Arquivo da categoria: Saúde Mental

Fórum para debate sobre problemas de saúde mental, com textos alusivos ao tema.

A ANSIEDADE QUE MALTRATA

 Autoria de Lu Dias Carvalho

 Ao me aceitar e conhecer-me melhor foi que comecei a respeitar minha mente e o meu corpo. (Ana Maria Mallmann)

A questão não é dar o foco principal à terapêutica empregada e, sim, manter o olhar no sujeito da história, o Biocampo que representa a própria vida do indivíduo. (Míria de Amorim)

Quando o organismo está em ressonância com suas memórias de saúde, ele também é capaz de se auto-organizar. Uma pessoa com um Biocampo estruturado tem potência para dialogar com os acontecimentos fortuitos da vida de maneira madura e equilibrada.  (Maristela Barenco)

Todos sabem que a ansiedade tanto está presente na vida dos seres humanos como na de outros animais que, assim como os humanos, são passíveis de inquietação, medo e frustração. O aumento da adrenalina – hormônio produzido pelas glândulas suprarrenais, cuja secreção é aumentada em situações de estresse, ansiedade, perigo ou qualquer outra situação que deixe o corpo em estado de alerta e pronto para reagir – no organismo é muitas vezes benéfico. Essa presença se dá através de um sinal liberado em resposta a um grande estresse físico ou mental e a situações de forte emoção. Somente se torna um problema quando passa a ser frequente e sem nenhum motivo que justifique sua produção exagerada.

O aceleramento da vida moderna tem contribuído para que a humanidade encontre-se cada vez mais ansiosa. O homem vem perdendo o contato com o seu eu interior, preocupado que está com os acontecimentos do mundo exterior. Dizer que ele deveria se afastar da problemática externa seria um descabimento, pois tudo reflete em seu modus vivendi (maneira de viver), uma vez que esses dois mundos interagem entre si. Contudo, o homem moderno pode trabalhar para manter seu cérebro mais tranquilo, beneficiando-se com hábitos saudáveis e posturas equilibradas. Precisa sobretudo abandonar a ideia de que pode comprar a saúde quando bem quiser, não precisando ter compromisso algum com o seu corpo. Ainda que a medicina avance cada vez mais, é muito mais fácil “prevenir do que remediar” no que diz respeito à saúde pessoal.

São muitos os meios que ajudam no equilíbrio do cérebro, controlando sensivelmente a ansiedade abusiva que chega com uma sensação de aflição, medo ou agonia, sem qualquer causa aparente. Essa ansiedade – responsável por causar um sofrimento desnecessário – pode ser equilibrada. Ainda que se faça uso de um antidepressivo, é precisa compreender que o medicamento não faz milagres sozinho, sendo necessário o comprometimento do doente no sentido de mudar velhos e nocivos hábitos de vida. Qualquer um pode colocar em ação tais meios que não exigem nenhum dispêndio de dinheiro, requerendo apenas um pouco de tempo e boa vontade para mudar costumes arraigados e viscerais. Vejamos alguns hábitos que ajudam no controle da ansiedade excessiva:

  1. Respiração – respire lenta e profundamente. Sinta o ar entrando e saindo dos pulmões, o abdômen dilatando-se e contraindo-se. Conte até três antes de expirar. Faça isso no mínimo dez vezes.
  2. Exercícios – a atividade física é cada vez mais recomendada para melhorar a qualidade de vida, uma vez que a endorfina ajuda no bem-estar, durando até 12 horas após sua prática. Deve ser feita pelo menos três vezes por semana. Escolha a atividade que melhor se adapta ao seu estilo.
  3. Meditação – técnica milenar que vem sendo cada vez mais recomendada na luta contra a ansiedade abusiva. Feche os olhos e foque-se na respiração. Apenas cinco minutos diários já ajudam no relaxamento. Baixe o aplicativo “5 minutos eu Medito”. (www.eumedito.org)
  4. Chás – algumas ervas apresentam propriedades calmantes: camomila, erva-cidreira, melissa, valeriana… Tome seu chá três vezes ao dia.
  5. Desconecte-se – desligar-se da internet durante algum tempo faz muito bem. Não se pode ser prisioneiro da tecnologia, vivendo em função dela o tempo todo. Converse com as pessoas à volta, interaja…
  6. Alimentação de qualidade – alguns cientistas dizem que o homem é aquilo que come. Uma alimentação saudável contribui para o bom funcionamento do organismo e, consequentemente, leva a uma vida mais tranquila. Diminua o uso de carne vermelha (coma no máximo três vezes por semana, se não puder excluí-la).
  7. Contato com a natureza – sempre que possível busque contato com a natureza, o que é de suma importância no combate ao estresse.
  8. Bichinhos em casa – pesquisas mostram que o contato com animais diminui o estresse. Bichinhos de estimação são altamente aconselháveis para ansiosos, estressados e depressivos. Adote um bichinho, há tantos abandonados por aí.
  9. Automassagem – durante o banho, ao passar o sabão, aproveite para massagear o seu corpo. Poderá fazer isso ao passar o creme hidratante ou óleo, após o banho. Demore mais tempo fazendo massagens nos pés. Escaldar os pés em água morna com bolinhas de gude no fundo da bacia é também muito relaxante. Acrescente à água umas gotinhas de óleo de lavanda ou de óleo de hortelã. Aproveite e escute sons relaxantes, usando apps como o “White Noise”, “Stop” ou “Breath & Think”
  10. Terapias – yoga, acupuntura e meditação são três das inúmeras terapias indicadas para diminuir a ansiedade.

Nota: A pintura Mulher e Pássaro é obra de Di Cavalcanti

Fontes de pesquisa
Segredos da Mente
https://www.tecmundo.com.br/ciencia/16885-5-mitos-sobre-o-cerebro-que-voce-jurava-ser-verdade.htm

COMO TRATAR O TRANSTORNO BIPOLAR

Autoria de Lu Dias Carvalho

Seja em pacientes com transtorno bipolar ou com outros quadros menos graves, os aspectos subjetivos da negação tem como uma das características o pavor do encontro com a experiência psíquica da diferença. (Júlio César Waiz)

O Transtorno Bipolar, uma das doenças mentais que afetam cerca de 4% da população mundial, segundo dados da Associação Brasileira de Tratamento Bipolar (ABTB), é também conhecido como Transtorno Afetivo Bipolar ou ainda como Transtorno Bipolar de Humor. Trata-se de uma doença crônica e, portanto, seu tratamento farmacológico deve ser contínuo. Devem ser usados, principalmente, medicamentos que estabilizem o humor, anticonvulsionantes e, em casos graves, antipsicóticos.

Em razão do estigma que, infelizmente, os transtornos mentais ainda acarretam numa sociedade ainda pouco informada, é comum que a pessoa acometida pela bipolaridade, assim como sua família, negue ou esconda a existência do problema, o que só vem a agravá-lo, pois quanto mais cedo for contido, menos estragos fará ao portador e à família. O estado de negação, quando o doente (ou as pessoas ao redor) finge estar tudo bem, em razão do medo do confronto com o diagnóstico, ou seja, do encontro com a experiência psíquica da diferença, tem sido um problema sério no que diz respeito ao tratamento que é de extrema necessidade para o doente.

Os familiares de um portador de tal transtorno devem oferecer o máximo de informações ao médico especialista a fim de ajudá-lo obter um diagnóstico preciso, pois é sem dúvida um dos mais complexos, a menos que o indivíduo encontre-se em crise maníaca de grande intensidade. Quando o quadro é confundido com depressão e é receitado ao paciente um antidepressivo apenas, o polo maníaco pode vir à tona ou acirrar ainda mais a depressão (uma das fases do transtorno). Caso isso aconteça, o doente deve ser levado imediatamente ao médico para a troca de medicação.

 Assim como acontece com as pessoas vitimadas por outros transtornos mentais, a maioria dos portadores do Transtorno Bipolar deixa o tratamento farmacológico logo que se veem livres das crises, tendo o humor estabilizado. E é exatamente aí que mora o perigo, pois ao interromper a medicação novas crises costumam surgir, levando o doente a entrar numa atordoante e sofrida roda-viva. A luz que jazia no fim do túnel, oferecendo melhor qualidade de vida, é novamente apagada, pois a função dos medicamentos é estabilizar o organismo do paciente pelo maior período de tempo possível, evitando as crises e oferecendo-lhe uma vida melhor.

As psicoterapias também são indicadas para os portadores do Transtorno Bipolar, mas devem sempre estar agregadas ao tratamento medicamentoso, pois sozinhas não surtem efeito. Elas devem oferecer suporte emocional, incentivar o tratamento alopático e possibilitar o autoconhecimento aos pacientes, fator importante para ajudá-los a superar situações que possam levar a novas crises. É fundamental que a família também seja conscientizada quanto ao impacto negativo de tal transtorno na vida do doente, de modo a ajudá-lo no tratamento, a fim de que obtenha melhor qualidade de vida em todos os campos (vida afetiva, profissional e em outros contextos sociais).

O doente e seus familiares devem estar atentos em relação ao diagnóstico, pois há muitos erros por parte dos especialistas. Não é qualquer alteração de humor que pode ser diagnosticada como bipolaridade, obrigando o suposto doente a tomar uma carga de medicamentos desnecessariamente. Todas as pessoas apresentam alterações de humor, ainda mais no mundo corrido e competitivo de hoje em que a hierarquia de valores virou pelo avesso. A escolha de um bom profissional faz toda a diferença, assim como as informações precisas da família. Se ainda houver dúvidas quanto ao diagnóstico, deve-se buscar uma segunda ou terceira avaliação.

 Nota: Faces, obra de Pablo Picasso

Fonte de pesquisa
Grandes Temas do Conhecimento – Psicologia/ Mythos Editora

DESMISTIFICANDO A BIPOLARIDADE

Autoria de Lu Dias Carvalho

O que é necessário para mudar uma pessoa é mudar sua consciência sobre si mesma. (Abraham Maslow)

O Transtorno Bipolar, uma das doenças mentais que afetam cerca de 4% da população mundial, segundo dados da Associação Brasileira de Tratamento Bipolar (ABTB), é também conhecido como Transtorno Afetivo Bipolar ou ainda como Transtorno Bipolar de Humor. Esta psicopatologia vem se tornando tão conhecida que é muito comum hoje, popularmente, chamar uma pessoa de bipolar, quando essa age diferentemente daquilo que se espera dela, considerando que seja alguém que vive entre “altos e baixos”, como se sua vida fosse uma gangorra.

É bom que se saiba, porém, que os “altos e baixos” de uma pessoa bipolar não acontece de um momento para outro, ou seja, num determinado momento ela se encontra na fase de mania (humor eufórico) e no outro pula para a de depressão (humor depressivo). Nada disso! Esta visão é totalmente equivocada, necessitando ser desmitificada. Infelizmente as novelas e o cinema têm contribuído para confundir as pessoas, ao invés  de levá-las sob a verdadeira compreensão do Transtorno da Bipolaridade. É preciso muito cuidado para não se sair por aí rotulando as pessoas de bipolares, sem se basear em nenhum diagnóstico médico.

O diagnóstico deste transtorno é bem complexo, uma vez que, a exemplo de outros transtornos mentais, não existem exames de imagem ou biológicos no sentindo de identificar o indivíduo como bipolar. Para que alguém seja caracterizado como bipolar, precisa passar por períodos prolongados de estados e oscilações de humor, dentro de um determinado tempo. Somente profissionais de saúde especializados, baseando-se em manuais de diagnósticos que estabelecem uma série de padrões de sintomas, levando em conta suas manifestações, ciclos e intensidades podem afirmar que uma pessoa encontra-se ou não acometida pela bipolaridade. Os relatos dos familiares também contam muito. Além disso,  é preciso muita atenção para não confundir um quadro de depressão unipolar com sintomas do Transtorno Bipolar.

A complexidade na avaliação deste transtorno, que geralmente se manifesta entre os 15 e 25 anos de idade, vem dificultando e atrasando o início do tratamento de seu portador. Muitas vezes são necessários até 10 anos para que a pessoa seja corretamente diagnosticada, como revela a Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos (ABRATA). Enquanto isso, a OMS (Organização Mundial da Saúde) caracteriza o Transtorno Afetivo Bipolar como a sexta causa de incapacidade e a terceira entre as doenças mentais, abaixo apenas da “Depressão Maior Unipolar” e da “Esquizofrenia”. Pesquisas também mostram que é a doença mental que mais leva às tentativas de suicídio.

O uso acentuado da palavra “bipolar” fora do contexto médico vem servindo para banalizar o transtorno, como se ele fosse a coisa mais comum, mais banal do mundo. Os leigos usam tal termo quando querem se referir às pessoas que têm um temperamento difícil ou que são dotadas de uma visível irritabilidade, ora se mostrando de um jeito e ora de outro. É fato que tais características fazem parte do rol de sintomas da bipolaridade, mas eles não são os únicos a caracterizar uma pessoa como bipolar. É bom que todos saibam que se trata de um quadro severo com grandes consequências negativas para seu portador e também para sua família e que precisa de tratamento médico para oferecer uma vida melhor ao doente.

 Nota: Faces, obra de Pablo Picasso

Fonte de pesquisa
Grandes Temas do Conhecimento – Psicologia/ Mythos Editora

TRANSTORNO BIPOLAR – ILUSÃO DE GRANDEZA E PODER

Autoria de Lu Dias Carvalho

Delírio de grandeza e ilusão de poder são sinônimos. (Júlio César Waiz)

Pensar e imaginar significa, para o neurótico, agir. Esta suposição e descolamento entre pensamento e ato sustentam imperiosamente o sofrimento psíquico, a dor e o grande desgaste de energia mental para conter essa junção que produz temores à pessoa. (Júlio César Waiz)

O primeiro nome dado ao Transtorno Bipolar foi o de “Psicose Maníaca Depressiva”, o que, convenhamos, era uma denominação amedrontadora que tornava o estigma da doença ainda mais contundente. Portanto, não causa espanto que, a partir de 1980 e em razão das muitas críticas recebidas, tenha passado a chamar “Transtorno Afetivo Bipolar” ou simplesmente Transtorno Bipolar, como é mais conhecido. Além do mais, nem todas as pessoas vitimadas pelo transtorno apresentam estados psicóticos com alucinações ou delírios.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) caracteriza o Transtorno Afetivo Bipolar como a sexta causa de incapacidade para o trabalho e a terceira entre as doenças mentais, abaixo apenas da “Depressão Maior Unipolar” e da “Esquizofrenia”. Pesquisas também mostram que é a doença mental que mais leva a tentativas de suicídio, devendo, portanto, ser levada a sério pelas pessoas em derredor do doente.

Ao vivenciar a fase maníaca, o portador de Transtorno Bipolar entra num período de euforia exacerbada e de felicidade incontida, emoções bem diferentes daquelas que as pessoas ditas “normais” sentem ao alcançar ou vivenciar algo que as deixa feliz. Isso se dá em razão da visão distorcida que o doente bipolar tem da realidade. Ele vive o seu pensamento idealizado como se esse  fosse real. As coisas não são como são, mas como ele as imagina e ponto final. É exatamente isso que muitas pessoas à sua volta não conseguem entender. Acham que apenas o aconselhamento irá mudar os fatos, o que se trata de um grande engano. Podem fazer mil e uma pregações e  obter o mesmo número de assentimentos, mas sem o medicamento não há saída.

A ilusão de grandeza e de poder é uma das situações pelas quais passa o portador do Transtorno Bipolar e isso acaba por ocasionar-lhe inúmeros problemas, acirrando ainda mais a sua doença. Nesta fase a pessoa tende a comprar compulsivamente, sem nenhuma necessidade ou preocupação com gastos, baseando-se apenas na ilusão de poder que lhe passam seus pensamentos totalmente desconectados com a realidade. Como a ilusão que carrega não é capaz de suprimir a realidade, ela acaba contraindo mais dívidas do que pode pagar, trazendo mais problemas para a sua vida e para a das pessoas com as quais convive.

Pesquisas mostram que quanto mais a pessoa estiver mentalmente afetada pelo transtorno bipolar, maior é a sua ilusão de poder, sempre achando que pode controlar tudo, porém, a sua concordância é feita de acordo com sua imaginação e não com a realidade exterior. Somente ao aceitar o tratamento medicamentoso e psicoterápico, ela será capaz de preservar sua autoconsciência, compreendendo quais são seus limites e possibilidades.

Nota: Interior com Garota, obra do artista espanhol Pablo Picasso.

Fonte de pesquisa
Grandes Temas do Conhecimento – Psicologia/ Mythos Editora

CONHECENDO O TRANSTORNO AFETIVO BIPOLAR

Autoria do Dr. Telmo Diniz

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O transtorno afetivo bipolar era denominado até bem pouco tempo de psicose maníaco-depressiva. Esse nome foi abandonado, principalmente, porque ele não apresenta necessariamente sintomas psicóticos. Na verdade, na maioria das vezes, esses sintomas não aparecem. Com a mudança de nome, esse transtorno deixou de ser considerado uma perturbação psicótica para ser considerado uma perturbação afetiva.

O início desse transtorno, geralmente, dá-se em torno dos 20 a 30 anos de idade, sendo mais raro em idades avançadas. O início pode ser tanto pela fase depressiva como pela fase maníaca, começando gradualmente ao longo de semanas, meses ou abruptamente em poucos dias. Além dos quadros depressivos e maníacos, há também os quadros mistos (sintomas depressivos simultâneos aos maníacos). Aceita-se a divisão do transtorno afetivo bipolar em dois tipos:

  • O tipo I é a forma clássica em que o paciente apresenta os episódios de mania alternados com os de depressão.
  • O tipo II caracteriza-se por não apresentar episódios de mania, mas de hipomania (leve exaltação do humor) com depressão.

A causa, propriamente dita, é desconhecida. Porém, a genética tem grande influência, pois, em média, 85% dos casos tem algum parente na família com mesmo transtorno.

No presente texto não cabe falarmos sobre tratamento, pois, o tema é extenso. O principal motivo deste artigo é abordar o que a própria pessoa, portadora do transtorno, pode fazer por ela mesma.

O paciente com transtorno bipolar do humor tem uma doença que costuma durar a vida toda, que se mantém sob controle com tratamento adequado. Cabe a ele o esforço de manter o tratamento: é ele quem toma os medicamentos. Ninguém pode forçá-lo, a não ser em situações que ponham em risco a sua segurança ou a de outros.

Portanto, se você é portador do transtorno bipolar, comprometa-se com o tratamento, discuta dúvidas com seu médico, a eficácia e efeitos colaterais dos medicamentos. Mantenha uma rotina de sono adequada, pois a redução do tempo total de sono pode desestabilizar a doença. Evite álcool, já que além de interagir com as medicações, também age no cérebro, aumentando o risco de novas crises. Se tiver insônia ou inquietação, não se automedique converse com seu médico. Evite outras substâncias que possam causar oscilações no seu humor, como café em excesso, antigripais e antialérgicos, pois podem agir como o estopim de novo episódio da doença. Enfrente os sintomas sem preconceito, discuta-os com seu médico ou terapeuta. Lembre-se, você está bem por estar tomando a medicação, pois se parar de tomá-la, os sintomas podem voltar sem prévio aviso. É preciso manter-se alerta para o aparecimento dos primeiros sintomas, como insônia, irritabilidade e inquietação. Por isso, a participação proativa é de suma importância. Fique atento aos sintomas de uma nova crise depressiva ou maníaca e tome nota de tudo que ocorrer. Aproveite os períodos de “calmaria” para se redescobrir. A aceitação e o entendimento do transtorno é o melhor remédio. É isso que confere qualidade de vida aos portadores desta patologia: conhecimento.

SAÚDE MENTAL – ALERTA DA ONU

O isolamento, o medo, a incerteza, a turbulência econômica — tudo isso provoca ou pode provocar problemas psicológicos. (Devora Kestel, diretora do departamento de saúde mental da Organização Mundial da Saúde)

Sputnik – Um aumento de doenças mentais está sendo observado, enquanto milhões de pessoas em todo o mundo estão sendo confrontadas por mortes e doenças e estão sendo forçadas a se isolar, alertou a ONU.

O aumento da pobreza e a ansiedade, provocadas pela pandemia de COVID-19, representa um sério risco para a saúde mental em todo o mundo, informaram especialistas em saúde das Nações Unidas. “O isolamento, o medo, a incerteza, a turbulência econômica — tudo isso provoca ou pode provocar problemas psicológicos”, disse Devora Kestel, diretora do departamento de saúde mental da Organização Mundial da Saúde (OMS), citada pela Reuters.

Ao apresentar um relatório da ONU e orientações políticas sobre COVID-19 e saúde mental, Kestel disse que é provável um aumento no número e na gravidade de doenças mentais, e os governos devem se antecipar aos problemas. “A saúde mental e o bem-estar de sociedades inteiras foram severamente afetados por essa crise e são uma prioridade a ser abordada com urgência”, afirmou ela aos jornalistas em um briefing.

O relatório destacou várias regiões e setores das sociedades como vulneráveis ao sofrimento mental, incluindo crianças e jovens isolados de amigos e da escola, profissionais de saúde que estão vendo milhares de pacientes infectados morrerem pelo novo coronavírus.

Estudos e pesquisas já estão apontando para o impacto da COVID-19 na saúde mental em todo o mundo. Os psicólogos dizem que as crianças estão ansiosas e aumentos nos casos de depressão e ansiedade foram registrados em vários países. A violência doméstica também está aumentando e os profissionais de saúde estão relatando uma crescente necessidade de apoio psicológico.

Milhões de pessoas estão enfrentando turbulência econômica, tendo perdido ou correndo o risco de perder sua renda e meios de subsistência, acrescentou. Além disso, desinformação frequente e profunda incerteza sobre quanto tempo durará a pandemia estão fazendo as pessoas sentirem-se ansiosas e sem esperança em relação ao futuro.

O relatório apresentou propostas de ação para os formuladores de políticas buscarem “reduzir imenso sofrimento entre centenas de milhões de pessoas e mitigar os custos sociais e econômicos de longo prazo para a sociedade”. Isso incluiu a reparação de falta de investimento histórica em serviços psicológicos, o fornecimento de “saúde mental de emergência” por meio de terapias remotas, como tele aconselhamento para os profissionais de saúde da linha de frente, e o trabalho de forma proativa com pessoas que já apresentam o quadro de depressão e ansiedade, bem como com pessoas de alto risco de sofrerem violência doméstica e empobrecimento agudo.

Fonte de pesquisa
Jornal Online 247