Arquivo da categoria: Pinacoteca

Pinturas de diferentes gêneros e estilos de vários museus do mundo. Descrição sobre o autor e a tela.

Gerard David – A VIRGEM E O MENINO COM…

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição A Virgem e o Menino com Santos e Doador é uma obra do pintor flamengo Gerard David (c. 1460-1523), que substituiu o pintor alemão Hans Memling, em Bruges, como pintor principal. Tomando por base suas composições ilustrativas e realistas, presume-se que concluiu sua formação na Holanda. Possivelmente viajou à Itália. Fez parte da Guilda de São Lucas de Antuérpia. Teve alunos como Joos van Cleve e Joachim Patenier.

Em sua pintura, o artista apresenta a Virgem Mãe com seu Menino no colo, rodeada pelo doador e Santa Bárbara, à sua direita, e as Santas Maria Madalena e Catarina à sua esquerda, em meio a um jardim murado, possivelmente simbolizando sua virgindade. Seus olhos baixos direcionam-se para Jesus, coberto com um pequeno manto, e com um rosário a tiracolo. Com a mãozinha esquerda, ele entrega um anel a Santa Bárbara, (simbolizando seu casamento com Cristo). Seu olhar está direcionado ao doador Richard de Visch de la Chapelle.

Santa Bárbara, ricamente vestida, e o doador encontram-se ajoelhados, enquanto as santas Maria Madalena e Catarina estão sentadas. Santa Bárbara traz nas mãos um livro de orações e Maria Madalena segura um frasco de pomada, seu atributo. O cãozinho, um galgo, em primeiro plano, através da pintura do escudo de armas em sua coleira, identifica o doador, que se mostra uma pessoa humilde, apesar de ter encomendado esta obra. À sua frente estão seu livro de orações e seu chapéu. As santas usam anéis e colares com pingentes.

Atrás do cercado do jardim são vistos, à direita, entre Santa Catarina e uma coluna vermelha, a figura de Santo Antão Abade e, à esquerda, a de um anjo colhendo uva. Além do muro do jardim, vê-se parte de uma cidade flamenga, possivelmente Bruges.

 Ficha técnica
Ano: c. 1505/1510
Técnica: óleo sobre painel de carvalho
Dimensões: 106 x 144 cm
Localização: Galeria Nacional, Londres, Grã-Bretanha

Fonte de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
https://www.nationalgallery.org.uk/paintings/gerard-david-the-virgin-and-child-with-saints-and-donor

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Mestre de São Gil – SÃO GIL E A CORÇA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição São Gil e a Corça é obra de um pintor franco-flamengo desconhecido, cujo pseudônimo é Mestre de São Gil, de cerca de 1500, que possui poucas obras conhecidas, todas do estilo gótico tardio. Seu pseudônimo deveu-se à feitura de painéis dedicados a São Gil, também conhecido como São Gil, o Eremita. Segundo a lenda, o santo era filho de reis. Viveu como eremita, tendo apenas uma corça como companhia.

O painel, que foi provavelmente a parte central de um tríptico,  apresenta o santo com uma flecha na mão. O rei e sua comitiva estavam caçando, quando este atirou uma flecha contra a corça, acertando o dorso da mão do santo, que protegeu seu animalzinho.

A cena mostra, em primeiro plano, o rei, ajoelhado ao lado de um bispo, pedindo perdão ao santo abraçado à corça. À sua direita, de pé, está um nobre da corte trajando um manto vermelho. Atrás, em segundo plano, está a comitiva do rei, um dos homens segura um arco.

Na arte medieval,  a corça é o seu símbolo de São Gil, e seu emblema é uma seta.  Ele se tornou o patrono das pessoas com deficiência física. Uma árvore divive do centro da tela e separa o santo com sua corça do rei e seu séquito. Ao fundo da composição vê-se uma cidade que, presume-se, seja Saint-Gilles-du-Gard.

Ficha técnica
Ano: c. 1500
Técnica: painel
Dimensões: 61,6 x 46,3 cm
Localização: Galeria Nacional, Londres, Grã-Bretanha

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann

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Gentile da Fabriano – COROAÇÃO DA VIRGEM E SANTOS

Autoria de Lu Dias Carvalho

O pintor italiano Gentile da Fabriano (c. 1370-1427), que tinha por nome verdadeiro o de Gentile di Niccoló di Giovanni Massi, sendo Fabriano o nome da cidade onde nascera, é tido como um dos mais importantes mestres do Gótico Tardio Italiano. Foi membro da guilda de São Lucas e também da guilda dos Físicos e Boticários. Recebeu influência do círculo artístico milanês e, possivelmente, do miniaturismo francês e holandês. Foi professor de Pisanello e Domenico Veneziano, dentre outros. O seu estilo era primoroso, caracterizado, sobretudo, pelo dourado, assim como pelos variados tons de cores de tratamentos de superfícies.

O políptico denominado Coroação da Virgem e Santos, também conhecido por Valle Romita, executado por Gentile, pressupõe-se que tinha como finalidade decorar o convento do Vale Romita, em Fabriano, pois não há nenhuma documentação escrita sobre sua origem. Em sua obra, trabalhada em ouro, que traz muita afinidade com o trabalho de Michelino da Besozzo, fica explícito o seu conhecimento de miniaturas e trabalhos gráficos. Trata-se de uma obra-prima, que hoje se encontra desmembrada, faltando a parte da crucificação, que ficava acima da cena da coroação. Não levando em conta as partes desaparecidas, o políptico conta com nove painéis, sendo o painel central o maior deles. Presume-se que tenha sido desmembrado no século XVIII.

A parte principal do políptico é o painel central, onde acontece a coroação da Virgem, suspensa no céu. Trajando um manto azul escuro, com a cabeça inclinada, Maria está sendo coroada por seu filho Jesus. Acima do par encontra-se Deus Pai, rodeado por inúmeros serafins, vistos como se estivessem em chamas. Entre a Virgem e Jesus vê-se uma pequena pomba, representando o Espírito Santo. Abaixo está um coro composto por oito anjos músicos.

Os painéis laterais, situados na parte inferior, trazem a figura dos santos, com seus corpos cobertos por uma elaborada roupagem. São Jerônimo usa uma vestimenta em vermelho, branco e ouro, assim como seu grande chapéu vermelho, seu atributo, e traz o modelo da igreja em suas mãos; São Francisco veste um hábito castanho, tem os pés nus, atributo de sua iconografia; São Domingos usa um manto preto e traz nas mãos um livro aberto e um lírio, enquanto Maria Madalena, que usa um vestido violeta e um manto avermelhado, traz na mão direita, equilibrado nas pontas dos dedos, um frasco de unguento, gravado em ouro, seu atributo. Os santos encontram-se de pé sobre um denso tapete de flores, e mostram-se em atitude contemplativa.

Os painéis superiores são menores e, por isso, os santos encontram-se sentados ou ajoelhados. À esquerda está São João Batista no deserto, e à direita vê-se São Francisco de Assis, recebendo os estigmas da Paixão de Cristo. Ambos encontram-se de perfil, ajoelhados em meio aos picos rochosos. São Tomás está sentado num ambiente exíguo, entre uma parede e uma porta, lendo seu livro de meditação. São Pedro, de joelhos, com o sangue a escorrer-lhe da cabeça, está sendo martirizado por um verdugo que faz cortes em sua cabeça. As cenas mostradas aqui são mais concretas, retratando episódios da vida dos santos.

 Ficha técnica
Ano: c. 1400
Técnica: têmpera e ouro sobre madeira
Dimensões: 80 x 60 cm (painel central); 117 x 40 cm (painéis laterais); 60 x 40 (painéis superiores)
Localização: Museu de Brera, Milão, Itália

 Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
http://www.arte.it/opera/polittico-di-val-romita-4669

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Ambrogio Lorenzetti – MADONA E O MENINO

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição denominada Madona e o Menino é uma obra do pintor italiano Ambrogio Lorenzetti (c.1285– 1348?). Ele foi um dos mais importantes artistas do gótico de Siena, cidade onde nasceu. É provável que tenha estudado com seu irmão Pietro Lorenzetti, vindo a trabalhar na sua cidade de origem. Em Florença, tornou-se membro da guilda dos médicos e dos boticários. Sua obra traz elementos da arte florentina e das tradições da cidade de Siena, tendo se aprofundado nos temas tradicionais e métodos estilísticos dos pintores Giotto e Simone Martini. As características de suas primeiras obras são as formas claras e sólidas, com um colorido forte, sendo os objetos postados fora do espaço de pintura. Contudo, posteriormente, o artista evidencia em seus trabalhos um conceito complexo do espaço, numa representação conscientemente sem perspectiva. Assim como seu irmão Pietro, Ambrogio recebeu influências do trabalho de Duccio, Nicola e Giovanni Pizano, fundamentais na educação de ambos os irmãos Lorenzetti.

 Na composição em destaque, o artista demonstra um sutil efeito psicológico, ao evidenciar a troca de olhares entre a Virgem Maria e seu Menino Jesus, ambos postados de perfil. Ele deixa visível a delicadeza com que Maria segura Jesus nos braços, embora, se a cena fosse real, seria impossível à mãe manter seu filho em tal posição, uma vez que o apoio seria muito frágil. Na pintura, o artista desconsidera o peso da criança, que se parece tão leve como uma pluma. Chamam a atenção os seus pezinhos saindo dos panos (faixas) que circundam seu corpo, mostrando que os membros inferiores estão muito alongados, e que não são representados realisticamente, parecendo-se com um casulo.

 Presume-se que o painel Madona e o Menino tinha como objetivo atender a um pedido para devoção particular. Mostra o gosto refinado do artista e a habilidade de sua técnica. Em seu fundo dourado é possível divisar duas grandes auréolas, a da Virgem e a de seu Menino. Um arco trançado e as flores que se encontram acima dele, nos cantos superiores, quebram a rigidez do painel retangular. O rosto e as mãos de longos e delgados dedos de Maria não apresentam uma ruga sequer, como se não fossem providos de estrutura óssea.

 Ficha técnica
Ano: c. 1340/45
Técnica: têmpera sobre madeira
Dimensões: 85 x 57 cm
Localização: Museu de Brera, Milão, Itália

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Edit. Könemann

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Piero della Francesca – RETÁBULO DE BRERA

Autoria de Lu Dias Carvalho

A composição, cujo título original era “Conversa sagrada com Madona e criança, seis santos, quatro anjos e o doador Federico da Montefeltro”, mas conhecida hoje como Retábulo de Brera, ou Madona de Brera, ou  A Virgem e o Menino com Santos, e ainda o Retábulo Montefeltro, é uma pintura do Renascimento italiano, obra do pintor, matemático e pensador Piero della Francesca. Foi encomendado por Federico III da Montefeltro, Duque de Urbino, intelectual e humanista, para provavelmente, ornamentar a igreja de San Bernadino em homenagem ao nascimento de seu filho Guidobaldo. Inclusive imagina-se que esse tenha servido de modelo para pintar o Menino Jesus e que a Virgem tenha tido como modelo sua esposa Battista Sforza, Duquesa de Urbino que faleceu logo após o nascimento do filho.

A Virgem Mãe, com seu trono sobre um tapete estilizado, traz seu Menino nu, dormindo serenamente em seu colo. Ele usa um colar vermelho, feito de contas de coral que alude a seu sofrimento futuro, mas que também simboliza a redenção da humanidade. Um ovo de avestruz pende de uma concha no teto que se encontra exatamente acima da cabeça da Virgem. Sobre seu significado existem inúmeras suposições, como a de que simbolizaria a fecundidade de Maria, ou a promessa da regeneração e também o brasão dos Montefeltros. Especula-se que a concha, formando uma semi cúpula  refira-se a Maria como a nova Vênus. E ainda que o ovo seria uma pérola advinda da concha, aludindo ao milagre da concepção virginal.

Maria usa um vestido drapeado dourado e sobre ele um longo manto azul-escuro. Sua cabeça que ocupa o centro absoluto da composição possui um oval quase perfeito em sintonia com o ovo pendurado na concha na abside, perpendicular a ela. Tem próximos a si seis santos. À sua direita estão São João Batista (padroeiro da mulher do doador), São Bernardino de Siena e São Jerônimo (protetor dos humanistas), enquanto à sua esquerda postam-se São Francisco, São Pedro Mártir e Santo André. As quatro figuras femininas colocadas atrás da Virgem Mãe representam anjos. À direita, ajoelhado em frente ao trono, vestindo uma brilhante armadura de guerreiro, está Federico III da Montefeltro, o patrono da obra.

Através dos trechos da cornija no alto percebe-se que a obra foi cortada, possivelmente com o objetivo de adequar-se a um determinado espaço. É provável que isso tenha acontecido quando se encontrava na igreja de São Bernardino. Especula-se que originalmente o ovo tenha sido o ponto de cruzamento das duas diagonais da composição.  Ele é também o centro simbólico da obra. O ponto de fuga encontra-se, mais ou menos, na mesma altura das mãos das figuras. Ao reunir os santos e anjos em torno da Virgem, criando um semicírculo, Piero cria uma segunda abside, inovação que foi muito copiada por artistas posteriores a ele.

Chamam a atenção no trabalho de Piero a majestade e a complexidade do fundo arquitetônico contra o qual acontece a “sacra conversazione”. A abside é a de uma igreja em estilo clássico renascentista. Encantam também as suntuosas  vestimentas das figuras com seus ricos ornamentos: colares, alfinetes incrustados de pérolas e belíssimas cabeleiras das mulheres, cujos cachos em forma de caracóis assemelham-se a espirais metálicas e o domínio notável por parte de Piero de proporções. Um belíssimo lenço trabalhado  cinge a cabeça da Virgem.

Nota: Não se sabe o porquê de as mãos do duque terem sido repintadas, alguns anos depois, provavelmente por Pedro Beruguete.

Ficha técnica
Ano: c. 1473
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 248 x 170 cm
Localização: Museu de Brera, Milão, Itália

 Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Edit. Könemann
https://translate.google.com.br/translate?hl=pt-BR&sl=en&u=http://www.wga.hu/html_m/p/piero/3/12monte1.html&prev=search
https://en.wikipedia.org/wiki/Brera_Madonna

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Veronese – VÊNUS E ADÔNIS

 Autoria de Lu Dias Carvalho

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Os dois protagonistas perdem-se no mesmo encantamento, como Rinaldo e Amidad e Tasso. (R. Pallucchini)

A composição Vênus e Adônis é uma obra mitológica do pintor maneirista italiano Paolo Veronese. Ela já mostra a opção do artista pelo uso da sombra. O crepúsculo, que começa a aparecer em suas pinturas, coincide com o ocaso de sua própria vida. Ele passa a trabalhar de uma nova maneira na distribuição de luz e sombra, mas, ainda que a claridade diminua, a qualidade de seu trabalho permanece imutável. Nesta pintura é impossível não se quedar diante da sensibilidade do artista. O pintor Velázquez encantou-se tanto com este quadro, que o comprou e levou-o para o rei Filipi IV, na Espanha, onde se encontra até hoje.

A história mitológica, que narra a paixão da deusa Vênus pelo jovem Adônis e sua morte durante uma caçada, foi usada como tema por inúmeros pintores. Veronese retratou o casal em meio a um bosque, debaixo de uma árvore, sob o crepúsculo vespertino, com um céu de nuvens pesadas, como se fossem o presságio da tragédia que não tardaria a acontecer. Enquanto Adônis dorme descontraído, Vênus mostra-se resplandescente em sua beleza. Ao contrário da obra de igual temática de Ticiano, esta não inspira dramaticidade.

Vênus, semidespida, usando um manto azul florido, do umbigo para baixo, encontra-se sentada. No pescoço traz um colar de pérolas, que também enfeitam seus cabelos. Seu rosto triste, voltado para a esquerda, mostra que está perdida em pensamentos. Com a mão esquerda, acaricia os cabelos escuros do amado, enquanto traz na direita um leque com o qual abana o jovem. Ela pressente que o destemido Adônis não voltará da caça, e tenta retê-lo perto de si num esforço desesperado. Seu manto cor-de-rosa está jogado debaixo de uma gigantesca árvore, atrás de Cupido e do cão.

O intrépido Adônis dorme tranquilamente no colo de Vênus, numa difícil posição, com o corpo vigoroso tombado para a direita, tendo uma perna dobrada e elevada e a outra apoiada no chão, indicativas de que irá partir assim que terminar seu descanso. Debaixo de sua mão direita está a trompa que usará na caça. Em torno de seu ombro e torso encontra-se enrolada a corda que prenderá os cães. Entre suas pernas desce um pequeno riacho.

Cupido, filho de Vênus, com seu cetro de ouro entre as perninhas, está abraçado a um dos dois cães, como se quisesse impedi-lo de partir, enquanto o outro se encontra deitado na relva, em meio ao espaço formado pelo braço de Adônis e a perna direita de Vênus. O pequeno deus olha para longe, com o rostinho meio tenso, como se fizesse força para reter o animal que se mostra inquieto.

Ficha técnica
Ano: c. 1570/1580
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 212 x 191
Localização: Museu do Prado, Madri, Espanha

Fontes de pesquisa
Veronese, Abril Cultural
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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