Arquivo da categoria: Pinacoteca

Pinturas de diferentes gêneros e estilos de vários museus do mundo. Descrição sobre o autor e a tela.

Gabriël Metsu – A CRIANÇA DOENTE

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição A Criança Doente é uma obra do pintor holandês Gabriël Metsu (1629-1667), que foi aluno de Gerard Dou. Recebeu influências dos pintores Nicolaus Knüpfer, Leiden Jan Stein e  Rembrandt. É reconhecido como um dos fundadores da Guilda de São Lucas, em Leiden. O artista dedicou-se a pinturas históricas, retratos e  pinturas de gênero, mostrando nas de gênero influências dos pintores Gerard Dou, Ferard Terboch, Pieter de Hooch e Jan Vermeer. O artista era muito sensível em relação à cor e muito habilidoso nos pormenores de suas obras.

O quadro acima é um dos mais célebres e conhecidos trabalhos de Gabriël Metsu, e faz parte de seu período tardio. Possui cores vibrantes e fundo claro. Segundo os críticos de arte, ele se aproxima das obras de Johannes Vermeer, tanto na composição como em sensibilidade.

Mãe e filho encontram-se em primeiro plano, ladeados por alguns objetos, que têm por finalidade demarcar o espaço. Na parede, ao fundo, estão dependurados um quadro, com uma enorme moldura preta, retratando a crucificação de Jesus, e um mapa, cujo objetivo e trazer a atenção do observador para o primeiro plano.

A mulher traz o filho doente no colo. Sua cabeça está inclinada para frente, conforme mostra o brinco que lhe toca a camisa branca. Observa com desvelo sua criança, que se  mostra muito apática, e cujos  olhos parecem fitar o observador. O escorço do rosto da mãe tem por objetivo impedir que se desvie a atenção da figura principal da cena, que é a criança doente.

À esquerda de mãe e filho está uma cadeira de espaldar alto, sobre o qual se encontra um tecido, havendo no assento uma espécie de touca. À direita, sobre um banquinho de madeira, está um caneco de cerâmica com uma colher dentro. Provavelmente trata-se de alimento ou remédio para a criança.

Esta pintura de Gabriël Metsu mostra a dedicação de uma mãe ao filho, lembrando o tema tradicional sobre a Madona e seu Menino Jesus. O rosto pálido da criança, seu corpinho frágil e seus membros inferiores despidos também recordam a Pietá, ou seja, a Virgem Maria com Jesus crucificado no colo. A pintura na parede alude ao tema.

Obs.: Na época em que este quadro foi pintado, a praga alastrava-se por Amsterdam, na Holanda. Pode ser que a criança estivesse vitimada pela doença.

Ficha técnica
Ano: entre 1660 e 1665
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 32,5 x 27,2 cm
Localização: Rijksmuseum, Amsterdam, Holanda

Fontes de pesquisa
A Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
https://www.nga.gov/exhibitions/2011/metsu/metsu_brochure.pdf

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Zurbarán – SÃO FRANCISCO EM MEDITAÇÃO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A pintura denominada São Francisco em Meditação é uma obra do pintor espanhol Francisco de Zurbarán (1598-1664) que foi aluno de Pedro Diaz de Villanueva, em Sevilha. Ele fez inúmeras obras para o Convento de Sevilha. Sua fama levou-o a receber o título de pintor honorário dessa cidade. Trabalhou para a corte de Madri, no governo de Filipe IV. É tido como um dos mais importantes pintores espanhóis do século XVII, ao lado de Velázquez, Ribera e Murillo. Ele se tornou conhecido, sobretudo, por suas obras religiosas, que descrevem monges e mártires, e também pelas suas maravilhosas naturezas-mortas. A maioria de suas pinturas era destinada às ordens religiosas espanholas.

 O artista pintou várias figuras simples como a vista acima, com suas formas despreendidas. Admirava o realismo de Caravaggio e de seus seguidores, tanto em seu sentimento quanto na forma. Assim como o artista italiano, usava uma fonte de luz para demarcar os volumes, chegando a ser chamado de “Caravaggio Espanhol”. Esta obra possui uma construção compacta, com planos iluminados e em sombra, o que lhe dá um enorme relevo.

Nesta composição, Zurbarán posta a figura de São Francisco na diagonal, ajoelhado, com o corpo tombando para a direita, recostado sobre uma rocha de forma cúbica. Para equilibrar o lado esquerdo da composição, ele criou a entrada da caverna, abrindo-se para uma paisagem.  O fundo escuro do quadro amplia o volume da figura, iluminada pela luz que entra pela abertura. No chão estão esparsos pedaços de pedra.

São Francisco está humildemente vestido com sua túnica de monge, remendada com um pano mais claro, com um rasgão no braço direito e outro na parte de baixo da batina, puída nas mangas e barra. Traz na mão direita uma caveira, símbolo da mortalidade. Abaixo de sua mão esquerda está seu livro de orações. O santo encontra-se em meditação. Assinado sobre o papel branco, na parte inferior direita, está: “Fran. Co Dezurbara / faciebat / 1639”.

Ficha técnica
Ano: 1639
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 162 x 137 cm
Localização: Galeria Nacional, Londres, Grã-Bretanha

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Weyden – RETRATO DE UMA DAMA

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição, denominada Retrato de uma Dama, também conhecida como Retrato de uma Mulher, é uma obra do pintor nórdico Rogier van der Weyden.

A jovem retratada, com suas características suaves e arredondas, apresenta-se diante de um fundo liso e escuro, o que lhe dá ainda mais projeção. Ela não olha para o observador, mas mostra-se recolhida em seu próprio mundo, com os olhos voltados para baixo, denotando um caráter fechado.

A mulher tem as mãos juntas, em forma de pirâmide, que se assemelha à pirâmide maior, composta por toda a sua figura. Na mão esquerda, apoiada sobre a direita, ela apresenta dois anéis e as alianças de casada. Um enorme toucado, que lhe cobre as orelhas, desce-lhe pelos ombros e costas. As roupas são bem elaboradas.

Esta pintura é semelhante a outro retrato do pintor, com uma mulher um pouco mais velha, levando o quadro o mesmo título e ano, porém, sendo mais elaborado do que este, feito na oficina do pintor. De maneira geral, os retratos de mulheres do Weyden são bem parecidos, tanto em conceito quanto em estrutura. Os traços fisionômicos das mulheres retratadas são sempre muito semelhantes.

Ficha técnica
Ano: 1460
Técnica: óleo sobre madeira
Dimensões: 36,2 x 27 cm
Localização: Galeria Nacional, Londres, Grã-Bretanha

Fonte de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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Tintoretto – SÃO JORGE E O DRAGÃO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição São Jorge e o Dragão é uma obra do pintor italiano Jacopo Tintoretto (1518-1594), cujo nome de batismo era Jacopo Robusti. Embora não haja clareza em relação a seus mestres, presume-se que entre eles estejam Ticiano, Andrea Schiavone e Paris Bardone. Além de ser considerado o mais importante pintor do estilo maneirista, Tintoretto também apresenta-se entre os melhores retratistas de sua época.

O pintor representa a cena com São Jorge enfrentando o dragão, para salvar a princesa em meio a uma luxuriante paisagem, cuja beleza sobrepõe-se aos personagens. Uma sucessão de linhas curvas compõem a pintura: o corpo da princesa subindo uma colina; o corpo do morto; o cavaleiro e o dragão formando um arco; os círculos no céu; a encosta, etc.

São Jorge, à beira-mar, é visto em seu cavalo branco, transpassando sua lança na boca do dragão. À esquerda do santo está o corpo de um homem morto pela fera em pose que lembra a de Cristo crucificado. O dragão encontrava-se prestes a devorar a princesa que foge visivelmente aterrorizada, em direção ao observador. Deus Pai, envolto por círculos de luz, aparece entre as nuvens, abençoando São Jorge em sua batalha travada contra o mal.

A narrativa visual da composição tem início na princesa. As cores, azul e rosa de sua vestimenta estão presentes na roupa do morto, nas vestes de São Jorge e nas nuvens. A princesa também forma, com o tronco da árvore inclinada, um V, dando equilíbrio à parte esquerda da pintura. A linha costeira, por sua vez, leva o olho do observador para o alto, rumo a Deus Pai.

Esta pintura de Tintoretto mostra como o artista foi capaz de aumentar a tensão e o exaspero, ao fazer uso da luz sobrenatural e de tonalidades fracionadas. O pintor expõe em sua composição o momento exato em que o drama atinge o seu clímax.  Outro ponto interessante é o fato de ele colocar no fundo da cena o herói da narrativa.

Ficha técnica
Ano: c. 1550
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 157 x 99 cm
Localização: Galeria Nacional, Londres, Grã-Bretanha

Fonte de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
1000 obras-primas da pintura europeia/ Könemann
https://www.nationalgallery.org.uk/paintings/jacopo-tintoretto-saint-george-and-the-dragon

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Ticiano – NOLI ME TANGERE

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição Noli me Tangere (Não me toque) é uma obra do artista italiano Ticiano, que também já foi atribuída a Giorgione, chegando os estudiosos de arte à conclusão de que se trata realmente de um trabalho do primeiro.

Na pintura, Cristo e Maria Madalena encontram-se em campo aberto, sob a luz da manhã, estando o Mestre a consolar sua fiel seguidora, após sua ressurreição. Inicialmente, a discípula pensa que ele seja um jardineiro, pois traz na mão esquerda uma enxada, enquanto segura, com a direita, sua túnica branca. Ao reconhecer Jesus, que a chama pelo nome, Maria Madalena lança-se no chão, emocionada, e tenta tocar suas vestes, enquanto ele retrocede, como mostra seu torso curvado, puxando delicadamente seu lençol. Pede-lhe para não ser tocado (João 20: 14-18): “Noli me tangere!” (Não me toque!).

A curva do corpo de Maria Madalena, prostrado no chão, tem a mesma forma da curva da encosta atrás dela. Já atrás de Jesus descortina-se uma paisagem azulada, que se perde no infinito, como se separasse o mundo terreno do divino. Contudo, a curva do corpo do Mestre mostra-se como um segmento da curva da encosta com suas casas, reforçando a ligação entre esses dois mundos.

Uma imensa árvore, centralizada na composição, dá continuidade ao torso elevado de Maria Madalena. Além de equilibrar os dois lados da tela, também simboliza uma nova vida. Tudo na composição enaltece tal mensagem. Embora a discípula segure na mão esquerda um frasco com unguento, seu atributo, nenhuma simbologia remete ao Mestre. Apenas a nudez de seu corpo, semicoberto pelo lençol branco com que fora sepultado, leva ao seu reconhecimento. Ao drapeado do lençol do Mestre une-se o fluxo do manto vermelho de Maria Madalena.

Descobertas feitas através de raios-X mostram que o Mestre, originalmente, usava um chapéu de jardineiro. O artista também alterou significativamente a paisagem, enquanto compunha sua sofisticada obra.

Ficha técnica
Ano: c. 1511/12
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 109 x 91 cm
Localização: Galeria Nacional, Londres, Grã-Bretanha

Fontes de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
http://www.artchive.com/artchive/T/titian/noli_me_tangere.jpg.html
https://www.nationalgallery.org.uk/paintings/titian-noli-me-tangere

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Hendrick Terbrugghen – A INCREDULIDADE DE SÃO TOMÉ

Autoria de Lu Dias Carvalho

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O quadro A Incredulidade de São Tomé é uma obra do pintor holandês Hendrick Terbrugghen (1588-1629), importante caravagista de Utrecht. Em sua viagem à Itália, onde se presume que tenha conhecido Caravaggio, estudou com afinco o grande mestre italiano. Seus trabalhos incluem pinturas de temas religiosos e de gênero. Seus retratos realistas incluem pessoas do mundo teatral e gente simples. Usa em sua arte uma paleta com tons leves, assim como uma suave projeção da luz e da sombra.

A composição acima foi baseada em uma obra de Caravaggio com o mesmo tema. Jesus Cristo está ladeado por quatro apóstolos. São Tomé, um dos doze seguidores do Mestre, trajando uma vestimenta vermelha, põe o dedo indicador direito na sua ferida. A temática refere-se a uma passagem bíblica, que fala sobre a incredulidade de Tomé, ao encontrar Jesus Ressuscitado (João 20,26-28).

Conhecedor que era da obra de Caravaggio, Hendrick reforça a iluminação do pintor italiano, pondo em destaque os elementos narrativos. A luz advém de uma única fonte, colocando em destaque a expressão do rosto das figuras, podendo ser observadas até mesmo as pequenas rugas. Chama a atenção o primor das mãos da figura à esquerda de Jesus, com seu manto alaranjado. O artista reinterpreta Caravaggio, incorporando sua obra à tradição pictorial holandesa, num maravilhoso trabalho.

Ficha técnica
Ano: c. 1621
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 108,8 x 136,5 cm
Localização: Rijksmuseum, Amsterdam, Holanda

Fonte de pesquisa
A Enciclopédia dos Museus/ Mirador

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