combinando a beleza do Barroco com seu senso apurado de geometria. Os instrumentos representados sob um luxuoso dossel são: um bandolim, um clarinete, um violino e uma flauta-doce. O interessante é notar que a organização desses repassa a sensação de que  estão descansando, depois  que a música cessou.

Ficha técnica
Ano: c.1650
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 88 x 60 cm
Localização: Museu de Brera, Milão, Itália

 Fontes de pesquisa
1000 obras-primas da pintura europeia
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
http://www.metmuseum.org/exhibitions/listings/2000/evaristo-baschenis

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Mestre de S. Colomba – CENAS DA VIDA DE S. COLOMBA

Autoria de Lu Dias Carvalho

O tríptico Cenas da Vida de Santa Colomba foi criado por um pintor anônimo, seguidor de Giotto, no início do século XIV. Presume-se que tenha sido executado para a catedral de Rami, dedicada à Santa Colomba, mártir da Idade Média. A catedral foi destruída em 1815 . Segundo alguns estudiosos (teoria não aceita por unanimidade), os painéis faziam parte de uma composição de face dupla, que ornamentava o altar principal da catedral. Atualmente, os outros painéis encontram-se em diferentes museus.

O tríptico retrata a vida de Santa Colomba, ou Comba, também conhecida por Virgem de Sens, que foi martirizada durante o reinado do Imperador Aureliano, que não conseguiu seduzi-la. Conta-se que, por isso, fora encerrada numa cela de um anfiteatro, sendo salva da desonra por um urso, que se lançou contra um libertino que queria ofender sua honra. Mais tarde, quando incendiaram sua cela no intuito de matá-la, juntamente com o urso, ambos foram salvos por uma chuva providencial, que apagou o fogo. O animal acabou fugindo para a floresta. Não satisfeito, o Imperador ordenou que seus soldados levassem-na para fora da cidade e decapitassem-na. O que aconteceu.

O pintor apresenta, nos painéis acima os principais acontecimentos da lenda:

  • Santa Colomba diante do Imperador
  • Santa Colomba Salva por um Urso
  • A Decapitação de Santa Colomba

O primeiro painel mostra a santa diante do Imperador, o único a encontrar-se sentado, sendo levada até ele pelos soldados. Embora o pátio seja visto de frente, ela e os verdugos encontram-se de perfil. O segundo apresenta Santa Colomba dentro de um espaço arquitetonicamente trabalhado, sendo defendida pelo urso. E o terceiro painel mostra o exato momento da decapitação da santa, com seu corpo estendido no chão.

Ficha técnica
Ano: c. 1340
Técnica: têmpera sobre madeira
Dimensões: 55 x 55 cm (cada um dos três painéis)
Localização: Museu de Brera, Milão, Itália

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
http://heroinasdacristandade.blogspot.com.br/2012/12/santa-colomba-de-sens-virgem-e-martir.html

Nota: alguns historiadores de arte atribuem o tríptico ao pintor italiano Giovanni Baronzio, mas não há nada concreto sobre isso.

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Gentile Bellini – S. MARCOS PREGANDO EM ALEXANDRIA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição São Marcos Pregando em Alexandria, também conhecida como A Pregação de São Marcos em Alexandria,  ou ainda, São Marcos Pregando na Praça Santa Eufêmia, em Alexandria, no Egito, é uma obra do pintor italiano Gentile Bellini. A obra foi encomendada por uma associação religiosa para ornamentar a Scuola di San Marco, uma vez que o culto de São Marcos em Veneza confundia-se com a própria cidade. Este quadro ficava na biblioteca, no primeiro andar, juntamente com seis outros relativos ao referido santo. Embora não conhecesse a cidade de Alexandria, o pintor situou o sermão do pregador ali, diante de um grupo de venezianos e orientais, propiciando um belo e exótico cenário oriental. Ao incluir-se na cena, ele a transpôs para a sua época, sem observar o enquadramento histórico.

A gigantesca tela traz em sua parte central a fachada de uma igreja, com contrafortes semicirculares a reforçá-la. O artista não retratou uma obra real, apenas idealizou grande parte dela, pois as três cúpulas e o arco superior remetem à Basílica de São Marcos, em Veneza. A obra refere-se à cidade de Alexandria, embora tenha sido pintada em Veneza. Pelos azulejos decorados das escadas e do pedestal, onde se encontra São Marcos a pregar, pode-se concluir que Gentile Bellini admirava a cidada de Constantinopla, que visitara, pois esses foram pintados de acordo com a cultura islâmica. A cidade aqui é vista como exótica, com as figuras usando toucados e enormes gorros, além da presença de dois dromedários e de uma girafa.

São Marcos apresenta-se à esquerda de uma praça retangular, de pé sobre uma espécie de púlpito, trajando um manto azul, cuja cor não está presente na vestimenta dos demais, diferindo-o, portanto, das pessoas à sua volta. Ele traz a mão direita erguida, enquanto segura um pergaminho com a esquerda, em referência ao fato de ter sido um dos quatro evangelistas. Atrás do pregador, um homem,  sentado num banco, parece ler ou fazer anotações. Uma multidão, formada por homens, mulheres árabes e crianças, composta por cristãos e pagãos, imobiliza-se para ouvir o pregador. Algumas pessoas transitam pela praça, incluindo homens montados em seus cavalos, e pequenos grupos conversam.

Artista meticuloso, Gentile Bellini retratou as roupas da época com extrema exatidão. À direita são vistos homens usando enormes gorros vermelhos, semelhantes aos da aristocracia militar circassiana. As mulheres, postadas na parte central da composição, mais próximas a São Marcos, encontram-se acocoradas, excetuando duas delas. Usam um toucado alto, encimado por uma túnica branca. São vistos também o obelisco egípcio  e os minaretes muçulmanos, assim como as casas cúbicas de telhado plano e caiadas de branco.

O artista preocupou-se em mostrar profundidade espacial, usando a perspectiva central e as listras de pedra clara. Em seu testamento, o artista delegou a seu irmão mais novo, Giovanni Bellini, a incumbência de completar esta pintura, que ainda se encontrava inacabada por ocasião de seu falecimento.

Ficha técnica
Ano – c. 131505
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 347 x 770 cm
Localização: Pinacoteca de Brera, Milão, Itália

Fontes de pesquisa
Los secretos de las obras de arte/ Taschen
Enciclopédia dos Museus/ Coleção Mirador
1000 obras-primas da cultura europeia/ Könemann

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