Arquivo da categoria: Pintores Brasileiros

Informações sobre pintores brasileiros e descrição de algumas de suas obras

Eliseu Visconti – A PROVIDÊNCIA GUIA CABRAL

Autoria de Lu Dias Carvalho

guia cabral

A composição simbolista A Providência Guia Cabral é uma obra do pintor brasileiro Eliseu Visconti, realizada no gênero da pintura histórica, feita quando o pintor encontrava-se em Paris. Ela conta uma versão do descobrimento do Brasil.

O navegante português Pedro Álvares Cabral, com cabelos e barba compridos e traje de época, é a figura mais impotante da obra. Ele se encontra, em primeiro plano, manejando o timão do navio. Tem atrás de si o escrivão Pero Vaz de Caminha, com uma pena na mão, e Frei Henrique de Coimbra, frade franscicano, com as mãos em pose de oração. Uma revoada de pombos brancos ladeiam as três figuras. Todos os três personagens estão de perfil, voltados para a frente do navio.

A figura de uma mulher, flutuando acima dos três personagens, representa a Providência, responsável por guiá-los. Ela flutua acima dos navegantes, usa uma roupa flamejante, que lhe cobre parte do corpo, deixando seios, ombros e braços a descoberto. Na mão direita traz um archote aceso, que tem por função alumiar o caminho percorrido pelos navegadores. Sua mão esquerda toca a cabeça de Pedro Álvares Cabral, como a estimular seus pensamentos na condução da nave ao seu destino final. Seu corpo está voltado para frente, numa atitude de confiança e determinação.

É possível notar o mar azul, à frente, e as velas da embarcação. Atrás de Pedro Álvares Cabral vê-se o rosto de um marinheiro, que parece olhar para Pero Vaz de Caminha.

Ficha técnica
Ano: 1899
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 180 x 108 cm
Localização: Acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo, Brasil

Fonte de Pesquisa
Eliseu Visconti/ Coleção Folha

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Eliseu Visconti – VOLTA ÀS TRINCHEIRAS

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição Volta às Trincheiras é uma obra do pintor brasileiro Eliseu Visconti, feita quando o artista encontrava-se na França. Quando houve a eclosão da Primeira Guerra Mundial, ele deixou a capital francesa e refugiou-se na cidade de Le Mans, onde fez esta pintura, cujo tema retrata aquele momento.

A tela, onde estão presentes cinco figuras humanas, descreve o momento em que um soldado despede-se da família para voltar às trincheiras da guerra. A cena é retratada num ambiente rural, na época do outono, em frente a uma casa simples, cuja frente é tomada pelas flores avermelhadas. Ao fundo, outras árvores são vistas com seus tons verdes e amarelados. O tronco escuro da árvore florida, em diagonal, reforça o tom de tristeza, em razão da partida do moço para a guerra. O jardim encontra-se descuidado, o que aumenta ainda mais o clima de consternação.

O soldado, fardado e equipado para a guerra, e uma mulher, que tanto pode ser sua mãe, namorada ou esposa, encontram-se em primeiro plano.  Ela está de frente para o observador, enquanto ele está de perfil, de frente para ela. Ambos trazem a cabeça baixa. Ele beija a sua mão, numa profunda e sentida reverência. Ela, com um xale que lhe cai pelos ombros e costas, traz no braço esquerdo uma bolsa preta, e tem o rosto voltado para o chão. Sua mão esquerda segura a gola do vestido, enquanto a direita está estendida para o homem. O fato de não o olhar pode significar que não queira denunciar suas lágrimas.

Na lateral esquerda da casa, cuja porta principal encontra-se fechada, estão outras três figuras humanas, vestindo trajes escuros. O homem, usando um chapéu, encontra-se sentado, enquanto uma das mulheres parece caminhar em direção ao soldado e à jovem mulher,  enquanto a outra olha à sua esquerda.

Ficha técnica
Ano: 1917
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 95 x 125 cm
Localização: Acervo da Fundação Edson de Queiroz, Fortaleza, Ceará, Brasil

Fonte de Pesquisa
Eliseu Visconti/ Coleção Folha

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Eliseu Visconti – MOÇA NO TRIGAL

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição Moça no Trigal, que em sua primeira apresentação ao público brasileiro tinha o nome de Pão e Flores,  é uma obra-prima do pintor brasileiro Eliseu Visconti, feita quando o artista encontrava-se em Paris. A pintura ao ar livre, sobretudo no campo, era uma das características do trabalho dos impressionistas. Esta pintura lembra alguns trabalhos de Monet e Renoir tanto em relação à cor e à luz quanto na textura. Antes de chegar a esta primorosa e delicada tela, Eliseu Visconti retratou um campo de trigo em quatro outras pequenas obras.

A pintura, cujo gênero é uma paisagem, mostra a figura de uma delicada e jovem mulher, trajando um longo vestido branco, cuja saia ganha um tom azulado. Ela se encontra em primeiro plano, colhendo flores em meio a um campo de trigo. Seus longos cabelos castanhos estão amarrados para trás. Sua cabeça abaixada repassa a sensação de que se encontra pensativa. Traz no braço esquerdo um ramalhete de flores silvestres. Seus olhos estão voltados para as flores que continua a colher.

Mais ao fundo nota-se a presença de duas outras figuras, remetendo à obra de Monet e Renoir. Na pintura, seguindo o estilo dos impressionistas, o pintor preocupa-se, sobretudo, em captar os efeitos da luz do sol nas figuras e na vegetação. Predominam os delicados tons de amarelos e dourados. A luminosidade põe em destaque o trigal e o vestido da moça. A composição, em sua unidade, repasse uma sensação de paz.

Ficha técnica
Ano: 1916
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 65 x 80 cm
Localização: coleção particular

Fontes de Pesquisa
Eliseu Visconti/ Coleção Folha
http://www.museusegall.org.br/pdfs/texto_gilda_de_mello_e_souza.pdf

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Eliseu Visconti – MATERNIDADE

Autoria de Lu Dias Carvalho

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A composição Maternidade é uma obra do pintor brasileiro Eliseu Visconti, feita quando o artista encontrava-se em Paris. É considerada uma pintura pré-impressionista, tendo sido pintada ao ar livre. É também a mais importante dessa fase do artista.

Na tela está uma jovem senhora, luxuosamente vestida com blusa branca de tecido leve e transparente, e saia rodada de seda azul e reflexos prateados. Um grande chapéu, também de tecido fino, enfeita-lhe a cabeça. Ela se encontra sentada numa cadeira no parque, onde amamenta seu filho, fitando-o ternamente. O garoto, vestido apenas com a parte de cima da roupa e com sapatinhos e meias, toma sol. À frente da mulher está outra cadeira, sobre a qual se encontra parte da vestimenta do bebê. O carrinho, com suas grandes rodas, responsável por conduzir a criança, encontra-se à direita da mãe, que levanta o seio com a mão esquerda para que o filho tenha melhor acesso a ele. E o bebê, por sua vez, segura sua mão.

Uma garotinha brinca com sua boneca de roupa azul, sentada atrás da mãe, e de costas para ela. Usa um vestido rodado de cambraia branca, toda bordada, e fita cor-de-rosa na cintura, e traz na cabeça um vistoso chapéu. Seus longos cabelos caem-lhe pelas costas.

Enormes árvores, com diferentes cores na folhagem, ornamentam o local de chão arenoso. Uma escultura de mármore está proxima ao grupo. Mais ao fundo vê-se outra estátua de mármore e pessoas usufruindo das sombras das árvores. Chama a atenção, sobretudo, o modo como o artista pintou a folhagem e o solo e tabalhou as texturas das roupas.

Ficha técnic
Ano: 1906
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 165 x 200 cm
Localização: Acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo, Brasil

Fonte de Pesquisa
Eliseu Visconti/ Coleção Folha

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Eliseu Visconti – GIOVENTÚ

Autoria de Lu Dias Carvalho

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“Giovantù” é um dos quadros mais intrigantes da história da arte pátria. Guardada as devidas proporções, poderia ser definido como uma espécie de “La Gioconda Brasileira”. (Rafael Cardoso)

 O esplendor da vida ardendo no seu franzino busto de menina a se fazer moça. (Gonzaga Duque)

 A composição simbolista Giovantù, exposta pela primeira vez com o nome de Mélancolie, é obra do pintor brasileiro Eliseu Visconti, que a compôs em Paris, quando ali estudava como bolsista da Escola Nacional de Belas Artes (ENBA). Sua pintura participou da Exposição Universal de 1900, sendo premiada com a medalha de prata. É vista como uma das obras-primas da pintura brasileira, ou seja, como sendo a nossa “Mona Lisa”.

Segundo o escritor e historiador da arte Rafael Cardoso, “Gioventù, como imagem, só pode ser devidamente compreendida se reconhecermos que foi pintada para se comunicar com o exigente público parisiense, envolto nesse caldo cultural simbolista, e não para o público brasileiro da época,  relativamente acanhado.”, o que comprova a frieza com que a obra foi recebida no Brasil, em 1901.

O título do quadro “Gioventù” (“juventude” em italiano) é muito genérico e em quase nada contribui para a elucidação da obra, ou seja, sobre aquilo que o artista pretende repassar mais profundamente através dela, além do óbvio que é mostrar a juventude. Citando ainda Rafael Cardoso, ele diz que “As alegorias visuais costumam ser construídas a partir da decodificação complexa de elementos, alguns convencionais, outros não. O interesse delas reside justamente na possibilidade de ir além da obviedade – ou seja – acrescentar algo novo a um velho discurso.”. Por se tratar de um quadro simbolista, Gioventù é uma obra fechada, ou seja, de difícil compreensão, que necessita da acuidade do observador para compreendê-la.

Eliseu Visconti usou, em sua composição, uma paisagem outonal para inserir sua personagem, que ainda se encontra na puberdade, em primeiro plano. Ela está assentada em uma lage, banhada pela luz da manhã, de frente para o observador, fitando-o tranquilamente, como se dele estivesse muito próxima. Traz o braço direito levantado em direção ao rosto, tocando o queixo com o dedo indicador, no qual enrola um cacho dourado dos longos cabelos, que lhe caem pelas costas e ombros, enquanto a mão esquerda descansa calmamente em seu colo. A jovem está coberta da cintura para baixo com um tecido transparente, e traz o dorso nu. Seus pequeninos seios mostram que ainda se encontram em formação. Ela se mostra cismativa e meio tristonha.

O bosque, que se descortina atrás da jovem, serve de pano de fundo para a sua delicada figura. Ao contrário dela, cuja representação possui volume e relevo, sendo minuciosamente trabalhada, o bosque e as pombas parecem figurar apenas como cenário teatral, pintados, digamos assim, grosseiramente. Tal tratamento faz com que a figura da jovem destaque-se ainda mais. Portanto, o tosco acabamento da pintura de fundo não se deve ao desmazelo do artista. Tudo foi intencional, a fim de contemplar seu objetivo.

As pombas brancas, que fazem parte da narrativa cristã, como símbolo da pureza, inocência e da espiritualidade, postam-se à direita e à esquerda da garota. Uma das três aves, à direita, chega a encostar o bico no seu braço. É possível perceber que elas atravessam a composição da esquerda para a direita, passando por trás da jovem. As aves são atributos, no caso, da juventude, que é inocente, sublime e passageira. As flores de murta, vistas atrás da garota, remetem à primavera da vida adulta. À direita da jovem figura um pequeno curso de água, atrás da folhagem, que remete, em sentido figurado, ao caminho da vida.

Normalmente na tradição pictórica, o rosto e as mãos, as partes mais expressivas da figura humana, possuem um acabamento mais refinado. Porém, aqui não é o caso, pois tal detalhamento deve-se à sua importância simbólica. Em sua análise, Rafael Cardoso chama a atenção para o remate da mão que jaz no colo, explicando que ela serve de contato entre a figura e o observador. E, ao pegar essa mão, ele sobe com os olhos pelo antebraço esquerdo da jovem, chega ao queixo apontado por ela, e termina na boca de carmesim, cor mais forte e quente, local onde se dá a transição entre a inocência e a maturidade que se aproxima.

A conclusão a que chega o perspicaz observador, ao analisar este quadro, é a de que ele não representa coisas reais, mas tão somente ideias abstratas. Tudo é, portanto, simbólico, bastando ponderar sobre o modo como o artista fez sua pintura, ou seja, o tratamento pictórico dado a ela.

Ficha técnica
Ano: 1898
Técnica: óleo sobre tela
Dimensões: 65 x 49 cm
Localização: Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, Brasil

Fonte de Pesquisa
A arte brasileira em 25 quadros/ Rafael Cardoso
Eliseu Visconti/ Coleção Folha

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