Arquivo da categoria: Pintores Brasileiros

Informações sobre pintores brasileiros e descrição de algumas de suas obras

Almeida Júnior – MOÇA COM LIVRO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição Moça com Livro é uma das obras mais admiradas do artista brasileiro Almeida Júnior, mas infelizmente não se sabe a data em que foi feita.

A modelo encontra-se, em primeiro plano, deitada sobre o relvado, pintada de frente, em meio-corpo, tendo ao fundo uma densa mata. Tem um livro entreaberto à sua frente, possivelmente um romance, do qual retém algumas páginas na mão esquerda. Usa uma veste branca, com um longo decote, que deixa seu ombro esquerdo a descoberto. Dela emana, ao mesmo tempo, sensualidade e pureza.

Numa atitude devaneadora, com a mão direita próxima ao queixo, como se segurasse o rosto, a moça não olha para o livro que tem diante de si. Seu rosto possui tez branca, bochechas rosadas, sobrancelhas negras e arqueadas, olhos escuros semelhantes à cor dos cabelos, nariz bem feito e boca sensual, entreaberta. A sua pele clara e a cor branca do livro e da blusa iluminam-na.

A moça, com o rosto voltado para cima e olhos olhos sonhadores, parece indagar sobre alguma coisa ou cismar sobre aquilo que acabara de ler, possivelmente um trecho de um romance.

Ficha técnica
Ano: sem data
Dimensões: 50 x 61 cm
Técnica: óleo sobre tela
Localização: Acervo do MASP, Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, Brasil

Fonte de pesquisa
Enciclopédia dos Museus/ Mirador
Almeida Júnior/ Coleção Folha

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Almeida Júnior – O VIOLEIRO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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[…] é outra criação soberba de verdade, de sentimento, de colorido exato, e de tonalidade local. (Monteiro Lobato)

A composição O Violeiro, obra do artista brasileiro Almeida Júnior, é outra obra do artista que envolve o universo caipira. Duas figuras humanas fazem parte da pintura: um homem e uma mulher.

A janela de madeira, aberta, incrustada no meio da parede de pau a pique, ocupa a maior parte da tela. A madeira mostra-se envelhecida e cheia de rachões. Na parte de baixo, a pintura da parede já foi toda descascada, deixando visível o adobe e as varas entrecruzadas e amarradas com corda. Vê-se, portanto, que se trata de um ambiente humilde. Não é possível enxergar nada dentro do ambiente interno, a não ser uma parede escura.

O violeiro está assentado no peitoril da janela, recostado no batente esquerdo. Usa calça branca e camisa quadriculada de branco e azul, com mangas que vão até o punho. Traz os olhos fechados, enquanto toca, inebriado pela voz da cantora.

A mulher, encostada ao batente direito, usando uma blusa vermelha de bolinhas brancas e de mangas compridas, uma saia escura e um lenço no pescoço que ela segura com ambas as mãos, canta com o olhar voltado para a viola, como se acompanhasse seus acordes. Segundo pesquisas, a modelo era uma figura conhecida na cidade de Itu e exercia os trabalhos de enfermeira e dançarina de cabaré.

O Violeiro é uma composição realizada no último ano de vida do artista, que morreu assassinado pelo primo. A segunda figura acima é obra do nosso querido Maurício de Souza, numa homenagem ao pintor Almeida Júnior.

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Ficha técnica
Ano: 1898
Dimensões: 145 x 97 cm
Técnica: óleo sobre tela
Localização: Acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo, Brasil

Fonte de pesquisa
Almeida Júnior/ Coleção Folha

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Almeida Júnior – ESTUDO DE NU MASCULINO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Ao contrário do estudo de nus à época, essencial para que o artista aperfeiçoasse-se no desenho da anatomia humana assim como no manejo da disposição de luzes e sombras, quando se procurava como modelos corpos esculturais, o mais próximo possível da excelência das estátuas antigas, o pintor brasileiro Almeida Júnior escolheu um corpo já decadente pelos anos vividos. Contudo, não abriu mão da observação da anatomia e da luz e sombra na sua composição realista denominada Estudo de Nu Masculino.

O modelo é um homem bastante idoso, totalmente nu, um pouco curvado para a frente, assentado sobre um banco de madeira, com o corpo de frente para o observador, mas com o rosto de perfil, olhando à sua esquerda. O braço direito está pendurado no joelho e o esquerdo caído à esquerda do corpo. Sua mão direita encobre a genitália.

A luz converge para o corpo do homem, sendo possível observar em detalhes as rugas que se formam na sua barriga, acima do umbigo. Seu corpo é magro, mais ainda assim é possível notar a musculatura dos braços. Sua testa está vincada pelas rugas, o nariz é alongado e uma espessa barba branca desce sobre seu peito.

A coluna clássica que se ergue atrás do modelo alude às pinturas antigas. O fundo escuro da pintura intensifica a luz que emana do corpo, deixando-o dourado. Apesar da idade, o corpo continua belo.

Ficha técnica
Ano: 1873
Dimensões: 80 x 65 cm
Técnica: óleo sobre tela
Localização: Acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo, Brasil

Fonte de pesquisa
Almeida Júnior/ Coleção Folha

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Almeida Júnior – RETRATO DE D. PEDRO II

Autoria de Lu Dias Carvalho

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O imperador dom Pedro II foi retratado no Brasil em diferentes trajes e por diferentes pintores. As encomendas, em sua maioria, destinavam-se às províncias do país, com o objetivo de difundir a imagem do imperador brasileiro. Dentre os pintores estava Almeida Júnior, a quem o imperador ofereceu uma bolsa de estudos na Europa.

Na composição Retrato de D. Pedro II, o imperador é apresentado elegantemente vestido, a meio-corpo, usando uma farda de almirante. O polegar da mão esquerda, assentado no botão do colete branco, demonstra que o retratado está usando luvas brancas. Traz várias insígnias no peito e uma faixa azul sob a farda, de alguma Ordem. O rosto iluminado do imperador põe em evidência as rugas da testa e em volta dos olhos. Seus cabelos mostram-se dourados e a barba muito branca e bem aparada.

O retrato porém não agradou a Affonso de Taunay, que, em 1939, na inauguração da Galeria Almeida Júnior do Museu Paulista, da qual era o diretor, disse em discurso que considerava o retrato “menos feliz” que os outros feitos pelo artista, além de ter sido “feito provavelmente sobre modelo fotográfico”. É sabido que o artista abria mão das poses cansativas para executar seus retratos pela observação da fotografia, atraindo muitas críticas à época. Mas essa prática não era apenas usada por ele, pois foi desenvolvida por grande parte dos pintores a partir da metade do século XIX, sendo considerada uma arte menor.

Ficha técnica
Ano: 1889
Dimensões: 96 x 75,5 cm
Técnica: óleo sobre tela
Localização: Acervo do Museu Paulista da Universidade de São Paulo, Brasil

Fonte de pesquisa
Almeida Júnior/ Coleção Folha

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Almeida Júnior – O DESCANSO DA MODELO

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Almeida Júnior é, entre os artistas contemporâneos, um dos que maiores disposições mostram e mais qualidades possuem para acompanhar o movimento artístico de seu tempo. (Gonzaga Duque)

A composição Descanso do Modelo, obra do pintor brasileiro Almeida Júnior, foi pintada em Paris, quando ali esteve pela primeira vez como estudante de arte, sendo exibida no Salon de Paris de 1881. O próprio artista dele fez outras cópias, posteriormente, algumas delas presentes hoje em coleções particulares. Almeida Júnior retrata em sua tela duas figuras humanas, um homem e uma mulher numa sala, rodeados por inúmeros objetos, desenhados com perfeição.

A modelo de pele morena, seminua, sem demonstrar timidez alguma, e de costas para o observador, traz as mãos sobre o teclado do piano, tendo à sua frente, um caderno de partituras aberto. Seu rosto sorridente está voltado para o pintor, como se quisesse ganhar sua aprovação. Sobre um banco, com almofada vermelha, um tecido está jogado displicentemente, provavelmente trata-se de sua roupa.

O pintor, com sua barba longa e cabelos cobertos por um gorro, e seus trajes escuros, à esquerda da tela, encontra-se sentado diante de seu cavalete, de frente para o observador, mas com o rosto virado para a modelo. Ele fuma um cigarro e aplaude a pianista, trazendo um sorriso no rosto. A seus pés estão a paleta e os pinceis, e, à direita, a caixa de tintas. Um enorme quadro jaz na parede, acima de sua cabeça. Não é possível saber o que ele pinta em seu cavalete, que se encontra de costas para o observador.

A habilidade do pintor na confecção do papel florido, que recobre a parede, onde se encontram duas porcelanas dependuras, com desenhos semelhantes, e o vaso com flores, à direita, chamam a atenção. A estamparia dos tapetes, cortinas, toalhas, tecido que encobre parte da modelo e aquele sobre o qual ela se senta, são um esmero à parte.

O quadro é essencialmente descritivo, onde predominam instrumentos musicais: pandeiro, clarinete e flauta decorando a parede e o alaúde sobre o piano. Dois candelabros, um com vela e outro sem, encontram-se acima da tampa do piano. Vários vasos são vistos no aposento, em louça e bronze. Dois galhos de rosa estão jogados sobre o tapete, à direita.

O modo como se apesentam pintor e modelo demonstra que existe uma grande sintonia entre os dois, que gozam alegremente do momento de descanso.  Almeida Júnior também tocava piano.

Ficha técnica
Ano: 1882
Dimensões: 100 x 130 cm
Técnica: óleo sobre tela
Localização: Acervo do Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, Brasil

Fonte de pesquisa
Almeida Júnior/ Coleção Folha
A arte brasileira em 25 quadros/ Rafael Cardoso

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Pintores Brasileiros – ALMEIDA JÚNIOR

Autoria de Lu Dias Carvalho

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Era o mais autêntico e genuíno representante do tradicional tipo paulista. Mas sem nenhum traquejo de homem de cidade. Falava como os primitivos provincianos e tal qual estes vestia-se, andava, retraía-se. Mas isso não impediria que fizesse um curso brilhantíssimo, durante o qual recebeu diversas premiações em desenho figurado, pintura histórica e modelo vivo, inclusive, em 1874, a grande medalha de ouro com o quadro Ressurreição do Senhor. (Gastão Pereira da Silva)

Aos poucos, por uma confluência de valores pessoais com circunstanciais favoráveis, Almeida Júnior virou uma espécie de símbolo da brasilidade an arte de sua época. (Rafael Cardoso)

O pintor José Ferraz de Almeida Júnior (1850-1899), filho do funcionário público José Ferraz de Almeida e de Anna Cândida de Amaral e Souza, nasceu na cidade de Itu, São Paulo. Tinha duas irmãs, Maria Amélia e Francisca Amália. Ainda criança, a família já notava o talento do garoto para a pintura. E, com a ajuda do padre Miguel Correa Pacheco, não tardou a ser mandado para o Rio de Janeiro, a fim de refinar seu talento,  matriculando-se na Academia Imperial de Belas Artes.

Almeida Júnior, na Academia, iniciou seus estudos aperfeiçoando-se no desenho, começando pela estatuária e pelo modelo-vivo, e a partir daí tiveram início as aulas de pintura. Teve como principais mestres Jules le Chevrel, que tinha formação francesa e era professor de desenho, e o famoso pintor brasileiro Victor Meirelles, professor de pintura. Como era comum à época em todo o mundo, Almeida Júnior fazia cópia dos trabalhos dos mestres europeus.

Por sua pintura Belizário Esmolando, ele ganhou a Medalha de Ouro, prêmio principal da Academia onde estudava. Contudo, não se dispôs a concorrer ao Prêmio de Viagem, que poderia levá-lo a estudar na Europa, por timidez, segundo dizem alguns historiadores.

Ao retornar a Itu, o pintor abriu seu ateliê, onde dava aulas de desenho e fazia as encomendas recebidas, sendo, em sua maioria, pertencentes aos políticos e à elite cafeeira. Mas tudo mudaria para o artista, ao encontrar-se com o imperador dom Pedro II, quando esse esteve no interior paulista para inaugurar um ramal da estrada de ferro Mogiana. Já conhecendo a aptidão do artista em outras exposições, ofereceu-lhe uma bolsa de estudos na Europa.

Quando chegou ao Velho Mundo, Almeida Júnior estava com 26 anos, na época em que os impressionistas continuavam envolvidos com seus trabalhos. O artista também foi testemunha do escândalo provocado pela escultura A Idade do Bronze, obra de Auguste Rodin, acusado de ter usado gesso sobre o modelo e amigo Auguste Neyt, algo condenável à época.

Em Paris, Almeida Júnior foi estudar na École Nationale Supérieure des Beuax-Arts, tendo como orientador o mestre Alexandre Cabanel. Ele tanto aprendia sobre as escolas artísticas tradicionais quanto as modernas. Ali ficou durante seis anos, retornando posteriormente àquele país por três vezes. Também esteve na Itália.

Ao retornar ao Brasil, o artista abriu seu ateliê na cidade de São Paulo. Ali recusou a solicitação para ser professor da Academia Imperial de Belas Artes, para a qual foi nomeado como membro honorário. Na cidade paulistana, o pintor trabalhou intensamente, fazendo exposições individuais e coletivas, participando de mostras internacionais, executando encomendas e depois retornando à Europa.

Dentre as encomendas feitas ao pintor, a maior procura era por retratos. O artista abria mão das poses cansativas para executá-los pela observação da fotografia, o que originou algumas críticas em relação a tal método. Também trabalhava com outras temáticas: religiosa, naturezas-mortas, cenas de gênero, paisagens urbanas e rurais, pintura alegórica, tendo feito uma única pintura histórica (A Partida da Monção). Em suma, era um artista completo. Na última década de sua vida, o pintor dedicou-se muito ao universo caipira, criando inúmeras obras.

Almeida Júnior, um dos maiores nomes da pintura brasileira, foi assassinado em 1899, aos 49 anos de idade, no auge de sua carreira, por seu primo José de Almeida Sampaio, um fazendeiro, que se casara com Maria Laura do Amaral Sampaio, com quem o artista mantinha um relacionamento secreto e por quem era apaixonado. Segundo pesquisas, o casal chegou a ter um filho, tendo sua amada servido de modelo para vários de seus quadros, tais como: A Pintura, Leitura, O Importuno e Saudades.

José Ferraz de Almeida Júnior é tido como o pintor que mais apreendeu o realismo dos pintores franceses Gustave Courbet e Jean-Fraçois Millet. Até hoje, a obra do artista é revista pelos mais diferentes estudiosos.

Fonte de pesquisa
Almeida Júnior/ Coleção Folha
http://www.aprovincia.com.br/memorial-piracicaba/especial/vida-e-tragica-morte-de-almeida-jr/

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